Desde os primeiros dias e por seguidas oportunidades comento da falta de incentivo à cultura popular neste espaço. Clamo mais uma vez. É urgente a necessidade de reparar danos causados aos grupos remanescentes do nosso folclore locados em Ceará-Mirim. A situação é lastimável. Estão todos parados há meses. Alguns, como o Caboclinhos, de Mestre Birico, é o único do Estado. Já o Congo de Guerra, do nonagenário Mestre Tião, padece sem incentivo, oportunidade ou participação dos mais jovens e será extinto com a morte do mestre. Em situação semelhante está o Pastoril de Idosos, ameaçado de acabar pela desmotivação declarada da Mestra Maria do Carmo. Os integrantes do grupo de Bambelô, fundado há mais de 40 anos no município, já procuraram vender seus equipamentos. O Boi de Reis a situação é a mesma.
Esse cenário é resultado do completo descaso dos gestores públicos. Que a nova administração de Ceará-Mirim, comandada pelo prefeito Antônio Peixoto consiga reverter esse vergonhoso quadro. Mas posso adiantar que começou mal ao repetir a tradicional política de loteamento de cargos. Fosse pela competência e boa vontade teria mantido o pesquisador Gibson Machado no quadro funcional da fundação cultural do município. Gibson demonstrou claramente que estes grupos precisam de muito pouco para se manter. É o caso da mestra Maria do Carmo. Gibson levou o grupo para gravar as musicas em estúdio. Mesmo o trabalho muito artesanal eles ficaram felizes ao ponto da Mestra dizer que podia morrer porque estava realizada.
O descaso fica mais latente quando é explicitado o motivo da inércia do grupo de Caboclinho: falta um gaiteiro, responsável pelo principal instrumento musical. O rapaz que tocava morreu. No caso do Congo de Guerra, a morte de Mestre Tião extingue de vez o grupo. Ano passado Gibson levou Mestre Tião para gravar músicas do Congo. Também conseguiu viabilizar um documentário com ele pelo Canal Futura. Outro projeto promovido pelas mãos de Gibson foi o documentário feito pelas meninas do Projeto Vernáculo, que mostrou o grupo Congo de Guerra e enfatizou bem a importância de Seu Tião e Mestre Zé Baracho, o primeiro mestre.
Os componentes do Boi de Reis trabalham e não tem tempo de reunir para ensaiar e se apresentar. Se houvessem convites e contrapartida financeira a história seria outra. Também ano passado Gibson fez uma filmagem de duas apresentações do grupo, gravadas em dvd e viabilizou-os junto ao Ponto de Cultura da Grande Natal. Pelo menos. O mais grave é que esta mesma situação é vivida por outros grupos folclóricos espalhados pelo Estado. A maioria é privada de qualquer incentivo e está ameaçada de extinção por falta de interesse das novas gerações. Claro, por falta de promoção e estímulo governamental. Até quando ninguém sabe. Amanhã já pode ser tarde.
[image: Quando usamos a palavra em cima?]
Quando usamos a expressão "em cima"? Fique por dentro do significado e das
diferentes situações em que esta pal...
Há 6 horas
Sérgio,
ResponderExcluira Funcarte cortou em 25% as verbas do Carnaval. O argumento foi a crise da saúde. Eu e você sabemos que um valor reservado no Orçamento para a cultura não pode ser desviado para a saúde. Espero ver isso dito nos nossos jornais diários e na televisão.
Daniel, rapaz, assim que soube - e foi logo após a canetada - avisei na redação, mas ninguém fez nada. Assim fica difícil. O jeito é comentar na minha coluna de terça-feira. Mas pelo que eu soube foram 50% mesmo. Vou checar direitinho.
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