sexta-feira, 25 de julho de 2008
Paris e Veneza, por Mário Ivo
Lembro de uma palestra proferida por Carlos Heitor Cony nesta vila recheada de operações impactantes lá para 2004, acho. Era um evento literário patrocinado pelo Banco do Brasil. Na oportunidade, o escritor comentou que a obra de Clarice Lispector não era para qualquer um. Recordo bem da assertiva porque meu ego subiu como uma atleta olímpica de salto com varas. Tem autores que a identificação é imediata e a compreensão é mais proveitosa. Minha relação com os escritos de Clarice é assim. Digo isso porque outro dia li opinião parecida do jornalista Carlos de Souza, o Carlão, a respeito da coluna de cultura escrita por Mário Ivo, no JH 1º Edição. Realmente não é pra qualquer um. Nada parecido com Clarice Lispector. Mas é de uma profundidade além da primeira leitura. Sem pedantismo ou lugares comuns. São artigos na medida certa, sobretudo para um jornal impresso. A série de textos “Cidades que eu vi”, com impressões de Paris e Veneza são peças a serem guardadas. E para não ficar apenas nos elogios merecidos, cito um pequeno desleixo, manjado como um beijo no coração: “ruas estreitas, todas sinuosas como serpentes”. A coitada da cobra há muito é confundida com as curvas das estradas. Mas, Pai perdoe os gênios. Eles sabem o que fazem.
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