domingo, 4 de outubro de 2009
Tem Som da Mata hoje
A espera foi longa e desnecessária. Quase um ano para a burocracia - sempre antagônica ao exercício cultural - liberar um projeto já pertencente ao cotidiano semanal do natalense. O Som da Mata volta neste domingo. E com fôlego para a longevidade. O Parque das Dunas toma mais algumas doses de música instrumental da melhor qualidade. E o Anfiteatro Pau-brasil recebe o regresso das famílias, idosos e crianças para ouvir e brincar. Sempre às 16h30 e ao preço simbólico de R$ 1.
Aos poucos o natalense assiste a volta dos projetos culturais de domingo, todos finalizados no ano passado pela falta de patrocínio ou vontade política. O primeiro a dar as caras novamente foi o Ribeira das Artes, em frente ao Teatro Alberto Maranhão. Agora vem o Som da Mata, também em espaço agradável. Há também a espera pelo Domingo Melhor, seja onde for. O Domingo na Praça ainda virá, com outro formato, é verdade, mas com o mesmo caráter democrático, diversificado e qualificado - marca maior destes projetos.
Na falta de palcos musicais abertos às diferentes tribos e bichos grilos, projetos culturais como esses são vitrines para a música e os talentos potiguares. No caso do Som da Mata, o espaço é voltado à música instrumental, ainda mais carente de visibilidade do grande público. A idealização do formato do projeto é do produtor cultural Marcos Sá. "No início muitos criticaram. Tanto pelo horário, num domngo à tarde quanto pela música intrumental, dito elitista. Mas o diferencial do projeto é esse.", argumenta o produtor.
Para o músico Ticiano D'ámore, integrante do grupo Jerimum Macaxeira Jazz, o formato do Som da Mata abriu possibilidade às pessoas de todas as camadas sociais terem acesso e gosto pela música instrumental. "Qualquer boteco oferece outro estilo de música. E mesmo assim colocamos jazz, salsa, chorinho, rock, MPB na música. Agora, o instrumental não tem letra. Então, é mais difícil cativar o público. Conseguimos a atenção deles exclusivamente pela música. Quem frequenta vai em busca da boa música instrumental".
Ticiano também criticou a falta de espaço dedicada ao gênero: "Zé Dias ainda coloca alguma coisa no Praia Shopping. Pouquíssimos restaurantes também abrem espaço. Mas nesses locais temos um papel secundário. No Som da Mata o público vai para nos assistir, nos prestigiar". Para ressaltar a opinião do músico, Marcos Sá completa: "Se a música é o alimento da alma, como quer Jomardo Jomas (produtor do Mada), o aplauso é o alimento do artista".
E para coroar esse retorno, nada melhor que o Café do Vento. O quarteto criado em 2002 reinventa instrumentos musicais; se apropriam de objetos do cotidiano aliados ao violino, bandolim, flauta, violão, marimbal e percussão para fazer uma música atípica, com personalidade, diferente. É um dos representantes musicais da terra que nada devem a qualquer grupo do gênero. A prova está na seleção musical elaborada por curadores dos estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte para um catálogo musical patrocinado pelo Sebrae. Lá estão grupos e artistas instrumentais dos três estados. E o Café do Vento, ao lado de Carlinhos Zens e outros potiguares, representam o Estado potiguar em pé de igualdade ou até superior aos trabalhos mostrados.
No repertório de logo mais - também recheado de ações cênicas mescladas à execução instrumental - além de composições próprias, Roderick Fonseca (violino, viola, bandolim, marimbal e flautas), Mazinho Vianna (violão, gaita e contrabaixo) criam um conjunto de sons aliados aos arranjos percussivos de Sami Tarik e Kleber Moreira. Juntos, reinventam os clássicos de Vivaldi e Ravel e acrescentam ainda características de folguedos populares.
TRAJETÓRIA
Foram realizados 110 apresentações no palco do Som da Mata desde 2006. As interrupções foram poucas e rápidas. No máximo dois meses. Nada perto destes 11 intermináveis meses de espera até o retorno triunfante. Culpa da burocracia, aberturas de licitação, outras prioridades e mudança da diretoria do patrocinador do projeto: o Idema. "Praticamente tivemos que começar do zero. Até a governadora Wilma de Faria cobrou o retorno do projeto. As pessoas me abordavam no supermercado cobrando a volta. Isso porque está no cotidiano do natalense. Frequentam famílias inteiras. Às Vezes vejo do neto ao avô, muitos cadeirantes e crianças", se orgulha Marcos Sá.
Bastou a notícia da volta e a agenda de shows até o fim do ano foi fechada. No próximo domingo haverá uma edição especial dedicada ao Dia das Crianças. É o Sonzinho da Mata, já em seu segundo ano. Serão dois dias de evento. No domingo se apresenta João Vitor, de 7 anos, filho do músico Antônio de Pádua. Na edição extra, na segunda-feira, 17 crianças integrantes do projeto Ilha da Música, na Comunidade da África, farão o show. Para as próximas semanas sobem ao palco Duo D'amore, Banda Camba, Camarones Orquestra Guitarrística, Roberto Taufic (vindo da Itália) e, para o Dia do Músico, a Orquestra Sanfônica Potiguar.
Som da Mata
Quem: Café do Vento
Onde: Parque das Dunas
Data e hora: Hoje, às 16h30
Quanto: R$ 1
Contato: 3201-4440
Olá,
ResponderExcluirParabéns pelo Blog....gostaria de convidá-lo a visitar o nosso....minervapop.blogspot.com
Valeu!
Anselmo - SP