O Projeto Seis e Meia é, sem dúvida, o evento mais bem sucedido e longevo do Rio Grande do Norte. São mais de 1200 shows em 13 anos de apresentações. Desde sempre o produtor Willian Collier esteve à frente do projeto. Muito, mas muito mesmo do sucesso do evento se deve a ele. Diante da incompetência e burocratização do aparelho cultural do estado, o produtor bancou e tem bancado do seu bolso muitas das atrações apresentadas para só depois receber a grana, que em muitos casos não vem. Caso de alguns dos últimos shows, como o cachê de R$ 5 mil do filho de Tim Maia, Léo Maia, na semana retrasada.
A competência de Collier tem sustentado o Seis e Meia. O último grande show, em termos de lotação do TAM, com o sambista Benito Di Paula, foi viabilizado graças ao trabalho do produtor. O cachê cobrado pelo sambista foi de R$ 20 mil. Recurso este que a FJA não arcaria. Collier conseguiu trazer Benito de Paula por R$ 8 mil, compensado pela apresentação do compositor também nos teatros das cidades paraibanas de João Pessoa e Campina Grande, onde Collier também produz o Seis e Meia. Aliás, são projetos mais bem sucedidos do que o daqui. São teatros maiores e sempre lotados. Talvez porque haja respeito com a cultura e com o artista.
Por outro lado, o Diário Oficial deste Rio Grande de Poti estampa na capa da edição de 29 de julho o pagamento de cachê no valor de R$ 130 mil a Elba Ramalho, para show de inauguração da Ilha de Santana, em Caicó. Estranho um valor tão alto e pago sem entraves burocráticos. Pior: sem licitação! Semana passada, pessoas ligadas à cultura em Caicó fizeram manifesto, assinado por 75 artistas contra o “abandono” da FJA à cultura no Seridó e a prédios como o Castelo de Engady – uma maravilha potiguar adquirida pela FJA nesta gestão. Segundo o manifesto, “as ações da Fundação José Augusto não apresentaram nenhuma proposta concreta que aponte para o esboço de uma política cultural de verdade na região do Seridó”.
O diretor geral da FJA, Crispiniano Neto informou que solicitou à governadora Wilma de Faria R$ 100 mil para reforma do Centro Cultural de Caicó. Devido às pautas cheias do Conselho de Desenvolvimento do Estado, “vai demorar um pouquinho”. Quanto ao Castelo de Engady, muitas pretensões e nada concreto. A pérola é que o gestor “reconhece que falta mais uma atenção especial para os artistas caicoenses”. Enquanto isso, na batcaverna do Seis e Meia, falta recurso para pagar cachê de R$ 5 mil. Diante dessas e outras, Collier cansou de tentar salvar o projeto fazendo justiça com os próprios bolsos e disse a este jovem mancebo que até o fim do ano deixa o Seis e Meia. Imagino que sem a sua batuta, seja o fim do Projeto.
Talvez a solução para o Seis e Meia seja voltar às origens e depender da iniciativa privada. À época, patrocinado pela Fiern, Sebrae, Vasp... Foi um período que deu certo, graças, também, ao trabalho do produtor Zé Dias e da força do cantor Fagner, que aceitou se apresentar sem cobrar cachê para dar uma guinada ao Projeto.
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