No Diário de Natalmatéria de hoje
O festival Música Alimento da Alma (Mada) está praticamente cancelado este ano por falta de patrocínio e "perseguição implacável" do Conselho Estadual de Cultura contra o que julgam ser um evento já lucrativo e sem necessidade de apoio governamental. A verba costumeira para montagem do Festival está descartada. A possibilidade remota de promoção do evento ainda este ano é com cerca de um terço do orçamento e realização em dezembro em novo local.
O produtor Jomardo Jomas espera resposta concreta de patrocínio até 15 de novembro. "Terei um mês para trabalhar a produção do Mada", disse. Sem apoio em 2010, o produtor adiantou a realização de duas edições do Festival em 2011, já agendadas em março e outubro. Para o próximo ano, os patrocínios estariam "bem encaminhados". A campanha eleitoral - na qual esteve envolvido - e a "perseguição" do Conselho Estadual de Cultura foram os maiores entraves apontados em 2010.
Outro problema é local disponível em Natal. Praticamente todos estão reservados para outros eventos ou são pequenos para comportar 10 mil pessoas. Jomardo já estuda novas opções. Uma delas é uma volta às origens, com palco montado no Largo da Rua Chile, onde o Mada realizou as primeiras edições até migrar à Arena do Imirá, na Via Costeira. Outra alternativa é em área mais distante, dentro da Grande Natal e com potencial de ampliação da estrutura do Festival.
Jomardo acredita na possibilidade de um Mada maior em 2011. "As perspectivas de patrocínio são boas. O problema este ano é que estive envolvido com a campanha eleitoral no Rio de Janeiro. Quando eu fui atrás era tarde. As empresas fecham para balanço nessa época e planejam orçamento para o próximo ano", disse Jomardo. E nada disso seria problema se o Conselho Estadual de Cultura não intervisse no orçamento destinado ao Mada.
LamentosOs R$ 500 mil de verba para o Mada, via leis de incentivo cultural captados junto à iniciativa privada, decresceram nos últimos quatro anos para R$ 300 mil, R$ 200 mil e "próximo anome deram a perspectiva de corte de 75%. Eu ficaria com R$ 40 mil para produzir o Mada. A alegação é que o evento já é um sucesso e se banca sozinho. Nenhum festival de música do país consegue isso. O SWU, promovido recentemente, captou R$ 7 milhões pela Lei Rouanet", lamentou o produtor.
"Fomos punidos porque demos certo. Quando começamos ninguém nem sabia da existência de música independente na cidade. Trouxemos o Multishow, a MTV, projetamos o Rio Grande do Norte para o Brasil. Se o Mada deixa de acontecer este ano, será uma vergonha para o Estado. Ninguém vai acreditar que um evento desse porte deixa de acontecer por falta de patrocínio", desabafa.
Jomardo rebate críticas ao caráter comercial atribuído ao Mada: "Mais de 70% das atrações são de bandas desconhecidas do grande público, que tocam em um evento com repercussão nacional e estrutura de palco, imprensa, hospedagem e público excelentes para eles". O produtor também cita a programação paralela promovida com os recursos do Festival, a exemplo do Festival de Cinema, com o Anima Mundi, Mostra de Diversidade Sexual e o Curta Natal, afora ajuda de custo a bandas locais.
"São eventos gratuitos que levamos também às comunidades carentes. Isso não é democratizar a cultura?", pergunta, e complementa: "Não quero ajuda. A lei é para todos. Quero trabalhar sem esse processo desgastante para aprovar o projeto e com orçamento decrescente. Parece que testam nossa paciência", desabafa.
ConselhoO presidente do Conselho Estadual de Cultura, poeta Paulo de Tarso Correia de Melo foi enfático quanto a declaração de Jomardo Jomas: "Acho estranho porque o Conselho tem função normativa e consultiva. Nada há de executiva ou de ordenação de despesa. Consequentemente, não há essa intenção. Somos um órgão opinativo". Perguntado se a opinião era contrária ao evento, Tarso respondeu: "Não tenho nem conhecimento de que esse programa tenha passado pelo Conselho. Então, nada tenho contra ou a favor".
Nenhum comentário:
Postar um comentário