segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Votar ou não votar, eis a anarquia

Por Jacques Ellul
no livro Anarquia e Cristianismo

"Sem dúvida, votar é participar na organização da falsa democracia instaurada pelo poder e pela burguesia. Votar na direita ou na esquerda dá no mesmo. Organizar um partido é adotar uma estruturanecessariamente hierárquica e desejar participar do poder. Ora, não se deve jamais esquecer quanto o poder político pode corromper: depois do caso Millerand, quando antigos socialistas e ex-sindicalistas chegaram ao poder, nos anos 1900-1910, constatou-se que haviam se tornado, de repente, os piores inimigos do sindicalismo: basta pensar em Clemenceau e Briand".

Do blogueiro: Esse livro é muito bom. Esse francês tem uma bagagem de vida e profissional impressionantes. Mas tenho minhas dúvidas acerca do voto nulo. Dúvida no real sentido. Estou indeciso. Votar também me parece verdadeiro exercício anárquico. Votar pra bagunçar. Não em candidato-palhaço. Basta os que fingem não ser; fingem comprometimento, sobriedade. Votar para derrubar outros que lhe xingam com promessas tão falsas que me soam insultos. Os três ditos "caciques" ao Senado mereciam volta ao trabalho. Dona Wilma buscaria uma vaga de docente na UFRN ou a aposentadoria. Agripino de certo arrumaria cargo de engenheiro civil. E Gari começaria a advogar - talvez arrumasse estágio em algum escritório. Política não é emprego. E há os que bradam 40 anos de vida pública. Lastimável. Ainda que valesse à pena! Mas, infelizmente, apenas um voltará ao ócio caseiro. Melhor votar no menos ruim? Acho que desisti. Não consigo mais. É compactuar. Não dá, já foi. E para votar em quem não tem chance, seria melhor o voto nulo? Estou quase nessa, apesar da simpatia por Sávio e admirar a insistência de Joanílson. É isso. Voto nulo!

Um comentário:

  1. É uma situação difícil a do Brasil, e é especialmente triste o cenário do RN. O fato é que seja votando nulo, seja votando em pessoas aparentemente confiáveis mas sem chances de ganhar, estamos totalmente excluídos desse processo; os caciques se perpetuam no poder, à nossa revelia, porque fazem politicagem e ainda seduzem a maioria (ou então a maioria também quer tirar vantagem, recebeu alguma promessa em troca do voto).
    E ficamos assim, perdidos, cheios de lamentações, o que também não leva a nada. Ou não. Sei lá, talvez, eu vote nulo também.

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