segunda-feira, 23 de março de 2009

Do jornalismo cultural de Cascudo

O jornalista Ricardo Soares – crítico literário e antigo apresentador do excelente TV Sesc, a qual entrevistava escritores e pessoas relacionadas às letras – criticou em seu blog o jornalismo cultural praticado no Brasil. E citou Cascudo a partir de texto do também potiguar, jornalista e escritor Franklin Jorge. Leia:

“Não seremos mais pródigos ou mais civilizados se soubermos de cor os programas de ópera de fora ou as novidades da Broadway e não soubermos quem foi Artur Azevedo, Mário de Andrade, Campos de Carvalho, Rosário Fusco, Nise da Silveira, José Agripino de Paula, Valêncio Xavier e Luis da Câmara Cascudo. Isso para citar poucos nomes mas que de alguma forma representam transgressão e brasilidade. Produtos culturais em estado bruto que só poderiam vicejar no Brasil.Dou apenas uma rápida passada no escritor e folclorista Luis da Câmara Cascudo que tendo nascido e vivido em Natal, Rio Grande do Norte, construiu uma das mais importantes obras de identidade nacional, uma obra universal. Muitos defendem que Cascudo, quando se debruça em questões culturais, foi um pioneiro do jornalismo cultural não só pelo tema que escolheu como pela maneira como a qual escrevia sobre o assunto”.

Mais adiante, Ricardo Soares cita os argumentos de Franklin Jorge de que Cascudo foi o precursor do jornalismo cultural com o lançamento do livro Viajando os Sertões (1934), com escritos característicos do que na década de 1960, Tom Wolfe evidenciaria ao mundo com o chamado Novo Jornalismo. “Um jornalismo dominado por uma esmagadora necessidade de fazer parte do mundo real”, diria Franklin Jorge. E termina: “Em seus textos jornalísticos exercita Cascudo — avant la lettre — alguns característicos do New Journalism, o jornalismo cultural por excelência. Um jornalismo, digamos subjetivo, em oposição ao jornalismo objetivo que terá inspirado a Nelson Rodrigues a paradigmática figura do “idiota da objetividade” – um vulgar portador da informação desprovida de conhecimento”, escreveu o polêmico Franklin.

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