Quando li o release escrito pelo jornalista Isaac Ribeiro me surpreendi. Pensei que o Cd Poemúsicas, de Dácio Galvão, já havia sido lançado há muito tempo. Desde que me entendo como jornalista ouço falar nesse danado. Eis que o lançamento está marcado para esta terça-feira. E vem caprichado. Cada canção parece ter escolhido seu parceiro certo; sua cara metade. Salvo a composição 17, pelo menos a priori, já que não escutei. Mas Arnaldo Antunes para cantar o universo sertanejo... Mas me parece um trablho de alto nivel, referencial.
Leiam:
Por Isaac Ribeiro
Dácio Galvão usa o suporte do compact disc para imprimir seus versos em forma de canção. Apropria-se livremente de estilos diversos ao por seus poemas, já registrados em livros e outros sulcos, para serem devorados por parceiros e intérpretes de quilate insuspeito. José Celso Martinez Corrêa, Alceu Valença, Zeca Baleiro, Dominguinhos, Paulinho Boca de Cantor, Walter Franco, Cid Campos, Naná Vasconcelos, Ná Ozetti, Gereba, Renato Braz, Banda Didá, Mônica Salmaso, Geraldo Azevedo, Waldonys, Arnaldo Antunes, José Nêumanne Pinto, Silvério Pessoa.
Nesta terça-feira, a partir das 19h, no Budda Pub (Ponta Negra), Dácio Galvão estará lançando o cd “Poemúsicas”, fruto de um trabalho de mais de uma década em pesquisas e composições.
“Poemúsicas” é dividido em momentos no formato canção, passeando por xotes, toadas, baladas e coco, e instantes outros de experimento e de provocação linguística. Parcerias também com Carlos Zens, Babal e Jubileu Filho. Nessa aventura de poemas musicados, o universo poético de Dácio Galvão flutua por exaltações, lembranças e anotações de lugares sempre presentes à mente. Um discorrer de rios, lagoas, vultos, pássaros, pedra, nomes, palavras palavras, palavras...
Alguns dos poemúsicas presentes no CD foram lançados anteriormente em outros discos pelo Projeto Nação Potiguar – “Poemúsica” (2005), “Toques e Cantares” (2004). Momentos memoráveis não faltam, como Alceu Valença interpretando “Praia do Meio” (Jubileu Filho/Dácio Galvão), inspirado como há tempos não se ouvia em disco; a trama de ecos e sons de Naná Vasconcelos em “Tamatião”; a intrigante “Signo”, com Walter Franco; o balanço das meninas da Banda Didá, em “Cuba”; e a poemização dos signos em ferros de marcar boi por Arnaldo Antunes em “Sertão Heráldico”, essa com registro de Oswaldo Lamartine entoando um coco de embolada.
Com o CD “Poemúsicas”, Dácio Galvão ocupa lugar na produção cultural não só como produtor, gestor, fomentador, incentivador de idéias; e sim como artista e poeta que sempre foi, registrando sua verve em uma outra mídia, embalada por sons os mais diversos, por ideias audaciosas, reluzentes.
FAIXA A FAIXA
1- “INTERVENÇÃO” – José Celso Martinez Corrêa
O dramaturgo José Celso Martinez Corrêa é curto, direto e sinteticamente poético: “Dácio, sua ardente canção melodiosa.”, de alguma forma resumindo em voz, fagote, berimbau e kalimba o que vem pela frente.
2 – “MIRANDO MAROLAS” – Zeca Baleiro
Zeca Baleiro evoca do índio janduí a figuras Eckout e Henrique Dias a acompanhá-lo num passeio alucinado a mirar marolas. Violões, violas, oboé, bandolim num clima de trovas, beleza quase medieval.
3 – “TOADA DA BARRA DO RIO GRANDE” - Dominguinhos
Canção solar de exaltação às belezas potiguares, do sertão ao litoral, Oeste e Seridó. Ritmo galopante e alegre, assim como a figura de Dominguinhos. Nossa hospitalidade é refrão.
4 – “PRAIA DO MEIO” – Alceu Valença
Um inspirado Alceu Valença brada e canta uma Praia do Meio ingênua, idílica à beira-mar, protegida por Iemanjá, um verdadeiro “parêntese de areia e musgo verde no chão”. Violões de Jubileu Filho, parceiro de Dácio na canção; guitarra de Paulo Raphael.
5- “TUDO NO PALAVRAS TEM” – Paulinho Boca de Cantor
Coco de embolada ponteado por guitarra distorcida e Paulinho Boca de Cantor unindo Barra Mansa, Caetano da Ingazeira, Dácio Galvão e Chico Antônio, sob o refrão de que tudo no “Palavras” (o livro) tem.
6 – “SIGNO” – Walter Franco
Uma parceria de Walter Franco, Cid Campos e Dácio Galvão anteriormente gravada no CD “Poemúsica”, de 2005. Walter Franco versa numa quase balbucio intrigante e atraente sob a base minimal de ruídos e sons processados por Cid. Até que tudo se torna mais ríspido, cada vez mais interessante e pungente.
7 – “TAMATIÃO” – Naná Vasconcelos
Também do CD “Poemúsica”, 2005. Naná oraliza poema de Dácio Galvão sobre suas próprias texturas sonoras de ecos e uivos manguezinos, preenchendo a pauta de sons e versos equinos.
8 - “POVOS” – Ná Ozetti
A doçura da voz de Na Ozetti frente à densidade harmoniosa do piano de André Mehmari para falar dos nossos ancestrais povo e lugares, vegetação e beleza nativa. Delicadeza.
9 – “TIBAUSEIRO” – Gereba
losClima leve de balada brejeira, de lembranças tranqüilas e românticas, de Tibau.e seus arredores. Reconstrução de um tempo, fotografias revistas.
10 – “QUILOMBO SIBAÚMA” – Renato Braz
A voz de Renato Braz confere um clima timidamente épico. “Raízes anunciam aratus”. Fala da comunidade negra da praia de Sibaúma, remanescente de escravos e lutas.
11 – “CUBA” – Banda Didá
Histórias de beberagem de jurema em catimbós, mestres e cabocos. O arranjo de Neguinho do Samba, criador do samba reggae, assina o arranjo de tambores das baianas do Didá.
12 – “CABECEIRAS” – Dominguinhos
A sanfona dedilhada anuncia um xote sereno, desses de sossego em rede no alpendre. Parceria de Dácio com Carlos Zens.
13 – “SAUDADES DE UM AMIGO (CANDEEIRO)” – Mônica Salmaso
Orquestração e sanfona, num lamento sertanejo. A voz de Mônica Salmaso é um sertão no fim de tarde, noite sem candeeiro. Dominguinhos divide com ela a homenagem a Elino Julião.
14 – “VEREDAS” – Geraldo Azevedo
Composição de Babal e Dácio Galvão, num momento de introspecção e dúvida, de caminhos a se aninhar. A gravação tem participação de Wagner Tiso ao piano, Dominguinhos e Joça Costa, violão, viola 12 e arranjo.
15 – “LAGOA DE GUARAÍRAS” – Gereba
A canção, gravada originalmente para o CD “Toques e Cantares”, de 2004, traça cenas do que acontece e tem vida em torno da lagoa de Guaraíras.
16 – PONTA DA PIPA” – Waldonys
Um xote tradicional para a praia da Pipa na voz do cearense Waldonys. Imagens de uma “moçada” em banhos de mar sob as estrelas, aventuras no Chapadão.
17 – “SERTÃO HERÁLDICO” – Arnaldo Antunes
Arnaldo Antunes poetiza a heráldica sertaneja dos signos de ferro de marcar boi, o universo de Oswaldo Lamartine. A repetição e sobreposição de significados oralizados cria um mantra hipinotizante genial sob o som dos instrumentos-esculturas de Smetak.
18 – “FLORADAS EM CANUDOS” – José Nêumanne Pinto
Violão, viola e acordeom e a declamação direta de José Nêumanne Pinto. Participação do Quarteto de Cordas Igapó.
19 – “MALHADOR” – Silvério Pessoa
Coco de embolada de Carlos Zens e Dácio Galvão na voz do pernambucano Silvério Pessoa. A faixa traz um registro da voz de Oswaldo Lamartine cantando trecho do Coco do Tamanqueiro.
[image: Quando usamos a palavra em cima?]
Quando usamos a expressão "em cima"? Fique por dentro do significado e das
diferentes situações em que esta pal...
Há 5 horas
Parabéns a Dácio! Só agora fico sabendo do lançamento do seu CD- pelo jeito, de excelente qualidade.Não surpreende tanto. Dácio é um artista com cara de gente... Um abraço.
ResponderExcluirDácio é um grande artista, pesquisador, honesto. Uma grande figura humana. Tenho a honra de ser seu amigo. Abraço de françois silvestre.
ResponderExcluirDácio tem conteúdo, qualidade e sensibilidade. É criterioso quando se trata do fazer poético.
ResponderExcluirTorço por seu sucesso!