segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Goiamum Audiovisual começa hoje
O mais diversificado e repercutido festival de cinema e vídeo destas plagas potiguares começa hoje e se estende por duas semanas no Largo Dom Bosco, na Ribeira. O Goiamum Audiovisual adentra sua terceira edição com a mesma metodologia propositiva e informativa que a caracteriza como um festival diferenciado dos demais e já com projeção fora das muralhas do Rio Grande do Norte.
A edição deste ano vai levar cinema e vídeo a vários pontos da cidade. A programação inclui um mix de palestras, debates e muitas mostras para que os moradores de Natal possam conhecer a produção local, apreciar bons filmes e entrar em contato com obras escanteadas dos circuitos comerciais de exibição.
Entre as novidades para este ano, estão a realização do Encontro de Cineclubes do Nordeste, a presença do cineasta Beto Brant (diretor de O Invasor e Cão sem Dono, entre outros) para uma palestra e bate-papo com o público, uma mostra em homenagem aos 70 anos de nascimento de Glauber Rocha – principal nome do Cinema Novo brasileiro – e outra mostra de filmes que foram adaptados das histórias em quadrinhos.
Chegando à terceira edição, o Goiamum vai centrar suas atividades nos bairros históricos de Cidade Alta e Ribeira. O Cine Goiamum, local da maioria das exibições, será montado no Largo Dom Bosco, em frente ao Teatro Alberto Maranhão. Outras atividades serão desenvolvidas no Solar Bela Vista, no Museu de Cultura Popular, no Auditório do SESC, na UFRN e em vários pontos da cidade.
O homenageado deste ano será o maquiador Amaro Bezerra, potiguar com mais de quatro décadas dedicadas às artes e que desde a década de 1980 desenvolve uma sólida carreira nos bastidores do cinema. Bezerra tem no currículo mais de 30 produções na qual atuou como maquiador chefe, incluindo sucesso de bilheteria como O Homem que Desafiou o Diabo e Bezerra de Menezes, além de ter trabalhado em novelas da Rede Globo.
O Goiamum Audiovisual 2009 é uma iniciativa do Cineclube Natal e a ONG Zoon Galeria de Fotografia, com o patrocínio da Prefeitura do Natal, por meio da Fundação Cultural Capitania das Artes, e do Ministério da Cultura, através da Secretaria do Audiovisual (SAV). O Diário de Natal conversou com um dos organizadores do evento e diretor do Cineclube Natal, Nelson Marques:
Entrevista – Nelson Marques
Mesmo com três anos de existência o Goiamum já é o maior festival do gênero no Estado?
Não é a pretensão. Mas oferecemos uma parte formativa com oficinas, palestras... E isso representa um caráter diferente de outros festivais. Durante a segunda semana mostramos um lado mais propositivo, com reunião de profissionais da área para discutir ações coletivas e políticas além de trazer mostras diferenciadas. Na mostra comemorativa aos 70 anos de Glauber Rocha traremos o filho dele, Pedro Rocha, para conversar com o público. Na mostra de cinema em quadrinhos – eixo central do Goiamum este ano – também haverá debate com Milena Azevedo, Moacy Cirne e Roberto Sadowski. Apesar dos três anos de existência, o Goiamum é muito reverenciado em outros festivais, como no Festival de Gramado. É um evento já presente no catálogo de festivais de cinema do Brasil.
Ainda assim falta maior prestígio do público. Qual a razão?
Isso é relativo. Queremos participação popular maior. Tanto que é o evento é promovido em praça pública. É um público que circula, participa. E temos apoio grande da mídia. Mas às vezes não temos o público esperado. Parece característica do público de natal. Tenho minha visão crítica quanto a isso. Sei que apresentamos uma proposta diferenciada dos festivais clássicos, onde reúne o social da cidade.
A temática não é por si só, mais elitista?
Por exemplo: esperamos cerca de 150 pessoas dos cineclubes do Nordeste para traçarmos uma política de ação comum, conjunta. Temos programas semelhantes. No fim das contas, não é um pólo, um debate de atração geral. É um pessoal interessado no audiovisual. É uma discussão específica. Organizamos também eventos de outras áreas para formação de uma rede de produção de audiovisual com perspectivas de disseminação no Nordeste como um todo. Isso é propositivo. Vai atrair profissionais do ramo. Também promoveremos 20 oficinas de animação para crianças e adolescentes, o que também se fecha em um público.
Ainda assim o festival cresce a cada ano...
Conseguimos neste ano o apoio da Secretaria do Audiovisual (SAV). Ano passado, Sílvio Dá-Rin, (cineasta secretário nacional de Audiovisual do Ministério da Cultura) veio, participou do debate e ficou impressionado. E a vontade dele de continuidade se expressou pelo apoio este ano. Ainda é pequeno, parcial. O maior ainda é pela Capitania das Artes. Mas como todo evento novo não podemos sequer participar em editais de fomento cultural. Neste ano talvez teremos. É nossa pretensão. E em termos de repercussão, estamos muito satisfeitos.
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