Bazar expõe a arte dos artistas visuais Ricardo Junqueira e Andréa Ebert em espaço pouco convencionalExposições de artes plásticas geralmente estão associadas às galerias e ao público restrito, “elitizado” em maioria. Talvez seja herança do renascentismo italiano, quando grande parte da produção artística era encomendada e adquirida por uma minoria. Mesmo no século 20 as obras eram de consumo interno, doméstico. Exposições públicas vieram depois, ainda com a pecha de arte feita pra rico. Basta conferir a circulação de pessoas nas galerias ou visitações em exposições temáticas.
Para comercializar a produção acumulada durante o ano e encontrar o grande público consumidor, o casal Ricardo Junqueira e Andréa Ebert encontrou uma maneira diferente para expor seus trabalhos: um formato de bazar. Caixas e mais caixas repletas de artes visuais a preços mais baratos. “Durante o ano nós produzimos muito. Grande parte fica guardada, acumulada, sem ninguém ver. Então, organizamos o Bazarte para colocar tudo em exposição e à venda”, conta Ricardo Junqueira, fotógrafo profissional.
A ideia do Bazarte entra na quinta edição nesta quinta-feira, no espaço da loja Oficina Interiores, em Tirol. A superexposição é intitulada apenas de Para Parede. Um tema amplo para expor os mais variados suportes e materiais apropriados à parede: ilustrações, fotos conceituais e de paisagens, pinturas em acrílico sobre papel ou madeira, tecidos, colagens, etc. Segundo Ricardo, são trabalhos autorais, de livre expressão que o casal gostaria de ver pregado em alguma parede. “O Bazarte é uma maneira de vender e fazer nosso trabalho respirar”.
O Bazarte foi idealizado a partir de uma viagem feita pelo casal à Holanda, onde viram uma exposição coletiva de 30 artistas visuais. Eram trabalhos diferentes, entre telas, pinturas, fotografias, mas todos expostos em um papel padronizado em 24x30cm e colocados em caixas. “As galerias ainda intimidam. Existe o pensamento de que cultura é pra poucos. Muitos pensam que entrar na galeria significa comprar uma obra, quando esse é apenas uma alternativa. Há também a contemplação da obra, a curiosidade”.
Em Natal, Ricardo diz ter encontrado apoio para a ideia em lojas voltadas ao segmento da arquitetura de interiores, hoje um nicho viável para artistas plásticos comercializarem suas obras. “A arquitetura é um grande canal para escoar nossa produção. Nós temos, sobretudo Andréa, trabalhos diversificados e alguns deles são voltados a outro tipo de cliente, como editoras, no caso das ilustrações para livros. Digamos que os arquitetos são divulgadores da nossa produção para por na parede”.
Ricardo comemora também os espaços conquistados pela fotografia nos últimos anos, seja na decoração de ambientes ou nas premiações artistas e salões de artes visuais. “Todos têm, de algum modo, um contato íntimo com a fotografia. Então, há uma empatia inicial mais forte. E a fotografia é uma maneira mais fácil, até financeiramente, de se inserir no mundo das artes”, afirma o premiado fotógrafo, natural de Brasília, autodidata desde 1979 e sempre preocupado em imprimir arte ao seu trabalho autoral.
A 5ª edição do Bazarte ficará aberta ao público por três dias, de quinta a sábado. São mais de 100 obras em exposição cujos suportes são tão plurais quanto os temas e as influências do fazer artístico. Muitas imagens guardam o olhar peculiar do brasiliense à cidade que acolheu desde 1996. Nenhuma delas pertence ao acervo dos vários restaurantes, hotéis e prédios públicos – como o painel com mais de cinco metros no hall de entrada da Polícia Federal, pintado por Andréa Ebert – espalhados pela cidade que já se renderam à arte do casal.
Exposição “Para Parede– 5ª Edição do Bazarte”Onde: Officina Interiores (Av. Hermes da Fonseca, 1052)
Quando: de quinta a sábado
Abertura: quinta-feira, às 16h
Sexta-feira - das 8h às 19h
Sábado – das 9h às 13h
Contato: Ricardo (9986-1061 – 3207 3473)
Andrea (9901 2262 – 32073473)
www.andreaebert.com.br
www.ricardojunqueira.com.br
* Matéria publicada hoje no Diário de Natal- Foto de Ricardo Junqueira
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