segunda-feira, 15 de março de 2010
O cangaço lido por Lampião
Livro escrito no período do Cangaço e lido por Lampião é editado pelo Sebo Vermelho
O título é direto, enfático, cru: Lampião. Talvez por ter sido dos primeiros documentários a respeito do cangaço. No rastro do livro, vieram centenas de outros títulos, pesquisas, ensaios na tentativa de elucidar este período marcante da história do sertão nordestino. Comentários dão conta de que o livro foi lido pelo próprio Virgulino Ferreira, que havia concordado com alguns trechos da obra e discordado de outros.
O livro foi publicado em 1934 pelo médico, romancista, contista e historiador sergipano Ranulfo Prata. Na quarta página da edição fac-similar foi reproduzida a capa original, elaborada em xilogravura – “edição Piratininga”. Segundo o crítico João Ribeiro, “é o livro mais completo e igualmente o mais bem feito acerca do famoso bandido”. A escrita é documental e também romanceada, prazerosa a estudiosos e leigos.
Na abertura, curta opinião de Valdemar Cavalcanti: “Pelo lado puramente documentário, o seu livro apresenta uma capacidade informativa atingindo a um máximo; a esse abastecimento de dados não lhe chegou às mãos por intermédio de uma biblioteca: todo esse material ele adquiriu de primeira mão, por um contato direto com o meio em que Lampião atuava, indagando de tudo nos lugares por onde passou o sertanejo bárbaro, especulando às suas vítimas”.
Segundo Abimael Silva, editor da Sebo Vermelho, este talvez tenha sido o segundo livro lançado sobre o tema Cangaço. “Houve um outro, de menor envergadura, publicado em 1930, em João Pessoa. Mas esse serviu de base para pesquisadores”. A publicação pelo Sebo Vermelho foi possível após o livro ser considerado de domínio público – status conseguido após 70 anos do lançamento e após a morte do autor.
Sérgio Vilar:
ResponderExcluirÉ bom verificar a lei que regulamenta os direitos autorais. No caso de Ranulfo Prata, há, em princípio, que se saber se existem herdeiros. Essa história de "domínio público", dependendo do caso, não funciona assim como vem, repetidamente, fazendo o "Sebo Vermelho".
Lembro, aqui, o que aconteceu com o "Glosa Glosarum", de Celso da Silveira, publicado por Abimael sob protesto dos filhos. Até hoje, o editor - muito festejado por cá, diga-se de passagem - não respondeu
à queixa veemente e cheia de razões do filho do escritor, o poeta Eli Celso.
Laélio Ferreira de Melo