Recebi um verdadeiro presente cultural hoje via imeio. Um amigo mandou-me uma lista de 210 livros e poemas para baixar no computador. Interessei-me de imediato pelo A Metamorfose, do escritor Franz Kafka. Sempre o achei uma figura perturbada em seus sentimentos e seqüelas existenciais. Se não teve uma seqüência de tragédias e enfermidades de outros gênios da literatura como Dostoievski e Nietzsche, Kafka foi um atormentado por problemas menores, cotidianos. Daí o meu interesse.
Se não li nenhum livrinho sequer dele, já fui atrás de algo sobre sua biografia. Adoro biografias. Mais das vezes aprecio mais a vida dos autores do que suas próprias obras. São verdadeiros romances trágicos e de finais infelizes. É como prefiro. Não é à toa meu interesse pelo realismo russo. Os desfechos infelizes são mais parecidos com as cenas que vejo diariamente. E não precisa muita psicologia nem das respostas de Freud para deduzir que somos simpáticos às coisas mais próximas dos nossos quadrantes.
Dia desses o jornalista – uma vez meu orientador na conclusão de curso – Laurence Bittencourt escreveu um artigo excelente sobre Kafka em um jornal local. Ele, mestre em literatura comparada, traçou um paralelo entre as biografias publicadas sobre o autor e falou um pouco da pessoa de Kafka. Laurence defende a biografia escrita por Ernest Pawel, intitulada O Pesadelo da Razão, como a melhor, embora discorde do título.
Pelo relato do que li e acrescentada as observações de Laurence, Kafka foi desses homens pacatos, tímidos e com uma vida extremamente difícil com o pai. Essa relação parece ter sido o motor da vida do escritor. Pawel opina que o ódio ao pai, na verdade, é uma espécie de complexo de Édipo e configura uma transferência de maus sentimentos nutridos pela mãe, que o deixou uma sensação de desamparo e depressão. No final, o biógrafo passa a impressão de que Kafka alimentou, na verdade, um sentimento de desprezo por si mesmo durante sua curta vida.
Kafka encontrou na literatura uma forma de escoar seu sofrimento. Há autores que parecem já nascerem póstumos. Para nossa sorte. O início do livro A Metamorfose é uma maravilha. Antes o salário de jornalista fosse melhor e eu procuraria o livro em fez da leitura numa tela de computador. Mas estas são apenas algumas agruras do cotidiano. Nada que não ajude a engordar um pouco o espaço deste blog.
Se você me indicar a estrada com tijolos de ouro para pegar esse livros, te empresto A metamorfose impressa. Gostou da proposta?
ResponderExcluirGabriela Freire