terça-feira, 15 de junho de 2010

Parúsia

Por Jairo Lima
no Papo Furado

Parúsia

às três da tarde: ELI ELI por que me abandonaste
aos trovões impiedosos e ao alarde
de raios que rasgam véus?

por que a pantomima de um humilde no poder
se faz sem humildade?

por este sol que gira juro jamais erguer lajes tumulares
nem suscitar céus aos mortos definitivos

que este pão que eu sou, remanescente trigo,
se estabeleça em verdade de carne
e não seja consumido até o fim da tarde

para que as trevas possam engolir os teus prodígios
e demolir o picadeiro que armaste nessa nave de gemidos

eu, trigo, me quero consumido na saliva desta tarde

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