quinta-feira, 11 de junho de 2009

Resistência das bolachas

Por Claudia Assef

Um mercado pequeno, mas duradouro. É assim que o produtor João Augusto, presidente da gravadora Deckdisc, define o futuro dos discos de vinil.

Hoje, sua paixão pelas bolachas extrapola os limites de seu paladar de audiófilo exigente. Vinil, pra ele, virou um negócio, desde que adquiriu, no início de maio, a fábrica Polysom, em Belford Roxo (na Baixada Fluminense).

Rápido parêntese pra explicar a situação em que se encontrava a Polysom. Funcionando em condições precárias desde 1999, a única fábrica de vinis da América do Sul foi forçada a fechar as portas em outubro de 2007, atolada em dívidas causadas pela má administração inerente a um negócio que nunca chegou a ser encarado como um business de verdade.

Produzido em situações precárias, o vinil que saia dali também era tido no mercado como um produto de qualidade questionável. “A maioria dos discos fabricados na Polysom eram de má qualidade, corriam na vitrola”, diz João Augusto em entrevista ao Virgula.

Entre outras novidades, ele adiantou que a nova fábrica, que talvez precise mudar de nome para Nova Polysom, por conta de problemas de registro, começa a soltar fornadas de bolachas ainda neste semestre, por cerca de R$ 60 a unidade. E que a qualidade será prezada acima de tudo. “Nosso compromisso é fazer um produto com a mesma qualidade dos vinis fabricados no exterior”, garante. Leia, a seguir, a entrevista completa.

Virgula – Visitei a fábrica em 2002 e vi que ela só se sustentava pela paixão dos funcionários. Você vai mexer na equipe?

João Augusto - Os cabeças da Polysom vão continuar lá. Mas agora com o auxílio de profissionais qualificados. Chegou uma época em que eles tinham tanta produção que podiam se dar o luxo de administrar mal. E ficaram totalmente inviabilizados. Nós compramos os débitos deles, e os mantivemos lá. Chamei um grande amigo, o Osvaldo Vidal, pra conduzir o projeto. Ele montou uma equipe de gente muito apaixonada por vinil.

Virgula – Em que pé está a reforma?

João Augusto - A obra já começou e dá pra acompanhar todas as novidades no nosso Twitter. Quereremos soltar os primeiros vinis logo mais neste semestre.

Virgula – Você acha que o mercado de vinil é viável hoje?

João Augusto - O mercado é perene na pequenez dele. Estou lutando pra que algumas empresas comecem a importar toca-discos. Eu não vou fabricar toca-discos, mas é preciso que alguém se mexa pra agitar o mercado, nem que seja pra importar. O problema maior deste mercado, como de tantos outros, é a alta carga tributária, que chega a quase 40%. Nossa tentativa é conseguir vender vinis a R$ 60. Mas, se não tivesse imposto, sairia por R$ 30, imagina...

2 comentários:

  1. Sérgio,
    Eu conhecia os discos de vinil como "bolachões" e não "bolachas!
    De todo modo, o assunto é válido e oportuno.
    abs,
    Nicolau

    ResponderExcluir
  2. Sérgio,
    Eu conhecia os discos de vinil como "bolachões" e não "bolachas!
    De todo modo, o assunto é válido e oportuno.
    abs,
    Nicolau

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