quinta-feira, 31 de julho de 2008
A piada mais antiga do mundo
A piada mais velha do mundo tem cerca de 3.900 anos. Um estudo, publicado hoje pela universidade de Wolverhampton enumerou as dez piadas mais antigas do mundo — que podem ser vistas no site http://www.dave-tv.co.uk/. O amigo leitor leia primeiro duas das mais antigas. Duvido que ainda perca tempo indo atrás das outras. O primeiro lugar da lista é uma anedota que surgiu em 1900 a.C. entre os sumérios, que viveram onde é hoje o sul do Iraque. De acordo com essa piada, há "algo que nunca aconteceu desde o começo dos tempos: uma mulher nunca soltou um pum no colo do marido". Ha ha ha. Uma piada de 1600 a.C sobre um faraó, o rei Snofru, vem em segundo lugar: "Como entreter um faraó entediado? Coloque um navio cheio de mulheres vestidas somente com redes de pesca e diga ao faraó que pegue um peixe". Naquela época não tinha político, nem nordestino, nem gaúcho, o Joãozinho era primo de Jesus e os gays eram imperadores. Vai ver é isso. Ô mundinho sem graça aquele.
Prêmio cultural
Vendo os homenageados com a 5º edição do Troféu Cultura, realizado este ano com a parceria da Fundação José Augusto, fiquei encucado. Entrega de prêmios sempre gera discórdia de opiniões. A minha parte já do maestro da noite, Toinho Silveira. Definitivamente há de existir alguém mais apropriado e correlato com o tema. Pior foi a entrega do prêmio à prefeitura de Goianinha por apoiar a cultura. Alguém me salve e enumere três grandes projetos patrocinados pelo dito prefeito. Outra grande injustiça é deixar nomes importantíssimos de nossa arte plástica e homenagear César Revoredo, que nada representa para o segmento. Zaíra Caldas seria um bom nome. Ivo, de Ceará-Mirim, seria outro. Adiante, alguns premiados merecidos e manjados, como o flautista Carlos Zens e as empresas Cosern e Petrobras pelo apoio à cultura. Seu Cornélio tem sido mais homenageado nos últimos dois anos do que em seus 100 de vida. Aplaudo a lembrança da banda Rosa de Pedra; do empresário Celso Evangelista, proprietário do Maturi; e Castelo Casado. No todo, achei que valeu.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Curta retrata pressa cotidiana
Fiquei curioso em assistir ao curta-metragem brasileiro Do Visível ao Invisível. O curta, dirigido pelo mestre português Manoel de Oliveira, do alto dos seus 100 anos, foi escolhido como filme de abertura do 65º Festival de Veneza, em 27 de agosto. Do Visível ao Invisível faz parte do longa-metragem Mundo Invisível, projeto em construção partiu de uma idéia original de Serginho Groisman sobre situações de invisibilidade no mundo atual.
O argumento e o roteiro do curta foram originalmente escritos pelo próprio Manoel de Oliveira. O filme trata com ironia e fino humor do reencontro surpreendente de dois amigos, Ricardo e Leon, na avenida Paulista, coração de São Paulo. Um é português, de passagem pelo Brasil, e o outro é brasileiro. Eles tentam conversar, mas ora o celular de um, ora o do outro, toca, impedindo a conversa de se completar. Finalmente, eles decidem telefonar um ao outro para poder se comunicar. Falam da vida, da ética, do amor, da amizade e dos tempos que correm, cercados pelo ritmo incessante da cidade, com seus automóveis e pessoas que não podem parar.
O argumento e o roteiro do curta foram originalmente escritos pelo próprio Manoel de Oliveira. O filme trata com ironia e fino humor do reencontro surpreendente de dois amigos, Ricardo e Leon, na avenida Paulista, coração de São Paulo. Um é português, de passagem pelo Brasil, e o outro é brasileiro. Eles tentam conversar, mas ora o celular de um, ora o do outro, toca, impedindo a conversa de se completar. Finalmente, eles decidem telefonar um ao outro para poder se comunicar. Falam da vida, da ética, do amor, da amizade e dos tempos que correm, cercados pelo ritmo incessante da cidade, com seus automóveis e pessoas que não podem parar.
Crispiniano vira imortal
O Presidente da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, toma posse da cadeira n.º 26 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) amanhã. O ato solene acontece junto com o lançamento de seu livro Lula na Literatura de Cordel, no Centro Cultural da Ação e da Cidadania, no Rio de Janeiro. Ninguém menos que o próprio Lula estará presente. Daqui desta província que termina por consagrar alguns, bato palmas e tiro meu chapéu. Crispiniano é o terceiro poeta norte-riograndense a se tornar imortal na ABLC. A cadeira que o cordelista irá ocupar, já pertenceu a Luís da Câmara Cascudo.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Da querência de escrever
Ao ler hoje a Cena Urbana de Serejo senti uma cutilada no estômago. O cronista-mor deste Rio Grande de Poty escreveu sobre a arte e o ofício de escrever. O leitor mais atento e costumeiro deste espaço percebeu o hiato desde a minha última crônica. É que a selvageria dos dias tem me roubado lascas de tempo; as únicas que dispunha. Antes pudesse viver do ofício e afirmar de pronto como Clarice Lispector: “Escrevo porque respiro”. Ou mesmo o bom Serejo, na singela aptidão de “trocar palavras por margarina, feijão e pão”. Tenho trabalhado os três turnos em ritmo incessante. Bem sei dos tempos frios e dos ventos alísios que se aproximam para o refresco de agosto. Não me foge a imaginação uma Santa Rita parnasiana, sobretudo nestes tempos. É lá onde meus pensamentos vagueiam em gostosa ilusão de conforto.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Valéria Oliveira no TCP
Mesmo a reforma do TAM até setembro, o Projeto Seis e Meia continua firme e forte. As atrações serão apresentadas no Teatro de Cultura Popular, anexo à Fundação José Augusto. Já para 12 de agosto tem show com a cantora Teça Calazans, diretamente de Paris, e Valéria Oliveira como atração local. Teca volta a Natal, onde cantou com Osvaldinho do Acordeon no Projeto Pixinguinha há duas décadas. Será uma oportunidade única assistir a dois shows de cantoras brasileiras que tem feito grande sucesso no exterior. De um lado, Teca, capixaba de origens pernambucanas que tem levado nossa música para a Europa; de outro, Valéria Oliveira, potiguar que tem levado os sons do Brasil para o Japão e a Suíça. Bela pedida!
domingo, 27 de julho de 2008
Quadrinhos salvam Hollywood
As histórias em quadrinhos estão salvando Hollywood. Tudo indica que a crise financeira que assustava a meca do cinema mundial virou mesmo um assunto do ano passado. Enquanto aqui vivemos as curtas férias de inverno, do lado de lá do hemisfério a programação das salas de cinema nas longas férias de verão está recheando as bilheterias de dólares. A recente estréia de Batman — O Cavaleiro das Trevas, que ao arrecadar US$ 158,4 milhões tomou a marca que estava com o Homem Aranha 3 (US$ 151,1 milhões), lançado em 2007, vem coroar um ano que teve ainda O Homem de Ferro (US$ 102,1 milhões), O Incrível Hulk (US$ 55,4 milhões) e ainda Wanted (O Procurado, US$ 81,8 milhões) e Hellboy II (US$ 35,9 milhões). Lembrando que ainda está por vir uma das mais aguardadas versões para o cinema de uma HQ, The Spirit. Ano passado foram lançados O Homem Aranha 3 e o Quarteto Fantástico 2. Parece que um filme-solo de Wolverine está por vir. Está virando bagunça.
Com informações da Agência Estado
Com informações da Agência Estado
sábado, 26 de julho de 2008
Música e literatura, por Levino
Roubei do blog do cronista Rodrigo Levino, Adeus Columbus, dicas de música e literatura. Sem tempo nem para ler, em fina ironia aos ditames da profissão, ou procurar novidades sonoras, prefiro indicar os gostos de quem está mais a par das novidades. Depois coloco alguma coisinha minha:
“Lulu, MGMT, Cassius, Justice, Leonard Cohen, Curumin, Josh Rouse, Maria Bethânia e Roberto Carlos. Se quiserem ler algo interessante, indico o que devorei nos últimos 45 dias: Fantasma sai de cena (Philip Roth), Stasilândia (Anna Funder), Diário de um ano ruim (J.M. Coetzee), O livro amarelo do terminal (Vanessa Barbara), King Kong e Cervejas (Fabrício Corsaletti), Menina Gauche (Ada Lima), XII poemas sobre a parábola zen do pastoreio (Márcio Simões) e Satolep (Vitor Ramil)”.
“Lulu, MGMT, Cassius, Justice, Leonard Cohen, Curumin, Josh Rouse, Maria Bethânia e Roberto Carlos. Se quiserem ler algo interessante, indico o que devorei nos últimos 45 dias: Fantasma sai de cena (Philip Roth), Stasilândia (Anna Funder), Diário de um ano ruim (J.M. Coetzee), O livro amarelo do terminal (Vanessa Barbara), King Kong e Cervejas (Fabrício Corsaletti), Menina Gauche (Ada Lima), XII poemas sobre a parábola zen do pastoreio (Márcio Simões) e Satolep (Vitor Ramil)”.
TAM fecha para reforma
Necas de Projeto Seis e Meia e atrações teatrais no TAM até setembro. As fortes chuvas que caíram em Natal em maio prejudicaram a estrutura física do Teatro e forçaram uma obra maior do que os pequenos reparos anuais. O Governo do Estado liberou uma verba emergencial de R$ 350 mil. Os produtores culturais responsáveis pelas pautas reservadas no TAM, chegaram ao consenso de que agosto era o mês menos prejudicial para a classe artística e cultural da cidade. Outros R$ 50 mil, já haviam sido planejados no orçamento desde janeiro de 2008, destinados para pintura, manutenção, troca de cortinas e fardamento de funcionários. A reforma vai durar um mês. Em setembro, o TAM reabre suas portas em grande estilo, comemorando os 50 anos da Bossa Nova. Um bom nome para pautar as atrações é o jornalista Nicolau Frederico. Ele tem pesquisado muito a Bossa Nova. Montou até um blog especializado no assunto e tem mantido contatos com algumas atrações nacionais, como Menescal, com a finalidade de trazê-los a Natal.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Paris e Veneza, por Mário Ivo
Lembro de uma palestra proferida por Carlos Heitor Cony nesta vila recheada de operações impactantes lá para 2004, acho. Era um evento literário patrocinado pelo Banco do Brasil. Na oportunidade, o escritor comentou que a obra de Clarice Lispector não era para qualquer um. Recordo bem da assertiva porque meu ego subiu como uma atleta olímpica de salto com varas. Tem autores que a identificação é imediata e a compreensão é mais proveitosa. Minha relação com os escritos de Clarice é assim. Digo isso porque outro dia li opinião parecida do jornalista Carlos de Souza, o Carlão, a respeito da coluna de cultura escrita por Mário Ivo, no JH 1º Edição. Realmente não é pra qualquer um. Nada parecido com Clarice Lispector. Mas é de uma profundidade além da primeira leitura. Sem pedantismo ou lugares comuns. São artigos na medida certa, sobretudo para um jornal impresso. A série de textos “Cidades que eu vi”, com impressões de Paris e Veneza são peças a serem guardadas. E para não ficar apenas nos elogios merecidos, cito um pequeno desleixo, manjado como um beijo no coração: “ruas estreitas, todas sinuosas como serpentes”. A coitada da cobra há muito é confundida com as curvas das estradas. Mas, Pai perdoe os gênios. Eles sabem o que fazem.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Celular
Li esta resenha agora a pouco. Parece um livro instigante. Antes de uma dica de leitura, o parágrafo abaixo, escrito pelo professor Márcio Selligman-Silva, é um convite à reflexão:
“Talvez o que mais nos intrigue ao ler as treze histórias de Celular (R$ 45 - 352 págs), de Ingo Schulze, seja a inaudita capacidade de narrar desse autor. O que ele narra nem sempre é tão interessante, muitas vezes é justamente aquilo que preferimos esquecer: como somos geralmente ridículos e frágeis, como as relações humanas são atrapalhadas e repletas de desconfortos e embaraços. Mas na pena de Schulze tudo fica interessante. Ele é uma máquina de transformar o banal em literatura de 'alto nível'. O próprio título do livro já aponta para esse traço prosaico que é a marca da sua escrita: Celular! Mas por que as histórias seriam narradas à moda antiga? Nada mais simples - nada mais complexo. Simples porque estamos diante de narrativas despojadas e diretas (...).À moda antiga pode indicar o fato de o escritor assumir a tradição da narrativa, tão moribunda já há décadas.”.
“Talvez o que mais nos intrigue ao ler as treze histórias de Celular (R$ 45 - 352 págs), de Ingo Schulze, seja a inaudita capacidade de narrar desse autor. O que ele narra nem sempre é tão interessante, muitas vezes é justamente aquilo que preferimos esquecer: como somos geralmente ridículos e frágeis, como as relações humanas são atrapalhadas e repletas de desconfortos e embaraços. Mas na pena de Schulze tudo fica interessante. Ele é uma máquina de transformar o banal em literatura de 'alto nível'. O próprio título do livro já aponta para esse traço prosaico que é a marca da sua escrita: Celular! Mas por que as histórias seriam narradas à moda antiga? Nada mais simples - nada mais complexo. Simples porque estamos diante de narrativas despojadas e diretas (...).À moda antiga pode indicar o fato de o escritor assumir a tradição da narrativa, tão moribunda já há décadas.”.
terça-feira, 22 de julho de 2008
Iron & Wine
Fazia tempo nenhuma bandinha musical me chamava atenção. Talvez a última tenha sido a polêmica e discutida trupe do Teatro Mágico. Destacaria ainda os australianos do The Veils. Em menor grau, Strokes, Coldplay, Placebo. Nada que mudasse minha construção musical. Eis que me foi apresentado o Iron & Wine: o projeto de um homem, Sam Bean, e seu violão. Indicado aos fãs da música calma, com um quê de melancolia.
Bean escreve, toca, grava e produz cada uma das músicas do álbum em seu próprio estúdio caseiro. Sua música inclui violão, banjo e outros instrumentos. É bem o estilo de Nick Drake, John Fahey... É folk puro. Sentimental. Criativo. Delicadeza sussurada. É uma dose de vinho tinto, suave, ingerida sem pressa. É música para terminar a rotina; romper com a desgraça. Convida a dançar só, como louco em passos lentos pelo quarto.
Sam Bean é, ainda, professor de cinema. Partiu daí seu sucesso. Começou a criar trilhas sonoras de filmes de amor. Daquelas bem encaixadas, marcantes. O primeiro CD foi lançado com experimentos gravados em casa. O produtor preferiu não alterar nada daquela sonorização. De certo ficou de queixo caído como eu ao ouvir tais melodias. E não há como escapar. Se não há empatia, algo chama atenção. É um som diferente.
Das músicas que já ouvi, destacaria Gray Stables e a voz sussurada, que parecem muitas. Jezebel é sua melhor canção. Para ouvir numa rede. É trilha para instantes absortos, tranqüilos, silenciosos. Se tiver um mar à frente, a música desmanchará no ritmo das ondas. Em My Lady’s House é gostoso ouvir o arrastar de dedos nos acordes do violão; melodias sutis como um vazio preenchido apenas por sons.
Ainda que sua música esteja conhecida, Sam permanece como professor de cinema. Como sua música, parece um homem desprovido de aparatos modernos. Lembra um monge pela barba. O olhar baixo transmite a impressão de pessoa simples, introspecta. Pelo menos pra mim, a música torna-se mais instigante quando o intéprete se parece com cada melodia tocada. Talvez por isso a música de Iron & Wine me soe tão verdadeira.
Bean escreve, toca, grava e produz cada uma das músicas do álbum em seu próprio estúdio caseiro. Sua música inclui violão, banjo e outros instrumentos. É bem o estilo de Nick Drake, John Fahey... É folk puro. Sentimental. Criativo. Delicadeza sussurada. É uma dose de vinho tinto, suave, ingerida sem pressa. É música para terminar a rotina; romper com a desgraça. Convida a dançar só, como louco em passos lentos pelo quarto.
Sam Bean é, ainda, professor de cinema. Partiu daí seu sucesso. Começou a criar trilhas sonoras de filmes de amor. Daquelas bem encaixadas, marcantes. O primeiro CD foi lançado com experimentos gravados em casa. O produtor preferiu não alterar nada daquela sonorização. De certo ficou de queixo caído como eu ao ouvir tais melodias. E não há como escapar. Se não há empatia, algo chama atenção. É um som diferente.
Das músicas que já ouvi, destacaria Gray Stables e a voz sussurada, que parecem muitas. Jezebel é sua melhor canção. Para ouvir numa rede. É trilha para instantes absortos, tranqüilos, silenciosos. Se tiver um mar à frente, a música desmanchará no ritmo das ondas. Em My Lady’s House é gostoso ouvir o arrastar de dedos nos acordes do violão; melodias sutis como um vazio preenchido apenas por sons.
Ainda que sua música esteja conhecida, Sam permanece como professor de cinema. Como sua música, parece um homem desprovido de aparatos modernos. Lembra um monge pela barba. O olhar baixo transmite a impressão de pessoa simples, introspecta. Pelo menos pra mim, a música torna-se mais instigante quando o intéprete se parece com cada melodia tocada. Talvez por isso a música de Iron & Wine me soe tão verdadeira.
Da campanha eleitoral em Natal
Nunca assisti tamanho descrédito do povo natalense com uma campanha eleitoral. Como jornalista, cobri o lançamento de candidatura das duas principais candidatas à prefeitura da cidade. O que vi foi desânimo. Mais correligionários do que eleitores. Gente que passava por perto porque precisava atravessar aquele perímetro para chegar em casa. Olhava de soslaio para os candidatos e seguia se caminho.
Uma coisa também ficou evidente para mim. O descrédito com a candidatura de Fátima Bezerra (PT) é ainda maior. Fico à vontade para comentar porque meu voto não será de nenhuma das duas. E outra: são bons nomes. Cada uma com suas qualidades preferenciais. Uma com experiência. Outra com propostas inovadoras.
A caminhada de quase dez quilômetros de lançamento de candidatura de Micarla de Sousa (PV), no último sábado, foi um banho de marketing. Estimulados pela passagem do carro de som e pela insistência de partidários, os moradores da Zona Norte até saíram de casa para ver a banda passar. Mas não acompanharam a comitiva.
Uma coisa é certa: a governadora Wilma de Faria não sairá derrotada da eleição com a vitória de Micarla. O acordo foi apoiar Fátima para receber em troca o apoio federal quando da eleição para o Senado. Isso ela já conseguiu, independente de vitória ou derrota de Fátima. Tampouco o senador Garibaldi sai perdedor.
Por esses fatores, o único empolgado com a candidatura petista – e que realmente sai derrotado nestas eleições – é o prefeito Carlos Eduardo Alves, que vislumbra uma perda significativa para disputar o governo do estado em 2010. Do lá do “verde”, Robinson Faria (PMN) e João Maia (PR) saem fortalecidos para o próximo pleito. Em verdade vos digo: em breve Natal ficará mais verde e um arco-íris de cores vibrantes se projeta para 2010.
Uma coisa também ficou evidente para mim. O descrédito com a candidatura de Fátima Bezerra (PT) é ainda maior. Fico à vontade para comentar porque meu voto não será de nenhuma das duas. E outra: são bons nomes. Cada uma com suas qualidades preferenciais. Uma com experiência. Outra com propostas inovadoras.
A caminhada de quase dez quilômetros de lançamento de candidatura de Micarla de Sousa (PV), no último sábado, foi um banho de marketing. Estimulados pela passagem do carro de som e pela insistência de partidários, os moradores da Zona Norte até saíram de casa para ver a banda passar. Mas não acompanharam a comitiva.
Uma coisa é certa: a governadora Wilma de Faria não sairá derrotada da eleição com a vitória de Micarla. O acordo foi apoiar Fátima para receber em troca o apoio federal quando da eleição para o Senado. Isso ela já conseguiu, independente de vitória ou derrota de Fátima. Tampouco o senador Garibaldi sai perdedor.
Por esses fatores, o único empolgado com a candidatura petista – e que realmente sai derrotado nestas eleições – é o prefeito Carlos Eduardo Alves, que vislumbra uma perda significativa para disputar o governo do estado em 2010. Do lá do “verde”, Robinson Faria (PMN) e João Maia (PR) saem fortalecidos para o próximo pleito. Em verdade vos digo: em breve Natal ficará mais verde e um arco-íris de cores vibrantes se projeta para 2010.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Um Beijo Roubado
Ainda em cartaz o filme Um Beijo Roubado, do diretor japa Wong Kar-Wai. Pelo título e sinopse pensava um filminho clichê. Até me supreendi, precipitadamente, em integrar a seleção do Cinecult. É um bom filme, com Jude Law e a cantora Norah Jones nos papéis principais. A moça em nada compromete a atuação. Bela fotografia e trilha sonora. Um filme bem cuidado, sem espaço para vazios e pieguices. Vale uma ida. Salvo engano está na segunda semana em cartaz e deve figurar até sexta-feira. Domingo a fila estava de rodar quarteirão para a estréia de Batman – O cavaleiro das trevas. Segundo a crítica, outra bela obra. Fiquei curioso para mais um blockbouster de super-herói em 2008. Esse, parece-me, promete mais que os outros. Cinecult sempre às 15h no Cinemark. R$ 4 a senha inteira.
Mais inocente baleado por PM
É o cúmulo. Saiu agorinha no Folha Online. Uma menina de 8 anos foi baleada na cabeça por um policial militar embriagado em Igarapé do Meio, no interior do Maranhão, na tarde de ontem. Revoltada, a população do local incendiou a delegacia e a Câmara Municipal. De acordo com a Sesec (Secretaria de Estado de Segurança Cidadã), o policial, identificado como Ramos, estava à paisana quando foi avisado sobre uma briga no local. Uma pessoa teria sido esfaqueada durante a briga e o policial atirou diversas vezes para tentar acertar o suspeito da facada. Um dos tiros atingiu a criança, que morreu no local. Evito comentar notícias assim. Prefiro a cultura, mas são fatos que insuflam a ira. O despreparo da PM é evidente em qualquer esquina de qualquer estado. Truculência é com bandido. Ainda defendo a exigência de nível superior e cursos de aprimoramento para a categoria. Claro, como conseqüência, melhores salários. Talvez fosse uma solução.
Selton e Natchtergaele como diretores
Notícia bacana. Os excelentes atores Selton Mello e Matheus Natchtergaele largaram as vestes de João Grilo e Chico, do qual ficaram célebres com a filmagem de O Auto da Compadecida, e encarnam agora, dez anos depois, o outro lado da câmera, como diretores de cinema. Os dois são símbolos incontestáveis da chamada retomada do cinema brasileiro. Agora, debutam ao mesmo tempo em pequenos ensaios sobre a dor. Mello, de 35 anos, ganhou o prêmio de melhor diretor no novo Festival de Paulínia (interior de São Paulo) com Feliz Natal. Nachtergaele, 39 anos, apresentou A Festa da Menina Morta em Cannes e foi selecionado para o Festival de Gramado, em agosto. Astros da tevê, figuras carimbadas do cinema, podiam fazer do set uma extensão da fama. Arriscaram-se, porém, em terrenos acidentados. Os carinhas deixaram a Globofilmes pra lá e buscaram abrigo numa pequena produtora, a Bananeira. Não deve vir nada parecido com o Casseta e Planeta ou Os Normais.
domingo, 20 de julho de 2008
Brouhaha sai com Glorinha Oliveira
É possível que mais uma edição da revista cultural Brouhaha seja lançada esta semana. A capa será com a nossa rouxinol do rádio, a cantora Glorinha Oliveira. A matéria da repórter Mariana Cremonini retrata uma triste situação: mesmo com tantos serviços prestados à cultura musical da cidade, Glorinha ainda mora de aluguel. Uma lástima! É esse o tratamendo dispensado aos nossos artistas. Uma bela sacada do editor Moisés de Lima – e corajosa, diga-se de passagem. É notório que a revista é editada pela Fundação Capitania das Artes. Seria interessante que o problema chegasse ao prefeito Carlos Eduardo. Afinal, em cada discurso seu a cultura é ressaltada, e não por acaso, há que se considerar. Mas é preciso corrigir essa falta. A Brouhaha tem se saído a revista cultural mais diversificada e ousada de Natal. Se não cumpre a risca a regularidade bimestral pretendida, o atraso é de pouco, compreensível. Enquanto isto a Preá, que saiu quase concomitante à Brouhaha na última edição, nem notícia.
sábado, 19 de julho de 2008
Oswaldo Montenegro no Buraco
É muita falta de responsabilidade desses artistas de renome nacional que vêm dar sua graça por esta província. Desleixo, falta de respeito. Podia citar um monte de adjetivações. Explico: dei uma passada rápida ontem à noite no Buraco da Catita – um chorinho de primeira ali na boa Ribeira – e quem estava lá? O Oswaldinho Montenegro, o mesmo que tinha um show marcado para as 22h no Boulevart, no outro lado da cidade. Aliás, já em Parnamirim. Saí de lá às 21h30 e o sujeito ainda estava por lá muito despreocupado, ao lado de seu colega Diogo Guanabara. Soube que o show só começou às 23h30. Antes fosse a primeira vez do ocorrido. É de praxe os atrasos em shows. Mais das vezes os caras-de-pau culpam a passagem de som, o atraso no vôo, o trânsito. Eu é que não perco meu tempo e dinheiro. Ainda bem que existe o Seis e Meia!
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Dias escuros
O clima frio, de segundos congelados, camufla a correria dos dias. O tempo escorre pelo ralo do banheiro. E tempo é medido segundo a vivência. Filósofos debruçam-se muito em estudos a respeito. Desde os gregos. Antes de Cristo, Horácio cunhou a frase Carpe Diem (aproveite o dia). Lembro de uma passagem de Goethe que diz mais ou menos o seguinte: “Cada segundo é de um valor infinito, pois ele representa a eternidade”. Tento segurar o tempo para apreciá-lo melhor. Olhá-lo com mais propriedade e cuidado. Tocá-lo, quem sabe. Talvez eu aprenda e conheça seu significado. De certo é algo mais valioso do que o dito de Bulwer-Lytton: “Time is money” (tempo é dinheiro). Por enquanto, o que sei é que meus dias têm escurecido rápidos e meu roteiro tem sido filmado em frenéticos espasmos de cinema noir.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Cinema brasileiro
Em posts passados eu afirmei da pífia produção brasileira deste ano, sobretudo comparada aos bons filmes exibidos em 2007. Pois foi divulgada uma estatística que atesta a queda do público do filme brasileiro em 30% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado. O número de estréias nacionais também encolheu. Foram 40 lançamentos nacionais no primeiro semestre de 2007, contra 29 neste ano. Os dados foram divulgados pelo portal especializado em mercado de cinema Filme B. Agora vejam: no ano passado, a soma de público dos títulos brasileiros no primeiro semestre — 5 milhões — foi inferior ao total de espectadores do título-líder do ranking de mais vistos — Homem-Aranha 3, com 6,1 milhões de espectadores. O caminho é longo e a vida é curta, amigo!
Programação para amanhã
As opções são poucas e a dica é ótima. Vai haver um concerto “Petite Marie” de música francesa, a partir das 18h de amanhã, no Nalva Melo Café Salão (Av. Duque de Caxias, Ribeira, entre o Teatro Alberto Maranhão e o Jornal Tribuna do Norte). Apenas R$ 5,00 a entrada. Logo em seguida, show com uma das finalistas da última edição do Festival MPBeco de Música, Rani Moraes e banda. O estilo da moça é de uma MPB bem puxada para o batuque. Vale uma ida.
Show gratuito no TAM
Fiquei sabendo agora, ao ler no caderno de cultura da Tribuna do Norte, de um show gratuito com um dos mais renomados pianistas brasileiros, Miguel Proença. Segundo a matéria da repórter Eliade Pimentel, desde 2005 o músico tenta diminuir a distância entre a música erudita e a grande massa. Iniciativa para tirar o chapéu. Embora o projeto Piano Brasil esteja amparado pela Lei Rouanet de incentivo à cultura e tenha patrocínio do Sesi nacional, o Teatro Alberto Maranhão é propriedade do estado e este também merece reverência. A apresentação é única e ocorre hoje a partir das 21h.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Seis e Meia
Bato palma para a idéia de convidar Benito Di Paula para a apresentação de ontem no TAM, dentro do Projeto Seis e Meia. Melhor ainda em parceria de atração com o Macaxeira Jazz. Dois showzaços, teatro lotado; muito bom. Assisti em pé, cansado e adorei. É bom ver o Seis e Meia – já com 13 anos – em plena forma, quando não muito distante esteve ameaçado.
Benito veio com vontade de apresentar um bom show. Brincou com a platéia, tocou todos os sucessos – e não são poucos – e convidou o filho, Rodrigo Veloso para tocar e cantar duas músicas. Não gostei da idéia. Pelo menos queria ouvir Retalhos de Cetim na voz de Benito. Infeliz mesmo foi a idéia de colocar o piano do compositor sambista em frente à bateria, mesmo antes da apresentação. Tremenda gafe que encobriu o trabalho do baterista do Macaxeira Jazz. Mas valeu.
Benito veio com vontade de apresentar um bom show. Brincou com a platéia, tocou todos os sucessos – e não são poucos – e convidou o filho, Rodrigo Veloso para tocar e cantar duas músicas. Não gostei da idéia. Pelo menos queria ouvir Retalhos de Cetim na voz de Benito. Infeliz mesmo foi a idéia de colocar o piano do compositor sambista em frente à bateria, mesmo antes da apresentação. Tremenda gafe que encobriu o trabalho do baterista do Macaxeira Jazz. Mas valeu.
Saint Exupéry em Natal
Uma obra que deve invocar a polêmica será lançada amanhã na Siciliano do Midway. O bom Peri Lamartine – o homem que inventou o turismo no Rio Grande do Norte, segundo Marcos Pedroza – escreveu Saint Exupéry na América do Sul. O título desse post foi pra provocar. Como se sabe, corre uma lenda (?) de que o francês pousou seu Latte Coere por estas plagas. Não é à toa o nome da praça situada no Canto do Mangue. De certo a obra abordará o tema da vinda (ou não) do autor de O Pequeno Príncipe em Natal. O livro é editado pela Sebo Vermelho e a festa de lançamento é a partir das 19h.
terça-feira, 15 de julho de 2008
A terna velhice
Sempre acreditei nos aforismos. Para o caso (ou um ocaso?) a seguir, caem bem o “Antes tarde do que nunca” e o “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Pois olhem que notícia mais mimosa: “O colombiano Gabriel García Márquez, prêmio Nobel de Literatura, disse que ‘nunca’ viu o ex-presidente de Cuba Fidel Castro ‘tão carinhoso’ quanto na semana passada, quando se reuniu com ele por mais de cinco horas. ‘Tenho a impressão de tê-lo conhecido ontem. Nunca o tinha visto assim, tão carinhoso’, afirmou o escritor ao jornalista cubano Gabriel Molina em artigo publicado no jornal Granma”. De certo Fidel está mais relaxado, aprendeu a usar a net, tem encontrado antigos companheiros revolucionários pelo orkut e tomado um monte de coca-cola sem rum, acompanhado de um sanduíche da McCdonald. É o jeito american-Fidel way of life, longe das ameaças terroristas ou da incumbência de presidir uma ilha tristemente miserável. Tudo numa nice, yes?
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Novos blogs
O mundo continua migrando para a Internet. A onda de blogs aumenta a cada dia. Uma parte da minha vida já está incutida por aqui. Escrevo em blog há mais de cinco anos. Tenho um verdadeiro diário do tempo registrado em meu computador. Bom, palavras iniciais para recomendar mais três blogs de pessoas e escritos que gosto muito: o primeiro é o Entre Letras e Cenas, da jornalista Ana Paula Costa. O blog tece comentários leves, sobretudo a despeito de filmes. Também estreou o Histórias na Janela, da jornalista Adriana Amorim. Como o título insinua, são contações cotidianas e mais: ilustradas pela lente apurada de Adriana. Os dois estão em links na estante ao lado. O terceiro é uma coluna hospedada no portal de notícias Nominuto.com, um espaço exclusivamente dedicado à Bossa Nova, escrito por quem conhece o assunto: o calejado jornalista Nicolau Frederico. Tenho dito e recomendado.
90 anos de Bergman
Há exatos 90 anos nascia Ingmar Bergman – lendário cineasta sueco. Não faz duas semanas completou-se um ano de sua morte. Bergman é autor de obras-primas do cinema. Confesso ter assistido apenas dois filmes seus: Sonata de Outono (1978) e Morangos Silvestres (1957). Gostei mais do primeiro, mas é inegável a presença de uma linguagem única que transcende a própria experiência cinematográfica nos dois filmes. São temas universais abordados com maestria e aprofundamento. São personagens densos, de uma psicologia rica e diálogos inteligentíssimos. É bom conhecer mais do cineasta. Comenta-se muito do filme Persona. Fica a dica.
Safadeza, sim, mas sem exagero
A despeito dos “forrós” produzidos atualmente, postei texto de José Teles nos posts abaixo e insisto no tema com mais este, melhor ainda, do bom Bráulio Tavares, que encontrei no blog Grande Ponto.
"As letras do forró eletrônico não me escandalizam. Posso fazer (e já fiz) poemas que deixariam essa rapaziada com o rosto enrubescido. São uns amadores. A crítica que faço à música deles, portanto, não é uma crítica moralista de quem se escandaliza com versos de safadeza. Pelo contrário! O verso e o romance de safadeza são uma nobre arte. Olhem aqui na minha estante, e verão de Henry Miller a Aretino, do Marquês de Sade a Carlos Zéfiro, e de Bocage aos romances em versos que Ariano Suassuna, em seu estudo dos ciclos do cordel, classifica como “folhetos de safadeza e putaria”.
Essas coisas fazem parte da cultura, companheiros. Sempre fizeram e sempre o farão. O problema da pornografia é quando ela passa a ser usada sistematicamente, como uma monocultura arrasadora. A pornografia pode virar algo como a cana-de-açúcar ou a soja, que precisam viabilizar lucros cada vez mais rápidos, mesmo que o preço seja a destruição de todas as outras culturas em volta.
A pornografia tem seu lugar e sua função. Ela se transforma num problema quando vira uma indústria tão lucrativa que extingue tudo que há em redor. Uma coisa é o forró malicioso, feito por um cara que teve uma boa idéia, uma idéia que admite uma dupla leitura com sentido erótico, e faz uma música com ela. Uma música que, no CD, vem ladeada por outra que fala em sertão, outra de sátira política, outra de amor, outra de descrição da vida urbana, e assim por diante. É o que vemos nos discos dos grandes forrozeiros. Escutem o Trio Nordestino, Elino Julião, Maciel Melo, Biliu de Campina, Flávio José. Todos fazem, no meio de um repertório variado, que cobre todas as facetas da vida humana, músicas cujo tema é o sexo, a sedução, o corpo feminino, o xamego entre homem e mulher. É uma das coisas boas da vida, porque não falar dela – com humor, com graça, com uma piscada de olho para as meninas? Todo mundo gosta.
O que sou contra é esse samba-de-uma-nota só mórbido, doentio: safadeza, safadeza, safadeza... Também seria contra um movimento musical que falasse unicamente de futebol, futebol, futebol. Ou uma escola literária que quisesse impor como único tema a filosofia, filosofia, filosofia. Ou um cinema que se limitasse a repisar histórias sobre o sertão, sertão, sertão. Tudo demais é veneno. Nada tenho contra a pornografia como gênero, mas sou contra a pornografia (ou qualquer outra coisa) como tema único, repisado de forma incessante. Sou contra a canção pornografia como monocultura, repetição obsessiva, com o único objetivo de esgotar o mais depressa possível um mercado cheio de gente ingênua. Depois de exaurido esse mercado, os espertalhões (que não são do ramo, não são do forró) passarão adiante. Irão fazer música evangélica ou jingles de campanhas políticas. E deixarão atrás de si uma geração de jovens abobalhados, incapazes de entender uma música se ela não falar da única coisa que eles aprenderam a ouvir".
"As letras do forró eletrônico não me escandalizam. Posso fazer (e já fiz) poemas que deixariam essa rapaziada com o rosto enrubescido. São uns amadores. A crítica que faço à música deles, portanto, não é uma crítica moralista de quem se escandaliza com versos de safadeza. Pelo contrário! O verso e o romance de safadeza são uma nobre arte. Olhem aqui na minha estante, e verão de Henry Miller a Aretino, do Marquês de Sade a Carlos Zéfiro, e de Bocage aos romances em versos que Ariano Suassuna, em seu estudo dos ciclos do cordel, classifica como “folhetos de safadeza e putaria”.
Essas coisas fazem parte da cultura, companheiros. Sempre fizeram e sempre o farão. O problema da pornografia é quando ela passa a ser usada sistematicamente, como uma monocultura arrasadora. A pornografia pode virar algo como a cana-de-açúcar ou a soja, que precisam viabilizar lucros cada vez mais rápidos, mesmo que o preço seja a destruição de todas as outras culturas em volta.
A pornografia tem seu lugar e sua função. Ela se transforma num problema quando vira uma indústria tão lucrativa que extingue tudo que há em redor. Uma coisa é o forró malicioso, feito por um cara que teve uma boa idéia, uma idéia que admite uma dupla leitura com sentido erótico, e faz uma música com ela. Uma música que, no CD, vem ladeada por outra que fala em sertão, outra de sátira política, outra de amor, outra de descrição da vida urbana, e assim por diante. É o que vemos nos discos dos grandes forrozeiros. Escutem o Trio Nordestino, Elino Julião, Maciel Melo, Biliu de Campina, Flávio José. Todos fazem, no meio de um repertório variado, que cobre todas as facetas da vida humana, músicas cujo tema é o sexo, a sedução, o corpo feminino, o xamego entre homem e mulher. É uma das coisas boas da vida, porque não falar dela – com humor, com graça, com uma piscada de olho para as meninas? Todo mundo gosta.
O que sou contra é esse samba-de-uma-nota só mórbido, doentio: safadeza, safadeza, safadeza... Também seria contra um movimento musical que falasse unicamente de futebol, futebol, futebol. Ou uma escola literária que quisesse impor como único tema a filosofia, filosofia, filosofia. Ou um cinema que se limitasse a repisar histórias sobre o sertão, sertão, sertão. Tudo demais é veneno. Nada tenho contra a pornografia como gênero, mas sou contra a pornografia (ou qualquer outra coisa) como tema único, repisado de forma incessante. Sou contra a canção pornografia como monocultura, repetição obsessiva, com o único objetivo de esgotar o mais depressa possível um mercado cheio de gente ingênua. Depois de exaurido esse mercado, os espertalhões (que não são do ramo, não são do forró) passarão adiante. Irão fazer música evangélica ou jingles de campanhas políticas. E deixarão atrás de si uma geração de jovens abobalhados, incapazes de entender uma música se ela não falar da única coisa que eles aprenderam a ouvir".
Edtam sem patrocínio
A diretora da Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão, Wanie Rose está quase de joelhos suplicando verba para poder levar seu grupo de bailarinos ao festival de dança de Joinville – o mais prestigiado do Brasil e do qual o Rio Grande do Norte tem se destacado nos últimos anos, sobretudo no quesito da dança contemporânea. Se o Estado banca o Edtam aqui com local e infra-estrutura material, deveria patrocinar e apoiar nossos valores nesta viagem. É triste ver um trabalho tão bonito (o grupo é formado por 600 alunos de baixa renda), dedicado e com resultados concretos precisar se humilhar para tentar patrocínio. Empresários também poderiam ajudar, como fazem no esporte. Mas a cultura é sempre um plano renegado e a mercê dos recursos públicos. É por isso que não anda.
sábado, 12 de julho de 2008
Forró de rapariga
Me chega por imeiu um texto de autoria de José Teles. Ele esbraveja contra as letras dos “forrós” produzidos hoje. Com toda razão. Veja:
“Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhando uma música da banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.
Pruma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde.
Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem.
Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/ e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos".
“Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhando uma música da banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.
Pruma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde.
Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem.
Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/ e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos".
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Do capitalismo infeliz
Trecho da entrevista com Gianni Vattimo publicada na revista Cult. O italiano de 68 anos é formado em Filosofia. Fez especialização na Alemanha. Autor de O fim da modernidade e organizador, com Derrida, da coletânea A religião, publicou também A sociedade transparente, entre outras obras, algumas inéditas no Brasil. Vattimo foi deputado no Parlamento Europeu, viaja pelo mundo proferindo palestras, sempre para grandes platéias, lotadas, e escreve em jornais e revistas.
CULT - Quais são as conseqüências da angústia e da solidão? A humanidade está desiludida?
G. V. - Não saberia dizê-lo sem incertezas. Hoje nós falamos da humanidade de maneira muito mais fundamentada do que foi possível falar no passado; conhecemos mais culturas, tipos de sociedade, ética. E, pelo que sabemos, a modernização tem produzido mais dificuldades do que tem trazido soluções em muitas áreas do planeta. Assim, a globalização, sobre a qual se gasta tanta retórica, tem, na realidade, aumentado a distância entre o rico e o pobre, e parece dar razão a Karl Marx sobre a difusão da pobreza e a progressiva proletarização. Um ditado, que não sei bem de onde vem, ressoa: os Estados Unidos têm exportado a infelicidade em todo o mundo. Quando se pensa no custo-benefício da competitividade e no desfrute que comporta o desenvolvimento, devemos reconhecer que este ditado é verdadeiro. O capitalismo é, em grande parte, responsável por esta montanha de infelicidade.
CULT - Quais são as conseqüências da angústia e da solidão? A humanidade está desiludida?
G. V. - Não saberia dizê-lo sem incertezas. Hoje nós falamos da humanidade de maneira muito mais fundamentada do que foi possível falar no passado; conhecemos mais culturas, tipos de sociedade, ética. E, pelo que sabemos, a modernização tem produzido mais dificuldades do que tem trazido soluções em muitas áreas do planeta. Assim, a globalização, sobre a qual se gasta tanta retórica, tem, na realidade, aumentado a distância entre o rico e o pobre, e parece dar razão a Karl Marx sobre a difusão da pobreza e a progressiva proletarização. Um ditado, que não sei bem de onde vem, ressoa: os Estados Unidos têm exportado a infelicidade em todo o mundo. Quando se pensa no custo-benefício da competitividade e no desfrute que comporta o desenvolvimento, devemos reconhecer que este ditado é verdadeiro. O capitalismo é, em grande parte, responsável por esta montanha de infelicidade.
Lei Seca
Frase encontrada em uma Brasília, que vi agora no blog de Alexandro Gurgel (Grande Ponto): "Se Lula pode dirigir Brasília bêbado, por que eu não posso?"
Pura maldade...
Pura maldade...
Operação Impacto faz aniversário
Está acontecendo agora uma comemoração diferente, para não dizer irreverente, mas que deveria provocar lágrimas, em frente à Câmara Municipal. A Operação Impacto completa um ano hoje. Claro, a comemoração é em tom de protesto, organizado pelo Fórum Natal Cidade Sustentável. Será oferecido bolo de aniversário aos vereadores e tudo. E é bom lembrar, vários dos edis envolvidos na Operação Impacto são novamente candidatos – e já aparecem nas pesquisas! Cada povo tem mesmo o... Ah! Deixa pra lá. Não adianta mesmo...
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Levino e o Jovens Escribas
Em meio às matérias de promoção do lançamento do último livro de crônicas – Dias Estranhos – do escritor Rodrigo Levino na mídia impressa de Natal há algumas semanas, um detalhe passou batido por muitos ou não gerou a notícia merecida. Em uma linha qualquer, ele comentou de sua saída do selo Jovens Escribas, do qual foi um dos mentores e conseguiu produzir seu primeiro livro, mesmo que com recursos próprios. Perguntei, e Levino respondeu:
Qual o motivo de sua saída do Jovens Escribas?
Rodrigo Levino: Desde o inicio do grupo eu nunca fui o que se podia chamar de mais atuante. Claro, participei de todas as ações como o lançamento dos livros em São Paulo, o Digiscritos, que foi um projeto bacana de reunir em CD textos de varios autores que faziam ou fazem parte da lista de discussão do grupo. Mas no geral sempre mantive algumas discordâncias, como por exemplo, o uso da lei de incentivo – mesmo reconhecendo que foi importante para o pontapé inicial (do meu livro não, Aos Pedaços eu banquei integralmente). Há um outro lado que é desconfortável falar até porque nunca foi discutido livremente dentro do grupo, que diz respeito ao projeto editorial em si. Os livros são bonitos, o projeto agrega mídia espontânea por se tratar de jovens, literatura etc. Mas no fim das contas, como escritores, até que ponto somos relevantes? O quanto somos importantes? O quanto a nossa obra se sustenta fora da análise da juventude, do projeto em grupo? São questionamentos que a medida que fiz pessoalmente, fui me afastando um tanto mais do grupo, até sair. Mas sem nenhum problema pessoal, longe disso.
2. Você achava que a imagem da mídia com relação a vocês era preconceituosa e via o selo como uma jogada de marketing mais do que como um projeto literário relevante?
Não preconceituosa, mas creio que houve esse questionamento no início que deixou de ser respondido pelo grupo, uma oportunidade de mostrar, não apenas declarando, mas com o conteúdo dos livros, que não se trata de uma jogada de marketing. Há um erro, ao meu ver que é na gênese: jovens. É um termo passageiro que quatro anos depois não se aplica sequer às nossas vidas. Já quase não o somos. Não posso dizer que foi preconceituosa, porque até hoje o grupo é bem aceito quando precisa divulgar alguma coisa. Mas acho que, para a própria auto-critica do projeto, padecemos do mal que padecem todos os autores locais: falta de critica especializada. Que parâmetro nós temos? A opinião dos amigos? Foi justamente por não ter esse projeto ideal, e se o tivesse nao saber se seria aceito - o que poderia soar pretencioso, afinal seria eu sozinho defendendo uma tese particular - que deixei o grupo. E pelo motivo de procurar quem banque as minhas publicações, esse também é primordial.
Como você gostaria de ver o selo e como ele está hoje?
Foi justamente por não ter esse projeto ideal, e se o tivesse nao saber se seria aceito - o que poderia soar pretencioso, afinal seria eu sozinho defendendo uma tese particular - que deixei o grupo. E pelo motivo de procurar quem banque as minhas publicações, esse também é primordial.
Qual o motivo de sua saída do Jovens Escribas?
Rodrigo Levino: Desde o inicio do grupo eu nunca fui o que se podia chamar de mais atuante. Claro, participei de todas as ações como o lançamento dos livros em São Paulo, o Digiscritos, que foi um projeto bacana de reunir em CD textos de varios autores que faziam ou fazem parte da lista de discussão do grupo. Mas no geral sempre mantive algumas discordâncias, como por exemplo, o uso da lei de incentivo – mesmo reconhecendo que foi importante para o pontapé inicial (do meu livro não, Aos Pedaços eu banquei integralmente). Há um outro lado que é desconfortável falar até porque nunca foi discutido livremente dentro do grupo, que diz respeito ao projeto editorial em si. Os livros são bonitos, o projeto agrega mídia espontânea por se tratar de jovens, literatura etc. Mas no fim das contas, como escritores, até que ponto somos relevantes? O quanto somos importantes? O quanto a nossa obra se sustenta fora da análise da juventude, do projeto em grupo? São questionamentos que a medida que fiz pessoalmente, fui me afastando um tanto mais do grupo, até sair. Mas sem nenhum problema pessoal, longe disso.
2. Você achava que a imagem da mídia com relação a vocês era preconceituosa e via o selo como uma jogada de marketing mais do que como um projeto literário relevante?
Não preconceituosa, mas creio que houve esse questionamento no início que deixou de ser respondido pelo grupo, uma oportunidade de mostrar, não apenas declarando, mas com o conteúdo dos livros, que não se trata de uma jogada de marketing. Há um erro, ao meu ver que é na gênese: jovens. É um termo passageiro que quatro anos depois não se aplica sequer às nossas vidas. Já quase não o somos. Não posso dizer que foi preconceituosa, porque até hoje o grupo é bem aceito quando precisa divulgar alguma coisa. Mas acho que, para a própria auto-critica do projeto, padecemos do mal que padecem todos os autores locais: falta de critica especializada. Que parâmetro nós temos? A opinião dos amigos? Foi justamente por não ter esse projeto ideal, e se o tivesse nao saber se seria aceito - o que poderia soar pretencioso, afinal seria eu sozinho defendendo uma tese particular - que deixei o grupo. E pelo motivo de procurar quem banque as minhas publicações, esse também é primordial.
Como você gostaria de ver o selo e como ele está hoje?
Foi justamente por não ter esse projeto ideal, e se o tivesse nao saber se seria aceito - o que poderia soar pretencioso, afinal seria eu sozinho defendendo uma tese particular - que deixei o grupo. E pelo motivo de procurar quem banque as minhas publicações, esse também é primordial.
Um Dia Muito Especial
A arte imita a vida, de uma forma muito mais poética, é verdade. Se domingo tem festas de lançamento de candidatura petista na província já perfumada pelo odor da política, o Cineclube Natal exibe, também no domingo e a partir das 17h, um dos filmes mais tocantes do cineasta Ettore Scola: Um Dia Muito Especial (1977), com Marcello Mastroianni e Shophia Loren no elenco e que tem a política como pano de fundo. Todos estão convidados para a exibição no Teatro de Cultura Popular (anexo à Fundação José Augusto, no Tirol). A entrada custa R$ 2,00 (dois reais) para os não sócios.
SINOPSE: A estória se passa em Roma, no dia 6 de maio de 1938. Benito Mussolini e Adolf Hitler se encontram para selar a união política que, no ano seguinte, levaria o mundo à 2ª Guerra Mundial. Praticamente toda a população vai ver este acontecimento, inclusive o marido fascista de Antonietta (Sophia Loren), uma solitária dona de casa que conhece acidentalmente Gabrielle (Marcello Mastroianni), seu vizinho, quando seu pássaro de estimação foge e ela o encontra pousado na janela do vizinho. Antonietta nunca falara com Gabrielle, que tinha sido demitido recentemente da rádio onde trabalhava por ser homossexual. Ela, por sua vez, era uma esposa infeliz e insegura pelo fato de não ter uma formação profissional. Gradativamente os dois desenvolvem um tipo muito especial de amizade.Como bem lembra a rapaziada do Cineclube, o filme não se propõe a tecer somente um comentário social da homossexualidade de Grabrielle, ao contrário do que se poderia esperar. “Ettore Scola é muito hábil em não pintar o radialista como uma vítima da vida, mas sim daquela circunstância específica, qual seja, a consolidação do fascismo na Itália e consequente perseguição política e ideológica”. O filme trata, primordialmente, do encontro de Gabrielle e Antonietta, dois vizinhos aparentemente tão distintos, não cuidando o roteiro em destacar suas diferenças como indivíduos sociais, mas sim as suas semelhanças como seres humanos. Antonietta, a típica dona de casa italiana, também é "prisioneira" de uma ordem social, mesmo que não tenha total consciência disso.
Por conta do talento dos protagonistas e da orquestração delicada de Scola, a intimidade e o cenário fascista (o rádio não deixa esquecer que estamos em dia de festa do Duce) dialogam o tempo todo. A combinação do rigor político do período e da alma insondável dos personagens revela mundos em faísca permanente. Scola costuma ser relegado a uma espécie de diretor "menor" do grande cinema italiano, mas em Um Dia Muito Especial, ele se equipara aos mestres.
SINOPSE: A estória se passa em Roma, no dia 6 de maio de 1938. Benito Mussolini e Adolf Hitler se encontram para selar a união política que, no ano seguinte, levaria o mundo à 2ª Guerra Mundial. Praticamente toda a população vai ver este acontecimento, inclusive o marido fascista de Antonietta (Sophia Loren), uma solitária dona de casa que conhece acidentalmente Gabrielle (Marcello Mastroianni), seu vizinho, quando seu pássaro de estimação foge e ela o encontra pousado na janela do vizinho. Antonietta nunca falara com Gabrielle, que tinha sido demitido recentemente da rádio onde trabalhava por ser homossexual. Ela, por sua vez, era uma esposa infeliz e insegura pelo fato de não ter uma formação profissional. Gradativamente os dois desenvolvem um tipo muito especial de amizade.Como bem lembra a rapaziada do Cineclube, o filme não se propõe a tecer somente um comentário social da homossexualidade de Grabrielle, ao contrário do que se poderia esperar. “Ettore Scola é muito hábil em não pintar o radialista como uma vítima da vida, mas sim daquela circunstância específica, qual seja, a consolidação do fascismo na Itália e consequente perseguição política e ideológica”. O filme trata, primordialmente, do encontro de Gabrielle e Antonietta, dois vizinhos aparentemente tão distintos, não cuidando o roteiro em destacar suas diferenças como indivíduos sociais, mas sim as suas semelhanças como seres humanos. Antonietta, a típica dona de casa italiana, também é "prisioneira" de uma ordem social, mesmo que não tenha total consciência disso.
Por conta do talento dos protagonistas e da orquestração delicada de Scola, a intimidade e o cenário fascista (o rádio não deixa esquecer que estamos em dia de festa do Duce) dialogam o tempo todo. A combinação do rigor político do período e da alma insondável dos personagens revela mundos em faísca permanente. Scola costuma ser relegado a uma espécie de diretor "menor" do grande cinema italiano, mas em Um Dia Muito Especial, ele se equipara aos mestres.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Resgate de Ingrid virará filme
Está no site Vermelho (link ao lado): "O cineasta colombiano Simon Brand está se unindo a produtores em Hollywood e em seu país para levar ao cinema a história do resgate, na semana passada, de Ingrid Betancourt e 14 outros reféns na Colômbia. Brand — cujos créditos incluem o suspense policial Os Desconhecidos (2006) e o filme colombiano de maior bilheteria da história, o drama romântico Paraíso Travel, é um dos vários cineastas dentro e fora de Hollywood que disputam os direitos de fazer um filme sobre a missão de resgate".
Cinesta de Hollywood... É capaz de colocarem a tropa americana como responsável ou grandes incentivadores da missão. É bom as atrizes escolhidas começarem um regime brabo de emagrecimento, para depois gravarem as cenas pós-resgate, mais gordinha e sorridente.
Cinesta de Hollywood... É capaz de colocarem a tropa americana como responsável ou grandes incentivadores da missão. É bom as atrizes escolhidas começarem um regime brabo de emagrecimento, para depois gravarem as cenas pós-resgate, mais gordinha e sorridente.
Novo espaço cultural
O diretor da Pinacoteca do Estado, Vatenor, apresenta a partir de hoje a Exposição Céu, Mar e Cajus, no Espaço Cultural Agência Sebrae. Esse é mais um espaço cultural inaugurado, justo com a mostra de Vatenor. Tomara que o Natal Shopping invista mais em iniciativas como essa, voltadas para a cultura. Penso que será bom para ambos os segmentos, a exemplo do restaurante Maturi, também com espaço aberto às artes plásticas.
A exposição de Vatenor conta com 25 trabalhos inéditos, todos dentro do universo dos cajus, dunas e mar, predominante na arte deste artista plástico. Em 1988, João Cabral de Melo Neto fez a seguinte referência sobre o artista plástico: “Vatenor pinta: e embora pinte sempre a mesma coisa, o caju, o cajueiro, as dunas de areia branca e o mar sem ilhas de sua região natal, está de todo alheio à combinação de fragmentos de formas anteriores ou à mutilação, num só, dos vários elementos que constituem a pintura.”
A exposição de Vatenor conta com 25 trabalhos inéditos, todos dentro do universo dos cajus, dunas e mar, predominante na arte deste artista plástico. Em 1988, João Cabral de Melo Neto fez a seguinte referência sobre o artista plástico: “Vatenor pinta: e embora pinte sempre a mesma coisa, o caju, o cajueiro, as dunas de areia branca e o mar sem ilhas de sua região natal, está de todo alheio à combinação de fragmentos de formas anteriores ou à mutilação, num só, dos vários elementos que constituem a pintura.”
terça-feira, 8 de julho de 2008
Teatrinho de bosta
De Alex de Souza, sobre a trupe do Teatro Mágico, em sua coluna hospedada no portal Nominuto: “Muito mais interessante devia ser o nosso Teatro Mágico, aquele idealizado por Véscio Lisboa na Natal dos anos 70. Esse outro é só um pastiche de outro circo musical, aquele montado por Oswaldo Montenegro até um dia desses. Imitação barata de um chato é dose”.
No último texto de sua coluna, Alex critica ferozmente a apresentação do Teatro Mágico em Natal, muito pela estúpida atitude deferida ao grupo Os Poetas Elétricos, mencionada em meu último post. Segundo Alex, testemunhas ouviram do produtor do TM, Daniel Pereira, a frase: “Sabia que não deveria ter vindo tocar nessa merda”.
São opiniões e fatos que corroboram com o que eu disse. As “aparições” dessa rapaziada em Natal foram desastrosas. Concordo ainda com Alex que um ingresso cobrado a R$ 75 deixa a banda muito longe da classificação de alternativa. Discordo apenas da frase inicial do jornalista: “(...) acho esse tal de Teatro Mágico uma boa bosta”.
Felizmente ou infelizmente, a música deles é excelente, diferente, original, inteligente e de qualidade. Talvez por isso, o tal compositor Fernando Anitelli se ache a bala que matou Kennedy. Que seja. Não serei eu a vítima a pagar R$ 75 para assistir a arrogância no picadeiro. Já que eles disponibilizam as músicas pela internet, farei uso da ferramenta, sem danos aos meus bolsos ou aos meus nervos.
No último texto de sua coluna, Alex critica ferozmente a apresentação do Teatro Mágico em Natal, muito pela estúpida atitude deferida ao grupo Os Poetas Elétricos, mencionada em meu último post. Segundo Alex, testemunhas ouviram do produtor do TM, Daniel Pereira, a frase: “Sabia que não deveria ter vindo tocar nessa merda”.
São opiniões e fatos que corroboram com o que eu disse. As “aparições” dessa rapaziada em Natal foram desastrosas. Concordo ainda com Alex que um ingresso cobrado a R$ 75 deixa a banda muito longe da classificação de alternativa. Discordo apenas da frase inicial do jornalista: “(...) acho esse tal de Teatro Mágico uma boa bosta”.
Felizmente ou infelizmente, a música deles é excelente, diferente, original, inteligente e de qualidade. Talvez por isso, o tal compositor Fernando Anitelli se ache a bala que matou Kennedy. Que seja. Não serei eu a vítima a pagar R$ 75 para assistir a arrogância no picadeiro. Já que eles disponibilizam as músicas pela internet, farei uso da ferramenta, sem danos aos meus bolsos ou aos meus nervos.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Teatro mágico e controverso
Ninguém defendeu tanto a música e a ideologia da trupe de O Teatro Mágico do que este blogueiro. Talvez eu tenha sido o primeiro. De certo, um dos mais insistentes por acreditar no trabalho dessa galera. Mas é no mínimo estranho que nas três vezes que o grupo agendou shows em Natal tenha havido problemas.
Na primeira vez, o show ocorreu. Eu compareci. Foi um tumulto horrível na entrada. A apresentação foi muito aquém do esperado. Talvez uma dezena deles no palco, quando o comum é mais de 20. Pareceu-me um show sem vontade, apesar da vibração e entusiasmo do público.
Na segunda vez, o show foi cancelado. A assessoria do TM culpou a organização local. E esta retrucou. E agora, no último show ocorrido sábado – a preços exorbitantes para a realidade local (R$ 75), – mais um problema. Com a palavra, a banda que abriria o espetáculo, Os Poetas Elétricos:
“O objetivo dessa carta aberta ao público é explicar o motivo pelo qual não nos apresentamos nesse último dia 05 de julho de 2008, referente à abertura do show dO Teatro Mágico em Natal, no Auditório do Centro de Convenções. Por respeito ao público, aos nossos fãs, amigos, e à imprensa, achamos que devemos dar essa satisfação. Antes de tudo, gostaríamos de ressaltar que não temos nada contra O Teatro Mágico (grupo pelo qual temos muito respeito). Infelizmente não chegamos a ver o espetáculo do grupo, nem conhecer ou trocar idéias com os seus integrantes, o que poderia ter sido bem interessante.
Na verdade a noite tinha tudo para ser interessante e mágica também para nós. O lugar, a dimensão do evento, uma possível interatividade com o grupo principal, etc. Infelizmente partiram da própria produção dO Teatro Mágico os motivos que impossibilitaram nossa apresentação.
Chegamos ao auditório do Centro de Convenções às 10h30min da manhã, e quando pudemos iniciar nossa passagem de som em torno de 1 hora da tarde fomos interrompidos pela produção dO Teatro Mágico que pediu para que parássemos e saíssemos do palco, pois eles precisavam passar o som deles e nós estávamos atrasando esse trabalho. Voltamos mais tarde para passar o som, às 16h30min, mas a organização dO Teatro Mágico não saiu mais do palco até praticamente às 19 horas (mesmo todos sabendo que o evento estava marcado para começar às 18 horas, que havia uma banda para fazer a abertura e que a mesma ainda não havia passado o som, e que o respeitável público já se acumulava inquieto lá fora, visivelmente irritado com o atraso).
Para completar, quando finalmente pudemos subir no palco para passar o som (1 hora depois do horário que o show havia sido marcado para iniciar), não pudemos simplesmente virar um pouco uma caixa de retorno para que o guitarrista Edu Gómez pudesse escutar sua guitarra. O lugar dessa caixa de retorno estava devidamente marcado e ela poderia voltar perfeitamente para o seu devido lugar depois do nosso show, afinal tudo estava sendo acompanhado por um técnico de som competente. Mas o pessoal da produção dO Teatro Mágico foi radical na proibição desse pequeno gesto.
Se esse raciocínio deles tivesse fundamento não haveria MADA, DoSol, nenhum festival, nenhum evento com mais de uma banda dividindo o mesmo palco. O pior de tudo foi a forma como fomos tratados pelo Sr. Daniel Pereira (responsável pelo som e representante do Teatro Mágico). O Sr. Daniel Pereira foi altamente arrogante, mal educado, grosso, estúpido, desrespeitoso, preconceituoso, mesquinho, e não só conosco. Entre outras coisas nos colocou (acompanhado da produtora do grupo): que nós estávamos querendo mexer em todo o palco (!), que a luz era uma droga, que o som era uma porcaria, que o lugar não prestava, e que ele já sabia que seria uma merda vir fazer esse show em Natal. Fomos praticamente ignorados todo o tempo por ele, e a impressão que ficou é que ele realmente não queria que nós abríssemos o show.
Enfim, já não bastasse o atraso imenso, já não bastasse não termos passado o som, se quiséssemos fazer o show não podíamos mexer em nada, sequer virar um pouco essa caixa de retorno (que era a única coisa que queríamos fazer). Que teríamos que nos adaptar. Senão não haveria show dO Teatro Mágico. Então longe de nós estragarmos a festa da atração principal e do público ávido para ver a trupe de São Paulo. Ao mesmo tempo também não podíamos estragar nosso próprio show, onde não havia nenhuma condição e mais nenhum clima para ser realizado. Afinal, também temos nosso próprio show, temos nossa dignidade, nosso auto-respeito, e nosso respeito para com o público.
Decidimos nos retirar para deixar a festa principal acontecer. Que por sinal, aconteceu com o sucesso esperado. Nossos agradecimentos a outro Daniel, o Daniel Cavalcanti Campos, da produção local que gentilmente nos convidou para fazer o show de abertura. E parabéns ao grupo pelo seu Teatro Mágico. Infelizmente não foi o mesmo teatro do Sr. Daniel Pereira: um teatro sem nenhuma magia, um teatro feio, muito feio.
Depois soubemos que a produtora do grupo reconheceu para a produção local que o técnico Daniel Pereira tinha exagerado.. Mas já era tarde. Bem tarde. Ou melhor, bem noite: já estávamos longe, chorando o vinho derramado, fazendo o titânico dever de casa da anti-escola de atitude-rock que também veio lá da terra da garoa: "não vou me adaptar"...”.
Na primeira vez, o show ocorreu. Eu compareci. Foi um tumulto horrível na entrada. A apresentação foi muito aquém do esperado. Talvez uma dezena deles no palco, quando o comum é mais de 20. Pareceu-me um show sem vontade, apesar da vibração e entusiasmo do público.
Na segunda vez, o show foi cancelado. A assessoria do TM culpou a organização local. E esta retrucou. E agora, no último show ocorrido sábado – a preços exorbitantes para a realidade local (R$ 75), – mais um problema. Com a palavra, a banda que abriria o espetáculo, Os Poetas Elétricos:
“O objetivo dessa carta aberta ao público é explicar o motivo pelo qual não nos apresentamos nesse último dia 05 de julho de 2008, referente à abertura do show dO Teatro Mágico em Natal, no Auditório do Centro de Convenções. Por respeito ao público, aos nossos fãs, amigos, e à imprensa, achamos que devemos dar essa satisfação. Antes de tudo, gostaríamos de ressaltar que não temos nada contra O Teatro Mágico (grupo pelo qual temos muito respeito). Infelizmente não chegamos a ver o espetáculo do grupo, nem conhecer ou trocar idéias com os seus integrantes, o que poderia ter sido bem interessante.
Na verdade a noite tinha tudo para ser interessante e mágica também para nós. O lugar, a dimensão do evento, uma possível interatividade com o grupo principal, etc. Infelizmente partiram da própria produção dO Teatro Mágico os motivos que impossibilitaram nossa apresentação.
Chegamos ao auditório do Centro de Convenções às 10h30min da manhã, e quando pudemos iniciar nossa passagem de som em torno de 1 hora da tarde fomos interrompidos pela produção dO Teatro Mágico que pediu para que parássemos e saíssemos do palco, pois eles precisavam passar o som deles e nós estávamos atrasando esse trabalho. Voltamos mais tarde para passar o som, às 16h30min, mas a organização dO Teatro Mágico não saiu mais do palco até praticamente às 19 horas (mesmo todos sabendo que o evento estava marcado para começar às 18 horas, que havia uma banda para fazer a abertura e que a mesma ainda não havia passado o som, e que o respeitável público já se acumulava inquieto lá fora, visivelmente irritado com o atraso).
Para completar, quando finalmente pudemos subir no palco para passar o som (1 hora depois do horário que o show havia sido marcado para iniciar), não pudemos simplesmente virar um pouco uma caixa de retorno para que o guitarrista Edu Gómez pudesse escutar sua guitarra. O lugar dessa caixa de retorno estava devidamente marcado e ela poderia voltar perfeitamente para o seu devido lugar depois do nosso show, afinal tudo estava sendo acompanhado por um técnico de som competente. Mas o pessoal da produção dO Teatro Mágico foi radical na proibição desse pequeno gesto.
Se esse raciocínio deles tivesse fundamento não haveria MADA, DoSol, nenhum festival, nenhum evento com mais de uma banda dividindo o mesmo palco. O pior de tudo foi a forma como fomos tratados pelo Sr. Daniel Pereira (responsável pelo som e representante do Teatro Mágico). O Sr. Daniel Pereira foi altamente arrogante, mal educado, grosso, estúpido, desrespeitoso, preconceituoso, mesquinho, e não só conosco. Entre outras coisas nos colocou (acompanhado da produtora do grupo): que nós estávamos querendo mexer em todo o palco (!), que a luz era uma droga, que o som era uma porcaria, que o lugar não prestava, e que ele já sabia que seria uma merda vir fazer esse show em Natal. Fomos praticamente ignorados todo o tempo por ele, e a impressão que ficou é que ele realmente não queria que nós abríssemos o show.
Enfim, já não bastasse o atraso imenso, já não bastasse não termos passado o som, se quiséssemos fazer o show não podíamos mexer em nada, sequer virar um pouco essa caixa de retorno (que era a única coisa que queríamos fazer). Que teríamos que nos adaptar. Senão não haveria show dO Teatro Mágico. Então longe de nós estragarmos a festa da atração principal e do público ávido para ver a trupe de São Paulo. Ao mesmo tempo também não podíamos estragar nosso próprio show, onde não havia nenhuma condição e mais nenhum clima para ser realizado. Afinal, também temos nosso próprio show, temos nossa dignidade, nosso auto-respeito, e nosso respeito para com o público.
Decidimos nos retirar para deixar a festa principal acontecer. Que por sinal, aconteceu com o sucesso esperado. Nossos agradecimentos a outro Daniel, o Daniel Cavalcanti Campos, da produção local que gentilmente nos convidou para fazer o show de abertura. E parabéns ao grupo pelo seu Teatro Mágico. Infelizmente não foi o mesmo teatro do Sr. Daniel Pereira: um teatro sem nenhuma magia, um teatro feio, muito feio.
Depois soubemos que a produtora do grupo reconheceu para a produção local que o técnico Daniel Pereira tinha exagerado.. Mas já era tarde. Bem tarde. Ou melhor, bem noite: já estávamos longe, chorando o vinho derramado, fazendo o titânico dever de casa da anti-escola de atitude-rock que também veio lá da terra da garoa: "não vou me adaptar"...”.
Os (In)tocáveis
Comentário rápido e enfático, em busca de respostas: assisti ontem ao filme Os Intocáveis (1987), de Brian De Palma. Na capa do DVD, a informação: “O melhor gângster desde O Poderoso Chefão”.
O título é famoso. Os atores, idem. O diretor é de renome e o filme é uma porcaria. De Palma parece querer misturar suspense (com algumas pitadas mal chupadas de Hitchcock) para produzir um filmeco demasiado hollywoodiano. As cenas de tiroteio – célebres no cinema – parecem aqueles festins americanos.
Que o diretor permaneça nos policiais e a produtora sequer ouse tocar no nome de O Poderoso Chefão na capa dos DVDs.
Muito mais Ajuste Final (1990), dos irmãos Coen (os mesmos diretores do último vencedor do Oscar, Onde os Fracos Não Têm Vez). Este sim, um senhor filme de gângster. Ou mesmo o mais recente O Gângster, com Denzel Washington e Russel Croww, também bonzinho.
Vou procurar Vestida Para Matar para ver se engulo algo melhor do diretor. Dália Negra, pra mim, foi outra bobeira.
O título é famoso. Os atores, idem. O diretor é de renome e o filme é uma porcaria. De Palma parece querer misturar suspense (com algumas pitadas mal chupadas de Hitchcock) para produzir um filmeco demasiado hollywoodiano. As cenas de tiroteio – célebres no cinema – parecem aqueles festins americanos.
Que o diretor permaneça nos policiais e a produtora sequer ouse tocar no nome de O Poderoso Chefão na capa dos DVDs.
Muito mais Ajuste Final (1990), dos irmãos Coen (os mesmos diretores do último vencedor do Oscar, Onde os Fracos Não Têm Vez). Este sim, um senhor filme de gângster. Ou mesmo o mais recente O Gângster, com Denzel Washington e Russel Croww, também bonzinho.
Vou procurar Vestida Para Matar para ver se engulo algo melhor do diretor. Dália Negra, pra mim, foi outra bobeira.
sábado, 5 de julho de 2008
Natal Canibal
Abaixo a letra da canção vencedora da terceira edição do MPBeco. Música de Moisés de Lima e Graco Medeiros. Tive o privilégio de escutar bem antes da apresentação no festival, ainda em Santa Rita, na minha casa de praia. Voz e violão... e algumas cervejas. Na oportunidade eu avisei: essa música é sensacional. Quem quiser o arquivo em mp3 da música tocada no MPBeco, entre em contato com Moisés pelo email moises@diariodenatal.com.br
NATAL CANIBAL
A índia que dançava nua
Chamando o colonizador,
Passou turista bem passado,
Depois Cascudo divagou.
A turma vinda de além-mar
Em Touros quando lá chegou,
Mandou fazer hotel, pousada,
Lavar dinheiro em bangalô.
No tempo da segunda guerra
Toda Parnamirim queimou,
Surgiu assim a base aérea,
Foguete Natal já se lançou!
A ponte do Forte-Redinha
Erguida sobre o Potengi,
Namora as duas metades,
As duas filhas de Poti.
A caravela abriu as velas,
Um gringo carregou meu bem,
Danei-me para Ponta Negra,
Peguei a mulher dele também.
Por isso que eu toco rock,
Por isso que eu canto blues,
Sou do Rio Grande do Norte,
Miami já não me seduz!
NATAL CANIBAL
A índia que dançava nua
Chamando o colonizador,
Passou turista bem passado,
Depois Cascudo divagou.
A turma vinda de além-mar
Em Touros quando lá chegou,
Mandou fazer hotel, pousada,
Lavar dinheiro em bangalô.
No tempo da segunda guerra
Toda Parnamirim queimou,
Surgiu assim a base aérea,
Foguete Natal já se lançou!
A ponte do Forte-Redinha
Erguida sobre o Potengi,
Namora as duas metades,
As duas filhas de Poti.
A caravela abriu as velas,
Um gringo carregou meu bem,
Danei-me para Ponta Negra,
Peguei a mulher dele também.
Por isso que eu toco rock,
Por isso que eu canto blues,
Sou do Rio Grande do Norte,
Miami já não me seduz!
sexta-feira, 4 de julho de 2008
De Guimarães Rosa
Meio atrasado presto minhas homenagens ao centenário de nascimento e à genialidade de Guimarães Rosa com um trecho do livro Estas Estórias, do qual li boa parte em viagem à Pau dos Ferros. Faz parte de uma entrevista-retrato com o vaqueiro Mariano. As palavras de Mariano descrevem o trabalho do vaqueiro em tanger o gado em meio a um grande incêndio no campo:
“ (...) Corremos, corremos. Até os bois ajudavam, num modo de estarem entendendo. Agora o fogo estava pro meu ombro. Nós íamos beiradeando aquele paredão desumano, vermelho e amarelo, e enfumaçado, que corria também, querendo vir mais do que a gente: como que nem com uma porção de pernas, esticando uma porção de braço. O bafejo do calor era tão danisco, que eu às vezes passava mão p’lo meu corpo, pensando que já estava também pegando fogo. Suor pingava de mim, feito gordura de churrasco. O capim, a macega velha, fica tão duro e rediço, que é um bambu fino, a gente e estorvando nele. E aquilo vinha que vinha, estralhaçando e estalando: pé-pé-pé-pé-pé!...”.
“ (...) Corremos, corremos. Até os bois ajudavam, num modo de estarem entendendo. Agora o fogo estava pro meu ombro. Nós íamos beiradeando aquele paredão desumano, vermelho e amarelo, e enfumaçado, que corria também, querendo vir mais do que a gente: como que nem com uma porção de pernas, esticando uma porção de braço. O bafejo do calor era tão danisco, que eu às vezes passava mão p’lo meu corpo, pensando que já estava também pegando fogo. Suor pingava de mim, feito gordura de churrasco. O capim, a macega velha, fica tão duro e rediço, que é um bambu fino, a gente e estorvando nele. E aquilo vinha que vinha, estralhaçando e estalando: pé-pé-pé-pé-pé!...”.
Nome Próprio
O novo longa-metragem de Murilo Salles – Nome Próprio – tem sua pré-estréia em Natal marcada para esta terça-feira, às 10h30, no Moviecom, Praia Shopping. A sessão será aberta aos jornalistas e convidados. O filme é uma livre adaptação cinematográfica dos livros Máquina de Pinball e Vida de Gato, de Clarah Averbuck, e de textos publicados em seu blog pessoal na internet. Clarah é hoje um grande talento que migrou do boom de blogs da internet brasileira para a literatura. Aos 27 anos já tem três livros publicados. Nome Próprio conta a história de uma jovem mulher que dedica a vida à sua paixão: escrever. Camila (Leandra Leal) é intensa, complexa e corajosa. Para ela, o que interessa é construir uma trajetória como ato de afirmação. Sua vida é sua narrativa. Construir uma existência complexa o suficiente para se escrever sobre ela. Nome Próprio é o olhar sobre uma personagem feminina que encara abismos e, disso, retira a força que necessita para existir. Para Camila, a vida floresce das cicatrizes de seu processo de entrega absoluta e vertiginosa. Parece-me deveras interessante. Darei meus “pulos” para comparecer. Espero que seja uma boa surpresa entre os pífios lançamentos cinematográficos deste ano.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Política cultural
Do jornalista Tácito Costa, em seu blog Substantivo Plural:
“Desenvolver uma política cultural de vergonha ou algo próximo disso é tão simples e pode custar tão pouco financeiramente que não me conformo porque isso não é feito. Principalmente quando vejo o desperdício de dinheiro com os megas shows e eventos, tão comuns em Natal e Mossoró (copiado por cidade menores – em São José de Mipibu, somente um show da festa de São João custou mais de R$ 200 mil). Claro que os governantes sabem muito bem que esses shows e eventos não representam política cultural nenhuma. No entanto, investem nisso como forma de se beneficiarem politicamente. Fazem populismo com o nosso dinheiro. Se acham que passarão à história com esse tipo de promoção “cultural” estão completamente enganados.
No caso de Natal, o que se comenta é que o prefeito impõe esses eventos faustosos ao presidente da Funcart Dácio Galvão. É uma tese verossímil. Eu que conheço um pouco como as coisas funcionam numa fundação cultural porque fui assessor de imprensa da Fundação José Augusto, sei que um presidente de uma fundação como a Funcart ou a FJA só faz alguma coisa se o chefe do executivo tiver interesse. Geralmente essas fundações não têm orçamento, na maioria das administrações ficam marginalizadas, e sempre dependem da boa vontade do governante da ocasião.
Fico imaginando quanto projeto interessante poderia ser feito com apenas uns 10% a 20% do que é gasto nesses eventos. Tipo oficinas de teatro, vídeo, fotografia, dança, literatura e música nos bairros, nas escolas, bibliotecas móveis, com contações de histórias, exibições de filmes, incentivo à criação de blogs literários... São tantas as possibilidades... E todas de baixo custo. Vai que é por isso, baixo custo, que não são implantadas. Qual a dificuldade de se implementar projetos como esses ou mesmo que tenham essa filosofia? Projetos que além de despertar as pessoas para a arte, também geraria platéia e apuraria o gosto. Por que querer inventar a roda? Mas é o que vemos todo dia. Como agora, com a criação desses onze prêmios pela Fundação José Augusto, com os quais a instituição entrou para o Guiness Book, o que não é pouca coisa, convenhamos”.
Nota do editor: As palavras de Tácito são precisas e certeiras. E oportunas quando o momento é eleitoral e o segundo semestre adentra, repleto de datas comemorativas. Pra mim, é (ou era?) um momento, também, de maior credulidade na política cultural praticada em Natal e no Estado. Cansei de criticar a inércia da Fundação José Augusto e os seis meses de “arrumação da casa” que perduraram por mais de um ano. Parece-me, as coisas começaram a andar, embora a Preá tenha empancado feito burro-mulo de novo. E há muito elogio a gestão de Dácio Galvão à frente da Capitania das Artes. Infelizmente, como bem ressaltou Tácito, ele tem que engolir estes shows promocionais caríssimos que nada acrescentam à cultura local. O livro mais recente de François Silvestre - As Alças de Agave - retrata bem essa relação de imposição de governante para gestor cultural. No mais é lamentar essa política de faz-de-conta, de pão-e-circo e hipocrisia.
“Desenvolver uma política cultural de vergonha ou algo próximo disso é tão simples e pode custar tão pouco financeiramente que não me conformo porque isso não é feito. Principalmente quando vejo o desperdício de dinheiro com os megas shows e eventos, tão comuns em Natal e Mossoró (copiado por cidade menores – em São José de Mipibu, somente um show da festa de São João custou mais de R$ 200 mil). Claro que os governantes sabem muito bem que esses shows e eventos não representam política cultural nenhuma. No entanto, investem nisso como forma de se beneficiarem politicamente. Fazem populismo com o nosso dinheiro. Se acham que passarão à história com esse tipo de promoção “cultural” estão completamente enganados.
No caso de Natal, o que se comenta é que o prefeito impõe esses eventos faustosos ao presidente da Funcart Dácio Galvão. É uma tese verossímil. Eu que conheço um pouco como as coisas funcionam numa fundação cultural porque fui assessor de imprensa da Fundação José Augusto, sei que um presidente de uma fundação como a Funcart ou a FJA só faz alguma coisa se o chefe do executivo tiver interesse. Geralmente essas fundações não têm orçamento, na maioria das administrações ficam marginalizadas, e sempre dependem da boa vontade do governante da ocasião.
Fico imaginando quanto projeto interessante poderia ser feito com apenas uns 10% a 20% do que é gasto nesses eventos. Tipo oficinas de teatro, vídeo, fotografia, dança, literatura e música nos bairros, nas escolas, bibliotecas móveis, com contações de histórias, exibições de filmes, incentivo à criação de blogs literários... São tantas as possibilidades... E todas de baixo custo. Vai que é por isso, baixo custo, que não são implantadas. Qual a dificuldade de se implementar projetos como esses ou mesmo que tenham essa filosofia? Projetos que além de despertar as pessoas para a arte, também geraria platéia e apuraria o gosto. Por que querer inventar a roda? Mas é o que vemos todo dia. Como agora, com a criação desses onze prêmios pela Fundação José Augusto, com os quais a instituição entrou para o Guiness Book, o que não é pouca coisa, convenhamos”.
Nota do editor: As palavras de Tácito são precisas e certeiras. E oportunas quando o momento é eleitoral e o segundo semestre adentra, repleto de datas comemorativas. Pra mim, é (ou era?) um momento, também, de maior credulidade na política cultural praticada em Natal e no Estado. Cansei de criticar a inércia da Fundação José Augusto e os seis meses de “arrumação da casa” que perduraram por mais de um ano. Parece-me, as coisas começaram a andar, embora a Preá tenha empancado feito burro-mulo de novo. E há muito elogio a gestão de Dácio Galvão à frente da Capitania das Artes. Infelizmente, como bem ressaltou Tácito, ele tem que engolir estes shows promocionais caríssimos que nada acrescentam à cultura local. O livro mais recente de François Silvestre - As Alças de Agave - retrata bem essa relação de imposição de governante para gestor cultural. No mais é lamentar essa política de faz-de-conta, de pão-e-circo e hipocrisia.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
De encontros e pessoas
O jornalista Osair Vasconcelos, diretor-geral do Diário de Natal, lança na outra quinta-feira (10) o livro Encontros Passageiros com Pessoas Permanentes. Será às 18h, na Capitania das Artes. Se fosse uma mera coletânea de crônicas sequer teceria comentários, embora eu lembre de algumas sensacionais publicadas aos domingos, em O Poti. Mais do que isso é uma seleção de entrevistas, reportagens e perfis escritos pelo jornalista ao longo de décadas. E posso atestar: poucos sabem entrevistar como Osair. Menos ainda sabem descrever o entrevistado como ele. Espero que esteja no livro uma visita sua à Cascudo. Quando pesquisei sobre outro assunto vi essa matéria e comentei com ele, que logo pediu para guardar. Pena as suas participações no Memória Viva como entrevistador ficarem restritas à tela. Também assisti algumas memoráveis. Acho que vale a pena o livro, sobretudo aos da área.
Juízo
Assisti segunda-feira o documentário Juízo, na sessão Cinecult do Cinemark. Aquela de horário ingrato, às 15h. Foi meu programa de fim de férias. A cineasta Maria Augusta Ramos registrou o processo entre a prisão de adolescentes infratores até o julgamento. Os personagens são intérpretes (não-atores) que viveram situações semelhantes aos dos acusados. Isso porque a legislação brasileira proíbe a exibição de crianças e adolescentes em tais situações. As histórias, essas são reais.
A princípio pensei em algo no estilo Cidade dos Homens. Não é. Traz um aspecto diferente e, de certo modo, interessante. Nada que muitos não saibam. Nada de muito novo. Achei meio amador; um filme fácil de produzir. Uma câmara posta para gravar os depoimentos, sem cortes. Algumas imagens no Centro de Internação e mais nada. Um filme sem emoção. Sem diálogos ou imagens criativos. Um filme aparentemente sem pesquisa aprofundada – nada perto de Ônibus 174, por exemplo – e que retrata, no todo, o despreparo da truncada justiça brasileira no trato do assunto.
O filme da cineasta que já produziu coisa parecida com o filme Justiça, fica em cartaz até a quinta-feira ao preço de R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia).
A princípio pensei em algo no estilo Cidade dos Homens. Não é. Traz um aspecto diferente e, de certo modo, interessante. Nada que muitos não saibam. Nada de muito novo. Achei meio amador; um filme fácil de produzir. Uma câmara posta para gravar os depoimentos, sem cortes. Algumas imagens no Centro de Internação e mais nada. Um filme sem emoção. Sem diálogos ou imagens criativos. Um filme aparentemente sem pesquisa aprofundada – nada perto de Ônibus 174, por exemplo – e que retrata, no todo, o despreparo da truncada justiça brasileira no trato do assunto.
O filme da cineasta que já produziu coisa parecida com o filme Justiça, fica em cartaz até a quinta-feira ao preço de R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia).