Por Lívio Oliveira*
Dona Wilma já deixou o governo. Um governo que, talvez tenha trazido alguns avanços, mas que trouxe fortes e constrangedores retrocessos. Não há como negar o fato de que perdemos, por exemplo, no campo cultural. E muito. O governo perdeu nesse setor imprescindível ao povo. O governo perdeu a oportunidade de ter se dedicado, com afinco e zelo, a uma obra cultural consistente e de relevo.
Não é a toa que alguns dos principais escândalos desse governo que está próximo a findar (a governadora saiu, mas ficou o seu substituto) envolveu também pessoas ligadas ao órgão cultural oficial. Infelizmente. E digo infelizmente, mil vezes, com uma dor profunda na alma. Fico me indagando a todo tempo: Mas, logo esse governo, que parecia tão envolvido com as coisas da arte e da cultura? Parecia. Lembram da propaganda daquele xampu? Pois é. O que parece, às vezes não é.
A cultura sofreu toda sorte de humilhação nesse governo que começa o seu ocaso. Os artistas e pessoas que operam em benefício do nosso crescimento cultural, esses não tiveram vez. E os exemplos são muitos: o abandono de inúmeros projetos que anteriormente eram vitoriosos e frutíferos; a falta de um planejamento sólido (a execução, ih!, nem se fala!), a perda de diversas oportunidades; a falta de criatividade; o desprezo ao artista; o blá-blá-blá infinito, num monótono monólogo.
Não quero parecer crítico além da conta, mas, acredito que merecíamos algo melhor. Os que produzem arte e cultura e os que as consomem, todos merecíamos. E é por isso que quero firmar aqui a minha convicção de que precisamos escolher, nas próximas eleições, um governante que tenha um compromisso de verdade com a cultura de nosso povo e tenha a sensibilidade mínima para entender que a arte é essencial à vida das pessoas. A arte é, também, saúde mental e física. A arte é ecologia. A arte é educação. A arte empreende e constroi. A arte recupera e socializa. A arte é anti-violência. A arte é esperança.
Eu tenho certeza de que um governante que possua essa concepção das coisas tenderá a fazer, sempre, um bom governo. Mirará na profundidade das coisas e vislumbrará projetos a realizar. Não se perderá no achismo, na politicalha e num falso pragmatismo que impede a visão do sensível.
Há muita coisa a ser feita: A nossa biblioteca merece ser redimensionada e revitalizada. A nossa orquestra precisa de melhores salários e condições de trabalho. O nosso teatro precisa de mais incremento. Por sinal, precisamos de um novo e maior teatro, urgentemente. A literatura precisa voltar a ter vez, com as publicações e premiações literárias. Há urgência na atenção ao nosso patrimônio museológico. A cultura precisa, também, de um casamento com o turismo. Precisamos, sim, de obras e eventos que marquem, em todos os setores.
Aguardo, animado por todas essas razões, que nos chegue um tempo de renovação. Espero que venha por aí "o tempo da delicadeza", como diria o nosso formidável Chico. E que, com esse tempo, o jardim da cultura e da arte possa ser melhor cuidado. Como Voltaire dizia através de Cândido: "Tudo isso está bem dito" mas devemos cultivar nosso "jardim."
E que esse tempo e esse jardim sejam logo vislumbrados, que apareçam no horizonte e se materializem diante de nós com o próximo governo. Por isso, dizemos: O que passou, passou! E o que precisa ter fim, "vai passarâ"!
*O autor é advogado público federal e escritor.
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