sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Lírica periferia, por João da Rua

Rocas redinha
itinerário de nonada
impossível pasárgada?
sacolejos bacolejos despejos
despojos

um rio
entrelugar de terceiras margens
mangue sufocado de tantos detritos
do tercer mundo global

cidade do sol cinzas a mil
de tantas quartas-feiras sem graça
gringolândia depredada por buggies
trogloditas em praias becos ruas
dunas sem nenhum barato

apenas o tráfico a favor da
grana graúda apenas o tráfego
incessante de gente peituda

o hiphop dos guarapes agregados
da mãe luíza
bob conselheiro corisco pop
de uma cultura em convulsão/

será que o expresso 2222 está na contramão
da rua de mão única
das galáxias periféricas?

becos ruas avenidas
encruzilhadas
rotas sem saída

é tão diversa a cor dos que habitam
a cidade violada
qual a saudade que soa
em parnamirim fields

soa um silêncio que não responde
à interpelação do olhar
translúcido à margem do bodum
dos vestigios dos tempos da cidade

(João Batista de Moraes Neto, no livro O Veneno do Silêncio)

2 comentários:

  1. "Galáxias periféricas", "grana graúda", belo poema de João.

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  2. verdade e devaneio, minimalista e excessivo,na medida do talento de joão, joão batista, joão da rua, joão batista de morais neto.e heterônimos outros.

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