Antes que os arraiás estourem pela cidade neste mês junino, o jazz regionalista ainda pode ecoar pela brisa salgada pelo mar e adocicada pelo Potengi. Uma edição especial do Som da Mata traz hoje Diogo Guanabara & Macaxeira Jazz ao palco do Anfiteatro Pau-brasil, nos ares tranquilos do Parque das Dunas. Infelizmente o choro’n’roll de hoje, recheado de músicas autorais e releituras dos Beatles e clássicos da MPB, não representa a volta definitiva do projeto, parado desde o ano passado. A intenção é provocar patrocinadores do Som da Mata a agilizarem o retorno do projeto. Vale o incentivo. Começa antes do arrebol, por volta das 16h. A entrada tem preço simbólico de R$ 1.
Em entrevista concedida em abril pelo produtor do Som da Mata, Marcos Sá de Paula, a previsão para a volta do projeto era o mês de junho. Segundo Marcos, os acertos com o patrocinador - Idema - estavam encaminhados até a mudança da diretoria do órgão e o consequente retardamento do processo. “A nova diretoria já sinalizou o interesse na continuação e irão tomar medidas legais e burocráticas inevitáveis para que os fins de tarde de domingo no Parque das Dunas volte a apresentar o talento dos instrumentistas potiguares”. Marcus não adiantou datas, mas acredita em jejum de mais um mês sem domingos musicais em meio à natureza da Mata Atlântica.
E para este especial de domingo, Diogo Guanabara e os músicos Ticiano D’Amore (guitarra), Henrique Pacheco (cotrabaixo) e Raphael Bender (bateria) rememoram a apresentação de 1º de outubro de 2006 no mesmo palco do Anfiteatro. O sucesso e o entrosamento provocaram outras quatro apresentações no Som da Mata e convite para uma turnê no Japão em 2008. O legado desta excursão pelo Oriente e suas influências serão apresentadas pela primeira vez nesse fim de tarde de domingo. Os músicos estão de malas prontas para atender o convite de uma nova temporada fora do país, dessa vez na Europa (Áustria, Holanda e Alemanha). O quarteto promete uma apresentação onde irão mostrar porque em tão pouco tempo de estrada conseguiram arregimentar uma legião tão grande de fãs aqui e no exterior.
Diogo Guanabara lamenta a espera demorada pela reestreia do Som do Mata. Quem trabalha com música instrumental encontra naquele palco um porto seguro. Mesmo quem estuda instrumentos sentem o estímulo de um dia poder tocar on projeto. Iremos nos apresentar com espírito esperançoso de que o projeto volte; que as autoridades competentes se sensibilizem com a ideia. O custo é tão baixo para um benefício tão grande… Não encontro explicação para tal inércia. O público é fiel, a qualidade musical é inquestionável. É uma opção barata e consolidada em Natal”.
O PROJETO
O Som da Mata teve início em 2 de julho de 2006, patrocinado desde sempre pelo Governo do Estado por intermédio do Idema. Segundo Marcos Sá, no começo, a ideia de concertos de música instrumental nas tardes de domingo provocava a incerteza do sucesso. “Havia dúvidas se o investimento, apesar de pequeno, tivesse um retorno satisfatório, mas o sucesso de público e crítica colocaram todos a favor dessa ação que une a boa música com a contemplação da natureza exuberante”. Marcos lembra que o Parque das Dunas é um espaço privilegiado e disponibilizado em poucas cidades brasileiras. O Anfiteatro Pau-brasil comporta aproximadamente 300 pessoas sentadas e mais 500 no seu entorno. Para os músicos oferece camarim equipado e acessíel aos ar tistas portadores de necessidades especiais.
Desde a sua estreia, o Som da Mata apresentou mais de 100 concertos (109, precisamente). Sempre de música instrumental. Se colocada uma média de seis músicos por grupo daria cerca de 600 músicos beneficiados pelo aplauso do público fiel às apresentações. Não à toa o projeto ganhou ao passado o Prêmio Hangar-2008 de Melhor Projeto de Música e já passaram por seu palco músicos do calibre de Eduardo Taufic, Antônio de Pádua, Osvaldo D'Amore, Candeeiro Jazz, Caninga Trio, Orquestra Sanfônica Potiguar, Manoca Barreto, Ribeirinha de Pau & Corda, Carlos Zens, Sérgio Groove & Junior Primata, Airton Guimarães, Big Band Jerimum Jazz, Gilberto Cabral e muitos outros. Músicos de todos os estilos, apresentando concertos do clássico ao Jazz, do chorinho ao rock'n'roll, sempre com o virtuosismo sem dever a nenhum artista de fora.
Diante das dificuldades de captação de recursos para projetos aprovados pelas leis de incentivo cultural, Marcos admite preferir a exclusividade do patrocínio governamental. “É muito fácil aprovar um bom projeto em qualquer lei de incentivo à Cultura, tanto Municipal como Estadual ou Federal. O grande problema é a captação dos recursos depois. Isso requer uma especialização que admito não possuir. Quando eu morava no Rio, aprovei vários projetos na Lei Rouanet, projetos meus e de outros artistas como Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Jorge Fernando, mas isso não significa nada. Tem que ter o profissional de venda, o que não é o meu caso. Sou mais de idealizar e realizar, e como o Idema não precisa de lei de incentivo para aprovar um projeto, vou continuar esperando ser merecedor desse crédito”, concluiu.
Som da Mata (especial)
Onde: Parque das Dunas
Quando: hoje, domngo
Hora: 16h
Ingresso: R$ 1 (simbólico)
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