Por Julio Daio Borges
no Digestivo Cultural
A música se transformou muito, neste início de século. O sentido social que a música tinha, no século XX, teve seu apogeu e não sabemos se um dia voltará. A música como mensagem política, como princípio de transformação, hoje parece uma noção longínqua. Até sem sentido. Quando vemos uma entrevista como a recente de Geraldo Vandré, o sujeito que talvez esteve mais perto de incitar as massas no Brasil, concluímos que a imagem dele é a de um “lunático” que se perdeu no tempo e no espaço. (Ou, ao menos, essa é a imagem que a edição da TV Globo deseja passar...) Mesmo Steve Jobs, quando lançou o iPod, disse, numa daquelas suas apresentações míticas, que, com esse aparelho, gostaria que a música voltasse a ocupar o lugar central que ocupara durante sua juventude... Jobs foi fã (e hoje é amigo) de Bob Dylan. Vandré era o nosso Dylan? Não sabemos; e, talvez, nunca saberemos. O certo é que os grandes fenômenos “musicais” de hoje são os de massa, de aglomeração, de dominação de um mercado... e nada mais. Lady Gaga? É a isso que nos reduzimos? O que é isso, afinal? É música? Ou é um fenômeno de alcance global... pura e simplesmente? O mérito de criar essa “bolha” existe... Mas mérito musical... existe? (Pensem bem, fãs.) É por isso que projetos como o Cordas na Mantiqueira, em São Francisco Xavier, aparentemente contra a maré, são importantes. Porque invertem a lógica dos “fenômenos” de hoje e apostam na música em primeiro lugar.
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