Somente ontem assisti o premiado com o Oscar 2008, Onde os Fracos Não Tem Vez. Um belíssimo filme. Espero ainda ver Sangue Negro para uma crítica comparativa. Mas adianto: o mais novo longa dos Irmãos Coen faz jus ao prêmio. E para justificar minha opinião sem propriedade alguma, escrevo o que vi:
Assisti personagens ricos em sentimentos. Um psicótico serial-killer (redundância?) carregado de traumas e princípios. Um “mocinho” sem princípio algum. Um xerife melancólico, e outros personagens menores também carregados de hipocrisia. Os quais eu interpretei como os “Fortes que têm vez”.
O que muitos reputaram como marca negativa, assisti de forma positiva uma mistura de gêneros: faroeste e Velho Oeste, suspense e ação e até uma pitadinha dos velhos filmes de gângsters. Engraçado que assisti, também ontem, Ajuste Final (1990) – um filmaço no estilo Gângster dos mesmos Irmãos Coen.
Assisti Javier Bardem repetir, como em Mar Adentro, uma atuação impecável. Não assisti Sombras de Goya. Dizem que o espanhol também tem excelente atuação. Embora pareçam estranhos, os diálogos de “Onde os Fracos...” são muito bons e essenciais ao roteiro do filme (coisa rara!). E o que achei melhor: não percebi nenhum apelo comercial do filme. Talvez por isso as críticas tão severas.
Mas há também os deslizes. Para um filme meio paradão, uma trilha sonora bacana ajudaria muito. Simplesmente não teve. Outra: depois da morte do mocinho que encontra uma mala cheia de dinheiro junto a traficantes de drogas mortos no deserto e decide fugir com a grana, o filme se perde um pouco. Os diretores parecem estar apressados para terminar tudo.
Nas obras literárias como em longas cinematográficas há os desfechos inesperados. Na maioria das vezes o que parece inexplicável explica muito mais; atiça a imaginação e aguça a interpretação. Coisa muito vista nos filmes de Antonioni. Não foi o caso, na minha opinião e de muitos no cinema. Acho que faltou algo. Talvez seja influência da adaptação da obra. Não sei porque não li. Mas plantou uma frustração em muitos.
A maior frustração foi minha, talvez. Já emputecido com um mesmo celular que não parava de tocar às alturas e uma moça mal educada que não só atendia como falava alto, um mala na minha frente comia alguma guloseima dentro de uma embalagem barulhenta de dar nos nervos. E olha que normalmente nem ligo pra isso. Mas ontem foi demais. Resultado: quando pensei em comentar com minha namorada a falta de bom senso alheio, terminou o filme.
Talvez por isso a frustração maior. Mas pelo que consegui “pescar”, Tommy Lee Jones, o xerife do filme, comentava um sonho que teve. Não me pareceu nada de substancial e minha concentração se voltou para o barulho da embalagem. Ainda assim arrisco dizer – embora opine que não gosto dos finais felizes dos espectadores mimados – que faltou desfecho para o excelente filme dos Coen e sobrou má educação na sala do cinema.
[image: Quando se usa o MAS é o mais?]
A expressão "quando se usa o MAS é o mais?" pode causar confusão para quem
está aprendendo português. Neste artigo...
Há 6 horas
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