Projeto cultural realizado nas tardes de domingo no Parque das Dunas chega ao fim por falta de verba
A família natalense fica órfã neste domingo de um dos poucos projetos culturais duradouros e de sucesso patrocinados pelo Governo do Estado. Entre altos e baixos, o Som da Mata seguiu firme nos últimos anos como um dos sobreviventes de uma leva de projetos gratuitos e voltados ao lazer e à arte realizados nos fins de semana. Extintos o Domingo na Praça, o Ribeira das Artes e o Domingo Melhor, chega a vez do Som da Mata encerrar suas atividades por tempo indeterminado devido à falta de verba.
O projeto teve início em 2 de julho de 2006 e desde então se tornou um dos mais populares e prestigiados de Natal. A lotação das cadeiras postadas em frente ao palco do Anfiteatro Pau-Brasil é comum nas edições semanais do projeto. O ingresso simbólico de um real e o clima aprazível do Parque das Dunas se unem à música instrumental executada ao vivo pelos melhores músicos do Estado como atrações para criança, jovens e idosos.
O Som da Mata é promovido mediante parceria entre a empresa do produtor cultural Marcos Sá de Paula e o Governo do Estado, através do Idema. Segundo comunicado emitido pelo produto à assessoria do Governo, o contrato de seis meses, referente a 52 apresentações artísticas (26 de música instrumental e 26 de teatro voltado ao público infanto-juvenil) foi cumprido sem metade do repasse prometido.
“Nos últimos três meses, referentes ao aditamento de 52 apresentações artísticas (contrato nº 030/2009), não foi feito nenhum repasse dos valores acordados, estando, portanto, 26 grupos de artistas entre músicos e atores, sem receberem os seus cachês, além da equipe técnica necessária à realização do programa”, escreveu o produto no comunicado que será divulgado na imprensa, segundo prometeu o próprio.
O fim do Som do Mata leva consigo outro projeto prestigiado, sobretudo, pela criançada. É o Bosque em Cena. Também realizado aos domingos, o projeto propõe encenações teatrais e musicais como forma de levar mensagens de conscientização ambiental e sócio-educativas por meio da arte. O Bosque em Cena – palco garantido para muitos grupos teatrais voltados ao público infantil – também cobra o valor simbólico de um real e é realizado nas manhãs de domingo.
O projeto
O Som da Mata representa a valorização da música instrumental potiguar. O Rio Grande do Norte guarda alguns dos melhores instrumentistas do país e tem no palco do Anfiteatro Pau Brasil o único espaço fora dos shoppings ou do trabalho coadjuvante junto a outras bandas. Pelo palco do projeto – com capacidade para 300 pessoas sentadas e mais 500 no entorno –passaram nomes como Carlos Zens, Antônio de Pádua, Jubileu Filho, Manoca Barreto, Danilo Guanais, Eduardo Tauffic, Diogo Guanabara, e muitos outros, na diversidade de estilos musicais característica do projeto.
O projeto foi inaugurado com este propósito de ceder espaço ao músico profissional instrumentista até então restrito aos shoppings, sem a atenção e foco merecidos, e também de ocupar o então recém-inaugurado Anfiteatro Pau Brasil, em ampla reforma patrocinada pelo Governo do Estado no Parque das Dunas, em 2006. Entre shows lotados e paralisações provocadas pela burocracia e desprestígio governamental – na última passou um ano parado, voltando em outubro de 2009 –, foram cerca de 200 edições realizadas em quatro anos.
Previsão de volta
A expectativa da administração do Parque das Dunas é de que o Som da Mata volte dentro de um mês. Segundo eles, foi solicitado pedido de renovação antecipada do projeto em janeiro, já prevendo o fim do contrato em março, para que em abril ele fosse continuado sem interrupção. “Infelizmente houve demora na tramitação e o processo ainda será licitado. Se tudo correr bem, acredito que dentro de um mês o projeto possa voltar”, estimou Rafael Macedo, adjunto na administração do Parque.
Quanto aos três meses de pagamento atrasado aos artistas, o setor financeiro do Idema informou que o processo foi encaminhado à Conselho de Desenvolvimento do Estado (CDE) em 24 de março e espera retorno.
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