Expus meu pensamento após Tácito Costa levantar um assunto pertinente - principalmente se levado em conta o contexto local - a respeito de uma opinião da jornalista Nelly Maia, também presidente do Sindjorn - a respeito da polêmica (infundada, na minha opinião, a respeito da liberdade de imprensa, e tal). Segue a seguir os meus esclarecimentos e as opiniões de "peso" e oportunas dos jornalistas Carlos de Souza e Alex de Souza. Quero só frisar o seguinte: eles têm razão. Mas, vamos continuar assim?
Por Sérgio Vilar
no Substantivo Plural
Fala, Tácito! Rapaz, Nelly tem todo o direito de expressar a sua opinião, mas como jornalista. Absolutamente nada do que ela disse a respeito do tema exposto acima representa posicionamento do Sindjorn. Inclusive, a própria diretoria do Sindjorn – recém empossada – abriga correntes diferentes de pensamento. Muitos são de oposição à Fenaj. Não li a reportagem do Novo Jornal. É comum colocar Nelly como a presidente do Sindjorn. Mas repito: ela foi entrevistada, penso, como jornalista, com suas ideologias e pensamentos próprios, não como presidente ou porta-voz do Sindjorn – uma entidade colegiada e democrática, cujo última reunião ocorreu terça-feira para discutir o Congresso Estadual da categoria e a campanha salarial. E aproveito espaço para reclamar: afora a diretoria, NÃO COMPARECEU NINGUÉM!
Essa classe dita lutadora, que esbraveja ética, que cobra liberdade de expressão… E a escravidão vivida nas redações? Cadê a luta de vocês aqui? Já promovemos nove reuniões sem presença de ninguém. Falácias pelo twitter não mudam nada. A pauta de reivindicações da categoria, com pedido de reajuste salarial e outros benefícios foi entregue hoje! Ou seja: a campanha começou. Acordem! Discurso vazio não preenche contracheque. Parem de olhar essa politicagem barata em ano eleitoral e se atenham ao próprio umbigo. Enquanto a mídia vendida noticia essas baboseiras, continuamos com o pior piso salarial do país. Mas se a “catiguria” está preocupada com o levante da oposição engolido pela mídia, tudo bem. Natal já tem o setor cultural isolado do resto do Brasil. O jornalismo pode ficar, também.
Por Alex de Souza
no Substantivo Plural
As palavras de Sérgio servem pra ilustrar bem a situação. E as palavras de Nelly também. Mas, aqui, faço uma ressalva ao meu amigo: Nelly não pode sair por aí distribuindo asneiras como ‘jornalista’. (Não vou nem me dar ao trabalho de refutar declarações esdrúxulas e mal informadas como a de que ‘a categoria está nas mãos do Judiciário por causa do presidente’: foi ele, por acaso, que questionou o tal do diploma? tenha paciência, moça.)
Tanto é que os rapazes inocentes do Novo Jornal não a colocaram na matéria como ‘jornalista’. Ela aparece como representante da categoria. É inadimissível um sindicato cuja presidente sai em defesa dos patrões – isso mostra bem a situação da representatividade na classe.
Interessante que aqui e acolá aparecem analistas políticos para meter o bedelho e ‘opinar’ (para não dizer falar besteira) sobre movimentações políticas de outros trabalhadores (e como se falou besteira, por exemplo, na crise envolvendo os policiais militares, só para citar um caso), mas na hora de reparar no próprio rabo…
Foi-se o tempo em que os jornalistas potiguares tinham capacidade de organização, como a famosa greve do início dos anos 90 – e isso não é culpa do sindicato, mas dos próprios profissionais.
Aliás, a profissão têm sido colocada em xeque pelo avanço tecnológico e, em vez de promover um debate sério e qualificado sobre o assunto, os representantes de classe abraçaram a ridícula e inútil bandeira da obrigatoriedade do diploma, enquanto são engolidos pela História, com agá maiúsculo em homenagem ao pluralista Marcos Silva.
Chegou-se a um ponto em que o corporativismo instalou-se de tal maneira nas redações que falar mal dos patrões agora é sinônimo de falar mal de jornais. Vai ver que é porque tem tão pouco emprego na área que todo mundo virou cargo de confiança…
Por Carlos de Souza
no Substantivo Plural
Caro Sérgio, admiro sua luta, mas quero dizer que jornalistas, enquanto categoria, pelo menos em Natal, não existem. Já participei bastante do sindicato quando fazia parte do front das redações. Só acumulei decepções. Aqui os donos de jornais mandam mesmo, e os coleguinhas ficam sobejando bicos aqui e ali, principalmente no serviço público. Hoje estou afastado, mas continuo vendo o cada um por si, o jogo sujo de hienas, a competição desenfreada e selvagem, predadora de reputações. Eu quero é que se fodam!
É sempre positivo comparar realidades. Aqui em Recife, recebo com periodicidade semanal (muitas vezes, chegam dois, três por semana) um boletim do sindicato dos jornalistas de Pernambuco. Muito atuante, por sinal. Dia desses, fiquei bem surpresa quando vi o sindicato no Diario de Pernambuco para conversar com os jornalistas (e não apenas na redação do DP, mas nas redações do Aqui Pe e Nordeste, além do povo da rádio e da TV). Em Natal, só vi o Sindjorn se aproximar de mim na faculdade e uma única vez... Talvez o xis da questão seja esta: aproximação. Se a categoria não vai ao sindicato, cabe ao sindicato ir atrás da 'catiguria', levar questionários, levantar uma pesquisa e começar a trabalhar com números, com índices de (in)satisfação, como os repórteres, editores, chefias e fotógrafos veem o meio, etc. Pelas discussões que tenho acompanhado, tudo continua em mero 'achismo', apesar de entender o ponto de vista de cada um. Boa sorte!
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