Funcarte escolheu esta semana Diana Fontes para dirigir o mesmo texto de Edson Soares no Auto de NatalO Auto de Natal 2010 já tem direção e texto definidos. Diana Fontes foi convocada para dirigir o mesmo texto do auto natalino de 2009, escrito pelo jornalista Edson Soares. A Capitania das Artes “bateu o martelo” segunda-feira com as novas definições. Segundo Diana, durante a reunião, o texto de Edson Soares foi “sugerido pela Funcarte e acatado” por ela. A trilha sonora do espetáculo deverá ficar sob responsabilidade do compositor Danilo Guanais, parceiro de Diana nas onze edições do auto Um Presente de Natal.
O convite a Diana Fontes partiu do próprio presidente da Funcarte, Rodrigues Neto. Diana classifica como “sugestão” o pedido ou exigência da instituição pelo texto de Edson Soares. “Encaixou com minha proposta de levar ao público o legado deixado pela história do nascimento de Jesus”. Diana Fontes já trabalhou formas distintas para contar a tradicional história do Menino Jesus: elementos circenses, textos densos, musicais... “Sinto que o público quer ouvir a mensagem simples: o nascimento foi assim e a mensagem deixada é tal, e o texto de Edson Soares é isso”.
O texto de Edson Soares faz referências ao evangelho apócrifo de Tiago. Apócrifos são textos rejeitados pelo cânone bíblico. Uma espécie de escritos não-oficiais, no caso, da vida de Jesus Cristo. Difere da proposta apresentada em anos anteriores, quando o roteiro esteve baseado na história oficial da Bíblia mesclada à historiografia e cultura potiguar, repleto de elementos regionais. De acordo com Edson Soares, o evangelho escolhido como texto base revela detalhes sobre a infância de Maria, bem como a origem de diversas tradições católicas, como a estrela de natal.
A repetição do mesmo texto para o Auto de Natal deste ano é prática comum em outros espetáculos natalinos. Há cinco anos, por exemplo, o auto Chuva de Bala no País de Mossoró mantém o texto do escritor Tarcísio Gurgel. O Auto da Liberdade, também em Mossoró, é baseado no escrito do cordelista Crispiniano Neto há vários anos. O próprio Presente de Natal, criado e dirigido por Diana Fontes passeia pelos textos dos dramaturgos Racine Santos e Cláudia Magalhães durante os onze anos do auto – o mais antigo do Rio Grande do Norte.
A tradicional mescla do tradicional (a história do nascimento de Cristo) e o contemporâneo (a concepção plástica) será mantida. “Minha estética é muito poética”, disse Diana, diretora também de autos natalinos de Mossoró em anos anteriores. A ideia é colocar “a mão” da diretora em cada cena e dessa forma modificar cenários, performances e formato do Auto de Natal dirigido ano passado por Henrique Fontes. “Cada direção tem a sua visão. Vamos conjugar a encenação com a estética da direção. Há liberdade do diretor com o autor para adaptar o texto ao espetáculo”, ressalta Diana.
No ano passado, o espetáculo foi narrado pela mãe da família potiguar. Durante o espetáculo ela comemora o natal com árvore, panetone e seus diversos elementos. O filho faz questionamentos acerca dos costumes natalinos e o Auto se desenvolveu a partir do paralelo entre as famílias potiguar e tradicional, esta última formada pelos pais de Maria, até que ela forme a sua com José, culminando com o nascimento de Jesus.
Presente de NatalCriadora, diretora e proprietária dos direitos do auto natalino Um Presente de Natal, Diana Fontes entregará a direção do espetáculo este ano para Daniele Flor e Bianca Dore, partícipes de boa parte das edições do auto. “Ainda vou conversar com as meninas. Elas terão total liberdade de criação, claro, dentro da estética criada pelo auto nestas 11 edições”.
Diana lembra que tudo ainda depende da captação dos recursos, amparado nas leis de incentivo cultural, para viabilizar o espetáculo. É que desde o ano passado o Presente de Natal é privado. Entre 1997 (é o auto natalino mais antigo do Estado) e 2006, o espetáculo foi bancado e promovido pela Fundação José Augusto. Quando Diana foi afastada da FJA, o auto foi suspenso por dois anos, voltando o ano passado em caráter privado.
Auto de NatalO Auto de Natal foi criado pela ex-presidente da Funcarte, a professora Isaura Rosado, em 1998. O formato e local do espetáculo eram diferentes. Um cortejo partia da Catedral. Na gestão de Dácio Galvão na Funcarte, o Auto de Natal ganhou dimensões de mega espetáculo, com as apresentações no Anfiteatro do Campus da UFRN e, em seguida, no Estádio Machadão. Vários diretores assinaram seus nomes na concepção do Auto: Lenilton Teixeira, Véscio Lisboa, Lenício Queiroga, Moacir de Góes, Moacy Cirne e outros. Os textos foram escritos por Tarcísio Gurgel, Paulo de Tarso Correia de Melo, Nei Leandro de Castro, e outros.
Matéria com tanto recordatório podia ter citado a feiúra que fizeram com Clotilde Tavares no ano passado.
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