Li praticamente toda a 19ª edição da Preá e uma particularidade é inegável: o projeto de arte da revista deu um salto substancial e necessário. Ficou moderna, de boa visualização. A nova gráfica também corrigiu os erros grosseiros de soltura de páginas das duas últimas edições, patrocinadas na gestão da professora Isaura Rosado.
O mais importante é que o conteúdo de alto nível da revista também permaneceu. Não achei mais diversificada em temáticas culturais, como havia me adiantado a nova editora da revista, a jornalista Mary Land Brito. E nem poderia. A Preá sempre abrangeu e foi aberta às diversas vertentes da cultura.
Se fosse opinar para um dos lados quanto ao assunto, até apontaria as edições anteriores. Essa nova cedeu muito espaço para gêneros literários. Foram dois contos (um excelente de Alex de Souza e outro de quatro páginas de Carlos Fialho), poesia de Thiago Barbalho e Plínio Sanderson, crônica de Vicente Serejo e Rubens Lemos Filho, artigo de Clauder Arcanjo (uma maravilha, também) e Deth Haak, Anchieta Fernandes e Rizolete Fernandes.
A entrevista foi feita pela editora Mary Land com o atual secretário da Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, o ator Sérgio Mamberti. A entrevista foi bem conduzida. Já fiz uma com Mamberti e sei da dificuldade: o cara fala muito e emendado.
As tradicionais matérias de mapeamento cultural dos municípios potiguares também sofreram mudanças. E para melhor. A idéia de publicar apenas um (em vez de dois municípios) por revista possibilita uma diagramação mais leve e espaçosa. A imagem de abertura de Angicos tomada em duas páginas ficou primorosa. A outra vantagem é que, como são mais trabalhosas, com a retirada de uma cidade a edição pode ser preparada com maior rapidez. E mais uma vez o nome deste blogueiro saiu com dois “L” no Vilar. Sem problema (rs).
Cuba foi evidenciada no ensaio fotográfico de Andréa Gurgel e como temática do filme Mariposa Blanca, em artigo escrito pelo cineasta responsável, Buca Dantas. Teatro e música também foram representados com excelentes textos de Cefas Carvalhos e o sempre bom Carlos Gurgel. João Batista de Moraes Neto escreveu ainda sobre Caetano Veloso. Achei meio despropositado esse espaço. Outra coisa bacana, diferente, foi a matéria sobre cartões postais, de José Correia Torres Neto.
Duas matérias claramente institucionais foram muito pertinentes. A Fundação José Augusto merecia até um espaço bem maior para contar sua história de 45 anos. Achei tímido o texto pequeno do sociólogo Tarcísio Rosas. “Queimou cartucho”, como se diz. Mesmo a outra matéria escrita por Josimey Costa sobre a discussão da TV Universitária ficou mais completa.
As considerações e comentários do editor eram publicados na última página. Agora foram substituídos por quadrinhos de Emanoel Amaral. Não sei se será mantida a idéia. Mary Land também fez seu texto, impresso na segunda página. E não se pode exigir da nova editora a mesma bagagem cultural do antigo editor da revista, o tarimbado Tácito Costa. As avaliações que o jornalista teciam eram mais embasadas.
Feio foram as palavras do diretor geral Crispiniano Neto na primeira página. Posso estar enganado, mas senti pontas de ironia no texto quanto à demora da revista. Jogar a culpa em gestões anteriores ou na burocracia é o pior dos erros. Certo seria reconhecer a incompetência ou falta de criatividade para driblar percalços. Ou faltou vontade?
Alguns trechos: “No fojo da burocracia e do descuido, caiu a Preá há muitos meses. E ficou enganchada no balseiro da força do não fazer que impera no serviço público”. Crispiniano disse que o início de nova licitação foi a culpa pela demora de quase um ano e meio. Ele usou do eufemismo “muitos meses”.
E mais: “Limpo o meio de campo, tínhamos que retomar, mas não por cima de paus e pedras. Uma preá como a nossa, com o conceito que granjeou, não pode ser pegada a dente de cachorro”. Na minha modesta interpretação, o velho Crispa depreciou a qualidade das edições anteriores. Ao final do texto, ele conclui: “Tinha uma pedra no meio do caminho, usamo-la para edificar. Tinha um limão? Por que não fazer uma limonada?”. Ironia pura!
E ainda mentiu sobre o “esfacelamento” da equipe da revista: “Já tinha acontecido a saída de Gustavo Porpino, que passou num concurso da Embrapa, e por último, a saída do editor Tácito Costa, que por força de outros compromissos se afastou da editoria”. Até onde sei, Tácito lutou pela revista até cansar. E a saída do esforçado e competente Gustavo foi sumariamente substituída, sem deixar buracos.
Enfim, o que se esperava era a continuidade em bom estilo. As expectativas foram atendidas. Pelo menos as minhas e de quem tenho conversado a respeito. Se o Crispa parar de falar besteira, se concentrar em seu talento e honestidade, e seguir o que disse no texto – aumentar a tiragem, distribuir em escolas e bancas e torná-la bimestral – continuarei também a apostar na atual gestão da FJA. Parece que a coisa começou a andar agora...
[image: Quando se usa o MAS é o mais?]
A expressão "quando se usa o MAS é o mais?" pode causar confusão para quem
está aprendendo português. Neste artigo...
Há 2 horas
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