Trecho de entrevista do cronista Berilo Wanderley à Tribuna do Norte, em 10 de abril de 1965, publicado no livro Revista da Cidade – uma coleção de alguns de seus textos, organizado por Maria Emília Wanderley. Infelizmente não cita o jornalista responsável pela matéria. Berilo Wanderley foi o grande responsável pelo toque de modernidade da crônica potiguar.
Que valor atribui ao cinema?
BW: O cinema é a arte por excelência do homem cósmico. Para este, o cinema cada vez mais tende a tomar o lugar do romance, principalmente quando consideramos a opinião de uma corrente de críticos literários que dão o romance como gênero extinto desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ou pelo menos uma anomalia dentro do nosso tempo. quer assim dizer que cabe, dia a dia, mais ao cinema, com seus Antonioni, Resnais, Trufaut, Kazan, a responsabilidade de descobrir, perscrutar as possibilidades do homem, observá-lo em suas misérias e grandezas, levar-lhe mensagens que o animam a lutar contra os senhores do mundo e as iras do tempo.
Os livros fundamentais, na sua opinião?
BW: Para mim são aqueles que, depois de lidos uma vez, ficam exigindo releituras, vez em quando, ou que marcam minha personalidade e minhas atitudes frente à vida e aos homens: “Os Ensaios, de Montaigne, “Em Busca do Tempo Perdido”, de Proust, “Moby Dick”, de Melville, quatro ou cinco de Dostoievski, tudo o que já li de Sartre”.
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