Por Roberto Muggiati
na Revista Cult
Apaguem as velinhas! O som da contracultura vai completar 50 anos. Em janeiro de 1961, Robert Allen Zimmerman, já investido do nome de guerra, Bob Dylan, deixou sua Minnesota natal e começou a cantar nos bares do Greenwich Village. Em Nova York, a primeira coisa que Dylan fez foi visitar seu ídolo, Woody Guthrie, cantor itinerante que sempre lutou pela causa social e entalhou com canivete no violão a frase “Esta máquina mata fascistas”. Já em 1963, o jovem Dylan estourava nas paradas com “Blowin’ in the Wind”, que seria interpretada por centenas de artistas. Marlene Dietrich a cantou em alemão; foi gravada em romeno, bengali, catalão e muitas outras línguas; virou hit como lado B do single de Stan Getz e Astrud Gilberto The Girl from Ipanema. “Quantas estradas deve um homem percorrer / Até que o considerem um homem? / (…) A resposta, meu amigo, está soprando ao vento, / A resposta está soprando ao vento”. Era uma canção de paz, de certo modo simplista, mas os sixties ainda estavam começando. À medida que a década escrevia sua história, o rock ia compondo sua trilha sonora. A resistência passiva cedeu lugar à indignação e, depois, à raiva. Mostrando que não eram de todo ignorantes em Shakespeare, os escribas do Novo Jornalismo criaram um chavão para o rock: o som e a fúria. Em Macbeth, o bardo concluía que a vida “é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, significando nada”. Prefiro uma variante do chavão, que afirma que o rock foi o som da fúria, do sentimento incontido de milhões que achavam chegada a hora de uma mudança radical e planetária.
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