Assisti só esta semana o novo filme de Batman. Realmente há vida inteligente nos blockbusters hollywoodianos. Quando comentei das fracas produções recentes de outros heróis dos quadrinhos, como Hulk, O Quarteto Fantástico e o Homem de Ferro, Batman soa como prova. A atuação de Heath Ledger como Coringa é memorável. E o personagem é a grande sacada do filme de Christopher Nolan. Uma figura anarquista que, de certo, provocou espectadores do mundo inteiro como um espelho da hipocrisia global. Um personagem denso. Não acho que seja perturbado, como foi citado em algumas críticas. Embora pareça contraditório, reputo no Coringa a figura esclarecida do filme. O Batman, interpretado por Christian Bale, este sim uma pessoa confusa, indecisa, carente; afora a solidão perturbadora já característica.
Se aponto uma passagem equivocada de Batman: o Cavaleiro das Trevas – e quem não assistiu pule esta parte – foi a inércia dos tripulantes das embarcações em não ativar os explosivos. Um gesto que pôs a filosofia do filme – mostrar a decadência da humanidade – por água abaixo. Agora, um fato demasiado favorável ao filme, principalmente ao se tratar de um blockbuster: os diálogos são naturais e evitam ao máximo a constrangedora situação de explicar o filme ao público. Vejam que tudo é muito bem construído e pensado. O promotor de justiça, vivenciado por Aaron Eckhart demonstra todos os ofícios e conhecimentos da profissão. Diferente dos erros grosseiros dos blockbusters, como o novo Indiana Jones. Chega ao ponto do mexicano Pancho Villa ensinar o quechua, idioma dos incas.
Batman respeita a inteligência do público. Foi o único filme do estilo que conseguiu remexer com os ossos da minha personalidade. O papel do Coringa no filme remeteu-me à mesma provocação vista em Dogville, no sentido de mostrar que somos hipócritas e subalternos às regras ainda mais hipócritas; que todo ser humano pode ser mau. E devido a essa complexidade pouco visto nos filmes de heróis, muitos críticos colocam este Batman fora de uma adaptação dos quadrinhos. Acho que não. O mundo dos HQs dependem muito da imaginação e todos sabem das ideologias colocadas por trás de cada personagem. O diretor conseguiu captar a dele e encontrou uma interpretação fantástica para a figura do Coringa. É, sim, uma adaptação, só que inteligente. Que o modelo seja seguido. E nada mais.
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Puxa, cara, acredita que ainda não fui ver o filme. Na verdade, em matéria de cinema, aqui no Rio, privilegiei outros lançamentos, como "A banda" e "Luz silenciosa", que muito me agradaram. Mas pretendo vê-lo, sim. Mais cedo ou mais tarde.
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