Minha coluna publicada no Diário de Natal neste domingo:
A relação entre cultura e turismo tão ressaltada pelo novo presidente da Funcarte foi motivo de críticas severas da mídia opinativa. Mas é bom frisar: cultura e turismo diferem de turismo cultural. Se houver o distanciamento impeditivo da “carnatalização” da cultura de eventos ou dos interesses econômicos pode ser ponto positivo. Mas as declarações do presidente Rodrigues Neto preocupam. A “tendência ao grupo párafoclórico” ou a preocupação latente com as quadrilhas estilizadas evidenciam uma visão cultural distorcida. O vice-presidente Gustavo Wanderley pode equilibrar a balança norteado no princípio da gestão cultural democrática. Ainda assim falta (ou faltará) na Funcarte sabedores da cultura no seu sentido largo, antropológico, que permita a continuidade histórica das manifestações tradicionais.
Pessoas como o responsável pelos projetos culturais da Funcarte, Josenilton Tavares e o antropólogo Francimário Vito, do setor de patrimônio histórico ajudariam, mas serão demitidos junto à experiente equipe montada na gestão César Revorêdo. O artista plástico mostrou pouco e não criou nada. Tentou. E muito. Boa vontade de sobra. Esbarrou na burocracia e na falta de recursos diante da má vontade política municipal. Revorêdo manteve o apoio ao Goiamum Audiovisual, promoveu um bonito carnaval com metade do orçamento e um São João organizado. Também entregou o Encontro de Escritores montado - fugiu à sua competência a transferência do evento para março. Demorou seis meses para iniciar a elaboração da revista cultural, mas iria entregar pronta em novembro. O gestor saiu antes, de forma melancólica e imerecida. Esperemos, agora, a estandardização da cultura ou uma política afinada entre cultura e turismo.
Franklin Jorge – “A propósito, assumiu o cargo o jornalista Rodrigues Neto, que desde o principio considerei o mais adequado de quantos foram cogitados quando da formação e anúncio do secretariado da prefeita”, disse o escritor em seu blog após xingar César Revorêdo.
François Silvestre – “O negócio é vender cultura para turista, pergunto. Quanto custa meio quilo de poesia, trezentos gramas de prosa, meio metro de pintura, dez decibéis de barulho, uma cuia de tragédia, duas garrafas de performance e um dedal de vergonha?", perguntou o escritor em meu blog.
Twitter – “Acho que o pior não é a politização da Funcarte, mas a PontaNegrização”, disse o jornalista Alex de Souza no microblog a despeito da preocupação do jornalista Tácito Costa quanto às declarações de Rodrigues Neto em entrevista ao Diário de Natal.
Cinema – O CineSesc montou programação de cinema para novembro e começa nesta quarta-feira com o primeiro clássico brasileiro do gênero no século 21: Lavoura Arcaica. Será às 12h no Sesc da Cidade Alta. As sessões nas segundas, quartas e sextas-feiras do mês.
ÍCONE INSTRUMENTAL
Um dos pioneiros da música instrumental deste Rio Grande morreu esta semana aos 95 anos. Manuel Germano Sobrinho, conhecido como Mané de Elias gravou discos que viraram marcos da cultura musical potiguar. Mané de Elias era natural de Santa Cruz do Inharé. Foi pai de Chiquinha do Acordeon e avô do excelente músico Kiko Chagas, tocou no programa do Chacrinha e foi amigo do Lua Gonzaga. E como o pai do rei do baião, era mestre da sanfona de oito baixos.
9º DO CQC
Marcelo Tas, o jornalista âncora do programa mais comentado dos últimos meses – o CQC – declarou à Folha Online que fatalmente precisará do reforço de mais um integrante para cobrir as eleições presidenciais e a Copa de 2010. A quista do jornalismo praticado no país ou nos programas da TV Aberta, o CQC tem se mostrado excelente alternativa, ao lado do Altas Horas e Roda Viva. Pena o Provocações, com Antônio Abujamra ter acabado.
Bar de Ferreirinha
É hoje o lançamento do livro Bar de Ferreirinha – talvez o buteco mais antigo deste Rio Grande. São 50 anos de vida etílica e causos os mais inusitados. Caicó está em festa. O autor da obra – mais um registro fotográfico – também promete uma festa literária na capital da província. Duvido que seja na Siciliano. O sábado de Sebo Vermelho seria boa pedida. Abimael Silva, responsável pela edição, acolherá o autor Roberto Fontes de braços abertos e cervejas na mão. E com Moacy Cirne já propondo um brinde.
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