Estirado no Estirâncio (ou sol sem sombra de dúvidas) é trilha sonora de sonhos. São os sons inaudíveis da zona lavada do estirâncio – faixa de terra deixada pela maré quando seca Salve a palavra didática e a complexidade do contexto! E o contexto é desconexo. Nem sol para iluminar idéias ou queimar dúvidas. Ora, escrevo sobre poetas elétricos, famélicos pela desconstrução construtiva da palavra ou lavra de frases; assuntos assados. É palavra usada, ousada; soada. Impressões pressionadas pelo desejo cego da experimentação. E perdoem-me poetas elétricos, os teatros mágicos não sabem o que fazem. São vocês os donos do imã atrativo da rima. Carito nunca ficará no caritó. É casado com a poemúsica. E dela pariu música falada e falhada. Só para tentar outra vez. É união instável; testável. O conflito é confuso. Luta de espadas contra vogais e consoantes; cutilada no sentido do som. É preciso cuidado, caro ouvinte-leitor-canibal famélico de palavras tortas. A liberdade é vigiada pela sentinela-poesia. Pode modificar seu paradigma digno de parar o trânsito dos seus amores e certezas. Poetas elétricos são para poucos viventes radicais abertos aos experimentos lingüísticos para além do bem e do mal. Que o diga Nietzsche e a salva-guarda libertária das morais carcereiras. O desconcerto pode ser fatal. E o descompasso virar passo, no espaço longo do tempo. Melhor aceitar o convite. Fuja da vida mansa, estirada no estirâncio de sombra fresca e busque a vida ávida de dúvidas ao sol sem sombras. Mergulhe na sopa elétrica de poetas. Sonhe com a voz “pretextuosa” de Carito. Coloque o ouvido no ácido metálico-sonoro de Edu Gomez. E dance com Michelle Régis um som imaginário na voz da primeira pessoa da plural afinação. São poetas eletrocutados pela energia que avança e descansa no estirâncio a doce palavra melada de meta-física. Agradeço a viagem, caros prosadores da poesia. Já guardei meu guarda-sol. Quero agora a luz descoberta. Sou agora polifônico!
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