E por falar em mercado, o blog abre espaço a todas as manifestações de arte. Contesta, critica, questiona. Mas dá as chaves da cela. O sol é pra todos. A poesia da lua é que é de poucos.
"O povo é quem dita o que quer consumir"
Três nomes populares do forró dito eletrônico animam o Cirquinho de Pirangi na noite de hoje. Dorgival Dantas e as bandas Cavaleiros do Forró e Ferro na Boneca. A Casa abre às 21h. Os ingressos custam R$ 25 (preço único), à venda na Botton (do Midway e Natal Shopping). A exceção de Dorgival - dos compositores mais bem sucedidos de 2010, segundo dados do Escritório de Arrecadação de Direitos Autorais (ECAD) - as outras duas bandas sofrem críticas dos formadores de opinião, mesmo com hits na rádio e shows lotados. Teóricos da indústria cultural explicam efeitos de causas e consequências. Questão de mercado. Mas outro fator merece reflexão: o sucesso é refém do desrespeito? É até comum ouvir a mulher chamada de "rapariga" ou o homem de "corno" e alusões ao alcoolismo nas canções do forró atual. Herança de Genival Lacerda? Talvez, não. O irreverente compositor e intérprete cantava o imaginário popular e sertanejo com algum sarcasmo, mas sem ofensas. O vocalista da banda potiguar Cavaleiros do Forró, Jailson Santos, responde a essas questões e comenta o trabalho do grupo, que completa 10 anos em 2011.
Entrevista - Jailson Santos
Como vocês encaram shows lotados, sucesso em rádios locais e de outras capitais nordestinas e, em contraponto, críticas dos formadores de opinião quanto ao estilo de música apresentado?
Fazemos uma média de 28 shows por mês, fazendo um pouco mais em junho, que já chegou a 42. E graças a Deus temos notado preconceito muito menor com nosso ritmo, que antes era exclusivo do Nordeste. Hoje já tocamos muito na região Sudeste, em especial dos estados de SP e MG. E o Cavaleiros sempre teve boas execuções de suas músicas em rádios, o que ajudou muito a propagar nosso sucesso e também a levar muito mais gente aos shows. Em festas no meio da rua já chegamos a colocar mais de 100 mil pessoas. Em festas de ingressos, uma média de 10 mil pessoas assistem cada show nosso.
Qual o limite (se é que há) entre a "brincadeira" e o desrespeito nas letras que denigrem a imagem da mulher e do homem, quando os chamam de 'rapariga' e 'corno'?
Tudo é brincadeira, e nunca fazemos nada para desrespeitar nem desmoralizar o ser humano.Esse nosso mercado muda muito. E o povo é quem manda, dizendo o que quer consumir em determinada fase. Hoje, vivemos um momento onde as músicas românticas, na batida do vaneirão, estão sobressaindo. São músicas que não têm palavrão, nem falam de chifre, nem de cachaça. Mas, não podemos deixar de lembrar que músicas assim viraram grandes hits com Cavaleiros, como Se réi pra lá, Senta que é de menta, Cachaça, mulher e gaia, entre outras.
Temos o exemplo de Genival Lacerda que cantava O que ela tem, ela dá pra todo mundo. A ironia, o duplo sentido, pode ser o caminho?
O duplo sentido existe há muito tempo mesmo, e tem um público que adora, que não diminui em nada o forró. Se formos parar para analisar, grandes artistas também fizeram sucesso com músicas com dois sentidos, como o Rei Roberto Carlos.
Alguns ambientes como o Forró da Lua restringiram seu espaço ao chamado "forró de raiz". O forró que vocês e outras bandas de sucesso tocam seria classificado como?
Um forró moderno, com bateria, metais, até percussão...
Contem o espaço que vocês conquistaram. Fala-se em Marina Elali, mas no forró também temos representantes com alcance nacional.
Em 2011, a banda completará dez anos. São nove CDs e cinco DVDs oficiais, afora os que gravamos chamados 'promocionais'. Fazemos 300 shows por ano, e isso tem crescido a cada ano. Já participamos de grandes programas de televisão, como Faustão, Hebe, Gugu, Eliana, Ana Hickman, etc. Só o Cavaleiros emprega hoje diretamente mais de 60 funcionários. Temos uma carreira sólida, e agradecemos muito à imprensa e aos fãs que sempre foram parceiros e fiéis, em todos os momentos.
* Publicado hoje no Diário de Natal (AQUI)
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