segunda-feira, 6 de outubro de 2008

E agora, José?

Passado o resultado da eleição, a pergunta acima se faz oportuna. E não se dirige propriamente ao senador Agripino. Não tenho esta intimidade com o tal. Ou perguntaria se o nobre parlamentar oposicionista já sabe algo sobre o novo secretariado da Borboleta, notadamente o próximo presidente da Funcarte. Ele que tanto apoiou a candidatura de Luiz Almir na eleição passada pode saber. Ainda espero – e acredito – ser pura especulação o nome do deputado seresteiro para ocupar a função.

É notório que as propostas relacionadas à cultura da prefeita estão pautadas com vistas ao fortalecimento da identidade cultural da cidade e do turismo. Este segundo elemento pode ser perigoso, e até atrapalhar o primeiro, se mal direcionado, por exemplo, para um calendário recheado de eventos, como se vê em grande escala em Mossoró, que infelizmente vai continuar na luta pelo título de cidade brasileira da cultura. Ora, os julgadores não são bestas em escolher uma cidade cuja cultura é voltada para o turista, enquanto nomes da cultura popular do município, como o poeta Luiz Campos ou Concriz, vivem em dificuldade. Seria uma política cultural suicida, principalmente para o tal fortalecimento da cultura pretendida pela prefeita.

Fortalecer a identificação cultural da cidade não quer dizer recriar, modificar. A roda já está feita. Aliás, a idéia de elaborar um novo calendário cultural, quando se já tem um muito bem arquitetado é típico do gestor orgulhoso. Mais fácil seria melhorar, acrescentar. Já imagino a baixa no carnaval de rua do próximo ano sem os incentivos do Natal em Natal.

Diante do desenrolar da campanha a qual acompanhei de perto – de cunho popularesco, e o pior: espontâneo – temo realmente pelos caminhos da cultura natalense para os próximos anos. O mesmo pode se perceber no espaço para este segmento na emissora de TV da prefeita. A TV Ponta Negra não tem sequer um programa voltado à cultura popular ou alguma vertente que dignifique a cultura de Natal. Talvez por isso a grande maioria da classe artística da capital apoiou a candidatura de Fátima Bezerra.

Reforma na Lei de Incentivo à Cultura Djalma Maranhão; isenção de ISS a quem promove cultura; criação de um Fundo Municipal de Cultura; incentivos à efervescência cultural do Centro Histórico; apoio ao cineclubismo; e consolidação, sobretudo, de projetos como a revista Brouhaha, o Encontro Natalense de Escritores, o Projeto Pixinguinha e Goiamum Visual e o Auto de Natal são algumas dicas, além de manter também outros projetos menores, mas tão importantes quanto, como os realizados no Sandoval Wanderley, como o Sexta da Viola e o Danças Potiguares, bem voltados para o que a prefeita pretende: fortalecer a identid... bla bla bla...

Se puderem dar uma melhorada no FestNatal e no Festival de Música de Natal, ótimo. Se não, seria interessante promover algo semelhante e mais aprimorado. Ah, e a prefeitura até tem procurado, sinceramente não sei se de forma eficiente, dar um gás ao Mercado Público de Petrópolis como novo pólo cultural da cidade. Fato é que não tem obtido sucesso. E a idéia é excelente. Outra sugestão é um projeto ao estilo do Seis e Meia patrocinado pelo município. Deixo aqui, portanto, minhas críticas iniciais e prematuras (espero que eu dê com a cara no chão depois) e algumas sugestões. O debate é sempre salutar, num é José?

Um comentário:

  1. Caro Sérgio: Um parágrafo de seu presente texto foi parar no Balaio. Um abraço.

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