A escolha de Natal como cidade-sede da Copa do Mundo de 2014 tem rendido opiniões equivocadas em muitos blogs e até jornais. Uma coisa é ser contra amparado em argumentos corretos, outra é esculhambar o feito sob informações desencontradas.
A mais comum é a de que o Rio Grande do Norte irá gastar bilhões para uma obra obsoleta após a Copa.
Primeiro: o dinheiro investido será da iniciativa privada. Claro, o poder público dará o suporte necessário com obras já necessárias à cidade, como saneamento em áreas onde será preciso reformas e construção de estradas.
É bom ressaltar que muito ou quase a totalidade da verba pública empregada será oriunda do Governo Federal, como a melhoria da malha viária e da possível implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Outro aspecto é que a infraestrutura de hotéis ou todo o complexo do projeto Arena das Dunas será mantido pela iniciativa privada. O descaso visto hoje com o Machadão, por exemplo, dificilmente será repetido.
Outro ponto positivo: o carnatal será banido dos arredores urbanos e residenciais da cidade.
Pelo que ouvi falar os investimentos girarão em torno de R$ 5 bilhões para nossa pobre capital de Nordeste oprimido. Recursos voltados tão somente para o desenvolvimento da cidade.
A saúde vai melhorar? Talvez. Piorar não vai. De certo a rede hospitalar deverá receber melhor atenção. O trânsito vai melhorar? É praticamente certo. O turismo, idem. E a segurança? Também. Pelo menos durante o período da Copa. E depois? Volta ao mesmo ponto. Piorar não vai, como a educação também não.
Esse discurso de que o Estado precisa cuidar é dos seus problemas é barato, provinciano e burro, fruto da falta de visão ou desconhecimento, como o boato de que a cidade sediará apenas um jogo da Copa. Serão 160 partidas e Natal será sede de dois, três ou quatro jogos, pelo menos.
A questão mais polêmica – que políticos antes discordaram e agora pegam carona na festa da Copa – é a da demolição do Machadão.
Sou admirador dos patrimônios materiais, arquitetônicos. Até gosto de ler a respeito da história da arquitetura e seus estilos para entender melhor nosso tempo.
O projeto do renomado Moacyr Gomes é incontestavelmente belo. Realmente um poema de concreto, já com quase 40 anos. Mas convenhamos: não é nenhuma Fortaleza dos Reis Magos. É um estádio de futebol, bonito como outras centenas de estádios.
Vários estádios do mundo já foram demolidos sem sequer serem sedes de grandes eventos esportivos. Um exemplo prático e preciso é o estádio mais moderno do mundo: Wembley, demolido e construído pela mesma empresa responsável pelo projeto do estádio Arena das Dunas.
Na verdade, desde a sua concepção, o Machadão nunca foi apresentado como estádio modelo. Sempre precisou de reformas milionárias e intermináveis. É um poema de concreto capenga. E que dizer do Centro Administrativo? Uma estrutura falida que receberá um projeto também voltado a recuperar a antiga área de captação de água de chuvas.
Por outro lado, a ideia do renomado arquiteto Carlos Ribeiro Dantas de construir o projeto da Arena das Dunas na área militar próxima à ponte Newton Navarro me soou mais viável. Minha preocupação inicial foi o impacto ambiental na área de dunas, mas o arquiteto afirmou ser totalmente adequado às exigências ambientais.
Segundo Carlos Ribeiro Dantas, a área possui dez hectares a mais do que a área do Machadão e Centro Administrativo; não seria preciso a demolição de nada; o projeto estaria em área favorável ao turismo e ao acesso tanto para a Zona Norte quanto à Via Costeira e centro da cidade; estaria voltado ao rio e ao mar de Natal; seria mais barato; e ajudaria na urbanização daquele entorno, que há muito tem sido propagada sem resultado algum.
Seja onde for, o cronograma precisa ser cumprido. No país da próxima Copa, a África do Sul, três cidades-sedes escolhidas pela Fifa perderam seus direitos de receber os jogos porque descumpriram as exigências dos prazos.
Se este RN sem refinaria e ainda sem Aeroporto cumprir tudo certinho, esta Copa se configurará como uma segunda invasão estrangeira e de capital financeira em nossa cidade-província. Na primeira, os americanos deixaram um rastro de saudade inegável. Desde então Natal vive a atmosfera de eterna espera por novidades.
Naqueles tempos de conflito mundial, nossa cidade de muros baixos foi invadida por dezenas de milhares de americanos. Não lembro agora o número, mas foi equivalente à metade da população da cidade. Transformaram a fisionomia de Natal. Trouxeram progresso: estradas, casas, hotéis, bares, restaurantes foram construídos.
A história agora não será diferente. Não foi em capitais do primeiro mundo, redefinidas histórica e economicamente após sediar uma Copa do Mundo. O que pensar da nossa pobre Natal?
[image: Quando usar a preposição trás?]
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