Enquanto Karatê Kid lidera bilhetagem no Brasil e a Globo Filmes insiste em pastelões do padrão Globo de qualidade, mesmo com o razoável Chico Xavier, a cinematografia produz belezuras como
Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos.
O roteiro parece conto moderno de Nelson Rodrigues. Não que o profeta tricolor esteja antiquado. Nunca! É mais pela linguagem contemporânea. Gírias, ambientações, cenários estão mesclados às tragédias amorosas e ao desamor.
O roteiro e direção de Paulo Halm é genial. Surpreende a cada instante. O filme é cheio de reviravoltas dramáticas de alto estilo. Diálogos inteligentes e atuaçãoa magistral de Caio Blat, também narrador onipresente.
Caio narra a vida de Zeca com um certo distanciamento, como se ele próprio e seus problemas fossem matéria ficcional. Mas isso tem uma explicação: a beira dos 30, Zeca está empacado na página 50 do seu romance de estreia. Bem representativo da famosa geração y, que não eclode, implode ou explode.
As confusões existenciais e depressões típicas dos jovens do século 21 são afloradas no relacionamento com a namorada e o caso homoerótico com sua aluna argentina. O legal é a ficção narrativa. A vida do cara é a descrição de um romance pronto.
O cunho nelsonrodriguiano cai por terra quando o filme é visto como algo maior do que o triângulo amoroso ou escapa das confusões afetivo-amorosas e retrata mais a imaturidade do jovem ou do homem-jovem atual, imaturo na lida com os acontecimentos e sentimentos.
Indo mais longe, se percebe pinceladas de escolas cinematográficas variadas. Desde a nouvelle vague à pornochanchada típica no comportamento do personagem de Hugo Carvana. Ainda a comédia erótica de influência italiana...
Um filme despretencioso, sem intenção de discutir comportamentos ou expor retratos dos novos tempos ou dos manés como eu, nascidos em fins de 70 e início da década de 80. Um filme que lança questões interessantes e termina com uma cagada genial.
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