Tudo bem, as chaves da cidade estão nas mãos do rei Momo e da rainha do carnaval. Mas dá pra abrir a porta dos vários cômodos desta imensa casa chamada Natal e curtir o carnaval sem a presença dos anfitriões. Além do roteiro carnavalesco na página seguinte, o Diário de Natal sugere algumas opções para hoje. Na Cidade Alta (equivalente à cozinha da casa, onde ficam os maridões prendados) é comemorado hoje o carnaval do bloco Manicacas do Frevo, culminando no Baile à Fantasia do Centro Histórico, na Pinacoteca. No banheiro da casa tem a Lavagem do Beco, no chuveiro da Redinha. E no quintal, aberto à natureza, um carnaval inédito na Praia de Pipa. E ainda tem o quarto, a sala, a dispensa...
Manicacas no Baile da Samba
Manicacas estão medrosos. Não bastassem a esbórnia na folia de hoje pelas ruas do Centro Histórico com horário marcado para término e comportamento exemplar na companhia da companheira, o bloco mais controlado de Natal inventou parceria este ano com a Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (Samba) e agora a festa só acaba quando o último manicaca semi-orgulhoso do título ceder à pressão da respectiva.
A concentração será no Bar de Nélio (próximo à prefeitura) às 17h30. A orquestra de frevo esquenta o bumbo por ali até o início da caminhada pela ruas do Centro até os jardins da Pinacoteca, onde ocorre o 2º Baile à Fantasia do Centro Histórico. A orquestra mantém a pegada das marchinhas até a compositora e intérprete Khrystal subir ao palco com o show Brilho de Beleza. Em seguida, vem a velha guarda sambista da banda Nós do Beco. Para encerrar, mais frevo até o sol espulsar o manicaca mais “saidinho”.
A programação é toda gratuita, patrocinada pela iniciativa privada. O Bardallo’s Comida e Arte montará seu bar no local. O bloco Manicacas do Frevo distribuirá 600 camisinhas durante o percurso. E seguindo a tradição dos últimos cinco anos, a escolha do Manicaca 2011 foi definida. É o professor Kilder Medeiros, que receberá o troféu Rolo de Macarrão do eleito em 2010, o jornalista Sergio Vilar, seguindo a tradição dos manicacas Marcelus Bob (2006), Carlos de Souza (2007), e Alex de Souza (2008 e 2009).
Lavagem do Beco na Redinha
Uma brincadeira carnavalesca entre veranistas da Redinha virou tradição nas sextas-feiras de Momo. A Lavagem do Beco marca o início da festa no principal pólo do carnaval da cidade. Nada mais é do que um carro-pipa parado em frente ao bar mais movimentado da praia jogando água nos foliões. A banda de frevo marca o ritmo e espera a chegada do desfile do primeiro bloco: o Redinha dos Meus Amores.
A banda de frevo começa a furdunço às 20h em frente ao bar O Pé do Gavião, na avenida principal da Redinha (João Medeiros Filho). O carro-pipa fica posicionado nas imediações jogando água na rua para quem quiser se molhar. No bar O Pé do Gavião, o intérprete João Mendonça – conhecido dos veranistas e nativos – começa seu show quando a banda termina.
Por essa hora os foliões do Redinha dos Meus Amores partem da Praça do Cruzeiro, às 20h, pelas ruas e vielas da “praia bonita” – como classificou Cascudo, a Redinha - até chegar à concentração da “Lavagem” e se juntar aos foliões já molhados pela água de uns dez anos. Essa é a estimativa dos antigos foliões para o início da tradição. Foi quando veranistas Carla Medeiros, Aníria Barbosa, Dona Carmem e outros pegaram a vassoura resolveram lavar o velho beco para o carnaval.
“Antigamente o beco aqui atrás (do O Pé do Gavião) era de areia. E passava gato, cachorro; tinha mijo de gente, e ficava sujo. Aí os veranistas lavaram. E passados alguns anos, a prefeitura começou a disponibilizar a estrutura. E depois veio a orquestra e deu no que deu”, lembra João Xavier, o Joca.
Carnaval praiano
Nem só de praias, boa gastronomia e badalação noturna vive a Praia de Pipa. Pelo menos no período momesco. O carnaval ainda engatinha no paraíso pipense. Mas já há movimentação de antigos comerciantes e a folia antes restrita à quarta-feira de cinzas, agora começa na sexta-feira no ritmo comum do carnaval com a estreia do bloco Calígula Unidos no primeiro dia do reinado de Momo.
Segundo conta a diretora do bloco, Lidiane Duarte, o carnaval de Pipa se limitava até o ano passado aos blocos As Priquiteiras, As Kengas (só com nativos) e o próprio Calígulas Unidos. Após a concentração individual, percorrem ruas da praia até o trecho das boates, volta à Avenida Praia dos Golfinhos (avenida principal) e depois se dispersa.
“Nossa intenção é provocar maior movimentação carnavalesca na praia com a abertura do carnaval de Pipa, com rei Momo e tudo”. Para isso, Lidiane disse ter organizado um galpão onde ficaram guardadas 60 fantasias elaboradas pelo artista plástico Dante e mais dez alegorias. “Faremos uma abertura estilizada estilo diferenciado de Pipa”.
A concentração do bloco será em frente ao Restaurante Calígula, na avenida principal. O frevo tem início às 19h com uma banda de frevo composta por 14 músicos. Os foliões fazem o percurso até a orla, com nova parada no Chino’s Bar, volta à rua principal, segue ao Book Shopping e volta ao Calígula já por volta das 0h.
O bloco é aberto a quem deseja participar. A fantasia custa R$ 50, com o valor totalmente revertido em consumo no restaurante. “Estamos abrindo uma porta na história do carnaval da Pipa, e assim se integrar a maior festa do Brasil: o carnaval”. E conclui Lidiane Fernandes: “Depois do bloco é curtir a noite maravilhosa de Pipa”.
* Publicado hoje no Diário de Natal (roteiro do carnaval AQUI)
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