O premiado longa do espanhol Alejandro Amenábar, Mar Adentro, tinha tudo para eu gostar: estava fora do circuito hollywoodiano, abordava o mar de forma doce e lançava questões existenciais sobre a vida. Apostei tanto no filme que comprei o original do DVD, junto com a produção mexicana Como Água Para Chocolote. Este outro, de pouco esperava e se mostrou uma grata surpresa.
Mar Adentro é um bom filme. Premiadíssimo, por sinal. Ganhou o Globo De Ouro e Oscar de melhor filme estrangeiro. Isso com apenas R$ 13 milhões investidos. O recurso parco compromete a fotografia da obra. Um filme cujo nome leva o mar e tem em seus mistérios alguma ponte para o enredo, poderia render boas imagens. Mas para excelentes atuações não precisa de dinheiro. Javier Bardem dá um show como o protagonista Ramón Sampedro.
Ramón é tetraplégico. Quebrou o pescoço na juventude ao pular no mar de cima de um arrecife. Depois de 26 anos sem movimento de corpo e em plena consciência, decide morrer. É a tônica do filme. A eutanásia é questionada, mas com argumentos passíveis de fácil resposta. Ainda assim, faz o telespectador pensar, questionar sua vida. Não desperta emoção; não faz chorar.
Somente no final dos créditos a informação de que Mar Adentro é baseado em história real, com pitadas fictícias. Seria outro ponto a favor de um roteiro mais instigante, poético. Acho que poderia sair algo parecido com O Carteiro e o Poeta. Nem de longe.
O suicídio é sempre polêmica de muitos questionamentos. E o filme consegue humanizar isso muito bem; faz o telespectador se colocar no lugar de Ramón e perguntar qual sua determinação em suportar a inércia do corpo por toda uma vida. Um filme bonito e sensível, que peca apenas pela falta de poesia e roteiro mais criativo. Seguindo o conselho de Pessoa, se a alma num é pequena...
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