Inventaram de me enviar mais uma edição da Palumbo, a de número 6. É sinal que os editores aceitam críticas - coisa rara hoje em dia. Lembro de perguntar a Tácito Costa uma vez se tinha recebido cortesia para um espetáculo no TAM. E ele me disse algo como "eles sabem pra quem mandam", no sentido de que só dão ingresso a quem rende elogios. Eu e Tácito descartamos essa prática. Aliás, a crítica especializada de hoje está resumida a resenhar adjetivações elogiosas à obra ou ao artista. Estou fora dessa.
Mais uma vez li a Palumbo de cabo a rabo. Desde o editorial aos quadrinhos da última página. Destacaria a entrevista com o jornalista Rubens Lemos Filho, o grande Rubinho e duas das melhores páginas que li nas edições da revista: a entrevista do artista plástico Vicente Vitoriano com o performático (chamo assim?) Pedro Costa - aquele carinha que enfiou um terço no monossílabo brazuca ainda desprezado pela lusofonia e que rendeu uma repercussão além das fronteiras do Salão de Artes Visuais de Natal ou das paredes da Funcarte.
Também gostei deveras de mais esse texto do escritor Március Cortez (fela da mãe pra escrever!), da resenha de Dácio Galvão e da matéria do editor José Cortez, escrita pela jornalista Luana Ferreira. O quase perfil de Cláudio Emereciano fechou com um suprassumo de Michele Ferret: "horizontes esticados". Adorei a expressão, poética por demais. Acho que o "gancho" da matéria de Luana com o sociólogo fodão, o Jessé Souza podia ser mais interessante; algum aspecto sócio-político atual em vez de mais um "quase perfil".
Legal ver a revista melhor servida de anúncios, vê-la mais uma vez nas bancas, firme e forte em tempos de twitter e do e-book saindo do casulo. Melhor ainda quando os erros de digitação e revisão foram diminuídos, embora persistam. Aliás, Raul Seixas fez escola com seu HÁ dez mil anos ATRÁS. E aproveitando a insistência na galera do jet para responder as 10 perguntas, que tal Marcos Sá, colunista social do Novo Jornal? O cara é também produdor, saca de cultura, de fofoca e deve ter algo mais interessante a falar.
É isso. Em vez de assistir Coreia do Sul e Grécia, ou Eslovênia e EUA, dá uma olhada na Palumbo. Recomendo releituras à entrevista com Pedro Costa. Meu gol eu já fiz. De uma coisa tenha certeza, amigo leitor, a partida é ganha. Como disse o editor José Cortez na matéria, "ler é muito importante: no mínimo, você aprende a pensar melhor".
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