sexta-feira, 29 de outubro de 2010
O lulismo e o seu futuro
Por André Singer
na Revista Piauí
Numa passagem de O 18 Brumário de Luís Bonaparte, Marx mostra como é frequente os atores de uma determinada época buscarem inspiração nos acontecimentos de outra. Se o período histórico evocado pelos homens contemporâneos pode ser revelador da natureza das tarefas que eles pretendem realizar, mesmo que o resultado final possa ser diferente do esperado, vale a pena deter-se na consideração do seu significado. O Brasil do ano eleitoral que se encerra tem algo da atmosfera imaginária na qual, há mais de meio século, a democracia norte-americana criou o arcabouço de leis, instituições e ações do New Deal.
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Data vênia, mas não é isso que está no Dezoito Brumário. Na abertura do livro (e não numa parte qualquer) Marx faz referência a uma lição filosófica de Hegel que afirmara a repetição da história. Repetição e não inspiração. Isso em filosofia carrega uma brutal diferença. E aí Marx corrige Hegel e garante que ao repetir-se a história o faz de tal maneira que o segundo evento é a farsa do primeiro, que foi tragédia. E cita alguns exemplos, além de Napoleão por Luiz Bonaparte; Robespierre por Louis Blanc, etc... O alcance da assertiva é de que a repetição seja um fenômeno da História e não uma tentativa pessoal de cópia ou repetição. Essa é minha leitura. Salvo melhor juízo. Pra mim, Lula é a farsa de JK. Abraço de François Silvestre.
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