O site Substantivo Plura extrapolou os limites virtuais da blogosfera e conseguiu fôlego para organizar um evento literário nos dias 11 e 12 de dezembro. O evento idealizado pelo advogado e poeta Lívio Oliveira se chamará Tardes Substantivas e ocorrerá na seda da Aliança Francesa de Natal. Um primeiro esboço da programação, sujeito a modificações, já foi montado.
Dia 11
Mesa 1 (14h às 15h10): Tema: “Literatura e Jornalismo – zonas de influência”.
Mesa 2 (15h30 às 16h40): Tema: “Literatura e Internet – possibilidades e contradições”.
Mesa 3 (17h às 18h10): Tema: “A palavra poética”.
Dia 12
Mesa 1 (14h às 15h10): Tema: “O livro, esse objeto de desejo”.
Mesa 2 (15h30 às 16h40): Tema: “Literatura e outras artes”.
Mesa 3 (17h às 18h10): Tema: “Novos caminhos da prosa literária”.
No encerramento à noite haveria saraus (organizados por Eduardo Gosson (UBE/RN) e SPVA) e lançamentos/relançamentos de livros. O evento está aberto às sugestões.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Mais do mesmo
As atrações musicais do Natal em Natal praticamente se repetem a cada ano. Não sei qual o vínculo que esses artistas formaram com a prefeitura. Mas Elba Ramalho, Alceu Valença e Zé Ramalho estão todo ano no Anfiteatro do Campus. Não discuto a qualidade, mas a repetição. As outras três apresentações serão do Paralamas do Sucesso, Titãs (que assim como Didi Mocó já deviam ter parado há muito tempo), Gilberto Gil a confirmar e Roberta Sá como atração local, mesmo sendo muito mais carioca do que potiguar. O leitor pode questionar minha crítica sob o argumento de que são shows gratuitos. Menos mal. Mas não custa lembrar que a verba dos cachês altíssimos é dinheiro público, do contribuinte. Então, acho que poderia diversificar. Não deixa de ser um grande presente ao natalense.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
A tração da Fundação
Soube de uma hoje de morrer de rir. Você, meu leitor, deve lembrar que escrevi aqui da compra absurda de um automóvel de tração 4x4 pela Fundação José Augusto, ao valor de R$ 98 mil. Faz poucos meses. Pois o carro está hoje retido na loja por falta de pagamento. Além de péssimo investidor o Crispa ainda é mal pagador. Sei não. E quem me contou disse mais: “Serjão, a coisa aqui nunca esteve tão esculhambada. Todo mundo trabalha insatisfeito”. E a julgar pela metralhadora disparada terça-feira pelo maestro da Orquestra Sinfônica do RN, os imeios que recebo e desabafos de outros funcionários da Fundação que prefiro nem mencionar, como outro que encontrei na Rua Jundiaí segunda-feira, não deve ser mentira.
Curso de audiovisual
A Fundação José Augusto, em parceria com o CANNE - Centro Audiovisual do Norte e Nordeste oferece gratuitamente o curso de Cinematografia Eletrônica Digital, de 10 a 14 de novembro. As aulas vão acontecer na UnP da Avenida Nascimento de Castro e serão ministradas pelo professor Carlos Ebert, diretor de fotografia. O curso é destinado a estudantes e professores de comunicação, rádio-tv e cinema, profissionais da área de tv, vídeo e cinema e amadores avançados. São 25 vagas e para concorrer é preciso enviar um currículo resumido e uma carta de intenções para o e-mail gerafilme@rn.gov.br, endereçado a Geraldo Cavalcanti, assessor para a o audiovisual da FJA.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Pinacoteca virtual
O Bardallos Comida e Arte recebe amanhã, às 19h, o projeto Acervo Virtual da Pinacoteca do RN. Esse projeto disponibilizará pela internet imagens de todo o acervo das obras de arte da Pinacoteca e demais obras catalogadas em diversas repartições públicas do estado. O acervo da pinacoteca hoje possui mais de 580 obras de diversos artistas potiguares. O acervo chega a 900 obras de arte com obras de outros artistas. Além de divulgar nossos artistas e suas obras, o projeto também servirá de ferramenta pedagógica para estudantes e professores da rede pública e privada de ensino.
O projeto faz uma justa homenagem aos 80 Anos de Newton Navarro, um dos nossos maiores artistas. A página apresenta um layout produzido digitalmente com a junção de três obras de Navarro, o que constrói uma sintonia visual dessas obras gerando então uma quarta imagem: o vaqueiro, o escravo e o cangaceiro. A página também apresenta um mecanismo musical, enquanto os visitantes apreciam as obras visualmente, poderão ouvir músicas dos artistas potiguares. Muito bacana. Típica iniciativa de vanguarda.
O endereço é www.pinacotecarn.art.br/acervo
O projeto faz uma justa homenagem aos 80 Anos de Newton Navarro, um dos nossos maiores artistas. A página apresenta um layout produzido digitalmente com a junção de três obras de Navarro, o que constrói uma sintonia visual dessas obras gerando então uma quarta imagem: o vaqueiro, o escravo e o cangaceiro. A página também apresenta um mecanismo musical, enquanto os visitantes apreciam as obras visualmente, poderão ouvir músicas dos artistas potiguares. Muito bacana. Típica iniciativa de vanguarda.
O endereço é www.pinacotecarn.art.br/acervo
Notícias da Capitania
Começaram as atividades relacionadas ao 12° Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal realizado pela Funcarte. Palestras proferidas por nomes renomados do cenário artístico mundial tiveram início ontem. O artista Rodrigo Braga, especialista em fotografia na arte contemporêna, e o pesquisador Everardo Ramos, focado na arte popular, discutiram arte no auditório da Capitania das Artes. Amanhã (30) é a vez do carioca Fernando Cocchiarale, crítico de arte, e do arquiteto natalense Eugênio Mariano avaliarem as obras inscritas no evento.
O 12° Salão de Artes Visuais acontece de 13 de novembro de 2008 a 28 de fevereiro de 2009. O objetivo é permitir que artistas residentes ou naturais do Nordeste possam dar visibilidade aos seus trabalhos. A curadoria do Salão é de Mathieu Duvignaud, e a coordenação fica a cargo de Marcelus Bob, Ricardo Veriano e Roberto Medeiros. O jornalista potiguar Max Pereira assina os textos do catálogo do Salão. Estas atividades correspondem à segunda etapa do evento. Após isto, o Salão segue aberto à visitação do público, que pode apreciar uma das maiores e melhores exposições de arte do Nordeste.
Toda forma de expressão artística, especialmente as inovadoras, são válidas no 12° Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal. Modalidades como Desenho, Escultura, Fotografia, Gravura, Instalação, Arte Postal, Objeto, Performance, Pintura, Vídeo Arte e/ou Arte Digital, farão parte do hall expositório. "Se o artista reverberar algo diferente, que possa apontar novos caminhos dentro da arte, estará seguindo o objetivo do Salão", diz Ricardo Veriano. "Uma vez, premiamos um lameiro de caminhão", conta, referindo-se às placas com dizeres que ficam penduradas nos caminhões.
O 12° Salão de Artes Visuais acontece de 13 de novembro de 2008 a 28 de fevereiro de 2009. O objetivo é permitir que artistas residentes ou naturais do Nordeste possam dar visibilidade aos seus trabalhos. A curadoria do Salão é de Mathieu Duvignaud, e a coordenação fica a cargo de Marcelus Bob, Ricardo Veriano e Roberto Medeiros. O jornalista potiguar Max Pereira assina os textos do catálogo do Salão. Estas atividades correspondem à segunda etapa do evento. Após isto, o Salão segue aberto à visitação do público, que pode apreciar uma das maiores e melhores exposições de arte do Nordeste.
Toda forma de expressão artística, especialmente as inovadoras, são válidas no 12° Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal. Modalidades como Desenho, Escultura, Fotografia, Gravura, Instalação, Arte Postal, Objeto, Performance, Pintura, Vídeo Arte e/ou Arte Digital, farão parte do hall expositório. "Se o artista reverberar algo diferente, que possa apontar novos caminhos dentro da arte, estará seguindo o objetivo do Salão", diz Ricardo Veriano. "Uma vez, premiamos um lameiro de caminhão", conta, referindo-se às placas com dizeres que ficam penduradas nos caminhões.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Projeto Dançarte
Um clima de confraternização marcará a última edição do Projeto Dançarte, realizado pela Capitania das Artes (Funcarte). É nossa boa cultura se despedindo da cidade. O projeto encerra suas atividades esta quinta-feira 30, às 19h, no Teatro Sandoval Wanderley. A organização do evento preparou uma festa a fim de confraternizar os profissionais do balé em Natal, com direito a bolo e champagne. Além disso, irão se apresentar no palco do Teatro a Cia de Dança do TAM, a Domínio Cia de Dança, o Grupo Gira Dança, o Grupo de Dança da UFRN e a STEP Cia de Sapateado. O Balé Municipal da Cidade do Natal, ligado à Funcarte, também sobe ao palco com o espetáculo Além do Corpo.
Preá: agora sai?
Soube este fim de semana que a Fundação José Augusto trabalha para a segunda edição da revista Preá, sob responsabilidade da atual gestão. Acho bem provável. Na edição do Diário Oficial do Estado de sábado aparece a aquisição de uma máquina impressora off set ao valor de R$ 49 mil. Barato se for para editar a revista e evitar a péssima qualidade da primeira edição. Aliás, dos últimos números da revista. Outro ponto favorável é a volta da assessora de comunicação do órgão e atual editora da Preá, Mary Land Brito. A jornalista participou de campanha eleitoral para a petista Fátima Bezerra. Acredito que agora vai; deveras tardia, mas vai.
E outra: não pensem que a derrota eleitoral abalou o prefeito Carlos Eduardo ou o presidente da Fundação Capitania das Artes, Dácio Galvão.A revista Brouhaha – de molho também há algum tempo (bem menos que a Preá) – também sai nas próximas semanas. Uma das matérias vai tratar dos museus da cidade. Tudo esses ingredientes aliado ao calendário cultural do Natal em Natal para o fim de ano deve render um bolo interessante. Vida longa aos dois projetos. Vamos esperar quem vem para ocupar a cadeira quente da Capitania. Como já foi dito, a jornalista Rejane Cardoso já negou convite e o compositor Fernando Luiz, mais o deputado Luiz Almir foram cogitados. Só o tempo...
E outra: não pensem que a derrota eleitoral abalou o prefeito Carlos Eduardo ou o presidente da Fundação Capitania das Artes, Dácio Galvão.A revista Brouhaha – de molho também há algum tempo (bem menos que a Preá) – também sai nas próximas semanas. Uma das matérias vai tratar dos museus da cidade. Tudo esses ingredientes aliado ao calendário cultural do Natal em Natal para o fim de ano deve render um bolo interessante. Vida longa aos dois projetos. Vamos esperar quem vem para ocupar a cadeira quente da Capitania. Como já foi dito, a jornalista Rejane Cardoso já negou convite e o compositor Fernando Luiz, mais o deputado Luiz Almir foram cogitados. Só o tempo...
Substantivo Plural
A democracia teve início na Grécia antiga, com as discussões políticas e filosóficas em praças públicas. Espaço aberto ao cidadão, ao estadista, sem distinção ou hierarquia. Por estas plagas e outras do mundo moderno o que se vê é o discurso vertical onde deveria prevalecer a independência. Veículos que funcionam como porta-vozes para políticos ou empresários falarem com a sociedade. Felizmente temos alguns espaços que prezam pela democracia e pluralidade de vozes. Um deles é o blog Substantivo Plural, capitaneado pelo jornalista Tácito Costa.
Talvez seja a liberdade ou “pluralidade” de vozes a diferença do Substantivo “Plural” de outros blogs ou veículos de mídia. E os gregos se orgulhavam de ser livres. Isso os distinguia de seus vizinhos de outras línguas e culturas. Ser grego ou helênico não era uma distinção racial, mas lingüística e cultural. Isso pelo simples fato de praticarem a liberdade. As discussões no Substantivo são abertas a quem deseja opinar: intelectuais, leigos, marxistas, conservadores e progressistas. Geralmente são em torno de literatura e jornalismo cultural.
Alguns debates se tornaram verdadeiros fóruns como as discussões acerca da obra de Joyce – Ulisses –, regionalismo e o último, a respeito da ética no jornalismo, do qual resultou na promoção de dois programas para aprofundar o assunto no Grandes Temas, da TV Univeristária (um programa de debate promovido em parceria entre a TV-U e este Diário de Natal) e ensejou um projeto futuro de criação de um Observatório da Imprensa local – benefícios concretos à “populaça”, como escreveu o poeta Castro Alves, no poema “A praça é do povo”.
O blog tem servido ainda de vitrine para escritores. Em um espaço chamado Estante, figuram obras literárias publicadas ou inéditas de nomes da nossa literatura, como Pablo Capistrano, Carlos de Souza e Rodrigo Levino, ou outros menos conhecidos. O espaço é aberto. E quando escrevo “vitrine” é porque o blog recebe cerca de mil visitas diárias. E já conta com colaboradores de aqui e alhures, como o escritor pernambucano Fernando Monteiro, o escritor paulista Marcos Silva e o jornalista brasiliense Gustavo de Castro.
Desde o início, há um ano e quatro meses, o blog mantém alguns colunistas fixos: Carlão, Carmen Vasconcelos e Nelson Patriota. E também sessões fixas voltadas para prosa, poesia e entrevistas. O advogado e escritor Lívio Oliveira tem sido assíduo colaborador nesta última sessão e já presenteou os visitantes do blog com entrevistas fabulosas, inclusive com nomes internacionais como Ondjaki. Já são 40 ao todo. Além de publicar o que de melhor há na imprensa local em termos de jornalismo cultural.
A última novidade do Substantivo é a idealização de um encontro literário para dezembro. De forma democrática, aberta, os nomes e temas para o evento estão surgindo. A idéia foi de Lívio Oliveira, que já conseguiu o espaço da Aliança Francesa. Tudo fruto de idealismo e alimentado pela ânsia da discussão livre, democrática. Que haja os embates mais ríspidos. Faz parte da natureza humana. A inveja, a hipocrisia é nata do ser humano. Sou convicto disso. Então, que este mal dispute com o bem sem intervenções moralistas e antiéticas. E que vença a cultura e a liberdade de expressão.
Talvez seja a liberdade ou “pluralidade” de vozes a diferença do Substantivo “Plural” de outros blogs ou veículos de mídia. E os gregos se orgulhavam de ser livres. Isso os distinguia de seus vizinhos de outras línguas e culturas. Ser grego ou helênico não era uma distinção racial, mas lingüística e cultural. Isso pelo simples fato de praticarem a liberdade. As discussões no Substantivo são abertas a quem deseja opinar: intelectuais, leigos, marxistas, conservadores e progressistas. Geralmente são em torno de literatura e jornalismo cultural.
Alguns debates se tornaram verdadeiros fóruns como as discussões acerca da obra de Joyce – Ulisses –, regionalismo e o último, a respeito da ética no jornalismo, do qual resultou na promoção de dois programas para aprofundar o assunto no Grandes Temas, da TV Univeristária (um programa de debate promovido em parceria entre a TV-U e este Diário de Natal) e ensejou um projeto futuro de criação de um Observatório da Imprensa local – benefícios concretos à “populaça”, como escreveu o poeta Castro Alves, no poema “A praça é do povo”.
O blog tem servido ainda de vitrine para escritores. Em um espaço chamado Estante, figuram obras literárias publicadas ou inéditas de nomes da nossa literatura, como Pablo Capistrano, Carlos de Souza e Rodrigo Levino, ou outros menos conhecidos. O espaço é aberto. E quando escrevo “vitrine” é porque o blog recebe cerca de mil visitas diárias. E já conta com colaboradores de aqui e alhures, como o escritor pernambucano Fernando Monteiro, o escritor paulista Marcos Silva e o jornalista brasiliense Gustavo de Castro.
Desde o início, há um ano e quatro meses, o blog mantém alguns colunistas fixos: Carlão, Carmen Vasconcelos e Nelson Patriota. E também sessões fixas voltadas para prosa, poesia e entrevistas. O advogado e escritor Lívio Oliveira tem sido assíduo colaborador nesta última sessão e já presenteou os visitantes do blog com entrevistas fabulosas, inclusive com nomes internacionais como Ondjaki. Já são 40 ao todo. Além de publicar o que de melhor há na imprensa local em termos de jornalismo cultural.
A última novidade do Substantivo é a idealização de um encontro literário para dezembro. De forma democrática, aberta, os nomes e temas para o evento estão surgindo. A idéia foi de Lívio Oliveira, que já conseguiu o espaço da Aliança Francesa. Tudo fruto de idealismo e alimentado pela ânsia da discussão livre, democrática. Que haja os embates mais ríspidos. Faz parte da natureza humana. A inveja, a hipocrisia é nata do ser humano. Sou convicto disso. Então, que este mal dispute com o bem sem intervenções moralistas e antiéticas. E que vença a cultura e a liberdade de expressão.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Romildo em mão dupla
Recebi os convites, mas não pude ir ao show de Romildo Soares sexta-feira, no Galpão 29. Fui vencido pelo cansaço e o compromisso profissional na manhã seguinte. Meu amigo Moisés de Lima, editor de cultura do DN, disse que foi. Aliás, ele e poucos. Nunca pensei em lotação, mas segundo me disse Moisés, foram apenas uns “gatos pingados”.
O público de Romildo ou mais ainda dos outros participantes da noite é selecionado. Nem por isso precise ser sinônimo de pouca gente. Alguma coisa está errada. O projeto Mão Dupla foi bem divulgado; o talento de Romildo e suas composições dispensam comentários; a Ribeira, o Galpão 29 tem um público fiel. Então, o que falta?
Vou arriscar alguns comentários. Primeiro, trazendo uma comparação: vejam Valéria Oliveira. Ela se juntou com uma galera nova, ditos emergentes da nossa música potiguar, como Khrystal, Simona Talma e Luís Gadelha. Ganhou amplo espaço na mídia e participou de shows de boa repercurssão e público com o Projeto Retrovisor.
Valéria Oliveira é artista do quilate e contemporânea de outros como Pedrinho Mendes, Geraldo Carvalho, Sueldo Suaress e outros que, convenhamos, permanecem os mesmos desde muito tempo. Romildo não pode embarcar nessa. É uma artista mutante, no auge de sua produção e vigor musical. Precisa ir atrás de gente nova ou pelo menos mais pop. É o segredo.
Neste último show fez parceria com Geraldo Carvalho e um mineiro, Mário Noya. Muito bom o cara, pelo que ouvi na net. Mas ninguém conhece! É um projeto fadado ao fracasso, principalmente quando se tem atração gratuita do lado de fora, como o Festival de música da Assembléia, o chorinho do Buraco da Catita, ou mesmo atrações também pagas, também de bom gosto, mas de melhor aceitação, como a noite de blues em Ponta Negra.
Daqui, continuo minha torcida pelo sucesso de Romildo, que já cansei de dizer, é hoje nosso melhor compositor – ele e Mirabô. E também pela empreitada do projeto Mão Dupla: que tenha melhor sorte na próxima edição. Natal merece coisa boa, gente nova e mais Romildo.
O público de Romildo ou mais ainda dos outros participantes da noite é selecionado. Nem por isso precise ser sinônimo de pouca gente. Alguma coisa está errada. O projeto Mão Dupla foi bem divulgado; o talento de Romildo e suas composições dispensam comentários; a Ribeira, o Galpão 29 tem um público fiel. Então, o que falta?
Vou arriscar alguns comentários. Primeiro, trazendo uma comparação: vejam Valéria Oliveira. Ela se juntou com uma galera nova, ditos emergentes da nossa música potiguar, como Khrystal, Simona Talma e Luís Gadelha. Ganhou amplo espaço na mídia e participou de shows de boa repercurssão e público com o Projeto Retrovisor.
Valéria Oliveira é artista do quilate e contemporânea de outros como Pedrinho Mendes, Geraldo Carvalho, Sueldo Suaress e outros que, convenhamos, permanecem os mesmos desde muito tempo. Romildo não pode embarcar nessa. É uma artista mutante, no auge de sua produção e vigor musical. Precisa ir atrás de gente nova ou pelo menos mais pop. É o segredo.
Neste último show fez parceria com Geraldo Carvalho e um mineiro, Mário Noya. Muito bom o cara, pelo que ouvi na net. Mas ninguém conhece! É um projeto fadado ao fracasso, principalmente quando se tem atração gratuita do lado de fora, como o Festival de música da Assembléia, o chorinho do Buraco da Catita, ou mesmo atrações também pagas, também de bom gosto, mas de melhor aceitação, como a noite de blues em Ponta Negra.
Daqui, continuo minha torcida pelo sucesso de Romildo, que já cansei de dizer, é hoje nosso melhor compositor – ele e Mirabô. E também pela empreitada do projeto Mão Dupla: que tenha melhor sorte na próxima edição. Natal merece coisa boa, gente nova e mais Romildo.
Campanha salarial
As últimas greves que cobri, dos Bancários e dos servidores da saúde, as reivindicações de reajuste salarial foram de acima de 15%. Pois bem. Nós, jornalistas, também encampamos nossa negociação, sem greve; sem alarde. Somos “pacíficos”. Que lindo! Nosso pedido é de aumento de 5%, negado em primeira rodada com vistas ao acordo coletivo de trabalho.
A diretoria do Sindicato dos Jornalistas do RN (Sindjorn) pede ainda um piso para a categoria de R$ 945 e mais adicioal de R$ 150, referente ao auxílio-alimentação. A próxima negociação ocorre quarta-feira, às 10h, na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), na Ribeira, pouco antes do Banco do Brasil.
Em relação ao direito autoral, o Sindjorn propõe às empresas de comunicação o pagamento ao autor de qualquer matéria, inclusive ao freelancer, objeto de reprodução, uma participação nas seguintes condições: no caso de matéria, tape, gravação ou fotografias serem objetos de venda, para quaisquer veículos de comunicação, a participação será de 50% do valor de venda, a ser paga cinco dias após o ato do recebimento.
A diretoria do Sindicato dos Jornalistas do RN (Sindjorn) pede ainda um piso para a categoria de R$ 945 e mais adicioal de R$ 150, referente ao auxílio-alimentação. A próxima negociação ocorre quarta-feira, às 10h, na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), na Ribeira, pouco antes do Banco do Brasil.
Em relação ao direito autoral, o Sindjorn propõe às empresas de comunicação o pagamento ao autor de qualquer matéria, inclusive ao freelancer, objeto de reprodução, uma participação nas seguintes condições: no caso de matéria, tape, gravação ou fotografias serem objetos de venda, para quaisquer veículos de comunicação, a participação será de 50% do valor de venda, a ser paga cinco dias após o ato do recebimento.
Por do sol no Potengi
Este blog antecipou o que era apenas projeto. Pois o produtor William Collier, em parceria com a Fundação Hélio Galvão, vai lançar o projeto Por do Sol do Potengi, no Iate Clube nesta quinta-feira. O projeto consiste em levar todos os dias shows com artistas potiguares. O cenário é nada menos que o por do sol no Potengi e o palco para os artistas são canoas, como é feito em João Pessoa, na Praia do Jacaré. Luis Dantas vai tocar o clássico potiguar Royal Cinema ao sax. Mariana retira do violino a Ave Maria, às 18h. E José Fernandes fica responsável pelo hino potiguar: Praieira, acompanhado do maestro Estevam. Em seguida, Luis Dantas volta com o sax para tocar o Trenzinho Caipira, de Villa Lobos. Todos se apresentam no mesmo dia. Se a idéia vingar, este projeto cultural promete ser um marco para revitalização daquele pedaço de Natal a partir da visitação turística. Que assim seja.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Garibaldi na Rolling Stone
Nosso presidente do Senado, o Gari, concedeu entrevista à revista Rolling Stone brasileira deste mês. Sempre pop nosso senador! A matéria da repórter Carol Pires chamou o edil de feioso com algum eufemismo, mas logo compensou com um adjetivo de simpático. E chamem o bacural do que quiser, mas ele é a simpatia em pessoa; espontâneo ao extremo, tanto que às vezes fala besteira, como trocar a clássica frase do Raulzito (veja adiante). A matéria está uma beleza. Pesquei no site da Rolling Stone o que tinha. Ela completa, só mesmo com a revista. Confira o que tem no site:
Garibaldi Alves, presidente do Senado, supera críticas pessoais (a sua falta de beleza) e esbanja aquela simpatia de político em campanha.
"Eu não vou ser um hermafrodita ambulante", disparou Garibaldi Alves Filho em sua primeira entrevista coletiva informal após assumir a presidência do Senado Federal. Não, Garibaldi não tem tal distúrbio, foi apenas um embaralho na língua e a falta de costume com a perseguição dos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional. Quando chocou a mídia com tal afirmação, queria negar o que há instantes tinha dito Lula (e muito antes cantado Raul Seixas): "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante". Alves queria dizer que, sendo presidente de um poder, precisava ter equilíbrio. Por isso necessitaria de tempo para analisar as propostas do governo, sem perder opiniões pessoais. E que não seria como Lula, que preferia ser uma metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Quando se deu conta do erro, sorriu para o enxame de repórteres e disse: "Ah, errei. Como é mesmo que o presidente Lula disse? Metamorfose, é? Mas parece que a minha foi melhor".
Garibaldi Alves ficou sabido naquele instante em que as assombrações que pesavam o clima no Senado tinham ficado para trás. A tensão das denúncias contra Renan Calheiros, senador pelo PMDB de Alagoas, antecessor de Garibaldi na presidência do Senado, e tudo que com isso veio junto - as caras feias, as inimizades, os dedos em riste e a perseguição da imprensa ao ocupante da cadeira máxima do parlamento - tinham sido trocados por momentos de tranqüilidade.
Renan foi julgado por quebra de decoro parlamentar duas vezes. Da primeira por ter uma filha fora do casamento - fruto de um caso com a jornalista Mônica Veloso - e pagar a pensão da criança com dinheiro dado por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. Foi depois apontado como dono de veículos de comunicação em Alagoas - as empresas estariam no nome de laranjas. Essa crise assolou o Congresso por sete meses. Calheiros foi julgado pelos colegas por duas vezes em plenário sob pena de perder o mandato e ficar inelegível por oito anos. Acabou absolvido. Na primeira vez, Garibaldi votou pela cassação. Na segunda, achou a denúncia vazia e absolveu o colega. Já era précandidato à cadeira que Renan só renunciaria semanas depois. Mas ele não pensava na presidência até então. A idéia surgiu como prenúncio dado aos predestinados. Dali foi preciso apenas ganhar o aval do cacique-mor do partido: o ex-presidente José Sarney, que só seria presidente do Senado por aclamação. Mas logo surgiram outros nomes dentro do PMDB cobiçando a vaga - Neuto de Conto (SC) e Valter Pereira (MS). A deixa de Garibaldi foi dada por Arthur Virgílio, do PSDB do Amazonas, líder do partido no Senado. Se Sarney saísse a presidente, Virgílio lançaria sua candidatura. Sarney não queria briga. Não tendo o que quis, escolheu Garibaldi Alves.
Então ele cortou o cabelo, clareou os dentes, comprou cinco ternos Brooksfield e saiu em busca de apoio. Foi eleito em 12 de dezembro de 2007, com 68 votos a favor, oito contra e duas abstenções (são 81 os senadores).
Quando recebeu a Rolling Stone para um café-da-manhã na casa oficial da presidência do Senado, na Península dos Ministros, em Brasília, parecia cansado e acanhado. Era uma quarta-feira, 8h30. Cansado ele estava mesmo, porque tenta, desde agosto, conciliar a campanha eleitoral no interior do Rio Grande do Norte (seu estado) com suas obrigações protocolares de presidente. Lá, no Norte, chega a percorrer 4 mil quilômetros por fim de semana. Está mais magro. E bronzeado. Anda acanhado porque dias antes tinha dado uma entrevista e não gostou do que leu depois. Não gostou por quê, presidente? "Ah, ficaram dizendo que eu era feio, dentuço, não sei o quê." Garibaldi é realmente dentuço. Porém, quando ri, com aqueles dentões brancos, alinhados um pouco para a frente, contagia os demais.
Penso em escrever sobre ele sem tocar no assunto da feiúra. Mas o próprio, no segundo seguinte a confessar o incômodo com a crítica, relembra a adolescência e dispara: "Eu era bem feio mesmo. Galã era o Henrique". O Henrique em questão é Henrique Eduardo Alves, deputado pelo Rio Grande do Norte, primo de Garibaldi e líder do PMDB na Câmara. Contam os dois que, nos tempos de calças curtas, foram juntos a um baile.
Garibaldi Alves, presidente do Senado, supera críticas pessoais (a sua falta de beleza) e esbanja aquela simpatia de político em campanha.
"Eu não vou ser um hermafrodita ambulante", disparou Garibaldi Alves Filho em sua primeira entrevista coletiva informal após assumir a presidência do Senado Federal. Não, Garibaldi não tem tal distúrbio, foi apenas um embaralho na língua e a falta de costume com a perseguição dos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional. Quando chocou a mídia com tal afirmação, queria negar o que há instantes tinha dito Lula (e muito antes cantado Raul Seixas): "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante". Alves queria dizer que, sendo presidente de um poder, precisava ter equilíbrio. Por isso necessitaria de tempo para analisar as propostas do governo, sem perder opiniões pessoais. E que não seria como Lula, que preferia ser uma metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Quando se deu conta do erro, sorriu para o enxame de repórteres e disse: "Ah, errei. Como é mesmo que o presidente Lula disse? Metamorfose, é? Mas parece que a minha foi melhor".
Garibaldi Alves ficou sabido naquele instante em que as assombrações que pesavam o clima no Senado tinham ficado para trás. A tensão das denúncias contra Renan Calheiros, senador pelo PMDB de Alagoas, antecessor de Garibaldi na presidência do Senado, e tudo que com isso veio junto - as caras feias, as inimizades, os dedos em riste e a perseguição da imprensa ao ocupante da cadeira máxima do parlamento - tinham sido trocados por momentos de tranqüilidade.
Renan foi julgado por quebra de decoro parlamentar duas vezes. Da primeira por ter uma filha fora do casamento - fruto de um caso com a jornalista Mônica Veloso - e pagar a pensão da criança com dinheiro dado por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. Foi depois apontado como dono de veículos de comunicação em Alagoas - as empresas estariam no nome de laranjas. Essa crise assolou o Congresso por sete meses. Calheiros foi julgado pelos colegas por duas vezes em plenário sob pena de perder o mandato e ficar inelegível por oito anos. Acabou absolvido. Na primeira vez, Garibaldi votou pela cassação. Na segunda, achou a denúncia vazia e absolveu o colega. Já era précandidato à cadeira que Renan só renunciaria semanas depois. Mas ele não pensava na presidência até então. A idéia surgiu como prenúncio dado aos predestinados. Dali foi preciso apenas ganhar o aval do cacique-mor do partido: o ex-presidente José Sarney, que só seria presidente do Senado por aclamação. Mas logo surgiram outros nomes dentro do PMDB cobiçando a vaga - Neuto de Conto (SC) e Valter Pereira (MS). A deixa de Garibaldi foi dada por Arthur Virgílio, do PSDB do Amazonas, líder do partido no Senado. Se Sarney saísse a presidente, Virgílio lançaria sua candidatura. Sarney não queria briga. Não tendo o que quis, escolheu Garibaldi Alves.
Então ele cortou o cabelo, clareou os dentes, comprou cinco ternos Brooksfield e saiu em busca de apoio. Foi eleito em 12 de dezembro de 2007, com 68 votos a favor, oito contra e duas abstenções (são 81 os senadores).
Quando recebeu a Rolling Stone para um café-da-manhã na casa oficial da presidência do Senado, na Península dos Ministros, em Brasília, parecia cansado e acanhado. Era uma quarta-feira, 8h30. Cansado ele estava mesmo, porque tenta, desde agosto, conciliar a campanha eleitoral no interior do Rio Grande do Norte (seu estado) com suas obrigações protocolares de presidente. Lá, no Norte, chega a percorrer 4 mil quilômetros por fim de semana. Está mais magro. E bronzeado. Anda acanhado porque dias antes tinha dado uma entrevista e não gostou do que leu depois. Não gostou por quê, presidente? "Ah, ficaram dizendo que eu era feio, dentuço, não sei o quê." Garibaldi é realmente dentuço. Porém, quando ri, com aqueles dentões brancos, alinhados um pouco para a frente, contagia os demais.
Penso em escrever sobre ele sem tocar no assunto da feiúra. Mas o próprio, no segundo seguinte a confessar o incômodo com a crítica, relembra a adolescência e dispara: "Eu era bem feio mesmo. Galã era o Henrique". O Henrique em questão é Henrique Eduardo Alves, deputado pelo Rio Grande do Norte, primo de Garibaldi e líder do PMDB na Câmara. Contam os dois que, nos tempos de calças curtas, foram juntos a um baile.
Mão Dupla
Quem estiver a fim de um programinha bacana para amanhã, dou a dica: chegue às 19h no Buraco da Catita, tome uma cerveja gelada ao som do chorinho de melhor qualidade até a hora bonita das 0h. Pode ser um pouquinho antes. Depois vá conferir o Projeto Mão Dupla no Galpão 29, na Rua Chile, também na Ribeira. O time de palco começa com Romildo Soares, o mineiro Mário Noya e Geraldo Carvalho, com participações especiais de Pedrinho Mendes, Karol Pozadski e Iggor Dantas. O Mário Noya não conhecia. Procurei algo na Internet e achei muita coisa boa sobre o cara. Vale a pena uma ida. Senhas inteiras a R$ 10. Essa eu vou.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Os 20 mais da MPB
Roubei do blog Jerimum Cultural, que roubou da mais nova edição da revista Rolling Stone a lista com as 20 figuras mais importantes da música brasileira. Notei aí que falta a décima oitava posição. Na revista a lista é de 100. No geral achei bacana. Toda lista há controvérsias e deixo as minhas: achei muito pop a escolha de Rita Lee. Por que não Arnaldo Baptista como representante dos Mutantes? Elis Regina só fez sucesso com música de outros, como Belchior. Acho que o Novos Baianos também podiam figurar na lista. Mas talvez os nomes sejam individuais, e nenhum dos integrantes, na minha opinião, tem peso para isso. Mas, para não ficar na crítica pela crítica, enumero minhas substituições: saem Jorge Ben Jor, Elis Regina e Rita Lee. Milton Nascimento fiquei na dúvida, mas tem lá sua importância como expoente do Clube da Esquina e tal. Entram Vinícius de Moraes (que bem podia encabeçar a lista!), Cazuza e Jackson do Pandeiro.
1_ Tom Jobim
2_ João Gilberto
3_ Chico Buarque
4_ Caetano Veloso
5_ Jorge Ben Jor
6_ Roberto Carlos
7_ Noel Rosa
8_ Cartola
9_ Tim Maia
10_ Gilberto Gil
11_ Dorival Caymmi
12_ Pixinguinha
13_ Luiz Gonzaga
14_ Elis Regina
15_ Rita Lee
16_ Chico Science
17_ Paulinho da Viola
19_ Raul Seixas
20_ Milton Nascimento
1_ Tom Jobim
2_ João Gilberto
3_ Chico Buarque
4_ Caetano Veloso
5_ Jorge Ben Jor
6_ Roberto Carlos
7_ Noel Rosa
8_ Cartola
9_ Tim Maia
10_ Gilberto Gil
11_ Dorival Caymmi
12_ Pixinguinha
13_ Luiz Gonzaga
14_ Elis Regina
15_ Rita Lee
16_ Chico Science
17_ Paulinho da Viola
19_ Raul Seixas
20_ Milton Nascimento
Nei Leandro lança Autobiografia
"Aqui jazem as melhores lembranças". O verso traduz bem a intenção do autor, Nei Leandro de Castro, ao lançar seu novo livro: resgatar a Natal de sua infância e adolescência, seus cheiros, lugares e amores. Autor de obras consagradas como As Pelejas de Ojuara e O Dia das Moscas, Nei Leandro de Castro batizou de Autobiografias - Poemas seu mais novo filho. O livro será lançado com o apoio da Prefeitura do Natal, através da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte). Publicado sob o Selo Coleção Letras Natalenses, ligado à Funcarte, Autobiografia – Poemas será apresentado ao público amanhã, às 18h, na Capitania das Artes.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Mais uma do caso Eloá
Desta vez publico artigo de uma professora indignada com a cobertura da mídia a respeito do caso da adolescente Eloá. Ana Maria Peterson é mais uma a criticar a postura da apresentadora Sônia Abrão, da RedeTV, e Datena, da Band ou da mídia em geral em taxar Lindemberg Alves como seqüestrador (isso é inegável!, criminoso e desequilibrado (este último adjetivo, pra mim, também o vale, embora não seja papel da imprensa aplicar qualquer adjetivação de julgamento). O artigo também foi retirado do Observatório da Imprensa:
“Por que a imprensa tem tanta dificuldade em fazer autocrítica? É claro que essa pergunta não me surgiu hoje, mas o que me fez escrever foi o papel da imprensa no seqüestro da estudante Eloá Cristina Pimentel.
Na segunda-feira, o Brasil recebeu a notícia de que um rapaz de 22 anos estava fazendo refém sua ex-namorada, de 15 anos. Foram inúmeras reportagens sobre Lindemberg Fernandes Alves, um rapaz trabalhador, que não bebe, não fuma, tem dois empregos para ajudar a família.
Com o passar das horas, o rapaz foi sendo narrado como um criminoso seqüestrador desequilibrado. Diante disso, uma gama de profissionais passou a ser entrevistada: psiquiatras, advogados, especialistas em segurança, psicólogos, criminalistas foram submetidos a perguntas do tipo "o que o rapaz estava pensando quando entrou no apartamento?", "qual o objetivo dele ao colocar uma camisa do São Paulo na janela?". E por aí ia um festival de sandices.
No segundo dia, o rapaz falou com uma emissora de TV e o espetáculo ficou mais dantesco quando apresentadores José Luiz Datena e Sonia Abraão chegaram a bater boca no ar para decidir quem tinha a equipe de reportagem mais competente, quem fazia um jornalismo mais ético.
É possível?
A partir daí, entrevistados, apresentadores, pastores passaram a falar com o rapaz por intermédio da televisão. Ao mesmo tempo, vários comentaristas de segurança (nova denominação para repórter policial) começaram a repetir a seguinte frase "este rapaz está fazendo um passeio pelo Código Penal", enquanto outros estimaram a pena dele em 40 anos.
Considerando que no contato telefônico o rapaz deixou muito claro que seu maior medo era ir para prisão e levar tiros, segundo suas próprias palavras, não seria uma questão ética evitar comentários sobre a punição que ele iria sofrer ao sair de lá? Era de conhecimento de todos que ele estava assistindo televisão e ouvindo tudo. Não seria prudente evitar esse tipo de comentário com o objetivo garantir o sucesso da operação?
Em relação à imprensa, qualquer questionamento de seu papel nisso tudo é respondido pela seguinte frase: "Estamos fazendo nosso trabalho". Vocês acreditam que é possível fazer jornalismo nos meios de comunicação de massa de forma diferente, mais humana e com mais respeito?
No meio de uma agonia como um seqüestro, cárcere privado, ou o " mano que pegou a mina para provar seu amor". Muita gente ficou na expectativa do desfecho. Diante do final mortal desse fato (estou escrevendo as 14h54 de sábado, 18, e Eloá não foi dada como morta, mas viver em estado vegetativo é estar viva?) abriram-se várias rodas de conversas, dentro delas especialistas em segurança, promotores, psicólogos, o diabo a quatro. Coletivas sendo cobertas, frases feitas, questionamentos constantes e um bocado de lamentos e condenações.
Afinal, nessa muvuca alguém vai confrontar o trabalho da imprensa? Alguém vai "cortar na própria carne"? Alguém vai admitir que não tinha preparo e mesmo assim falou com uma pessoa desequilibrada que mantinha reféns? Alguém vai tomar do remédio amargo do fracasso e vai dizer que não deveria ter dado tanta notoriedade para um rapaz que estava ameaçando pessoas? Alguém vai admitir que nessa infindável procura por "furos" a dita ética jornalística foi pras cucuias? Alguém admite que com o estandarte do "Essa é a função do jornalista" todos os limites éticos, morais, pessoais, civis, políticos, econômicos que sejam respeitados ou/e desrespeitados são coisas justificáveis?”.
“Por que a imprensa tem tanta dificuldade em fazer autocrítica? É claro que essa pergunta não me surgiu hoje, mas o que me fez escrever foi o papel da imprensa no seqüestro da estudante Eloá Cristina Pimentel.
Na segunda-feira, o Brasil recebeu a notícia de que um rapaz de 22 anos estava fazendo refém sua ex-namorada, de 15 anos. Foram inúmeras reportagens sobre Lindemberg Fernandes Alves, um rapaz trabalhador, que não bebe, não fuma, tem dois empregos para ajudar a família.
Com o passar das horas, o rapaz foi sendo narrado como um criminoso seqüestrador desequilibrado. Diante disso, uma gama de profissionais passou a ser entrevistada: psiquiatras, advogados, especialistas em segurança, psicólogos, criminalistas foram submetidos a perguntas do tipo "o que o rapaz estava pensando quando entrou no apartamento?", "qual o objetivo dele ao colocar uma camisa do São Paulo na janela?". E por aí ia um festival de sandices.
No segundo dia, o rapaz falou com uma emissora de TV e o espetáculo ficou mais dantesco quando apresentadores José Luiz Datena e Sonia Abraão chegaram a bater boca no ar para decidir quem tinha a equipe de reportagem mais competente, quem fazia um jornalismo mais ético.
É possível?
A partir daí, entrevistados, apresentadores, pastores passaram a falar com o rapaz por intermédio da televisão. Ao mesmo tempo, vários comentaristas de segurança (nova denominação para repórter policial) começaram a repetir a seguinte frase "este rapaz está fazendo um passeio pelo Código Penal", enquanto outros estimaram a pena dele em 40 anos.
Considerando que no contato telefônico o rapaz deixou muito claro que seu maior medo era ir para prisão e levar tiros, segundo suas próprias palavras, não seria uma questão ética evitar comentários sobre a punição que ele iria sofrer ao sair de lá? Era de conhecimento de todos que ele estava assistindo televisão e ouvindo tudo. Não seria prudente evitar esse tipo de comentário com o objetivo garantir o sucesso da operação?
Em relação à imprensa, qualquer questionamento de seu papel nisso tudo é respondido pela seguinte frase: "Estamos fazendo nosso trabalho". Vocês acreditam que é possível fazer jornalismo nos meios de comunicação de massa de forma diferente, mais humana e com mais respeito?
No meio de uma agonia como um seqüestro, cárcere privado, ou o " mano que pegou a mina para provar seu amor". Muita gente ficou na expectativa do desfecho. Diante do final mortal desse fato (estou escrevendo as 14h54 de sábado, 18, e Eloá não foi dada como morta, mas viver em estado vegetativo é estar viva?) abriram-se várias rodas de conversas, dentro delas especialistas em segurança, promotores, psicólogos, o diabo a quatro. Coletivas sendo cobertas, frases feitas, questionamentos constantes e um bocado de lamentos e condenações.
Afinal, nessa muvuca alguém vai confrontar o trabalho da imprensa? Alguém vai "cortar na própria carne"? Alguém vai admitir que não tinha preparo e mesmo assim falou com uma pessoa desequilibrada que mantinha reféns? Alguém vai tomar do remédio amargo do fracasso e vai dizer que não deveria ter dado tanta notoriedade para um rapaz que estava ameaçando pessoas? Alguém vai admitir que nessa infindável procura por "furos" a dita ética jornalística foi pras cucuias? Alguém admite que com o estandarte do "Essa é a função do jornalista" todos os limites éticos, morais, pessoais, civis, políticos, econômicos que sejam respeitados ou/e desrespeitados são coisas justificáveis?”.
Caso Eloá e a imprensa
A imprensa brasileira é refém de si mesma, de um modelo baseado nas ações rápidas e quase sempre rasteiras em busca de audiência e repercussão. Desde os blogueiros e comentadores de televisão que não resistem a frases de efeito, mesmo que suas construções representem a demolição do bom senso, até as decisões editoriais que priorizam o espetaculoso e o rumoroso.
Tem sido assim na cobertura das campanhas eleitorais nas capitais mais importantes, e assim foi no acompanhamento da tragédia anunciada que culminou com a morte da jovem E.C.P.M. O acompanhamento do noticiário online que seguiu o desenrolar dos acontecimentos no conjunto habitacional de Santo André revela que os jornais não tinham, ou desprezaram, um manual de Redação.
Desde a necessidade de cuidado extremo com informações que possam colocar a segurança de pessoas em risco, citada no Manual de Redação da Folha de S.Paulo e nos de outros jornais, até a recomendação de evitar a morbidez e a "curiosidade malsã" do público nas notícias de catástrofe e violência — recomendação do livro Ética para Periodistas, de Maria Teresa Herrán e Javier Darío Restrepo —, praticamente todas as boas medidas foram deixadas de lado na corrida pela visão mais espetaculosa e pela versão mais recente dos fatos.
Até mesmo de uma comentadora de fofocas de celebridades, caso da jornalista Sônia Abrão, que já teve melhores momentos quando trabalhou num dos diários do Grupo Folhas, era de se esperar que tivesse o bom senso de evitar ceder holofotes para o jovem desvairado.
Àquela altura, quando a jornalista — sim, ela é jornalista com vasta experiência na imprensa escrita — colocou no ar, pela RedeTV!, a entrevista do rapaz, ele ainda ouvia ponderações dos negociadores da polícia. A partir dali, e com a seqüência de outras entrevistas, ele claramente se colocou numa atitude superior aos interlocutores, o que prejudicou o diálogo e ajudou a conduzir ao desfecho trágico.
Cenários de guerra
Não foi apenas isso. Como, claramente, o criminoso e suas vítimas tinham acesso às transmissões de rádio e televisão, tudo que foi dito — das especulações de repórteres à profusão de "análises" mais ou menos especializadas de psicólogos, sociólogos e astrólogos ávidos por publicidade — podia ser ouvido no interior do cativeiro. Nem o mais arguto conhecedor da natureza humana poderia assegurar o quanto essa exposição poderia afetar o estado do jovem, que já dava sinais de estar alucinando.
A imprensa interferiu dessa forma nos fatos, o que é absurdo e inaceitável, e também condicionou as decisões do comandante da operação de resgate. Uma das razões alegadas pelo coronel Eduardo José Félix para usar atiradores especializados para — no jargão policial — "neutralizar" o criminoso, foi a percepção de que a imprensa condenaria tal atitude. Assim, por mais controversa que viesse a ser, essa medida deixou de ser considerada, justamente por ser controversa.
Desde que a legislação transferiu para o tribunal do júri os casos de mortes em ocorrências policiais e passou a impor cursos de reciclagem para os agentes civis e militares envolvidos em tiroteios, a polícia paulista evita ações drásticas quando há testemunhas. De qualquer modo, pode-se afirmar que faltou autoridade à maior autoridade presente aos acontecimentos, porque o coronel da Polícia Militar estava condicionado às conseqüências políticas de suas decisões.
A cobertura não foi apenas invasiva, espetacularizada, amadora e irresponsável. A imprensa continua omissa, ao aceitar passivamente a versão oficial e ao deixar de colocar em discussão o tipo de operação que costuma ser mobilizada em ocasiões como essa.
Já está mais do que em tempo de se colocar em debate público as estratégias de segurança adotadas no Brasil, a maioria delas inspirada em cenários de guerra e nos procedimentos desenvolvidos pelas forças de segurança americanas e israelenses. Se a chamada "inteligência" da Polícia Militar deu sinais de desinteligência, a imprensa dita séria se tornou refém da mídia de entretenimento, colocando-se voluntariamente no cárcere privado da irresponsabilidade.
Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa
Tem sido assim na cobertura das campanhas eleitorais nas capitais mais importantes, e assim foi no acompanhamento da tragédia anunciada que culminou com a morte da jovem E.C.P.M. O acompanhamento do noticiário online que seguiu o desenrolar dos acontecimentos no conjunto habitacional de Santo André revela que os jornais não tinham, ou desprezaram, um manual de Redação.
Desde a necessidade de cuidado extremo com informações que possam colocar a segurança de pessoas em risco, citada no Manual de Redação da Folha de S.Paulo e nos de outros jornais, até a recomendação de evitar a morbidez e a "curiosidade malsã" do público nas notícias de catástrofe e violência — recomendação do livro Ética para Periodistas, de Maria Teresa Herrán e Javier Darío Restrepo —, praticamente todas as boas medidas foram deixadas de lado na corrida pela visão mais espetaculosa e pela versão mais recente dos fatos.
Até mesmo de uma comentadora de fofocas de celebridades, caso da jornalista Sônia Abrão, que já teve melhores momentos quando trabalhou num dos diários do Grupo Folhas, era de se esperar que tivesse o bom senso de evitar ceder holofotes para o jovem desvairado.
Àquela altura, quando a jornalista — sim, ela é jornalista com vasta experiência na imprensa escrita — colocou no ar, pela RedeTV!, a entrevista do rapaz, ele ainda ouvia ponderações dos negociadores da polícia. A partir dali, e com a seqüência de outras entrevistas, ele claramente se colocou numa atitude superior aos interlocutores, o que prejudicou o diálogo e ajudou a conduzir ao desfecho trágico.
Cenários de guerra
Não foi apenas isso. Como, claramente, o criminoso e suas vítimas tinham acesso às transmissões de rádio e televisão, tudo que foi dito — das especulações de repórteres à profusão de "análises" mais ou menos especializadas de psicólogos, sociólogos e astrólogos ávidos por publicidade — podia ser ouvido no interior do cativeiro. Nem o mais arguto conhecedor da natureza humana poderia assegurar o quanto essa exposição poderia afetar o estado do jovem, que já dava sinais de estar alucinando.
A imprensa interferiu dessa forma nos fatos, o que é absurdo e inaceitável, e também condicionou as decisões do comandante da operação de resgate. Uma das razões alegadas pelo coronel Eduardo José Félix para usar atiradores especializados para — no jargão policial — "neutralizar" o criminoso, foi a percepção de que a imprensa condenaria tal atitude. Assim, por mais controversa que viesse a ser, essa medida deixou de ser considerada, justamente por ser controversa.
Desde que a legislação transferiu para o tribunal do júri os casos de mortes em ocorrências policiais e passou a impor cursos de reciclagem para os agentes civis e militares envolvidos em tiroteios, a polícia paulista evita ações drásticas quando há testemunhas. De qualquer modo, pode-se afirmar que faltou autoridade à maior autoridade presente aos acontecimentos, porque o coronel da Polícia Militar estava condicionado às conseqüências políticas de suas decisões.
A cobertura não foi apenas invasiva, espetacularizada, amadora e irresponsável. A imprensa continua omissa, ao aceitar passivamente a versão oficial e ao deixar de colocar em discussão o tipo de operação que costuma ser mobilizada em ocasiões como essa.
Já está mais do que em tempo de se colocar em debate público as estratégias de segurança adotadas no Brasil, a maioria delas inspirada em cenários de guerra e nos procedimentos desenvolvidos pelas forças de segurança americanas e israelenses. Se a chamada "inteligência" da Polícia Militar deu sinais de desinteligência, a imprensa dita séria se tornou refém da mídia de entretenimento, colocando-se voluntariamente no cárcere privado da irresponsabilidade.
Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa
Roberta Sá no Tim Festival
O site Uol dá destaque em sua página para uma bela imagem da potiguar-carioca Roberta Sá. É que a cantora acaba de ser escalada para cantar no Tim Festival nesta quinta-feira, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. O Festival é dos principais da música brasileira. Ponto para a moça de voz suave, mais carioca que potiguar.
Data lembra Dostoiévski
Hoje é aniversário de nascimento do escritor russo Fiódor Dostoievski, que revolucionou a literatura universal com clássicos como Crime e Castigo, Os Irmãos Karamazov e Noites Brancas. Dostoievski nasceu há 187 anos, em 21 de outubro e 1821. A vida e a obra do escritor merecem ser conhecidos com maior profundidade.
Caso Eloá: cobertura "criminosa"
Transcrevo aqui palavras do comandante do Bope e co-autor do livro e roteirista do filme Tropa de Elite, o sociólogo Rodrigo Pimentel, em entrevista à Terra Magazine. Para ele, a postura das emissoras TV Globo, Rede Record e RedeTV foi “irresponsável e criminosa” no caso Eloá:
— O que eles fizeram foi de uma irresponsabilidade tão grande que eles poderiam, através dessa conduta, deixar o tomador das reféns mais nervoso, como deixaram, poderiam atrapalhar a negociação, como atrapalharam.
Pimentel faz uma crítica ainda mais incisiva à interferência da apresentadora Sonia Abrão, da RedeTV!, nas negociações. Ela entrevistou Lindemberg ao vivo na última quarta-feira, 15.
— Foi irresponsável, infantil e criminoso o que a Sonia Abrão fez. Essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência.
Leia a seguir a entrevista com Rodrigo Pimentel:
Qual a responsabilidade objetiva dos governantes em incidentes como esse?
O chefe da polícia estadual é o governador do estado. Quem define as políticas de segurança pública e suas prioridades é o governador, através do secretário de segurança pública. É lógico que ele não pode ser responsabilizado de forma isolada pelo que aconteceu. Não é a primeira vez que uma ocorrência com reféns termina em tragédia no país. Nem será a última.
Que normas são essas?
Veja bem: são normas rígidas? Não. São protocolos internacionais que podem ser adaptados de acordo com a necessidade, mas que se baseiam em dados históricos coletados ao longo dos anos. (...) Nós sabemos, por exemplo, que a presença de familiares em 80% dos casos deixa o seqüestrador mais nervoso e arredio, menos propenso à negociação.
O jornalista, por exemplo, é bom ou ruim?
Eu diria que na maioria das vezes é ruim. Porém, em algumas ocasiões, não muito raras, a presença do jornalista ajuda o tomador do refém a se entregar. Ele percebe que o jornalista no local garante a preservação da sua vida. Então tudo exige um conjunto de avaliações momentâneas.
Como o senhor escreveu em artigo na Folha de S.Paulo, a responsabilidade está na medida em que há falta de investimentos, como por exemplo a falta de câmeras...
Nenhuma unidade tática no Brasil dispõe desse equipamento. São equipamentos baratíssimos, custam menos que uma viatura policial. E são muito necessários. Se o Gate tivesse esse equipamento, não teria feito a opção pela invasão. Porque ia perceber que a porta tinha obstáculos. E aqueles 14 segundos que a equipe policial perdeu na porta foi o tempo para acontecer a tragédia, foi o tempo que o Lindemberg precisou para alvejar as meninas.
Foi o erro crucial?
É, exatamente. Mas o erro mais fácil de ser sinalizado foi a reintrodução da menina Nayara. Você não tem precedente disso na história moderna da negociação. Tem um caso em que o refém voltou ao cativeiro em Nova Iorque, no ano de 1972, que até gerou o filme Um Dia de Cão, com o Al Pacino. Mas veja bem: foi há quase 40 anos, não havia uma técnica desenvolvida. E esse fato foi transformador da doutrina da polícia de Nova Iorque. O filme é maravilhoso: retrata marginais mentalmente perturbados e economicamente motivados; eles queriam assaltar um banco. Foi uma ocorrência dramática em que aconteceu algo igual ao que resultou na morte da Eloá. Jornalistas ligavam para os seqüestradores o tempo todo...
Como o senhor avalia a cobertura da mídia?
A Sonia Abrão, da RedeTV!, a Record e a Globo foram irresponsáveis e criminosas. O que eles fizeram foi de uma irresponsabilidade tão grande que eles poderiam, através dessa conduta, deixar o tomador das reféns mais nervoso, como deixaram; poderiam atrapalhar a negociação, como atrapalharam...
O telefone do Lindemberg estava sempre ocupado, e o capitão Adriano Giovaninni (negociador da Polícia Militar) não conseguia falar com ele porque a Sonia Abrão queria entrevistá-lo. Então essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência.
O Ministério Público de São Paulo deveria, inclusive, chamar à responsabilidade, essas emissoras de TV. A Record se orgulha de ter ligado 5 vezes para o Lindemberg. Ele ficou visivelmente nervoso quando a Sonia Abrão ligou, e ela colocou isso no ar. Impressionante! O Lindemberg ficou: "quem são vocês, quem colocou isso no ar, como conseguiram meu telefone?".
Olha que loucura! Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos hoje, jamais. Aconteceu há quase 40 anos, mas jamais aconteceria nos dias de hoje. Foi irresponsável, infantil e criminoso o que a Sonia Abrão fez. Eu lamento não ter falado isso na frente dela. Eu gostaria de ter falado isso para ela e para os telespectadores da Record e da RedeTV!.
O que ela fez foi sem a menor avaliação. Tanto que, num primeiro momento, ele (o repórter Luiz Guerra) tentou enganar o Lindemberg, dizendo-se amigo da família. E depois ele tentou ser negociador, convencer ele a se entregar sem conhecer os argumentos técnicos usados para isso.
O que o capitão Giovaninni falava para o Lindemberg a todo momento é que, até aquele momento, o crime que ele havia praticado era muito pequeno. Esse é o argumento técnico, funciona quase sempre. "Olha meu amigo, até agora você não matou ninguém, até agora só colocou essas pessoas sobre constrangimento, sua pena vai ser muito pequena...". Isso funciona mesmo. E a Sonia Abrão não tem esse argumento, a Record também não.
— O que eles fizeram foi de uma irresponsabilidade tão grande que eles poderiam, através dessa conduta, deixar o tomador das reféns mais nervoso, como deixaram, poderiam atrapalhar a negociação, como atrapalharam.
Pimentel faz uma crítica ainda mais incisiva à interferência da apresentadora Sonia Abrão, da RedeTV!, nas negociações. Ela entrevistou Lindemberg ao vivo na última quarta-feira, 15.
— Foi irresponsável, infantil e criminoso o que a Sonia Abrão fez. Essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência.
Leia a seguir a entrevista com Rodrigo Pimentel:
Qual a responsabilidade objetiva dos governantes em incidentes como esse?
O chefe da polícia estadual é o governador do estado. Quem define as políticas de segurança pública e suas prioridades é o governador, através do secretário de segurança pública. É lógico que ele não pode ser responsabilizado de forma isolada pelo que aconteceu. Não é a primeira vez que uma ocorrência com reféns termina em tragédia no país. Nem será a última.
Que normas são essas?
Veja bem: são normas rígidas? Não. São protocolos internacionais que podem ser adaptados de acordo com a necessidade, mas que se baseiam em dados históricos coletados ao longo dos anos. (...) Nós sabemos, por exemplo, que a presença de familiares em 80% dos casos deixa o seqüestrador mais nervoso e arredio, menos propenso à negociação.
O jornalista, por exemplo, é bom ou ruim?
Eu diria que na maioria das vezes é ruim. Porém, em algumas ocasiões, não muito raras, a presença do jornalista ajuda o tomador do refém a se entregar. Ele percebe que o jornalista no local garante a preservação da sua vida. Então tudo exige um conjunto de avaliações momentâneas.
Como o senhor escreveu em artigo na Folha de S.Paulo, a responsabilidade está na medida em que há falta de investimentos, como por exemplo a falta de câmeras...
Nenhuma unidade tática no Brasil dispõe desse equipamento. São equipamentos baratíssimos, custam menos que uma viatura policial. E são muito necessários. Se o Gate tivesse esse equipamento, não teria feito a opção pela invasão. Porque ia perceber que a porta tinha obstáculos. E aqueles 14 segundos que a equipe policial perdeu na porta foi o tempo para acontecer a tragédia, foi o tempo que o Lindemberg precisou para alvejar as meninas.
Foi o erro crucial?
É, exatamente. Mas o erro mais fácil de ser sinalizado foi a reintrodução da menina Nayara. Você não tem precedente disso na história moderna da negociação. Tem um caso em que o refém voltou ao cativeiro em Nova Iorque, no ano de 1972, que até gerou o filme Um Dia de Cão, com o Al Pacino. Mas veja bem: foi há quase 40 anos, não havia uma técnica desenvolvida. E esse fato foi transformador da doutrina da polícia de Nova Iorque. O filme é maravilhoso: retrata marginais mentalmente perturbados e economicamente motivados; eles queriam assaltar um banco. Foi uma ocorrência dramática em que aconteceu algo igual ao que resultou na morte da Eloá. Jornalistas ligavam para os seqüestradores o tempo todo...
Como o senhor avalia a cobertura da mídia?
A Sonia Abrão, da RedeTV!, a Record e a Globo foram irresponsáveis e criminosas. O que eles fizeram foi de uma irresponsabilidade tão grande que eles poderiam, através dessa conduta, deixar o tomador das reféns mais nervoso, como deixaram; poderiam atrapalhar a negociação, como atrapalharam...
O telefone do Lindemberg estava sempre ocupado, e o capitão Adriano Giovaninni (negociador da Polícia Militar) não conseguia falar com ele porque a Sonia Abrão queria entrevistá-lo. Então essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência.
O Ministério Público de São Paulo deveria, inclusive, chamar à responsabilidade, essas emissoras de TV. A Record se orgulha de ter ligado 5 vezes para o Lindemberg. Ele ficou visivelmente nervoso quando a Sonia Abrão ligou, e ela colocou isso no ar. Impressionante! O Lindemberg ficou: "quem são vocês, quem colocou isso no ar, como conseguiram meu telefone?".
Olha que loucura! Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos hoje, jamais. Aconteceu há quase 40 anos, mas jamais aconteceria nos dias de hoje. Foi irresponsável, infantil e criminoso o que a Sonia Abrão fez. Eu lamento não ter falado isso na frente dela. Eu gostaria de ter falado isso para ela e para os telespectadores da Record e da RedeTV!.
O que ela fez foi sem a menor avaliação. Tanto que, num primeiro momento, ele (o repórter Luiz Guerra) tentou enganar o Lindemberg, dizendo-se amigo da família. E depois ele tentou ser negociador, convencer ele a se entregar sem conhecer os argumentos técnicos usados para isso.
O que o capitão Giovaninni falava para o Lindemberg a todo momento é que, até aquele momento, o crime que ele havia praticado era muito pequeno. Esse é o argumento técnico, funciona quase sempre. "Olha meu amigo, até agora você não matou ninguém, até agora só colocou essas pessoas sobre constrangimento, sua pena vai ser muito pequena...". Isso funciona mesmo. E a Sonia Abrão não tem esse argumento, a Record também não.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Burocracia cultural
Semana passada o leitor deste jornal pôde ver o titular da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto reclamar das ações engessadas da Fundação em razão da burocracia estatal que tem emperrado a implantação de alguns projetos. A reclamação não é de hoje quando o assunto é cultura – setor renegado por esta gestão e em maior grau em outros governos. Já está atrasada a iniciativa de enxugar a legislação da FJA. A começar pela extinção de dois ordenadores de despesa. François Silvestre, quando lá esteve, tentou e foi rechaçado pelo Governo. Ainda assim fez muita coisa. O atual gestor só reclama. A criação de uma secretaria de Cultura de certo eliminaria alguns entraves, como a necessidade, por vezes, do crivo da Secretaria de Educação, e de pouco aumentaria a máquina administrativa já que incorporaria a Fundação. Está na hora de fazer mais e reclamar menos. Já são quase dois anos de gestão e eu ainda pergunto: qual a grande obra de cunho cultural deste governo?
Ética no jornalismo é ter limites
A discussão a respeito da ética jornalística travada há algumas semanas a partir do site Substantivo Plural, do jornalista Tácito Costa conseguiu um dos propósitos: chamar a atenção da opinião pública para analisar o comportamento da mídia impressa, televisiva e eletrônica produzida neste Rio Grande de Poti, sobretudo durante o período eleitoral. Tudo com base na tal ética. A mesma que Nietzsche afirmou só encontrar particularizada em cada indivíduo. Segundo o filósofo alemão, cada pessoa tem sua própria ética, construída a partir de valores não-universais, singulares, únicos. Ou seja: uma ética impraticável em sociedade.
Esse conceito nietzschiano pode ser transportado para a seara jornalística sob um viés explicativo ou até justificativo para alguns erros cometidos do ponto de vista da responsabilidade social da mídia. É evidente que a sociedade global vive uma grande crise moral e ética e esta crise está claramente presente no jornalismo praticado aqui e alhures. A tensão parte da dicotomia entre os interesses privados e o espaço público. As mídias são empresas e visam lucros. Isso é claro e até forçoso numa sociedade capitalista. E o leitor deve receber a informação imbuído dessa lógica, prioritariamente.
No entanto, a informação de qualidade e tomada do princípio ético do jornalismo imparcial pode vir atrelada à necessidade comercial da empresa dona do produto-jornal. Isso porque no jornalismo a ética particularizada tem limite. O posicionamento ideológico de uma mídia não pode jogar pelo ralo o interesse público – causa maior do fazer jornalístico. Desta maneira, o veículo de comunicação não pode tomar partido de qualquer espécie, desde que expresso perante a opinião pública, como em editoriais, o seu posicionamento. Do contrário, a empresa está vendendo um produto adulterado, sob o slogan do jornalismo imparcial e independente. E antes o leitor ou telespectador pudesse reclamar no Procon.
Desde o início da imprensa os jornais faccionistas existem. Não há nada de errado nisso. Você, leitor, já deve ter recebido tablóides de igrejas universais, católicas; jornais de cunho marxista; outros em defesa da iniciativa privada, etc. E como medir a qualidade da informação vendida? Observe se os diferentes pontos de vista acerca do assunto foram ouvidos e receberam o mesmo espaço de informação. Se o jornal tem cunho cristão ele precisa ouvir também os argumentos dos agnósticos. Se o jornal defende a construção de espigões no Morro do Careca, precisa ouvir também o lado dos ambientalistas, ativistas, prefeitura, etc, de forma igualitária. Se o jornal quer dar o contraponto para fazer valer sua opinião, o faça em editoriais ou colunas. Nunca nas matérias.
Aliás, os editoriais podem e devem valer não só para expressar o posicionamento ideológico-partidário ou servi para esclarecimentos do jornal. Eles são um meio eficaz de exercício da responsabilidade social e de cidadania. Não é de hoje o Diário de Natal tem vestido a camisa do interesse público para defender causas sociais e econômicas em benefício do Rio Grande do Norte. Foi assim com a cobrança e a conseqüente promoção de um fórum para discutir as obras do aeroporto de São Gonçalo do Amarante; foi assim a respeito da Operação Impacto; e até de pedido de paz entre as torcidas organizadas de futebol. Não bastasse, o jornal é o único a publicar editoriais diários, os quais imprime sua impressão acerca de algum acontecimento da cidade, geralmente cobrando melhorias – exercícios claros de cidadania e compromisso com o social.
Infelizmente o que se vê na imprensa potiguar é o cinismo subterrâneo, tentacular. Ao passo em que esbravejam por uma imprensa livre, os barões da imprensa cuidadosamente escanteiam fontes indesejadas de informação. A informação passa a ter dono. Jornalismo verdadeiramente ético encarna como real e permanente preocupação a satisfação do interesse público. Mas não esqueçamos o que disse anteriormente: o capitalismo rege as leis de mercado e não há como fugir do interesse comercial, mesmo quando há a responsabilidade social. Segundo estudiosos, o a imprensa tem tomado o rumo do chamado “jornalismo de mercado”. Eu prefiro denominar jornalismo do “vazio ético”. Mas tudo tem limite.
Esse conceito nietzschiano pode ser transportado para a seara jornalística sob um viés explicativo ou até justificativo para alguns erros cometidos do ponto de vista da responsabilidade social da mídia. É evidente que a sociedade global vive uma grande crise moral e ética e esta crise está claramente presente no jornalismo praticado aqui e alhures. A tensão parte da dicotomia entre os interesses privados e o espaço público. As mídias são empresas e visam lucros. Isso é claro e até forçoso numa sociedade capitalista. E o leitor deve receber a informação imbuído dessa lógica, prioritariamente.
No entanto, a informação de qualidade e tomada do princípio ético do jornalismo imparcial pode vir atrelada à necessidade comercial da empresa dona do produto-jornal. Isso porque no jornalismo a ética particularizada tem limite. O posicionamento ideológico de uma mídia não pode jogar pelo ralo o interesse público – causa maior do fazer jornalístico. Desta maneira, o veículo de comunicação não pode tomar partido de qualquer espécie, desde que expresso perante a opinião pública, como em editoriais, o seu posicionamento. Do contrário, a empresa está vendendo um produto adulterado, sob o slogan do jornalismo imparcial e independente. E antes o leitor ou telespectador pudesse reclamar no Procon.
Desde o início da imprensa os jornais faccionistas existem. Não há nada de errado nisso. Você, leitor, já deve ter recebido tablóides de igrejas universais, católicas; jornais de cunho marxista; outros em defesa da iniciativa privada, etc. E como medir a qualidade da informação vendida? Observe se os diferentes pontos de vista acerca do assunto foram ouvidos e receberam o mesmo espaço de informação. Se o jornal tem cunho cristão ele precisa ouvir também os argumentos dos agnósticos. Se o jornal defende a construção de espigões no Morro do Careca, precisa ouvir também o lado dos ambientalistas, ativistas, prefeitura, etc, de forma igualitária. Se o jornal quer dar o contraponto para fazer valer sua opinião, o faça em editoriais ou colunas. Nunca nas matérias.
Aliás, os editoriais podem e devem valer não só para expressar o posicionamento ideológico-partidário ou servi para esclarecimentos do jornal. Eles são um meio eficaz de exercício da responsabilidade social e de cidadania. Não é de hoje o Diário de Natal tem vestido a camisa do interesse público para defender causas sociais e econômicas em benefício do Rio Grande do Norte. Foi assim com a cobrança e a conseqüente promoção de um fórum para discutir as obras do aeroporto de São Gonçalo do Amarante; foi assim a respeito da Operação Impacto; e até de pedido de paz entre as torcidas organizadas de futebol. Não bastasse, o jornal é o único a publicar editoriais diários, os quais imprime sua impressão acerca de algum acontecimento da cidade, geralmente cobrando melhorias – exercícios claros de cidadania e compromisso com o social.
Infelizmente o que se vê na imprensa potiguar é o cinismo subterrâneo, tentacular. Ao passo em que esbravejam por uma imprensa livre, os barões da imprensa cuidadosamente escanteiam fontes indesejadas de informação. A informação passa a ter dono. Jornalismo verdadeiramente ético encarna como real e permanente preocupação a satisfação do interesse público. Mas não esqueçamos o que disse anteriormente: o capitalismo rege as leis de mercado e não há como fugir do interesse comercial, mesmo quando há a responsabilidade social. Segundo estudiosos, o a imprensa tem tomado o rumo do chamado “jornalismo de mercado”. Eu prefiro denominar jornalismo do “vazio ético”. Mas tudo tem limite.
Deserto tropical
Um dos sites de notícias mais visitados do Brasil, o Uol, estampa matéria sobre nossa Jenipabu, sob o título “Deserto Tropical com direito a dromedários”. O texto, de Raquel Santos, é todo ele elogioso e esquece algumas efmérides do lugar. Melhor pra gente. E só um detalhe: Jenipabu é iniciada com J:
“A paisagem desértica formada por imensas dunas - consideradas as mais altas do Brasil - em contraste com lagoas de águas doces adornadas por coqueirais fazem de Genipabu, a 30 quilômetros de Natal (RN), um dos cartões-postais mais conhecidos do Estado. Construções rústicas, a exemplo das casas de pau-a-pique e sapê, tornam o lugar ainda mais charmoso, com um jeito exótico de ser. No entanto, mais inusitado do que este cenário de rara beleza é, sem dúvida, uma de suas atrações turísticas: o passeio de dromedário. Os animais, que se diferem dos camelos por sua única corcova, estão longe de proporcionar a emoção do sobe-e-desce em alta velocidade dos buggies pelo parque das Dunas - mais ao sul da região -, mas não deixam de encantar os visitantes. Por cerca de 20 minutos, eles caminham por entre as dunas móveis nordestinas onde, de um lado, pode-se avistar a praia de mar límpido e azul e, de outro, o rio Potengi, como também outros vilarejos de Extremoz, município ao qual pertence Genipabu.
A idéia de trazer os dromedários - da Espanha para o litoral potiguar - foi do suiço Philippe Landry, que construiu uma das primeiras pousadas do lugar. Inspirado em suas viagens pelo Marrocos, percebeu que ali faltava justamente esse tipo de animal para compor um visual de deserto tropical. Além dos buggies e dromedários, as areias deste litoral proporcionam a prática do esquibunda, esporte no qual o aventureiro desliza sentado em uma prancha de madeira até mergulhar na água fresca da lagoa. Quem ainda quiser curtir o visual das praias do norte de Genipabu, poderá fazer um passeio de ultra-leve. A região conta com uma infra-estrutura para atender os turistas com pousadas, hotéis, restaurantes e bares à beira-mar que oferecem lagostas, camarão, peixe frito e bebidas típicas. O acesso a Genipabu é feito pela Ponte de Igapó, que fica na Zona Norte do Estado ou pela Estrada da Redinha”.
“A paisagem desértica formada por imensas dunas - consideradas as mais altas do Brasil - em contraste com lagoas de águas doces adornadas por coqueirais fazem de Genipabu, a 30 quilômetros de Natal (RN), um dos cartões-postais mais conhecidos do Estado. Construções rústicas, a exemplo das casas de pau-a-pique e sapê, tornam o lugar ainda mais charmoso, com um jeito exótico de ser. No entanto, mais inusitado do que este cenário de rara beleza é, sem dúvida, uma de suas atrações turísticas: o passeio de dromedário. Os animais, que se diferem dos camelos por sua única corcova, estão longe de proporcionar a emoção do sobe-e-desce em alta velocidade dos buggies pelo parque das Dunas - mais ao sul da região -, mas não deixam de encantar os visitantes. Por cerca de 20 minutos, eles caminham por entre as dunas móveis nordestinas onde, de um lado, pode-se avistar a praia de mar límpido e azul e, de outro, o rio Potengi, como também outros vilarejos de Extremoz, município ao qual pertence Genipabu.
A idéia de trazer os dromedários - da Espanha para o litoral potiguar - foi do suiço Philippe Landry, que construiu uma das primeiras pousadas do lugar. Inspirado em suas viagens pelo Marrocos, percebeu que ali faltava justamente esse tipo de animal para compor um visual de deserto tropical. Além dos buggies e dromedários, as areias deste litoral proporcionam a prática do esquibunda, esporte no qual o aventureiro desliza sentado em uma prancha de madeira até mergulhar na água fresca da lagoa. Quem ainda quiser curtir o visual das praias do norte de Genipabu, poderá fazer um passeio de ultra-leve. A região conta com uma infra-estrutura para atender os turistas com pousadas, hotéis, restaurantes e bares à beira-mar que oferecem lagostas, camarão, peixe frito e bebidas típicas. O acesso a Genipabu é feito pela Ponte de Igapó, que fica na Zona Norte do Estado ou pela Estrada da Redinha”.
sábado, 18 de outubro de 2008
Do Beco
Retirei do blog Grande Ponto, do jornalista e fotógrafo Alexandro Gurgel a pérola filosófica do intelectual mais representativo daqueles becos límpidos de lama do Centro Histórico, Helmut, ao observar as obras de arte do Sebo Balalaika: “Criatividade é ótimo, mas o plágio é mais rápido”. Convido meus seis leitores a visitarem o Grande Ponto. Alexandro também comenta as eleições para ocupar a presidência da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama (Samba).
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Convidados do Grandes Temas
Os convidados para o próximo programa Grandes Temas da TV-U foram definidos. Os cinco ou seis leitores deste blog vão me perdoar pela falta de lembrança, mas posso dizer que o professor e cientista político João Emanuel Evangelista será o representante da UFRN no debate. Outro convidado é o jornalista Iano Flávio Maia. Dele sei apenas que foi assessor da Emater. O outro convidado faz parte da equipe de marketing da InterTVCabugi. O nome é complicadíssimo e assim que vocês ouvirem na TV vão me perdoar pelo esquecimento (rs). Como representante do Diário de Natal, mais uma vez será este jornalista sem traquejo algum com a TV, mas tentará, mais uma vez, dar sua contribuição no debate.
Como havia dito aqui ontem, o tema será Mídia e Responsabilidade Social. Peço aos estudantes de comunicação e repórteres que enviem perguntas, considerações ou reclamações acerca da situação salarial da categoria. Vou repetir o que disse no primeiro programa: temos o pior piso salarial do Brasil. A data base para discussão deste ano já passou e nem os poucos percentuais de reajuste que tínhamos todo ano recebemos agora. Este debate tem ampliado a discussão da ética jornalística para além dos muros. O deputado Fernando Mineiro já levou o assunto pra Assembléia. É a grande oportunidade de termos nosso clamor ouvido e, de repente, alguma providência tomada. Afinal, o péssimo salário acarreta diretamente em várias práticas antiéticas. O tema merece amplo debate.
Como havia dito aqui ontem, o tema será Mídia e Responsabilidade Social. Peço aos estudantes de comunicação e repórteres que enviem perguntas, considerações ou reclamações acerca da situação salarial da categoria. Vou repetir o que disse no primeiro programa: temos o pior piso salarial do Brasil. A data base para discussão deste ano já passou e nem os poucos percentuais de reajuste que tínhamos todo ano recebemos agora. Este debate tem ampliado a discussão da ética jornalística para além dos muros. O deputado Fernando Mineiro já levou o assunto pra Assembléia. É a grande oportunidade de termos nosso clamor ouvido e, de repente, alguma providência tomada. Afinal, o péssimo salário acarreta diretamente em várias práticas antiéticas. O tema merece amplo debate.
Tédio
Hoje é uma tarde de terça-feira. Tenho vontade de morrer. Fiz tudo o que o amor pedia e nada recebi em troca. Culpa minha? Dostoievski explica para vocês. Estou farto da filosofia. E não é tristeza ou decepção com a vida. É tédio. Antes fosse decorrente do ócio. Mas é do exagero: trabalho demais; pressa demais; carro demais... A tarde não é chuvosa e há muito não ouço The Veils. Nem carrego a melancolia de Cronenberg ou Truffaut. É tédio de tantos risos falsos e angústias realistas. Do medo em deixar o filho com o vizinho. Ou de enfrentar um cotidiano guiado pela mentira universal. Quero morrer e pronto. Encher a cara e morrer. Já larguei meu casaco de General cheio de anéis. Eu e o Jards. A esperança é a única que morre e leva consigo a crença, o estímulo à descoberta dos buracos negros da existência. Resta-me a vil credulidade numa vida mais amena e verdadeira. Descarto o argumento da covardia, da fraqueza. Não me escondo por trás da moral ou da religião. Presto contas à minha consciência. E quero apenas acelerar o óbvio. Sem desespero ou cartas. Ora, estou são. “Aquele que galga as mais altas montanhas ri de todas as tragédias lúdicas e de todas as tragédias sérias”. Isso é glorificar a vida. Assim falou Zaratustra. Assim falou Nietzsche aos meus ouvidos. E então vislumbrei o super homem, para além do bem e do mal. Procurei, então, minha crença nos bons; a ética do mundo; e achei minha vergonha. Achei no fundo da alma apenas resquício de inocências mentirosas. Basta. Nada mais vive, que eu ame. Como haveria de amar a mim próprio se o ar mundano me ultrapassa os póros? Perdi meu lar há tempos. Morro a cada segundo. Não há mais vitórias senão do jogo sujo e falso da disputa hipócrita. Somos derrotados em cada esquina. As ruas são prisões. Vivemos no cárcere da obrigação com Deus. Mas minha liberdade segue o instinto. Por isso devo morrer nos próximos minutos. Sinto crescer a busca pela nova verdade. Nela talvez eu enterre Hegel e encontre a possibilidade do ser ilimitado; a ética final. Para isso é preciso ação. Na história não há destino. Apenas covardes nutrem esperanças e acreditam na verdade do homem amparado pelo eixo da moralidade. Assumo perante o espelho: fui um idiota. O super homem nunca existiu. Como pude acreditar? A verdade é uma mentira. Agora vejo em mim a melancolia derramada em realidade. E se nada é verdadeiro, tudo é permitido. Nada é pecado. Vou a busca de Deus. Vou morrer. E é agora!
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Côco em Pipa
Khrystal empresta sua voz amanhã no Festival Gastronômico de Pipa. Muita gente pode achar estranho o som do côco apresentado na praia – comumente mais adepta aos reggaes e axés. Mas o côco é nosso gênero musical mais genuíno e logo ali pertinho, na comunidade quilombola de Sibaúma há registros de negros tocadores de coco-de-zambê. Há controvérsia sobre a origem do côco, se é africana, nacional ou uma misturada das influências negra e indígena. Enfim, o que vem mesmo ao caso é que nossa coquista se apresenta a partir das 20h30 acompanhada de Ricardo Baia na viola de 12 cordas, José Fontes no Contra-Baixo e Kleber Moreira nas Percussões. Khrystal cantará os cocos do álbum Coisa de Preto e apresentará canções do seu novo disco De Contente, em fase de pré-produção. Boa pedida em noite de lua bonita.
Grandes Temas
A quem interessar, o foco do próximo programa Grandes Temas, da TV-U não será exatamente uma segunda edição do programa passado, a respeito de Ética Jornalística, como foi noticiado durante a exibição na última segunda-feira. O tema será Mídia e Responsabilidade Social. Até onde sei, nenhum convidado foi definido ainda.
Zurlini no TCP e a 2 reais
O Cineclube Natal exibe o filme A Primeira Noite de Tranquilidade, do diretor italiano Valerio Zurlini este domingo no Teatro de Cultura Popular. A sessão do projeto Cine Vanguarda começará às usuais 17h e a entrada custa R$ 2. Conhecido como O Poeta da Melancolia, Zurlini teve uma carreira cinematográfica escassa, constituída por apenas oito filmes, mas o suficiente para mostrar extrema qualidade. A Primeira Noite de Tranqüilidade, é considerada sua obra-prima e que tornou-se um marco na prolífica carreira de Alain Delon. O filme se passa na cidade italiana de Rimini, no início dos anos 70. Daniele Dominici (Alain Delon) é um angustiado professor de literatura que se envolve afetivamente com uma de suas alunas, numa tentativa de preencher o vazio existencial de sua vida.
Zurlini apresenta neste filme ecos de um movimento influente naquela época: o existencialismo. Filósofos como Albert Camus e Sartre escreveram sobre homens que vivem sem rumo, nômades ateus que escondem seu passado e ignoram seu futuro. E essas características definem o protagonista Dominici, um intelectual introvertido, cuja psique casa perfeitamente com o ideal do existencialismo – o passado de Dominici é apresentado em doses homeopáticas: ele é um estranho até mesmo em sua cidade natal, não possui vínculos religiosos ou falimilares e é apolítico: "Para mim, fascistas e socialistas são iguais. Só que os fascistas são mais cretinos", diz ele durante uma aula.
Entretanto, cabe a ressalva que Zurlini não faz de seus filmes melodramas, como outros diretores italianos do mesmo período. Ele é um mestre do rigor formal, das longas e graciosas tomadas de composição quase matemática. Seus enquadramentos são complexos e precisos, mas operados com tamanha graça que parecem espontâneos. Ele é um cineasta minimalista, de emoções contidas. A Primeira Noite de Tranqüilidade é um filme belo e sereno, que resgata as principais características da obra anterior do diretor (o amor impossível, a melancolia, a crítica sutil ao vazio da burguesia italiana já haviam aperecido no belo A Moça com a Valise), mas aplica a elas usa abordagem menos direta, mais poética e evocativa, mais oblíqua e controlada.
Zurlini apresenta neste filme ecos de um movimento influente naquela época: o existencialismo. Filósofos como Albert Camus e Sartre escreveram sobre homens que vivem sem rumo, nômades ateus que escondem seu passado e ignoram seu futuro. E essas características definem o protagonista Dominici, um intelectual introvertido, cuja psique casa perfeitamente com o ideal do existencialismo – o passado de Dominici é apresentado em doses homeopáticas: ele é um estranho até mesmo em sua cidade natal, não possui vínculos religiosos ou falimilares e é apolítico: "Para mim, fascistas e socialistas são iguais. Só que os fascistas são mais cretinos", diz ele durante uma aula.
Entretanto, cabe a ressalva que Zurlini não faz de seus filmes melodramas, como outros diretores italianos do mesmo período. Ele é um mestre do rigor formal, das longas e graciosas tomadas de composição quase matemática. Seus enquadramentos são complexos e precisos, mas operados com tamanha graça que parecem espontâneos. Ele é um cineasta minimalista, de emoções contidas. A Primeira Noite de Tranqüilidade é um filme belo e sereno, que resgata as principais características da obra anterior do diretor (o amor impossível, a melancolia, a crítica sutil ao vazio da burguesia italiana já haviam aperecido no belo A Moça com a Valise), mas aplica a elas usa abordagem menos direta, mais poética e evocativa, mais oblíqua e controlada.
Curso gratuito de teatro
O Espaço Cultural Jesiel Figueiredo, localizado na Zona Norte, cede lugar para uma grande profissional do teatro e da TV ministrar aulas. No Espaço, mantido pela Capitania das Artes (Funcarte), a atriz e professora de teatro Ana Luiza Folly ensinará até amanhã como seus alunos devem se preparar para o teatro e para a TV. Tudo gratuito. Ana Luiza Folly já participou de várias novelas globais e peças de teatro dirigidas por figuras como Miguel Falabella e Ana Clara Machado. A oficina, feita também em parceria com o Sebrae/RN, acontece pela manhã na Zona Norte e à noite na Fundação José Augusto. De 20 a 24 de outubro, Ana Luiza Folly levará o curso a Mossoró.
4 de Paus
Penetrar no universo masculino, retirar de seu âmago todas as belezas, incertezas e defeitos e oferecê-los como um presente à platéia. O espetáculo 4 De Paus, dirigido e coreografado por Anízia Marques, pretende fazer essa viagem caótica e introspectiva. O balé é encenado por quatro bailarinos – disso deriva o título – integrantes do Balé da Cidade do Natal, vinculado à Capitania das Artes (Funcarte). O espetáculo será encenado amanhã e sábado no Teatro Alberto Maranhão (TAM), com a graça e ousadia de Anízia Marques. Por se tratar de um balé que contém cenas fortes, característica inerente às produções da coreógrafa, a classificação indicativa é 18 anos. Os espectadores poderão ver ainda o duo "Só Eu Sei o Que Isto Significa", também coreografado por Anízia – um mergulho na obra da escritora Virgínia Woolf. As senhas custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (estudante).
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Mídia Livre
Para fomentar o debate construtivo acerca da Ética Jornalística, deixo aqui alguns compromissos estabelecidos após debates e discussões entre os cerca de 400 participantes do 1° Fórum de Mídia Livre, realizado na UFRJ em julho e só agora divulgados. Vale informar que o Fórum pretende visitar todos os estados brasileiros no segundo semestre de 2009 para discutir o assunto e tentar implementar medidas que visem o fortalecimento democrático da nossa mídia. Transcrevo a seguir o último parágrafo do manifesto da Mídia Livre e logo em seguida as sugestões de medidas a serem adotadas:
“Por fim, um Estado democrático precisa defender a verdadeira liberdade de expressão e de acesso à informação, em toda sua dimensão política e pública. Um avanço que acontece, essencialmente, quando cidadãs e cidadãos, bem como os diversos grupos sociais, têm condições de expressar suas opiniões, reflexões e provocações de forma livre, e de alcançar, de modo equânime, toda a variedade de pontos de vista que compõe o universo ideológico de uma sociedade”
Ficam estabelecidos os seguintes compromissos:
1. Promover uma campanha e mobilização social pela democratização das verbas publicitárias públicas, com a realização, entre outras, das seguintes ações:
- Desenvolvimento, pelo Fórum de Mídia Livre e organizações parceiras, de critérios democráticos e transparentes de distribuição das verbas públicas que visem à democratização da comunicação e que se efetivem como legislação e políticas públicas
- Proposta de revisão dos critérios e “parâmetros técnicos de mídia” (tais como custo por mil etc.) utilizados pela administração pública, de forma a combater os fundamentos exclusivamente mercadológicos e viabilizar o acesso a veículos de menor circulação ou sem verificação
2. Contribuir na promoção de outras políticas públicas de incentivo à pluralidade e à diversidade por meio do fomento à produção e à distribuição;
3. Cobrar do Executivo federal que convoque e dê suporte à realização de uma Conferência Nacional de Comunicações nos moldes das conferências de outros setores já realizadas no país.
4. Lutar pelo estabelecimento de políticas democráticas de comunicação, na perspectiva de um novo marco regulatório para o setor que inclua um novo processo de outorga das concessões, a democratização e universalização da banda larga e a adoção do padrão nacional nos sistemas brasileiros de TV e rádio digital, além do fortalecimento das rádios comunitárias.
5. Criar uma ferramenta colaborativa que reúna diversas iniciativas de mídia livre e contemple a diversidade de atuação dos veículos e dos midialivristas, em formato a ser aprimorado nos próximos meses pelo grupo de trabalho permanente e aprovado no próximo Fórum de Mídia Livre;
6. Mapear as diversas iniciativas da mídia livre visando o conhecimento sobre a realidade do setor e o reconhecimento dos diversos fazedores de mídia;
7. Propor a implementação de pontos de mídia, como política pública, integrados e articulados aos pontos de cultura, veículos comunitários, escolas e ao desenvolvimento local, viabilizando, por meio de infra-estrutura tecnológica e pública, a produção, distribuição e difusão de mídia livre;
8. Buscar espaços para exibição de conteúdo produzido por movimentos sociais na TV pública;
9. Incentivar a consolidação de redes de produtores de mídia alternativa, a começar da comunicação interna (listas de discussões) e externa (portal na web) dos próprios integrantes do Fórum de Mídia Livre, que deve funcionar como rede flexível, difusa e permanente;
10. Estimular a criação e fortalecimento de modelos de gestão colaborativa das iniciativas e mídias, com organização não-monetária do trabalho, por meio de sistemas de trocas de serviço.
Em função destes compromissos, nos propomos a:
— realizar encontros de mídia livre em todos os estados brasileiros no segundo semestre de 2009;
— realizar um Fórum de Mídia Livre de alcance Latino-Americano ou mundial em Belém, às vésperas do Fórum Social Mundial, em janeiro de 2009;
— realizar no 2º semestre de 2009 o II FML Brasil, com indicativo de Vitória (ES) como sede;
— somar-se às entidades de luta pela democratização na luta por uma conferência ampla, democrática e descentralizada, passando a integrar a Comissão Pró-Conferência Nacional de Comunicação;
— envolver os movimentos sociais nas ações pelo fortalecimento da mídia livre;
— agendar em âmbito federal, estadual e municipal reuniões com o Poder Executivo, Legislativo e Judiciário para apresentar as reivindicações tiradas no Fórum;
— criar o selo Mídia Livre para estar em todos os veículos, blogues etc. que se identificam e reconhecem como mídia livre;
— realizar ato público de rua em Brasília, com pauta e mobilização conjunta com outros movimentos da comunicação e outros movimentos sociais, articulado com a entrega do manifesto aos três poderes, como parte de semana de mobilização que contará também com ações de guerrilha midiática e viral.
“Por fim, um Estado democrático precisa defender a verdadeira liberdade de expressão e de acesso à informação, em toda sua dimensão política e pública. Um avanço que acontece, essencialmente, quando cidadãs e cidadãos, bem como os diversos grupos sociais, têm condições de expressar suas opiniões, reflexões e provocações de forma livre, e de alcançar, de modo equânime, toda a variedade de pontos de vista que compõe o universo ideológico de uma sociedade”
Ficam estabelecidos os seguintes compromissos:
1. Promover uma campanha e mobilização social pela democratização das verbas publicitárias públicas, com a realização, entre outras, das seguintes ações:
- Desenvolvimento, pelo Fórum de Mídia Livre e organizações parceiras, de critérios democráticos e transparentes de distribuição das verbas públicas que visem à democratização da comunicação e que se efetivem como legislação e políticas públicas
- Proposta de revisão dos critérios e “parâmetros técnicos de mídia” (tais como custo por mil etc.) utilizados pela administração pública, de forma a combater os fundamentos exclusivamente mercadológicos e viabilizar o acesso a veículos de menor circulação ou sem verificação
2. Contribuir na promoção de outras políticas públicas de incentivo à pluralidade e à diversidade por meio do fomento à produção e à distribuição;
3. Cobrar do Executivo federal que convoque e dê suporte à realização de uma Conferência Nacional de Comunicações nos moldes das conferências de outros setores já realizadas no país.
4. Lutar pelo estabelecimento de políticas democráticas de comunicação, na perspectiva de um novo marco regulatório para o setor que inclua um novo processo de outorga das concessões, a democratização e universalização da banda larga e a adoção do padrão nacional nos sistemas brasileiros de TV e rádio digital, além do fortalecimento das rádios comunitárias.
5. Criar uma ferramenta colaborativa que reúna diversas iniciativas de mídia livre e contemple a diversidade de atuação dos veículos e dos midialivristas, em formato a ser aprimorado nos próximos meses pelo grupo de trabalho permanente e aprovado no próximo Fórum de Mídia Livre;
6. Mapear as diversas iniciativas da mídia livre visando o conhecimento sobre a realidade do setor e o reconhecimento dos diversos fazedores de mídia;
7. Propor a implementação de pontos de mídia, como política pública, integrados e articulados aos pontos de cultura, veículos comunitários, escolas e ao desenvolvimento local, viabilizando, por meio de infra-estrutura tecnológica e pública, a produção, distribuição e difusão de mídia livre;
8. Buscar espaços para exibição de conteúdo produzido por movimentos sociais na TV pública;
9. Incentivar a consolidação de redes de produtores de mídia alternativa, a começar da comunicação interna (listas de discussões) e externa (portal na web) dos próprios integrantes do Fórum de Mídia Livre, que deve funcionar como rede flexível, difusa e permanente;
10. Estimular a criação e fortalecimento de modelos de gestão colaborativa das iniciativas e mídias, com organização não-monetária do trabalho, por meio de sistemas de trocas de serviço.
Em função destes compromissos, nos propomos a:
— realizar encontros de mídia livre em todos os estados brasileiros no segundo semestre de 2009;
— realizar um Fórum de Mídia Livre de alcance Latino-Americano ou mundial em Belém, às vésperas do Fórum Social Mundial, em janeiro de 2009;
— realizar no 2º semestre de 2009 o II FML Brasil, com indicativo de Vitória (ES) como sede;
— somar-se às entidades de luta pela democratização na luta por uma conferência ampla, democrática e descentralizada, passando a integrar a Comissão Pró-Conferência Nacional de Comunicação;
— envolver os movimentos sociais nas ações pelo fortalecimento da mídia livre;
— agendar em âmbito federal, estadual e municipal reuniões com o Poder Executivo, Legislativo e Judiciário para apresentar as reivindicações tiradas no Fórum;
— criar o selo Mídia Livre para estar em todos os veículos, blogues etc. que se identificam e reconhecem como mídia livre;
— realizar ato público de rua em Brasília, com pauta e mobilização conjunta com outros movimentos da comunicação e outros movimentos sociais, articulado com a entrega do manifesto aos três poderes, como parte de semana de mobilização que contará também com ações de guerrilha midiática e viral.
Maquiavel para o momento
Muita gente já leu ou ouviu falar do clássico livro O Príncipe, de Maquiavel. Por achar o momento oportuno, transcrevo trechos do capítulo 18, a respeito de como os príncipes devem honrar sua palavra. Há uma passagem que diz ser louvável respeitar a palavra dada sem astúcias nem embustes. Contudo, é perfeitamente aceitável que não se dê muita importância à fé dada e que pela manha se pode cativar o espírito dos homens e, no fim ultrapassar aqueles que se baseiam na lealdade.
Maquiavel ensina também que o príncipe deve saber utilizar bem a natureza animal e convém que escolha a raposa e o leão como exemplos. Como o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender dos lobos, é necessário ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para meter medo aos lobos. Por conseguinte, o senhor sensato não pode respeitar a palavra dada se essa observância o prejudique e se as causas que o levaram a fazer promessas deixaram de existir, principalmente, quando sabemos que “os homens são tão simples e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixe enganar”.
Qualquer semelhança com as discussões do momento e as acusações a mim deferidas não é mera coincidência!
Maquiavel ensina também que o príncipe deve saber utilizar bem a natureza animal e convém que escolha a raposa e o leão como exemplos. Como o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender dos lobos, é necessário ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para meter medo aos lobos. Por conseguinte, o senhor sensato não pode respeitar a palavra dada se essa observância o prejudique e se as causas que o levaram a fazer promessas deixaram de existir, principalmente, quando sabemos que “os homens são tão simples e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixe enganar”.
Qualquer semelhança com as discussões do momento e as acusações a mim deferidas não é mera coincidência!
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Ética jornalística: temas para discussão
Como ressaltou a professora Graça Pinto no blog de Tácito Costa, algumas questões que permeiam as linhas tênues da ética jornalística foram desprezadas pela falta de tempo do programa Grandes Temas. E como a TV-U vai promover uma segunda discussão, vou sugerir algumas questões a serem levantadas lá ou aqui.
EDITORIAL: Tácito levantou uma questão interessante: o posicionamento explícito do jornal. O professor Marcos Aurélio foi claro em seu posicionamento pró-Micarla durante o programa. Mas não o foi no jornal. Seria o caso de ele publicar editorial numa capa de jornal? Minha opinião é a de que sim. Embora ache uma admissão de culpa para um jornal que se diz independente em seu slogam. Mas seria uma atitude mais honesta com o leitor que compra o jornal a espera da imparcialidade. Há jornais cristãos; de esquerda; de direita; de grupos políticos; ou controlados por empresas privadas. Não acho errado um jornal faccionista desde que explicite sua posição e não venda outra imagem.
SALÁRIO: Corroboro com a opinião da professora Graça Pinto e insisto na questão. Discordo do professor João da Mata: a ética não independe do salário. Cito nomes para exemplicitar minha opinião. O editor de Cultura do DN, Moisés de Lima, trabalha há 15 anos no jornal. Tem como atividade extra uma banda de rock e a edição de uma revista patrocinada pela Capitania das Artes, pela qual foi criticado aqui como jornalista sem ética. São 15 anos de profissão para receber cerca de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil. Com essa quantia paga pensão, aluguel e mantém um carro esculhambado. Pergunto: qual a escolha do cara? Manter a ética de um trabalho exclusivo numa redação do qual lhe paga menos de R$ 1,5 mil e deixar sua filha sem leite ninho ou aceitar o convite para editar a revista? O mesmo ocorre com repórteres, em maior ou menos grau.
COLUNISTAS: Apesar de editor do caderno de Cultura, Moisés não usa o espaço para promover sua banda. Escrevo para a coluna de cultura do jornal às terças-feiras e nunca me foi pedido espaço para promover nada dele. O contrário ocorre muito. Não faz um mês me ligou um amigo afirmando: “Serginho não sabia que pagava pra colocar nota em coluna de jornal”. Meu amigo ligou para um colunista de um jornal local e o cara o induziu a dizer quanto podia pagar. É fácil identificar tais pessoas: basta certificar-se de quais assessorias o jornalista toma conta e conferir diariamente que elas são contempladas em suas colunas. Por outro lado, volto à questão salarial. As colunas são um meio (escuso, claro) de eles manterem as assessorias e os salários extra-jornal para pagarem suas contas. Tácito e Marco Aurélio argumentaram: “Basta não comprar o jornal ou não ler”. Claro, o leitor tem essa opção. Mas convenhamos: se pagamos ou assinamos um jornal queremos qualidade por completo. Eliminar colunas ou matérias tendenciosas é subtração de informação.
CENSURA (?): Levantei a questão no programa, mas fui pouco claro diante do meu nervosismo. Mas minha idéia é a da possibilidade de uma espécie de onbudsman judiciário no período eleitoral para fiscalizar matérias de blogs e jornais. O objetivo seria o de evitar o que comentei acima: a venda falsa de independência e imparcialidade dos veículos de mídia. Um jornalista gabaritado e com formação jurídica analisaria o conteúdo das matérias e, dependendo, forçaria o autor ou a empresa a se posicionar publicamente. A idéia foi radicalmente rechaçada por Cassiano Arruda. Em discussão sobre o programa na redação, ele disse que concordou com tudo o que eu disse, menos com essa colocação. É a opinião dele e acredito que da maioria. É uma espécie de censura, sim. Mas levemos em conta a injustiça, a desonestidade dos veículos de mídia de travestirem ou distorcerem a informação. Como disse: a liberdade de um (da empresa) termina quando atrapalha a do outro (o leitor).
INFLUÊNCIA: Marco Aurélio foi duramente criticado por discordar da imprensa como quarto poder – teorizada por nomes famosos como Thompson e outros. Na minha opinião, o quarto poder hoje é representado pelo Ministério Público. A imprensa já não exerce a mesma influência de antes. Mas vale o questionamento: qual o poder de influência na formação do cidadão ou no resultado de uma eleição pela mídia hoje? A grande maioria dos votos de Micarla veio das classes menos esclarecidas. Isso é fato. Estive com as três últimas pesquisas em mãos e o dado confere. Analfabetos ou de formação de primeiro grau completo não lêem jornais. Mas assistem TV. Um exemplo usado no programa foi o sucesso eleitoral do apresentador Paulo Wagner ou da própria Micarla. Mas vale lembrar que o vereador Salatiel, também apresentador, foi pro beleléu. Seria o carisma? Um argumento seria de que o vereador foi um dos parlamentares acusados pela Operação Impacto, mas outros também foram e se reelegeram.
MERCADO: Muito mais do que a questão partidária – a qual necessariamente precisava ser discutida no programa –, o fator mercadológico também merece discussão. As empresas jornalísticas vivem dificuldades financeiras e todas elas dependem de verbas governamentais, apoios políticos, etc. Eu disse todas. Qual o espaço limite para matérias pagas? A notícia passa a ter valor de mercado. Portanto, o capitalismo dita regras dos jornais. Se a notícia é mercadoria, e isso é inquestionável e irremovível; se o repórter tem seus posicionamentos políticos, uma história de vida e isso influi na produção das matérias, há limites éticos na oferta da notícia. Antes de tudo o exercício da profissão do jornalista é uma atividade de natureza social e com finalidade pública. Acobertar, omitir, distorcer a informação destrói a prática e a essência jornalística.
OBS: Aos desavisados e tendenciosos: não sou petista!
EDITORIAL: Tácito levantou uma questão interessante: o posicionamento explícito do jornal. O professor Marcos Aurélio foi claro em seu posicionamento pró-Micarla durante o programa. Mas não o foi no jornal. Seria o caso de ele publicar editorial numa capa de jornal? Minha opinião é a de que sim. Embora ache uma admissão de culpa para um jornal que se diz independente em seu slogam. Mas seria uma atitude mais honesta com o leitor que compra o jornal a espera da imparcialidade. Há jornais cristãos; de esquerda; de direita; de grupos políticos; ou controlados por empresas privadas. Não acho errado um jornal faccionista desde que explicite sua posição e não venda outra imagem.
SALÁRIO: Corroboro com a opinião da professora Graça Pinto e insisto na questão. Discordo do professor João da Mata: a ética não independe do salário. Cito nomes para exemplicitar minha opinião. O editor de Cultura do DN, Moisés de Lima, trabalha há 15 anos no jornal. Tem como atividade extra uma banda de rock e a edição de uma revista patrocinada pela Capitania das Artes, pela qual foi criticado aqui como jornalista sem ética. São 15 anos de profissão para receber cerca de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil. Com essa quantia paga pensão, aluguel e mantém um carro esculhambado. Pergunto: qual a escolha do cara? Manter a ética de um trabalho exclusivo numa redação do qual lhe paga menos de R$ 1,5 mil e deixar sua filha sem leite ninho ou aceitar o convite para editar a revista? O mesmo ocorre com repórteres, em maior ou menos grau.
COLUNISTAS: Apesar de editor do caderno de Cultura, Moisés não usa o espaço para promover sua banda. Escrevo para a coluna de cultura do jornal às terças-feiras e nunca me foi pedido espaço para promover nada dele. O contrário ocorre muito. Não faz um mês me ligou um amigo afirmando: “Serginho não sabia que pagava pra colocar nota em coluna de jornal”. Meu amigo ligou para um colunista de um jornal local e o cara o induziu a dizer quanto podia pagar. É fácil identificar tais pessoas: basta certificar-se de quais assessorias o jornalista toma conta e conferir diariamente que elas são contempladas em suas colunas. Por outro lado, volto à questão salarial. As colunas são um meio (escuso, claro) de eles manterem as assessorias e os salários extra-jornal para pagarem suas contas. Tácito e Marco Aurélio argumentaram: “Basta não comprar o jornal ou não ler”. Claro, o leitor tem essa opção. Mas convenhamos: se pagamos ou assinamos um jornal queremos qualidade por completo. Eliminar colunas ou matérias tendenciosas é subtração de informação.
CENSURA (?): Levantei a questão no programa, mas fui pouco claro diante do meu nervosismo. Mas minha idéia é a da possibilidade de uma espécie de onbudsman judiciário no período eleitoral para fiscalizar matérias de blogs e jornais. O objetivo seria o de evitar o que comentei acima: a venda falsa de independência e imparcialidade dos veículos de mídia. Um jornalista gabaritado e com formação jurídica analisaria o conteúdo das matérias e, dependendo, forçaria o autor ou a empresa a se posicionar publicamente. A idéia foi radicalmente rechaçada por Cassiano Arruda. Em discussão sobre o programa na redação, ele disse que concordou com tudo o que eu disse, menos com essa colocação. É a opinião dele e acredito que da maioria. É uma espécie de censura, sim. Mas levemos em conta a injustiça, a desonestidade dos veículos de mídia de travestirem ou distorcerem a informação. Como disse: a liberdade de um (da empresa) termina quando atrapalha a do outro (o leitor).
INFLUÊNCIA: Marco Aurélio foi duramente criticado por discordar da imprensa como quarto poder – teorizada por nomes famosos como Thompson e outros. Na minha opinião, o quarto poder hoje é representado pelo Ministério Público. A imprensa já não exerce a mesma influência de antes. Mas vale o questionamento: qual o poder de influência na formação do cidadão ou no resultado de uma eleição pela mídia hoje? A grande maioria dos votos de Micarla veio das classes menos esclarecidas. Isso é fato. Estive com as três últimas pesquisas em mãos e o dado confere. Analfabetos ou de formação de primeiro grau completo não lêem jornais. Mas assistem TV. Um exemplo usado no programa foi o sucesso eleitoral do apresentador Paulo Wagner ou da própria Micarla. Mas vale lembrar que o vereador Salatiel, também apresentador, foi pro beleléu. Seria o carisma? Um argumento seria de que o vereador foi um dos parlamentares acusados pela Operação Impacto, mas outros também foram e se reelegeram.
MERCADO: Muito mais do que a questão partidária – a qual necessariamente precisava ser discutida no programa –, o fator mercadológico também merece discussão. As empresas jornalísticas vivem dificuldades financeiras e todas elas dependem de verbas governamentais, apoios políticos, etc. Eu disse todas. Qual o espaço limite para matérias pagas? A notícia passa a ter valor de mercado. Portanto, o capitalismo dita regras dos jornais. Se a notícia é mercadoria, e isso é inquestionável e irremovível; se o repórter tem seus posicionamentos políticos, uma história de vida e isso influi na produção das matérias, há limites éticos na oferta da notícia. Antes de tudo o exercício da profissão do jornalista é uma atividade de natureza social e com finalidade pública. Acobertar, omitir, distorcer a informação destrói a prática e a essência jornalística.
OBS: Aos desavisados e tendenciosos: não sou petista!
De Cartola, idealismos e incentivos à cultura
A Ribeira esteve pintada de verde e rosa no último sábado. O centenário de nascimento do “seo” Angenor de Oliveira, o Cartola recebeu homenagem à altura de sua obra grandiosa. O mundo potiguar virou um moinho do samba, de espírito carioca e perfumado pelos ares de nostalgia cosmopolita da Ribeira. A roda de bambas da nossa música se vestiu de branco no palco democrático do Buraco da Catita. O espaço resistiu às centenas, talvez uma milhar de pessoas sedentas à oferta de arte qualificada e gratuita. Se Cartola foi invocado a comparecer ao local como incorporação – profana ou sagrada – da cadência do samba mais genuína, o natalense também foi homenageado. Não se pagou um centavo para assistir ao espetáculo. E esta é uma questão merecida de olhar atento do poder público e do público.
É romântico o conceito de que idealismo e determinação sustentam projetos culturais longevos. Talvez vogasse para passeatas estudantis em 1968. O Buraco da Catita tem procurado resistir à falta de incentivos governamentais e patrocínios privados. No último sábado, com a finalidade de homenagear um ícone da MPB, foi montada a estrutura possível. O som foi doado pelo Praia Shopping. Projetor, cadeiras e mesas extras, tudo adquirido no improviso ou alugado. Os músicos de primeira grandeza ensaiaram semanas e até fecharam o bar às terças-feiras dedicadas ao jazz para os ensaios. Nomes como Khrystal e Simona Talma colaboraram e marcaram presença sem receber cachê. Glorinha Oliveira, no alto de seus 82 anos e morando de aluguel, fez o mesmo: emprestaram seus talentos para homenagear Cartola e o público natalense.
Lembro do produtor musical Zé Dias comentar: “Cultura custa caro”. Realmente. O arrecadado do bar com as cerca de 800 pessoas presentes serviu para pagar aluguel do local ou da estrutura montada. É bom ressaltar a divisão do consumo de bebidas, águas e refrigerantes com os camelôs que cercam o local. Apesar da grandiosidade da festa, os músicos acreditam estarem impossibilitados de outra empreitada semelhante, que bem poderia ser repetida em homenagem aos 100 anos de nascimento de Silvio Caldas, também este ano. Silvio Caldas adorava Natal e tem histórias memoráveis por aqui. Segundo um dos idealizadores do Buraco da Catita, há o risco, inclusive, de fecharem o bar. Os motivos? Vou repetir: idealismo e determinação não sustentam projetos culturais de qualidade. Lembram do Zé Dias? Cultura custa caro, minha gente.
A Ribeira há muito carece de alternativas de entretenimento. E faz parte do declamado Corredor Cultural da cidade! O saudoso Paulo Ubarana plantou semente e agora o produtor Anderson Foca resiste na Rua Chile com oferta de atrações e eventos musicais mais voltados ao rock. O Centro também procura manter sua verve alternativa com o Beco da Lama. Também sábado assistimos à reinauguração do Bardallos – bar do produtor Lula Belmont e que fica ao lado do espaço cultural La Bodeguitta. São locais de resistência. O Buraco da Catita, em particular, é fruto de puro idealismo e merece melhor atenção. Vale ressaltar a tentativa, em época de campanha, de transformarem o local em propaganda à candidata Fátima – idéia prontamente negada pelos idealizadores para manter a independência e o cunho apartidário e meramente cultural do lugar.
Se a prefeita eleita ou um empresário de visão quiserem apostar na cultura local, de certo ganharão a simpatia da classe artística e intelectual dessa cidade se apoiar com algum investimento os sambas tocados aos sábados ou os chorinhos das sextas-feiras no Buraco da Catita. Também oportuno seria empresários abrirem bares com projetos semelhantes ao redor e fomentarem o comércio local. Para isso, a prefeitura poderia conceder isenções de IPTU ou outro tipo de incentivo. Do contrário, o espaço – tão prestigiado pelo natalense – pode acabar. Depois não venham perguntar: “Você tem fome de quê?”. Ora, queremos comida, diversão e arte. E de qualidade! Mesmo que o turista não seja contemplado. Se prevalecer a política de pão de circo quem sabe as passeatas estudantis de 1968 voltem à tona?
É romântico o conceito de que idealismo e determinação sustentam projetos culturais longevos. Talvez vogasse para passeatas estudantis em 1968. O Buraco da Catita tem procurado resistir à falta de incentivos governamentais e patrocínios privados. No último sábado, com a finalidade de homenagear um ícone da MPB, foi montada a estrutura possível. O som foi doado pelo Praia Shopping. Projetor, cadeiras e mesas extras, tudo adquirido no improviso ou alugado. Os músicos de primeira grandeza ensaiaram semanas e até fecharam o bar às terças-feiras dedicadas ao jazz para os ensaios. Nomes como Khrystal e Simona Talma colaboraram e marcaram presença sem receber cachê. Glorinha Oliveira, no alto de seus 82 anos e morando de aluguel, fez o mesmo: emprestaram seus talentos para homenagear Cartola e o público natalense.
Lembro do produtor musical Zé Dias comentar: “Cultura custa caro”. Realmente. O arrecadado do bar com as cerca de 800 pessoas presentes serviu para pagar aluguel do local ou da estrutura montada. É bom ressaltar a divisão do consumo de bebidas, águas e refrigerantes com os camelôs que cercam o local. Apesar da grandiosidade da festa, os músicos acreditam estarem impossibilitados de outra empreitada semelhante, que bem poderia ser repetida em homenagem aos 100 anos de nascimento de Silvio Caldas, também este ano. Silvio Caldas adorava Natal e tem histórias memoráveis por aqui. Segundo um dos idealizadores do Buraco da Catita, há o risco, inclusive, de fecharem o bar. Os motivos? Vou repetir: idealismo e determinação não sustentam projetos culturais de qualidade. Lembram do Zé Dias? Cultura custa caro, minha gente.
A Ribeira há muito carece de alternativas de entretenimento. E faz parte do declamado Corredor Cultural da cidade! O saudoso Paulo Ubarana plantou semente e agora o produtor Anderson Foca resiste na Rua Chile com oferta de atrações e eventos musicais mais voltados ao rock. O Centro também procura manter sua verve alternativa com o Beco da Lama. Também sábado assistimos à reinauguração do Bardallos – bar do produtor Lula Belmont e que fica ao lado do espaço cultural La Bodeguitta. São locais de resistência. O Buraco da Catita, em particular, é fruto de puro idealismo e merece melhor atenção. Vale ressaltar a tentativa, em época de campanha, de transformarem o local em propaganda à candidata Fátima – idéia prontamente negada pelos idealizadores para manter a independência e o cunho apartidário e meramente cultural do lugar.
Se a prefeita eleita ou um empresário de visão quiserem apostar na cultura local, de certo ganharão a simpatia da classe artística e intelectual dessa cidade se apoiar com algum investimento os sambas tocados aos sábados ou os chorinhos das sextas-feiras no Buraco da Catita. Também oportuno seria empresários abrirem bares com projetos semelhantes ao redor e fomentarem o comércio local. Para isso, a prefeitura poderia conceder isenções de IPTU ou outro tipo de incentivo. Do contrário, o espaço – tão prestigiado pelo natalense – pode acabar. Depois não venham perguntar: “Você tem fome de quê?”. Ora, queremos comida, diversão e arte. E de qualidade! Mesmo que o turista não seja contemplado. Se prevalecer a política de pão de circo quem sabe as passeatas estudantis de 1968 voltem à tona?
Poticanto de amanhã
O Projeto Poticanto – um canto 100% potiguar, em que um artista potiguar homenageia outro em duas quartas-feiras do mês, apresenta amanhã, às 20h, no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, Michelle Lima em homenagem ao compositor Ivando Monte. A entrada é franca. As cortesias podem ser retiradas na FJA (Rua Jundiaí, 641, Tirol), ou no Sebo Balalaika (Rua Vigário Bartolomeu, 565, Cidade Alta). O Poticanto tem produção artística de Nelson Rebouças. E uma dica: quando for pegar as senhas para o Poticanto, confira na Galeria Newton Navarro a exposição coletiva “Entalhe nas Cores”. Os artistas plásticos Adálida Suassuna, Amarilis Dak, LuHermila, Mazinho Viana, Regina Araujo e Rogério Dias expões quadros e esculturas nas instalações da FJA. O horário de visitação é das 7 às 17h.
Grandes Temas 4
Os comentários já rolam soltos no blog de Tácito Costa – o Substantivo Plural – acerca do primeiro debate sobre ética jornalística promovido pela TV Universitária agora a pouco. Todos eles dirigidos à postura do jornalista proprietário do Jornal de Hoje e professor de ética da UFRN, Marcos Aurélio de Sá. A exceção de um, que questionou a emissora em não convidar, de início, o jornalista, todos eles tecem críticas ferinas a Marcos Aurélio ou ao seu jornal.
Apesar deste primeiro feedback que tive, acho que o debate foi mais amplo, embora muito ainda se tenha a falar. O período eleitoral ainda é recente e os assuntos focaram muito nesta questão. O tema que gostaria de ter aprofundado mais e foi pouco explorado foi a questão salarial dos jornalistas. Na minha opinião, este deveria ser o tema central da discussão. Acredito que passa por aí muito da falta de ética praticada em nossa mídia. Na próxima segunda-feira o tema pode ser mais discutido.
No geral acho que foi um debate oportuno. Peço perdão aos telespectadores pelo nervosismo deste jornalista. Minha vocação, se a tenho, é para a escrita. Falta-me o traquejo para a televisão e me sobra a timidez. Fico nervoso. Até falei o que não devia em determinado instante. Apesar do desvio de foco em alguns momentos, quando o professor Marcos Aurélio quis levar o debate para o campo ideológico, este primeiro debate promete despertar melhor conscientização e render frutos como a criação de um futuro Observatório da Imprensa local.
Gostei muito da participação do professor Alex Galeno. Ele foi incisivo na medida certa quanto à postura do Jornal de Hoje. Levantou questões pertinentes que precisavam ser explicadas e contra-argumentou sem deixar brechas. Sem pestanejar falou o que todos queriam ouvir. Tácito levantou questões importantes, como o editorial nas capas de jornais. Particularmente eu desaprovo quando o teor do editorial é de admissão ao apoio de determinada candidatura. Pra mim soa como admissão de culpa, de parcialidade. Seria apenas uma medida mais honesta com o leitor. Enfim, esperemos a próxima segunda-feira.
Apesar deste primeiro feedback que tive, acho que o debate foi mais amplo, embora muito ainda se tenha a falar. O período eleitoral ainda é recente e os assuntos focaram muito nesta questão. O tema que gostaria de ter aprofundado mais e foi pouco explorado foi a questão salarial dos jornalistas. Na minha opinião, este deveria ser o tema central da discussão. Acredito que passa por aí muito da falta de ética praticada em nossa mídia. Na próxima segunda-feira o tema pode ser mais discutido.
No geral acho que foi um debate oportuno. Peço perdão aos telespectadores pelo nervosismo deste jornalista. Minha vocação, se a tenho, é para a escrita. Falta-me o traquejo para a televisão e me sobra a timidez. Fico nervoso. Até falei o que não devia em determinado instante. Apesar do desvio de foco em alguns momentos, quando o professor Marcos Aurélio quis levar o debate para o campo ideológico, este primeiro debate promete despertar melhor conscientização e render frutos como a criação de um futuro Observatório da Imprensa local.
Gostei muito da participação do professor Alex Galeno. Ele foi incisivo na medida certa quanto à postura do Jornal de Hoje. Levantou questões pertinentes que precisavam ser explicadas e contra-argumentou sem deixar brechas. Sem pestanejar falou o que todos queriam ouvir. Tácito levantou questões importantes, como o editorial nas capas de jornais. Particularmente eu desaprovo quando o teor do editorial é de admissão ao apoio de determinada candidatura. Pra mim soa como admissão de culpa, de parcialidade. Seria apenas uma medida mais honesta com o leitor. Enfim, esperemos a próxima segunda-feira.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Grandes Temas 3
A quem criticou o convite da TVU ao jornalista Rodrigo Levino, uma informação: ele gentilmente cedeu lugar ao professor e jornalista Marcos Aurélio para o debate de hoje. E aqui quero ressaltar a postura de ambos. A atitude de Levino foi cidadã, desprovido de vaidade; de quem está preocupado com o caminhar da mídia e preza pelo melhor debate. Logo cedo ele me ligou, disse que tinha concordado com o teor do meu texto postado aqui e ia contatar a TVU para sugerir sua substituição – um ato digno de aplauso. Outro que também merece reverência por motivos semelhantes é o jornalista Marcos Aurélio, que se prontificou a participar e esclarecer dúvidas acerca da cobertura de seu jornal durante a eleição, ou mesmo de sua posição como professor de ética jornalística na UFRN. Transcrevo o imeio de Levino – sem autorização dele (rs) – enviado para mim e Tácito agora a pouco:
Caros,
Hoje cedo falei com a produção do grandes temas e com sergio sobre a questão levantada de que não teríamos gente "do outro lado" no debate da noite. Conversando com Josimey, concordamos (e Alex Galeno já havia feito a mesma observação) que o programa corre o risco de ao invés de repercutir, ser abafado por essa "falha". Por outro lado, Marco Aurélio ligou para ela, convidando-se e dizendo que acha necessária a participação dele. Logo, cedi meu lugar gentilmente por achar que nós três e mais Alex, temos praticamente os mesmos questionamentos e que ele lá serve pra enriquecer ainda mais o debate, ouvir o que ele tem a dizer sobre as falhas e o direcionamento na cobertura.Acho que até à noite podemos conversar e de repente eu passaria a vocês alguns questionamentos que tinha anotado aqui, enfim, pra vocês usarem se acharem pertinente.Vai ser bom. Eu to feliz demais com isso tudo que ta acontecendo e não podemos perder a chance de discutir publicamente uma coisa que só ouvíamos em mesa de bar.
Vamos em frente!
Caros,
Hoje cedo falei com a produção do grandes temas e com sergio sobre a questão levantada de que não teríamos gente "do outro lado" no debate da noite. Conversando com Josimey, concordamos (e Alex Galeno já havia feito a mesma observação) que o programa corre o risco de ao invés de repercutir, ser abafado por essa "falha". Por outro lado, Marco Aurélio ligou para ela, convidando-se e dizendo que acha necessária a participação dele. Logo, cedi meu lugar gentilmente por achar que nós três e mais Alex, temos praticamente os mesmos questionamentos e que ele lá serve pra enriquecer ainda mais o debate, ouvir o que ele tem a dizer sobre as falhas e o direcionamento na cobertura.Acho que até à noite podemos conversar e de repente eu passaria a vocês alguns questionamentos que tinha anotado aqui, enfim, pra vocês usarem se acharem pertinente.Vai ser bom. Eu to feliz demais com isso tudo que ta acontecendo e não podemos perder a chance de discutir publicamente uma coisa que só ouvíamos em mesa de bar.
Vamos em frente!
Grandes Temas 2
O Grandes Temas de hoje promete ser uma semente importante para o debate da ética no nosso jornalismo. Aliás, discussão iniciada por aqui. Mas ainda acho que deveriam ser convidados a jornalista Thaisa Galvão ou o jornalista e professor Marcos Aurélio de Sá. Não por serem partidários da candidatura de Micarla ou representarem o “outro lado”, mas por serem as figuras mais criticadas desta última cobertura da mídia nas eleições. A Thaisa Galvão já criticou em seu blog a postura da TVU em convidar partidários da candidatura de Fátima para discutir ética no jornalismo. Acho que um convite para ela evitaria essa especulação, da qual discordo.
Minha crítica não se dirige aos convidados, mas aos não-convidados. Como sabem, o formato do programa é composto por quatro debatedores: dois deles são um professor do quadro da UFRN e um jornalista do Diário de Natal. Acho que Marcos Aurélio – professor de Ética da Universidade – poderia ser encaixado como professor universitário. Mas acredito em boas discussões e já lanço a proposta (se não for abusar da boa vontade da TVU) de organizar uma segunda edição para o tema, já que a excelente idéia de criação de um Observatório da Imprensa ainda germina.
Tácito e Levino são mais do que gabaritados em promover o bom debate, alimentado pela visão de um cientista social. E são merecedores dos convites. Tácito, por desde muito tecer críticas à imprensa e manter sua postura ética. Levino pelo episódio relatado por Tácito mais abaixo e ter escrito o texto relacionado ao tema,que apimentou a discussão. Ainda assim acredito que o programa vai terminar com “gostinho de quero mais” pela dimensão do problema e a falta da versão dos prováveis criticados. Agora, será que eles aceitaram participar do programa? Eu duvido.
Minha crítica não se dirige aos convidados, mas aos não-convidados. Como sabem, o formato do programa é composto por quatro debatedores: dois deles são um professor do quadro da UFRN e um jornalista do Diário de Natal. Acho que Marcos Aurélio – professor de Ética da Universidade – poderia ser encaixado como professor universitário. Mas acredito em boas discussões e já lanço a proposta (se não for abusar da boa vontade da TVU) de organizar uma segunda edição para o tema, já que a excelente idéia de criação de um Observatório da Imprensa ainda germina.
Tácito e Levino são mais do que gabaritados em promover o bom debate, alimentado pela visão de um cientista social. E são merecedores dos convites. Tácito, por desde muito tecer críticas à imprensa e manter sua postura ética. Levino pelo episódio relatado por Tácito mais abaixo e ter escrito o texto relacionado ao tema,que apimentou a discussão. Ainda assim acredito que o programa vai terminar com “gostinho de quero mais” pela dimensão do problema e a falta da versão dos prováveis criticados. Agora, será que eles aceitaram participar do programa? Eu duvido.
domingo, 12 de outubro de 2008
Grandes Temas
O debate levantado no Substantivo Plural acerca da ética no jornalismo e do qual teci alguns comentários aqui, provocou a discussão do assunto no programa Grandes Temas, da TVU, exibido às segundas-feiras à noite. Os convidados já foram definidos: o próprio Tácito Costa, jornalista responsável pelo site; o escritor Rodrigo Levino, autor de um texto muito comentado a respeito do tema; e o professor da UFRN, Alex Galeno, do Departamento de Ciências Sociais. Como jornalista do Diário de Natal a compor a mesa, este blogueiro. Outra coisa boa advinda da discussão foi a possibilidade de criação de uma espécie de Observatório da Imprensa local, já previamente montado pela professora Graça Aquino. Espero realmente que sejam sementes para repensar uma nova prática de jornalismo no Estado e uma conscientização dos empresários de comunicação no tocante aos salários dos profissionais. Acredito ser a péssima remuneração a responsável por grande parcela da má cobertura midiática produzida por aqui. O resto é mau-caratismo, presente em todas as áreas.
sábado, 11 de outubro de 2008
Filmes do fim de semana
Entre os seis filmes que comprei para assistir no fim de semana, o primeiro que assisti não gostei. Achei La Luna (1979), do polêmico Bernardo Bertolucci alongado demais e com atuações pífias. Se o diretor quis ser complexo como em O Último Tanto em Paris (1972), desta vez não consegui captar muita coisa. O único mérito ao meu ver foi abordar um tema complicado como o incesto de forma delicada. E lá no Sétima Arte fiquei entre ele e o filme de Win Wenders, A Estrela Solitária (2006), que o carinha lá opinou ser apenas razoável. Bom, restam ainda boas promessas. Minha maior ânsia é por Os Bons Companheiros (1990), de Martin Scorcese. É um filme de gângster que espero melhor que Os Intocáveis (1987), de De Palma, o qual achei de técnica excelente, mas de roteiro despretencioso e bem aquém de O Poderoso Chefão – se é que vale a comparação. Têm ainda Um Tiro na Noite (1981), do próprio De Palma; Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick (1964); O Homem das Estrelas (1995), de Giusppe Tornatore; e o clássico-mor, O Encouraçado Potemkin (1925), de Eisenstein. Vamos ver no que dá.
Zé de Riba no Jô
Se perdi a reinauguração do Bardallos em razão dos encalços relatados abaixo, pude assistir agorinha a entrevista com o compositor maranhense Zé de Riba, no programa de Jô Soares. Zé de Riba é parceiro de algumas canções do nosso Romildo Soares. E o melhor é que uma delas foi pedida no programa. É talvez a mais famosa, muito interpretada também por Khrystal: a Www.sem. Foi muito aplaudida, apresentada em ritmo de côco. Chato foi o maranhense não ter citado o nome de Romildo como parceiro, Na outra música que teve oportunidade de cantar ele citou um carinha lá. E pena também Jô Soares puxar a entrevista mais para a contação de causos engraçados do compositor, ou muita coisa boa seria mostrada ao público. E olha que foram dois blocos dedicados ao cara. Mas valeu para ratificar o valor musical de Romildo Soares - melhor compositor destas plagas potiguares, pode apostar.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Escritores de bula
Detesto médico e remédio. Só vou ou tomo nas últimas conseqüências, como ontem. Há uma semana sustento uma dor infernal com início no pescoço até o ombro. Imaginei decorrente da posição de dormir. Picas que era! Já mal humorado e exausto sem conseguir dormir por longos dias, cedi. O ortopedista analisou a radiografia e constatou calcificação cervical. Para garantir, fui a outro hoje. Resultado diferente: artrose. Seja qual for o diagnóstico é precoce para um blogueiro de 30 anos. Conseqüências primeiras: uma tipóia, comprimidos Tandrilax e possíveis sessões de fisioterapia.
É, a idade chegou. Mas outra constatação tirada nestes dias foi a descoberta dos escritores de bulas. Poucas vezes se vê textos tão coesos como o das bulas. Senão, vejamos: “A carisoprodol é um relaxante muscular esquelético de ação central, quimicamente relacionado ao meprobamato, que reduz indiretamente a tensão da musculatura esquelética em seres humanos”. São sempre textos diretos, frases curtas e bem construídas, com as informações essenciais, necessárias. Taí nova modalidade de literatura: gênero bula de remédio.
É, a idade chegou. Mas outra constatação tirada nestes dias foi a descoberta dos escritores de bulas. Poucas vezes se vê textos tão coesos como o das bulas. Senão, vejamos: “A carisoprodol é um relaxante muscular esquelético de ação central, quimicamente relacionado ao meprobamato, que reduz indiretamente a tensão da musculatura esquelética em seres humanos”. São sempre textos diretos, frases curtas e bem construídas, com as informações essenciais, necessárias. Taí nova modalidade de literatura: gênero bula de remédio.
Filme sobre Bush gera polêmica
Uma biografia para o cinema do presidente dos Estados Unidos, o macaco George W. Bush, rendeu ao aclamado diretor americano Oliver Stone críticas contrastantes na sua primeira exibição no país, na terça-feira. O filme, chamado W., narra a trajetória do presidente desde os seus tempos na Universidade de Yale — com referências ao alcoolismo do jovem Bush — até a sua chegada à Casa Branca.
Não assisti, claro, mas já bate um desejo de que o filme fosse produção de Michael Moore. De certo estaria mais completo. Assisti somente ontem Sicko: $o$ Saúde (2007), escrito, produzido e dirgido pelo diretor. Uma maravilha comparável a Tiros em Columbine (2002), do mesmo Moore, ou mesmo Fahrenheit 11/9 (2004). O último filme de Stone que vi foi As Torres Gêmeas (2006). Um saco! Piegas e nacionalista, em minha opinião. Daí minha desconfiança para esta nova empreitada do diretor.
Não assisti, claro, mas já bate um desejo de que o filme fosse produção de Michael Moore. De certo estaria mais completo. Assisti somente ontem Sicko: $o$ Saúde (2007), escrito, produzido e dirgido pelo diretor. Uma maravilha comparável a Tiros em Columbine (2002), do mesmo Moore, ou mesmo Fahrenheit 11/9 (2004). O último filme de Stone que vi foi As Torres Gêmeas (2006). Um saco! Piegas e nacionalista, em minha opinião. Daí minha desconfiança para esta nova empreitada do diretor.
Espaço para arte
Aproveitando a nota abaixo, reitero a informação de que até o dia 13 de fevereiro, a Funcarte receberá a documentação de todos os artistas interessados em utilizar o belíssimo espaço da Fundação para expor seus trabalhos. Somente podem desfrutar dos núcleos expositivos da Capitania das Artes os artistas residentes em Natal. É uma grande oportunidade para que talentos potiguares, por meio de exposições individuais ou coletivas, possam divulgar e até mesmo comercializar suas obras. A documentação, composta por portfólio e ficha de inscrição devidamente preenchida, pode ser entregue das 9h às 13h no setor de Artes Visuais da Funcarte. E eu pergunto: depois de 2009, como será?
Salão de Artes Visuais
A Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), informa que abriu inscrições para o XII Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal. Até o dia 24 de outubro, artistas de todo o Nordeste podem ir à Funcarte e preencher a ficha cadastral, munidos de cópias do RG, CPF, comprovante de residência e dados da conta bancária. Os interessados devem ainda levar os portfólios contendo informações sobre suas produções artísticas. O XII Salão de Artes Visuais almeja incentivar, apresentar e divulgar a produção de artes visuais da região Nordeste nas modalidades Desenho, Escultura, Fotografia, Gravura, Instalação, Arte Postal, Objeto, Performance, Pintura, Vídeo Arte e/ou Arte Digital. Além disso, haverá uma comissão julgadora composta por quatro pessoas, que escolherá os três artistas a ser contemplados com Prêmios Aquisição.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Roma, cidade aberta
Aos cinéfilos, a programação promovida pelo Cineclube Natal deste mês está uma maravilha, todo dedicado às produções italianas. Amanhã, sexta-feira, é a vez de Roma, Cidade Aberta (1945), do diretor Roberto Rosselinni, em exibição no Nalva Melo Café Salão. As exibições de filmes italianos seguem com o Cine Vanguarda e o Cine Assembléia, nos dias 19 e 30 de outubro, respectivamente, com A Primeira Noite de Tranquilidade, de Valério Zurlini, e Pai Patrão, dos irmãos Taviani.
Uma breve crítica da galera do Cineclube a respeito do filme e do diretor: “Se há uma concordância em apontar a tríade neo-realista Roberto Rossellini, Luchino Visconti e Vittorio De Sica, essa unanimidade não existe para determinar um filme como marco inicial do movimento. Foi, entretanto, com Roma, Cidade Aberta, apresentado em Cannes em 1946, que o neo-realismo italiano tomou proporções maiores. Outros cineastas prepararam, de fato, “o caminho”, mas foi Roberto Rossellini que pôs nas telas uma Roma nua, miserável, sórdida. Os símbolos da Itália popular e da Itália corrompida pelo fascismo são mostrados pelas mãos de um cineasta que inicia uma nova fase, recém passado para o lado da Resistência”.
Uma breve crítica da galera do Cineclube a respeito do filme e do diretor: “Se há uma concordância em apontar a tríade neo-realista Roberto Rossellini, Luchino Visconti e Vittorio De Sica, essa unanimidade não existe para determinar um filme como marco inicial do movimento. Foi, entretanto, com Roma, Cidade Aberta, apresentado em Cannes em 1946, que o neo-realismo italiano tomou proporções maiores. Outros cineastas prepararam, de fato, “o caminho”, mas foi Roberto Rossellini que pôs nas telas uma Roma nua, miserável, sórdida. Os símbolos da Itália popular e da Itália corrompida pelo fascismo são mostrados pelas mãos de um cineasta que inicia uma nova fase, recém passado para o lado da Resistência”.
Cartola no Buraco
Agora sim posso divulgar a programação completa e oficial da homenagem que o boteco Buraco da Catita fará ao centenário de nascimento de “seo” Agenor de Oliveira, o Cartola. Escolheram os bambas da cidade para uma reunião informal, cada qual com seu instrumento e voz para ecoar pelos ares nostálgicos da Ribeira o melhor do samba, do choro. Coisa deste tipo: "Amar sem penar é bem raro. O verbo cumprir custa caro/ Amor é bem fácil achar/ O que acho mais difícil/ É saber amar...”. Será sábado, depois de amanhã, a partir das 19h30.
A escalação venceria meu timeco do Vasco cantando e encantando: o chorão Camilo Lemos (violão 7 cordas), Ricardo Menezes (violão 6 cordas), Diogo Guanabara (Bandolim), Neemias Lopes (sax), Ronaldo Freire (Flauta), Kleber Moreira (pandeiro), Paulo Sarkis (surdo), e Raphael Bender (tamborim). Também haverá exibição do filme-documentário Música para os olhos, que mostra a vida de Cartola, e uma entrevista no Programa Ensaio, da TV Cultura.
E se as rosas não falam, desta vez cantarão, nas vozes de Khrystal, Simona Talma, Ana Maria Melo, Juliana Barbosa e, pasmem, a presença da nossa rouxinol potiguar, Glorinha de Oliveira, que por si só já valeria a ida ou outra homenagem exclusiva. A senha para a apresentação é o total apreço pela boa música.
A escalação venceria meu timeco do Vasco cantando e encantando: o chorão Camilo Lemos (violão 7 cordas), Ricardo Menezes (violão 6 cordas), Diogo Guanabara (Bandolim), Neemias Lopes (sax), Ronaldo Freire (Flauta), Kleber Moreira (pandeiro), Paulo Sarkis (surdo), e Raphael Bender (tamborim). Também haverá exibição do filme-documentário Música para os olhos, que mostra a vida de Cartola, e uma entrevista no Programa Ensaio, da TV Cultura.
E se as rosas não falam, desta vez cantarão, nas vozes de Khrystal, Simona Talma, Ana Maria Melo, Juliana Barbosa e, pasmem, a presença da nossa rouxinol potiguar, Glorinha de Oliveira, que por si só já valeria a ida ou outra homenagem exclusiva. A senha para a apresentação é o total apreço pela boa música.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Ética no jornalismo
No blog Substantivo Plural, do jornalista Tácito Costa, se tem travado oportuna discussão a respeito da ética no jornalismo. É temática antiga, mas ressaltada agora, influenciada pela cobertura midiática na eleição. Até sugeriram aprofundar o assunto no programa Grandes Temas, da TVU, o que achei mais pertinente ainda. Melhor seria convidar os jornalistas cuja postura tem sido questionada, como o proprietário do O Jornal de Hoje e Jh 1º Edição, Marcos Aurélio de Sá, e a diretora de redação do jornal e também blogueira, Thaisa Galvão. Jornalismo se faz assim: ouvindo os dois lados. Seria uma excelente oportunidade de eles mostrarem seus argumentos, em debate com gente também capacitada para discutir.
Na minha parca opinião de jornalista ainda inexperiente, acho que o assunto deve partir dessa esfera. Criticar repórter por trabalhar em órgãos públicos e secretarias de governo relacionadas à editoria em que trabalha é analisar o fato com superficialidade. Quem trabalha em redação reconhece a falta de alternativas, ou melhor: sabe agarrar com as duas mãos uma boa oportunidade de ganhar o dinheiro para ajudar na renda da família. A maioria são jornalistas casados e com filhos. Os iniciantes, ainda sem experiência, recebem poucos ou nenhum convite para integrar a assessoria de grandes órgãos. E o curioso é que muitos criticam a postura dos mais velhos, mas bastam alguns anos de profissão e mudam de idéia porque vislumbram a necessidade da grana para seus projetos de vida pessoais.
Particularmente trabalho hoje, afora o extenuante e prazeroso ofício de repórter do Diário de Natal, como editor de uma revista voltada à arquitetura, a Formas. Não por idealismo, mas por falta de convites. Não me vendo, como fazem alguns. Isso não. Mas aceitaria um convite espontâneo, pautado pelo reconhecimento do meu trabalho. Seria uma ajuda substancial para eu projetar alguns sonhos pessoais. E a propósito, amanhã, às 10h, acontecerá a 1ª rodada de negociação salarial entre o Sindjorn e as empresas de comunicação. A negociação ocorrerá no departameto de Relações do trabalho da DRT. Vamos ver quem comparece para discutir esta modalidade de ética.
Na minha parca opinião de jornalista ainda inexperiente, acho que o assunto deve partir dessa esfera. Criticar repórter por trabalhar em órgãos públicos e secretarias de governo relacionadas à editoria em que trabalha é analisar o fato com superficialidade. Quem trabalha em redação reconhece a falta de alternativas, ou melhor: sabe agarrar com as duas mãos uma boa oportunidade de ganhar o dinheiro para ajudar na renda da família. A maioria são jornalistas casados e com filhos. Os iniciantes, ainda sem experiência, recebem poucos ou nenhum convite para integrar a assessoria de grandes órgãos. E o curioso é que muitos criticam a postura dos mais velhos, mas bastam alguns anos de profissão e mudam de idéia porque vislumbram a necessidade da grana para seus projetos de vida pessoais.
Particularmente trabalho hoje, afora o extenuante e prazeroso ofício de repórter do Diário de Natal, como editor de uma revista voltada à arquitetura, a Formas. Não por idealismo, mas por falta de convites. Não me vendo, como fazem alguns. Isso não. Mas aceitaria um convite espontâneo, pautado pelo reconhecimento do meu trabalho. Seria uma ajuda substancial para eu projetar alguns sonhos pessoais. E a propósito, amanhã, às 10h, acontecerá a 1ª rodada de negociação salarial entre o Sindjorn e as empresas de comunicação. A negociação ocorrerá no departameto de Relações do trabalho da DRT. Vamos ver quem comparece para discutir esta modalidade de ética.
Arte rupestre
A nova Galaria de Arte do Shopping Orla Sul será inaugurada hoje, às 19h, com uma vernissage bem curiosa: a exposição O Rupestre Sob Três Olhares, dos artistas plásticos Luciano Rocha, Pedro Régis e Clarice Rick. A curadoria do evento, que estará em cartaz até 8 de novembro, é de Cláudia Amélia. A arte rupestre apresentada é inspirada nas manifestações antigas dos povos, há milhares de anos. Desde que o homem passou a conviver em sociedade, criou formas de se expressar e a arte foi, sem dúvida, a primeira delas, vindo, inclusive, antes da linguagem.
Luciano Rocha pinta há mais de quinze anos e, apesar de ser um artista contemporâneo, mostrará ao público, de modo inovador, uma série de obras rupestres. Pedro Regis, que sempre trabalhou com a arte rupestre, faz a sua estréia em vernissage. É professor da Universidade Potiguar, jornalista, micro empresário e administrador da Loja Coisas Nossa, no Shopping do Artesanato Potiguar. Clarice Rick é hoteleira e também artista plástica especializada na representação de fósseis, com exposições realizadas na Alemanha, onde elaborou trabalhos de altíssimo nível.
Luciano Rocha pinta há mais de quinze anos e, apesar de ser um artista contemporâneo, mostrará ao público, de modo inovador, uma série de obras rupestres. Pedro Regis, que sempre trabalhou com a arte rupestre, faz a sua estréia em vernissage. É professor da Universidade Potiguar, jornalista, micro empresário e administrador da Loja Coisas Nossa, no Shopping do Artesanato Potiguar. Clarice Rick é hoteleira e também artista plástica especializada na representação de fósseis, com exposições realizadas na Alemanha, onde elaborou trabalhos de altíssimo nível.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
E agora, José?
Passado o resultado da eleição, a pergunta acima se faz oportuna. E não se dirige propriamente ao senador Agripino. Não tenho esta intimidade com o tal. Ou perguntaria se o nobre parlamentar oposicionista já sabe algo sobre o novo secretariado da Borboleta, notadamente o próximo presidente da Funcarte. Ele que tanto apoiou a candidatura de Luiz Almir na eleição passada pode saber. Ainda espero – e acredito – ser pura especulação o nome do deputado seresteiro para ocupar a função.
É notório que as propostas relacionadas à cultura da prefeita estão pautadas com vistas ao fortalecimento da identidade cultural da cidade e do turismo. Este segundo elemento pode ser perigoso, e até atrapalhar o primeiro, se mal direcionado, por exemplo, para um calendário recheado de eventos, como se vê em grande escala em Mossoró, que infelizmente vai continuar na luta pelo título de cidade brasileira da cultura. Ora, os julgadores não são bestas em escolher uma cidade cuja cultura é voltada para o turista, enquanto nomes da cultura popular do município, como o poeta Luiz Campos ou Concriz, vivem em dificuldade. Seria uma política cultural suicida, principalmente para o tal fortalecimento da cultura pretendida pela prefeita.
Fortalecer a identificação cultural da cidade não quer dizer recriar, modificar. A roda já está feita. Aliás, a idéia de elaborar um novo calendário cultural, quando se já tem um muito bem arquitetado é típico do gestor orgulhoso. Mais fácil seria melhorar, acrescentar. Já imagino a baixa no carnaval de rua do próximo ano sem os incentivos do Natal em Natal.
Diante do desenrolar da campanha a qual acompanhei de perto – de cunho popularesco, e o pior: espontâneo – temo realmente pelos caminhos da cultura natalense para os próximos anos. O mesmo pode se perceber no espaço para este segmento na emissora de TV da prefeita. A TV Ponta Negra não tem sequer um programa voltado à cultura popular ou alguma vertente que dignifique a cultura de Natal. Talvez por isso a grande maioria da classe artística da capital apoiou a candidatura de Fátima Bezerra.
Reforma na Lei de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão; isenção de ISS a quem promove cultura; criação de um Fundo Municipal de Cultura; incentivos à efervescência cultural do Centro Histórico; apoio ao cineclubismo; e consolidação, sobretudo, de projetos como a revista Brouhaha, o Encontro Natalense de Escritores, o Projeto Pixinguinha e Goiamum Visual e o Auto de Natal são algumas dicas, além de manter também outros projetos menores, mas tão importantes quanto, como os realizados no Sandoval Wanderley, como o Sexta da Viola e o Danças Potiguares, bem voltados para o que a prefeita pretende: fortalecer a identid... bla bla bla...
Se puderem dar uma melhorada no FestNatal e no Festival de Música de Natal, ótimo. Se não, seria interessante promover algo semelhante e mais aprimorado. Ah, e a prefeitura até tem procurado, sinceramente não sei se de forma eficiente, dar um gás ao Mercado Público de Petrópolis como novo pólo cultural da cidade. Fato é que não tem obtido sucesso. E a idéia é excelente. Outra sugestão é um projeto ao estilo do Seis e Meia patrocinado pelo município. Deixo aqui, portanto, minhas críticas iniciais e prematuras (espero que eu dê com a cara no chão depois) e algumas sugestões. O debate é sempre salutar, num é José?
É notório que as propostas relacionadas à cultura da prefeita estão pautadas com vistas ao fortalecimento da identidade cultural da cidade e do turismo. Este segundo elemento pode ser perigoso, e até atrapalhar o primeiro, se mal direcionado, por exemplo, para um calendário recheado de eventos, como se vê em grande escala em Mossoró, que infelizmente vai continuar na luta pelo título de cidade brasileira da cultura. Ora, os julgadores não são bestas em escolher uma cidade cuja cultura é voltada para o turista, enquanto nomes da cultura popular do município, como o poeta Luiz Campos ou Concriz, vivem em dificuldade. Seria uma política cultural suicida, principalmente para o tal fortalecimento da cultura pretendida pela prefeita.
Fortalecer a identificação cultural da cidade não quer dizer recriar, modificar. A roda já está feita. Aliás, a idéia de elaborar um novo calendário cultural, quando se já tem um muito bem arquitetado é típico do gestor orgulhoso. Mais fácil seria melhorar, acrescentar. Já imagino a baixa no carnaval de rua do próximo ano sem os incentivos do Natal em Natal.
Diante do desenrolar da campanha a qual acompanhei de perto – de cunho popularesco, e o pior: espontâneo – temo realmente pelos caminhos da cultura natalense para os próximos anos. O mesmo pode se perceber no espaço para este segmento na emissora de TV da prefeita. A TV Ponta Negra não tem sequer um programa voltado à cultura popular ou alguma vertente que dignifique a cultura de Natal. Talvez por isso a grande maioria da classe artística da capital apoiou a candidatura de Fátima Bezerra.
Reforma na Lei de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão; isenção de ISS a quem promove cultura; criação de um Fundo Municipal de Cultura; incentivos à efervescência cultural do Centro Histórico; apoio ao cineclubismo; e consolidação, sobretudo, de projetos como a revista Brouhaha, o Encontro Natalense de Escritores, o Projeto Pixinguinha e Goiamum Visual e o Auto de Natal são algumas dicas, além de manter também outros projetos menores, mas tão importantes quanto, como os realizados no Sandoval Wanderley, como o Sexta da Viola e o Danças Potiguares, bem voltados para o que a prefeita pretende: fortalecer a identid... bla bla bla...
Se puderem dar uma melhorada no FestNatal e no Festival de Música de Natal, ótimo. Se não, seria interessante promover algo semelhante e mais aprimorado. Ah, e a prefeitura até tem procurado, sinceramente não sei se de forma eficiente, dar um gás ao Mercado Público de Petrópolis como novo pólo cultural da cidade. Fato é que não tem obtido sucesso. E a idéia é excelente. Outra sugestão é um projeto ao estilo do Seis e Meia patrocinado pelo município. Deixo aqui, portanto, minhas críticas iniciais e prematuras (espero que eu dê com a cara no chão depois) e algumas sugestões. O debate é sempre salutar, num é José?
Relação de vereadores eleitos
Esta é a lista dos vereadores eleitos (ou reeleitos) da nossa Câmara. Acredito que alguns destes nomes podem renovar de maneira saudável a sujeira deixada nos últimos quatro anos. Aposto em boas gestões de Raniere Barbosa, Ney Lopes Jr (mesmo de partido conservador, retrógrado) e do meu candidato, George Câmara, além do trabalho já reconhecido de Hermano Morais. Me pareceram pessoas sérias. Lastimo algumas reeleições como a do ex-pugilista Adenúbio Melo. Alguns eleitos são verdadeiras incógnitas, como Paulo Wagner, Sargento Regina, Júlia Arruda, Albert Dickson, Maurício Gurgel e Chagas Catarino. Não acredito muito nos dois primeiros, os quais sabemos a origem. Recebi péssimas referências do trabalho de Heráclito Noé à frente do Itep. Mas vamos esperar pra ver. Pena o PT não ingressar com nenhum representante. Tinha bons nomes em disputa, até melhores do que os dois representantes que não conseguiram reeleição. Também gostaria de ver o trabalho do Ubaldo, que está na suplência. Denunciados pela Operação Impacto ainda conseguiram a reeleição Adão Eridan, Dickson Nasser, Aquino Neto, Júlio Protásio, Adenúbio Melo e Edivan Martins. Achei muito, mas esperava pior. Pelo menos morreram abraçadinhos Renato Dantas, Geraldo Neto, Salatiel e Sgt Siqueira. Vamos ver no que dá. Meus olhos de binóculo ganharam lentes novas.
1. Paulo Wagner (PV)
2. Raniere Barbosa (PRB)
3. Adão Eridan (PR)
4. Hermano Morais (PMDB)
5. Dickson Nasser (PSB)
6. Júlio Protásio (PSB)
7. Aquino Neto (PV)
8. Albert Dickson (PP)
9. Enildo Alves (PSB)
10. Franklin Capistrano (PSB)
11. Luis Carlos (PMDB)
12. Ney Lopes Jr. (DEM)
13. Adenúbio Melo (PSB)
14. Bispo Francisco de Assis (PSB)
15. Chagas Catarino (PP)
16. Júlia Arruda (PSB)
17. Sargento Regina (PDT)
18. Edivan Martins (PV)
19. George Câmara (PCdoB)
20. Maurício Gurgel (PHS)
21. Heráclito Noé (PPS)
Suplentes:
22. Fernando Lucena (PT)
23. Rejane Ferreira (PMDB)
24. Ubaldo Fernandes (PP)
25. Renato Dantas (PMDB)
26. Geraldo Neto (PMDB)
1. Paulo Wagner (PV)
2. Raniere Barbosa (PRB)
3. Adão Eridan (PR)
4. Hermano Morais (PMDB)
5. Dickson Nasser (PSB)
6. Júlio Protásio (PSB)
7. Aquino Neto (PV)
8. Albert Dickson (PP)
9. Enildo Alves (PSB)
10. Franklin Capistrano (PSB)
11. Luis Carlos (PMDB)
12. Ney Lopes Jr. (DEM)
13. Adenúbio Melo (PSB)
14. Bispo Francisco de Assis (PSB)
15. Chagas Catarino (PP)
16. Júlia Arruda (PSB)
17. Sargento Regina (PDT)
18. Edivan Martins (PV)
19. George Câmara (PCdoB)
20. Maurício Gurgel (PHS)
21. Heráclito Noé (PPS)
Suplentes:
22. Fernando Lucena (PT)
23. Rejane Ferreira (PMDB)
24. Ubaldo Fernandes (PP)
25. Renato Dantas (PMDB)
26. Geraldo Neto (PMDB)
sábado, 4 de outubro de 2008
A comadre da peixada
Acredito que pouca gente tenha tomado conhecimento, mas quase perdemos um dos nossos patrimônios vivos – aproveitando a deixa do post abaixo. Francisca de Barros Morais, a Comadre do mais antigo restaurante em atividade de Natal, a Peixada da Comadre, passou por maus bocados há uma semana. Sentiu-se mau e foi levada às pressas ao hospital. Passou uma semana internada e está em repouso agora. Aos 82 anos, a Comadre Francisca ainda trabalhava da mesma forma como nos anos 40, quando abriu o restaurante nas Rocas. Diariamente ia ao Canto do Mangue selecionar o melhor peixe, que ao fogo, se torna o mais saboroso dessa província. Depois passava o dia na cozinha. Com o susto, os filhos convenceram a Comadre a deixar a labuta. Enfim, dona Francisca se aposentou.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Lost: novidades
Aos que acompanham a interminável e enigmática série Lost, algumas novidades para a quinta temporada. Quem assistiu a quarta temporada completa viu que alguns dos principais personagens de Lost estão fora da ilha. Nem por isso a Iniciativa Dharma vai desaparecer do programa. Um dos atores que ficaram famosos na série por conta da organização vai voltar. E este é das antigas: Doug Hutchison estava no episódio em que o passado de Ben foi revelado (foi ele quem recebeu o líder dos Outros e seu pai na ilha). O ator, que viveu Horace Goodspeed, vai aparecer pela terceira vez na série na quinta temporada. Algum palpite para saber de que maneira o moço volta?
Novo selo de rock
O rock potiguar, considerado vanguardista e exaltado pela crítica pela sua qualidade, traz no mês de outubro uma belíssima novidade. O Selo Independente Xubba Musik irá lançar dois CDs de bandas do seu casting atual. Seguindo a linha do rock anos 80/90, a banda Distro lança um álbum de oito faixas inéditas intitulado Tétano. Por sua vez, bebendo da fonte do blues e do country, sem, é claro, deixar de salpicar doses do genuíno rock'n'roll, os meninos do Vitrola lançarão um CD chamado Continuo a Rodar.
O lançamento dos CDs será em 25 de outubro, no Centro Cultural DoSol Rock Bar. A festa representa a edição especial do projeto Quinzena Cultural Xubba, realizado quinzenalmente pelo selo no mesmo local. A noite começará com show da banda Os Bonnies, que lançaram há pouco tempo um disco elogiado. O grupo Fewell, destaque da cena rockeira natalense atual, encerra em grande estilo o evento. Além disso, o Selo Xubba Musik dispolibilizará promoções imperdíveis ao público rockeiro. Com apenas R$ 5 é possível comprar a senha e de quebra levar um dos CDs lançados. Com R$ 10 o espectador leva Tétano, Continuo a Rodar e ainda compra a entrada.
O lançamento dos CDs será em 25 de outubro, no Centro Cultural DoSol Rock Bar. A festa representa a edição especial do projeto Quinzena Cultural Xubba, realizado quinzenalmente pelo selo no mesmo local. A noite começará com show da banda Os Bonnies, que lançaram há pouco tempo um disco elogiado. O grupo Fewell, destaque da cena rockeira natalense atual, encerra em grande estilo o evento. Além disso, o Selo Xubba Musik dispolibilizará promoções imperdíveis ao público rockeiro. Com apenas R$ 5 é possível comprar a senha e de quebra levar um dos CDs lançados. Com R$ 10 o espectador leva Tétano, Continuo a Rodar e ainda compra a entrada.
Estação das borboletas
O texto a seguir é do folclorista Sebastição Vicente. E qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência:
“Se amanhã, você chegar à repartição municipal e for encaminhado para o programa de tevê mais próximo, não reclame. Se o nível de nitrato na água chegar a um nível insuportável, nem pense em chamar as autoridades – convoque urgentemente uma repórter, de preferência loura, bem penteada e falante como um papagaio. Se notar que a cidade está sendo administrada como um loteamento mercantil, conforme-se: é assim que funcionam os programas de auditório. Se achar que foi mal recebido pelo assessor do assessor do auxiliar do escritório do chefe do gabinete do secretário municipal, tome aquela providência ao alcance de todos: dê uma vaia nele, pois é esse o código de aprovação ou reprovação vigente na terra da inteligência jogada fora.
Não vá passar vexame espantando-se caso encontre na rua um multidão de tietes de terninho, saltinho e risinho no rosto sempre que a despachante municipal estiver em visita a uma obra qualquer. Contenha-se ou, no máximo, misture-se à massa para não chamar demais a atenção – que este, meu bem, é o crime supremo na nova geração do sim, claro, por que não?, agora mesmo, só se for agora. Nas datas festivas, esqueça o teatro popular – a gente já enjoou desses autos todos. Programe sua cabeça para assistir a shows animados com a presença de figuras muito carismática que levantam qualquer audição com sua força de comunicador popular. Nas bibliotecas, finja-se de morto. Nas livrarias, socorra-se com a sessão de auto-ajuda. No cabeleireiro, fique à vontade – agora este é o ambiente supremo da cidade do Sol.
Em Ponta Negra, reclame um pouco do serviço do quiosque que é para não lhe confundirem com um bocó qualquer. No Praia Shopping, curta sua nova vida variando as cores e os tecidos conforme as mudanças de estação e nunca deixe de simular a importância de se estar a par de tudo o que há de mais atual. No Miduei, reprove – mas com aquele ar de pouca importância – o nível da freqüência. No Centro da Cidade – mas quem vai ao centro da cidade, querido? Ah, só se houver um evento muito especial. Sinto contrariar mas, naturalmente, você terá que ir ao Centro da Cidade, pois que a sede da Prefeitura – aquele prédio precisando de um retoque há muito tempo – fica por lá. Não tem problema: use o carro – com películas, claro. Na Ribeira, faça de conta que é turista como a moça daquela canção de Chico Buarque.
Canção de quem, amor? Deixa pra lá. O importante neste momento é que você se convença da importância da mudança que vem aí. Se você achava que a cidade estava ficando estressada, abusada, nova rica e tão pedante quanto ignorante, não tema: o futuro imediato anuncia algo muito pior. E você precisa se adaptar, não é mesmo? Comece a treinar agora mesmo. Repita, olhando-se no espelho mais próximo: tudo vai ficar melhor porque eu sou linda como uma borboleta!"
“Se amanhã, você chegar à repartição municipal e for encaminhado para o programa de tevê mais próximo, não reclame. Se o nível de nitrato na água chegar a um nível insuportável, nem pense em chamar as autoridades – convoque urgentemente uma repórter, de preferência loura, bem penteada e falante como um papagaio. Se notar que a cidade está sendo administrada como um loteamento mercantil, conforme-se: é assim que funcionam os programas de auditório. Se achar que foi mal recebido pelo assessor do assessor do auxiliar do escritório do chefe do gabinete do secretário municipal, tome aquela providência ao alcance de todos: dê uma vaia nele, pois é esse o código de aprovação ou reprovação vigente na terra da inteligência jogada fora.
Não vá passar vexame espantando-se caso encontre na rua um multidão de tietes de terninho, saltinho e risinho no rosto sempre que a despachante municipal estiver em visita a uma obra qualquer. Contenha-se ou, no máximo, misture-se à massa para não chamar demais a atenção – que este, meu bem, é o crime supremo na nova geração do sim, claro, por que não?, agora mesmo, só se for agora. Nas datas festivas, esqueça o teatro popular – a gente já enjoou desses autos todos. Programe sua cabeça para assistir a shows animados com a presença de figuras muito carismática que levantam qualquer audição com sua força de comunicador popular. Nas bibliotecas, finja-se de morto. Nas livrarias, socorra-se com a sessão de auto-ajuda. No cabeleireiro, fique à vontade – agora este é o ambiente supremo da cidade do Sol.
Em Ponta Negra, reclame um pouco do serviço do quiosque que é para não lhe confundirem com um bocó qualquer. No Praia Shopping, curta sua nova vida variando as cores e os tecidos conforme as mudanças de estação e nunca deixe de simular a importância de se estar a par de tudo o que há de mais atual. No Miduei, reprove – mas com aquele ar de pouca importância – o nível da freqüência. No Centro da Cidade – mas quem vai ao centro da cidade, querido? Ah, só se houver um evento muito especial. Sinto contrariar mas, naturalmente, você terá que ir ao Centro da Cidade, pois que a sede da Prefeitura – aquele prédio precisando de um retoque há muito tempo – fica por lá. Não tem problema: use o carro – com películas, claro. Na Ribeira, faça de conta que é turista como a moça daquela canção de Chico Buarque.
Canção de quem, amor? Deixa pra lá. O importante neste momento é que você se convença da importância da mudança que vem aí. Se você achava que a cidade estava ficando estressada, abusada, nova rica e tão pedante quanto ignorante, não tema: o futuro imediato anuncia algo muito pior. E você precisa se adaptar, não é mesmo? Comece a treinar agora mesmo. Repita, olhando-se no espelho mais próximo: tudo vai ficar melhor porque eu sou linda como uma borboleta!"