Na próxima semana, a Fundação José Augusto deve divulgar o resultado dos Pontos de Cultura escolhidos pela comissão formada entre membros da própria FJA, sociedade civil e Ministério da Cultura. Foram 127 projetos inscritos. Só Natal e Mossoró inscreveram 65. Mais 45 municípios concorrem à verba federal e estadual para tocarem suas idéias culturais com incentivos e planejamento. Os 53 projetos a serem aprovados receberão três parcelas de R$ 60 mil, sendo duas do Governo Federal e uma do Governo Estadual.
Para quem desconhece o que são os Pontos de Cultura, dou a palavra a quem coordena a coisa: o secretário de Identidade e Diversidade Cultural do MinC, Sérgio Mamberti. O entrevistei em janeiro de 2006, para este caderno. Na oportunidade, comentei do projeto das Casas de Cultura e pedi uma comparação com os Pontos de Cultura. “A idéia do presidente é que esse projeto seja mais dinâmico. O Ponto de Cultura é uma evolução. Ele aproveita ações já desenvolvidas pela sociedade e as otimiza”, respondeu Mamberti.
A idéia realmente já nasce mais eficiente posto que a organização dos projetos, manifestações populares e iniciativas culturais já existem e agora receberão recursos financeiros para se estabelecerem e crescerem. Para quem não tinha nada, muito pouco ou contava com patrocínios incertos, é uma ajuda substancial e talvez decisiva para a consolidação do projeto. Principalmente se levado em conta que a essência dos Pontos de Cultura é voltado às comunidades excluídas socialmente, como quilombolas.
Não há dúvida de que a idéia dos Pontos de Cultura é excelente. Minha preocupação é a fiscalização dos recursos empregados. A informação passada é de que a FJA e o MinC, ou mesmo o Ministério Público, se preciso, farão o papel de fiscalizador dos recursos. Todo o montante de dinheiro ficará sob responsabilidade de quem inscreveu o projeto. Haverá prestação de contas, até como critério de liberação das outras parcelas. Mas convenhamos: R$ 60 mil já é muito dinheiro para quem nunca recebeu nada.
Soube que a Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (Samba) está entre os concorrentes. E com merecimento para figurar entre os escolhidos. Os projetos de sucesso ou de tentativa de revitalização do Centro Histórico a partir da Samba são vários, organizados e pertinentes. Ocorre que nos últimos três anos a Samba está apagada pelo sumiço de seu presidente, o professor Ubiratan, e a próxima eleição da Sociedade será apenas em abril. Devido a isso, muitos projetos foram engavetados no período.
Desde julho há uma gama de especulações de possíveis chapas se formando para disputar a presidência da Samba. Coisa que nunca houve. O primeiro presidente e um dos idealizadores da Sociedade, Eduardo Alexandre, o Dunga, foi eleito sem disputa, em fins da década de 90. Em sua gestão, vários projetos culturais foram criados, mesmo sem a cobrança de qualquer valor aos filiados. Tudo arquitetado por intermédio de parcerias. Na eleição seguinte, apenas uma chapa concorreu e elegeu o professor Bira.
Agora, pelo menos quatro chapas estão semi-formadas para disputa e já há certo revanchismo. Coisa que também nunca houve. Coincidentemente as especulações de nomes se deram no mesmo período de inscrição dos Pontos de Cultura, com início em julho e término em 28 de outubro. Repito: pode ser coincidência o interesse exagerado pela presidência da Samba, agora que possivelmente esteja recheada de verbas públicas. Muitos são becolamenses legítimos e torcem pelo resgate da alegria daqueles chãos boêmios. Mas há que ficar atento, principalmente aos filiados que elegerão seu próximo representante.
A eleição passada teve duas chapas: a do professor Ubiratan Lemos e do Alex Gurgel, que perdeu por 75% dos votos. Houve até acusações da turma do Alex de que Bira levou uma porrada de gente do PC do B, que nada tinham a ver com o Beco, para votar. Abraço
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