Achei oportuno divulgar o artigo do professor Rinaldo Barros. O problema da água precisa ser olhado com mais seriedade:
“Começo logo com algumas informações altamente preocupantes. Em 2025, 8 bilhões de habitantes deverão compartilhar a mesma quantidade de água doce que existe atualmente. Estima-se que as reservas serão, em média, de 4.800 m3 por ano e por habitante, contra 16.800 m3 em 1950.
A América do Sul dispõe da quarta parte da água disponível em todo o mundo, embora ela abrigue apenas 6% da população. No extremo oposto, 60% dos habitantes do planeta vivem na Ásia, que não dispõe mais do que um terço dos recursos em água existentes.
Atualmente, 30% da população mundial dispõem de menos de 2.000 m3 por ano e por habitante. As regiões mais expostas à penúria de água são o Sahel (no oeste da África), o Mediterrâneo, o Oriente Médio, o sul dos Estados Unidos e a Ásia.
Acendeu a luz amarela. As sociedades humanas precisam reformar rapidamente sua administração dos recursos em água doce, sobre os quais pesam ameaças cada vez mais importantes. Caso mudanças não sejam promovidas em tempo hábil, a segurança hídrica, alimentícia e energética, em breve poderá estar comprometida.
Em resumo, esta é a preocupação dos organizadores do 13º Congresso Mundial da Água, que foi realizado em Montpellier, na França, agora em setembro.
O congresso de Montpellier, cuja abordagem predominante é científica, está sendo realizado alguns meses antes da reunião do Fórum Mundial da Água, que está agendado para março de 2009 em Istambul (Turquia) e que reunirá lideranças políticas, industriais e organizações não-governamentais (ONGs). Elas abordarão as questões da evolução da vazão dos rios oeste-africanos, o impacto do aquecimento climático sobre a irrigação do arroz na China, e a administração dos conflitos entre usuários na Espanha, entre outras.
A população mundial não pára de crescer, e a água vem se tornando cada vez mais rara. A principal causa deste desequilíbrio é o aquecimento climático. À medida que a temperatura segue aumentando, a evaporação da água dos rios e de todos os cursos de água em geral torna-se mais importante. Com isso, a quantidade de água disponível vai diminuindo.
Todavia, o grande culpado pela rarefação da água é o crescimento das formas de poluição de origem urbana, industrial e agrícola. "Raros são os países que efetuam corretamente o saneamento das suas águas usadas", constata Cecilia Tortajada. "Na Cidade do México, o principal curso de água encontra-se poluído de tal forma que a municipalidade é obrigada a captar a sua água potável a quilômetros de distância".
A salinização das águas doces, que é provocada pela exploração excessiva dos lençóis freáticos costeiros ou dos rios, as torna igualmente impróprias para o consumo. Com isso, elas não podem ser aproveitadas sem custosos processos de saneamento prévios.
Ora, as necessidades de água vêm aumentando sem parar. O crescimento da população mundial, que ocorre essencialmente nas grandes metrópoles, vem concentrando a demanda em determinadas regiões, o que complica o abastecimento de água potável.
Contudo, e principalmente, são os volumes necessários para garantir a alimentação da população mundial num futuro próximo que causam preocupação. Atualmente, uma proporção de 70% em média da água doce utilizada em todo o mundo é destinada ao setor agrícola.
Do Congresso de Montpellier saíram as seguintes recomendações: essas respostas devem ser dadas pelos Estados, pelas coletividades locais e pelos usuários que enfrentam esses problemas. O caro leitor já fez a sua parte?
Nestes tempos eleitorais aqui no patropi, onde estão as propostas sobre essa questão? O que será feito para que os nossos rios, lagoas, açudes, represas e aqüíferos subterrâneos (hoje, contaminados por nitrato – cancerígeno) sejam despoluídos e preservados, para que tenhamos água doce e potável em abundância?.
Que herança iremos deixar para os nossos filhos e netos?
Soluções técnicas as há, faltam apenas (?) vontade e coragem política. Resumo da ópera: é urgente construir uma política de uso adequado da água. A mãe Natureza e as futuras gerações agradecem".