sexta-feira, 18 de junho de 2010
Fechado para reforma e aberto ao diálogo
Teatro Alberto Maranhão fecha para reforma e inicia discussão para novos projetos e pautas
As primeiras ações da nova diretora do Teatro Alberto Maranhão mostram mudanças esperadas pela classe artística. Reformas na iluminação e sonorização são as medidas urgentes, mas Ivonete Albano quer mais e promete novos critérios para reserva de pautas. Uma das metas da diretora é a implementação de edital para ocupação de espaços, responsável pelo crivo a espetáculos ditos comerciais ou pejorativamente chamados de “caça-níqueis”.
Com um mês de gestão, Ivonete decidiu fechar o TAM para reformas urgentes. Entre 28 de junho e 9 de julho, o Teatro receberá novos equipamentos de luz, som e palco. Durante o período, ela prometeu convocar grupos de dança, companhias teatrais e músicos para iniciar conversas a respeito da montagem de projetos para ocupação do Salão Nobre do TAM e começar a discussão em torno da implementação do edital para ocupação de pautas.
“Esse edital já existe em teatros municipais do eixo Rio-São Paulo. Funciona como uma curadoria para estabelecer melhor critério na reserva de pautas para o Teatro. É uma questão delicada. Todo julgamento é injusto posto que subjetivo. O que é bom pra mim pode ser ruim pra você. Mas é uma forma democrática e criteriosa para conceder mais qualidade aos espetáculos apresentados no Teatro”, disse a diretora.
E uma das preocupações de Ivonete é qualificar os espetáculos de teatro infantil oferecidos aos domingos, sempre com muita demanda. Segundo ela, o domingo continuará reservado aos shows para crianças. “A discussão é na qualidade do que está sendo oferecido. Nisso a reclamação dos artistas e público tem razão. Não pode haver só o intuito comercial sem benefício pedagógico ou cultural ao público. São aspectos como esses que o edital poderá ajudar”.
A volta do Auxílio Montagem é outra meta estipulada pela nova gestão do TAM. O edital criado em 2005, na gestão de Hilneth Correia, e suspenso já em 2006 prevê benefícios anuais para grupos de teatro montarem novas produções e negociarem pautas no Teatro. A intenção inicial é de reformulação do edital a partir de conversas com a classe artística.
A questão mais polêmica e criticada na administração anterior de Hilneth Correia era a reserva de pautas tida como prioritária aos espetáculos nacionais e fechada para artistas potiguares. Ivonete disse já ter iniciado uma revisão nesse quesito. Segundo a diretora, as renegociações têm sido revisadas. É que a pauta está lotada até o fim do ano, mas muito são reservas não-confirmadas que muitas vezes ocupa a pauta e desiste próximo à data da apresentação.
Ivonete tem cobrado as confirmações para o caso de desistência ceder o espaço com antecipação para os grupos locais ou projetos da Fundação José Augusto, como a vinda de uma orquestra sinfônica paulista por convite do Instituto Waldemar de Almeida, em apresentação gratuita, que encontrava dificuldades de reservar pauta no TAM. “Este mês mudamos de quatro a cinco vezes a pauta por causa dessas confirmações e desistências”, frisou.
A diretora ressalta que a prioridade é a reforma de iluminação e som. A previsão é que em agosto o TAM esteja apto a receber espetáculos já com os novos equipamentos de luz instalados, sem a necessidade de aluguel de equipamento terceirizado. “Era uma parada para reforma já prevista no calendário do Teatro. Será bom para dar mais segurança e qualidade aos espetáculos e ao público”. Outra novidade será a reinauguração da loja do Teatro, fechada há meses.
A reclamação de músicos quanto à qualidade do som para shows mais produzidos, Ivonete retruca a argumentação. Segundo ela, em nenhum teatro no Brasil há equipamentos de sonorização adequados a grandes produções musicais. “Teremos estrutura apropriada para shows com um ou dois instrumentos, voltados a um show intimista, para teatro. É assim em qualquer teatro do Brasil”. A diretora já abriu processo para adquirir novas caixas de retorno, microfone e outros equipamentos.
Festival Agosto de Teatro
O TAM abrigará este ano parte das apresentações do Festival Agosto de Teatro, antes restrito apenas ao apertado Teatro de Cultura Popular Chico Daniel. Segundo Ivonete, os três espetáculos diários do Festival serão divididos entre o TAM, o TCP e os jardins do Palácio da Cultura (teatro de rua). As apresentações alternativas serão encenadas nas sedes dos grupos Facetas, Mutretas e Outras Histórias e a companhia Artes e Traquinagens. O Festival acontecerá entre 7 e 14 de agosto.
Currículo
Ivonete Albano assumiu a diretoria do TAM em 26 de maio, após a exoneração de Hilneth Correia, que administrou o Teatro por sete anos. Os motivos da demissão apontados pelo diretor geral da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, foram os excessos de espetáculos nacionais sem qualificação e uma carta escrita pela antiga diretora colocando seu cargo à disposição da governadoria. O currículo de Ivonete Albano é preenchido por 30 anos de vida dedicados ao teatro, incluso a gestão do Sandoval Wanderley. Ivonete permanece à frente do TAM pelos próximos seis meses.
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