Como a matéria escapou por algum motivo das páginas de hoje do DN, este blogueiro orgulhoso em ter dado o ponta-pé inicial na divulgação do livro há algumas semanas, publica aqui o texto do lançamento do último livro do poeta Lívio Oliveira:
Se muitos classificam como grotesca a poesia erótica, mesmo na verve maestra de um Nei Leandro de Castro, irá se deliciar com a sutileza de encaixe (sem redundâcias, por favor) de palavras e frases da poética de Lívio Oliveira. Dança em seda nua é o terceiro e mais novo livro do poeta. Será lançado hoje, às 19h, na Livraria Siciliano do Midway. Todo ele recheado de sensualidade. As ilustrações do metafísico das cores aquareladas, Dorian Gray Caldas, desta vez ataca de mestre das curvas e empresta a imagem de corpos nus e insinuantes entre as páginas do livro.
A obra nasce do desejo sublime do sentimento erótico do autor. E não poderia ser diferente. É o sonho da mulher ideal, também provocado por insinuações recebidas pela internet, como as publicações dos poemas de mesma verve em blogs como o Grande Ponto, do jornalista Alexandro Gurgel. A produção dos poemas durou cerca de um ano e meio. “Nei Leandro de Castro disse uma vez que ninguém escreve poesia erótica impunemente. Decidi correr, literalmente, os riscos”, brinca o autor.
O livro é o primeiro lançado pelo que pode vir a ser um novo campo de produção literária em Natal: o Selo Azul, criado inicialmente para projetar o trabalho poético de Lívio às prateleiras das livrarias. Segundo o autor, outros escritores e poetas já estão interessados na formação de um coletivo de autores, ao estilo Jovens Escribas, mesmo sem o elixir da juvetude dos cronistas publicitários já com dez livros publicados a praça e outros dois no prelo para este ano.
Dança em seda nua inaugura o selo com um trabalho temático voltado à poesia sensual. É uma vertente já presente em outros livros de Lívio, como O colecionador de horas e Telha Crua, mas de forma esporádica. Quero agora tematizar meus livros e procurei fortalecer meus textos para este tema”, afirma o autor. Dessa forma, Lívio escapa da objetividade do hi-kai presente o último livro - Pena mínima - para textos mais longos, de até três páginas, embora alguns sejam curtos e certeiros, como em Frutas roubadas (abaixo).
Embora Lívio Oliveira prefira classificar sua poesia de sensual para fugir da responsabilidade erógena e sensível da poesia erótica, seus poemas são evidências herdadas da literatura erótica que remonta à antiguidade clássica, dos poemas de Ovídio, ou à influência de Bocage. A poeta Lisbeth Lima abre a apresentação do livro e corrobora: “A descrição elegantemente bem conduzida pelas palavras deixa clara essa diferença: o poema erótico é o que insinua, incita, guia. Enquanto o pornográfico não perfaz nenhum caminho, apenas explicita, escancara, retira a beleza do desnudar”.
Moacy Cirne comenta da “carnalidade textual” presente na poesia de Lívio. Digamos, sem maiores formalidades: a carnalidade, aqui pensada, pressupõe uma poesia/texto feita com arrojo conteudístico. Em outras palavras, uma poesia feita com suor, gala e carne. Nem que seja metaforicamente. Nem que seja simbolicamente. Com todas as impurezas do mundo. Com todas as impurezas da literatura”. E continua depois: “De qualquer modo, não estamos - e nunca estivemos - no terreno minado da pornografia. Estamos no campo do Erotismo. E da Poesia”.
Frutos Roubados
“Fácil
sugar
de um objeto
inerte
toda a pouca
seiva
que chega
no corpo
imóvel
e rígido.
Impossível
trazer
de seu vivo
interior
pulsante
o gozo
intenso
e verdadeiro
(sem pudor).
Libido
do espírito”.
(Lívio Oliveira)
Fico muito grato, meu amigo!
ResponderExcluirVá lá na Siciliano tomar um vinho comigo hoje à noite, no lançamento.
Um forte e grato abraço!