O chamado amado amante não necessariamente precisa ser amado. É mais ou menos essa a opinião de um técnico de telefone que chega à casa de uma mulher atrasada para a comemoração do aniversário de casamento. Uma relação inusitada surge desse encontro e ambos já bêbados confidenciam segredos dos seus casamentos e se tornam amantes. Com a ressalta: apenas encontros casuais, já que ambos amam realmente os seus cônjuges.
A temática mais do que contemporânea integra o espetáculo Dois Pra Lá, Dois Pra Cá - uma produção carioca com estreia nacional em Natal, de hoje a domingo, no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel. O texto e direção são de César Amorim, ator potiguar radicado no Rio há sete anos após dirigir peças de sucesso em Natal, como As Fúrias. Hoje faz parte do elenco da novela Poder Paralelo, da Rede Record, com o personagem Delegado César.
A peça conta com a presença de Thelmo Fernandes e Rita Elmôr. Thelmo é ator indicado ao prêmio Shell de interpretação, que participa do programa Cilada da Rede Globo e do MultiShow, além de ter atuado nos filmes Tropa de Elite, A Mulher Invisível, Feliz Natal, além de vários programas e minisséries. Rita é atriz também indicada ao prêmio Shell de interpretação, e atuou na minissérie global Capitu.
Entrevista - César Amorim
Porque a estréia em Natal e no TCP?
Natal é minha cidade. Sempre quis estrear um espetáculo nacional aqui. Apresentei essa proposta aos dois atores de ponta do espetáculo e eles toparam. Não conseguimos pauta no Teatro Alberto Maranhão e a Casa da Ribeira estava com problema. E no TCP fui muito bem recebido em outra oportunidade. É um lugar bacana e tem a cara do espetáculo.
Qual o roteiro básico da peça?
É bem original. Apesar de uma comédia romântica, não fala de amores, mas de amantes. Quando o técnico vai consertar o telefone da mulher, eles se desentendem, depois ela oferece uísque a ele e começam a revelar intimidades de seus casamentos. É muito engraçada porque 80% da peça eles estão bêbados e conversam coisas que muitos têm vontade de falar. Apesar de uma comédia para se rir muito, o espetáculo também provoca reflexão. O que é fidelidade hoje em dia? O expectador verá pensamentos similares entre a mulher e o homem. É uma peça bem contemporânea nesse sentido.
Você atuou aqui e mora no Rio há sete anos. Qual avaliação você faz da cena teatral potiguar?
Estou afastado há muito tempo. O que tenho visto e ouvido lá no Rio é do Clowns de Shakespeare. Também vi que o Estandarte está em cartaz, e outras peças. Essa efervescência precisa existir sempre. Para eu colocar uma peça em cartaz em Natal na minha época era uma novela. E pra ficar três dias era ainda mais difícil. O Clowns quebraram um pouco isso quando escrevi e dirigi a peça As Fúrias, que ficou em cartaz cinco meses na Casa da Ribeira. Foi surreal à época.
O que falta?
Pessoas têm sede de teatro. O que precisa é produção e patrocínio. Aqui ou no Rio. Lá também passamos perrengues, de sair com o projeto debaixo do braço atrás de patrocínio. Fernanda Monteiro faz isso, cara! Então, não é discurso novo. Sobreviver de teatro é difícil. Tiro o chapéu para o pessoal do Clowns porque conseguem. Isso é raro no Brasil. Eu sobrevivo porque dirijo, escrevo e atuo. Quem é só ator de teatro sofre muito.
Dois pra lá, dois pra cá.
Quando: De hoje a domingo
Horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 20h.
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Local: Teatro de Cultural Popular (Rua Jundiaí, 641, Tirol. Ao lado da Fundação José Augusto).
Ingressos: à venda na Livraria Siciliano (Natal Shopping e Midway Mall) e na bilheteria do teatro.
Duração: 1h15min
* Matéria publicada nesta sexta-feira no Diário de Natal
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