Por Bruno Garatonni, editor da Super Interessante
Ok, a expectativa era quase irreal. Afinal, o que a gente queria? Que a Apple reinventasse as leis da física e aparecesse com uma tela mágica, feita de papel eletrônico colorido, dobrável, 3D, de alta resolução e além de tudo barata? É, era isso. Não tendo isso, podiam ao menos ter inovado um pouco - o iPad tem ZERO de avanço em design e tecnologia. Mas ele é um enorme passo para o mercado de tecnologia - porque, basicamente, a Apple inventou uma nova categoria de produto, que pode matar os netbooks. E isso levanta algumas questões.
1. Como e-reader, ele não presta. Por mais que você goste da Apple, não vai querer ler um livro nessa tela - um LCD comum, como o do seu computador. Cansa. E revistas, dá pra ler? Dá. Eu assino, porque é mais barato, algumas importadas em versão digital. E nos últimos meses, as maiores editoras do mundo - donas da Wired e da Time, entre outras - disseram estar desenvolvendo revistas digitais para o iPad. Mas você ouviu alguma coisa sobre isso ontem?
Não. Nada. E sabe por que? É ruim ler revistas em LCD. É difícil se concentrar a ponto de ler qualquer coisa com mais de 2 páginas. As editoras de revistas não sabiam que o iPad teria essa tela convencional, de LCD. Elas achavam, como todo mundo, que a Apple iria fazer algo revolucionário. Quando viram que não ia, pularam fora. Simples. Talvez algumas revistas até ganhem versão para iPad. Mas serão um fracasso - ou, no máximo, um sucesso beeem modesto.
O tablet da Apple não vai mudar, nem salvar, a mídia impressa. Sorry. Mesmo porque, já que você está lendo num LCD mesmo, por que preferiria acessar uma revista e não um site? O que nos leva ao próximo ponto.
2. Mas é um ótimo netbook. A tela é menor do que parece (9,7 polegadas é pouco), e não é nada fácil escrever e-mails/twits no teclado virtual - como você precisa segurar o iPad com uma das mãos, só dá para digitar 'catando milho'. Mas o iPad uma enorme vantagem sobre qualquer netbook - o sistema de navegação touchscreen e com zoom, igualzinho ao do iPhone. É muito, muito, muito melhor navegar no iPad, que roda bem rápido, do que em qualquer netbook com o (horrível) processador Atom.
E a bateria também é show. Pode apostar que ela não dura 10 horas, como diz a Apple. Mas aguenta muito mais que a de qualquer netbook.
3. Só tem um problema. Você acha o Acer Aspire One, o mais fuleirinho dos netbooks, por R$ 650. Já o iPad vai chegar ao Brasil por uns R$ 1800 (1300 no contrabando). Mesmo considerando que é um produto Apple, todo estiloso, acho difícil que muita gente se disponha a pagar o dobro (ou o triplo) do preço de um netbook - por um aparelho que não é nada mais do que um. Não dá, gente. Afinal, por R$ 1800 você compra um laptop de verdade.
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Em suma: a Apple tinha que lançar o tablet. O mercado estava exigindo. Se fosse mais barato, eu teria um. Não deu pra fazer a tela de OLED? Não deu (o preço passaria de US$ 1000). Mas tudo bem. Só achei sacanagem cobrar US$ 130 a mais pelo 3G. Isso foi um chute na canela. E, pelo amor de deus, habilitem o Flash no navegador! Também não gostei de ver a Apple dizendo que o iPad é "mágico e revolucionário". Menos, Steve. Menos.
As telas da Apple tem controle de luminosidade e acho que vai pegar como leitor digital.
ResponderExcluir"o sistema de navegação touchscreen e com zoom, igualzinho ao do iPhone. É muito, muito, muito melhor navegar no iPad"
ResponderExcluirhahahahah mas cade o flash?