O Cineclube Natal exibe o filme A Primeira Noite de Tranquilidade, do diretor italiano Valerio Zurlini este domingo no Teatro de Cultura Popular. A sessão do projeto Cine Vanguarda começará às usuais 17h e a entrada custa R$ 2. Conhecido como O Poeta da Melancolia, Zurlini teve uma carreira cinematográfica escassa, constituída por apenas oito filmes, mas o suficiente para mostrar extrema qualidade. A Primeira Noite de Tranqüilidade, é considerada sua obra-prima e que tornou-se um marco na prolífica carreira de Alain Delon. O filme se passa na cidade italiana de Rimini, no início dos anos 70. Daniele Dominici (Alain Delon) é um angustiado professor de literatura que se envolve afetivamente com uma de suas alunas, numa tentativa de preencher o vazio existencial de sua vida.
Zurlini apresenta neste filme ecos de um movimento influente naquela época: o existencialismo. Filósofos como Albert Camus e Sartre escreveram sobre homens que vivem sem rumo, nômades ateus que escondem seu passado e ignoram seu futuro. E essas características definem o protagonista Dominici, um intelectual introvertido, cuja psique casa perfeitamente com o ideal do existencialismo – o passado de Dominici é apresentado em doses homeopáticas: ele é um estranho até mesmo em sua cidade natal, não possui vínculos religiosos ou falimilares e é apolítico: "Para mim, fascistas e socialistas são iguais. Só que os fascistas são mais cretinos", diz ele durante uma aula.
Entretanto, cabe a ressalva que Zurlini não faz de seus filmes melodramas, como outros diretores italianos do mesmo período. Ele é um mestre do rigor formal, das longas e graciosas tomadas de composição quase matemática. Seus enquadramentos são complexos e precisos, mas operados com tamanha graça que parecem espontâneos. Ele é um cineasta minimalista, de emoções contidas. A Primeira Noite de Tranqüilidade é um filme belo e sereno, que resgata as principais características da obra anterior do diretor (o amor impossível, a melancolia, a crítica sutil ao vazio da burguesia italiana já haviam aperecido no belo A Moça com a Valise), mas aplica a elas usa abordagem menos direta, mais poética e evocativa, mais oblíqua e controlada.
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