E prossegue neste mês julino a profusão de lançamentos literários no palco da livraria Siciliano, do xopis Midway. Quem assiste quase diariamente as filas serpenteando as gôndolas e prateleiras de livros até imagina numa produção louvável do mercado editorial do Estado. Quem dera!
Já imaginou se a pilha de livros lançados pelo Sebo Vermelho fossem todos na mesma Siciliano ou mesmo merecessem tanta mídia? Os cadernos culturais estariam recheados de literatura. Fato é que há uns 45 dias bons e ruins lançamentos mereceram destaque. Recordes de vendagem foram batidos. Que o digam os cronistas Fialho e Rubinho Lemos.
O estado-elefante carente de ficcionistas assistiu apenas a chegada de um romance ambientado nos chãos potiguares: o excelente Remanso da Piracema, de François Silvestre. E depois: tome contos, poemas, livro de memórias, de receitas, da jurisprudência, crônicas e registros históricos.
Hoje é a vez de Cassiano Arruda. Para quem achou os R$ 40 pilas do livro de Rubinho caro, o de Cassiano custa R$ 60. Pelo menos é capa-dura (rs). Os próximos da vez: Cefas Carvalho e o livro Encontos e Desencontos, na sexta-feira. Na quarta, outro grande bamba: Nei Leandro de Castro lança o esperado Fortaleza dos Vencidos.
Este livro de Neil de Castro traz à tona de novo o foco nos anos da repressão, desta vez a partir de dois personagens: um ativista político e uma mulher desequilibrada mentalmente. Dunas Vermelhas, do mesmo autor, já trouxe o tema. A Pátria Não é Ninguém, de François, também. Excelentes livros todos eles, mas a repetição de temática cansa para quem brinca tão pouco com romances como esse estado.
A agenda da Siciliano tem praticamente todos os dias preenchidos de lançamentos. Tem ainda um livro curioso do historiador Rostand Medeiros e o jornalista Nicolau Frederico sobre a saga de dois malucos que cruzaram o Atântico em 1928 em um teco-teco. E ainda o de Patrício Jr. O cara seria mais uma esperança de bom romance, mas preferiu a preguiça que contagia tantos literatos potiguares e reuniu um punhado de crônicas.
Vai ver a carência de livros de ficção é essa profusão de blogs e informação via twitter, via página da Petrobras e agora do Planalto, tanta gente, ó, tanta notícia. Cadê tempo para construir um prédio em vez de uma casa? A vida imita a arte.
Só duas pequenas correções: o Dunas Vermelhas fala sobre a Intentona Comunista de 35 e o livro de Patrício Jr. é de contos.
ResponderExcluirDe resto, concordo com maioria dos argumentos.
Abraço.
Li Dunas Vermelhas de cabo a rabo. Até me instigou mais do que as Pelejas do homi. Mas quis dizer, mal dizendo (rs), que essa coisa de militarismo contra rebeldes; essa coisa da ideologia dos jovens de antigamente e talz; cenários de antigamente. Falta um romance moderno, que traga os sentimentos, ânsias e angústias da nova geração. Sinto muita falta disso.
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