Os tempos são outros. A iminência de uma nova guerra acabou. Os dedos em “V” gritando paz e amor são ultrapassados. Não mais às armas. Não mais à maconha ou os ritos libertários. Essa utopia já foi. A revolução possível para os dias perturbados de hoje começa pela cultura. O senador Cristóvão Buarque prega a revolução da educação. Acredito ser um alicerce poderoso, mas de alcance demorado. A cultura é lúdica, mais atrativa e eficiente; um caminho mais rápido à construção do senso crítico e à fuga da alienação.
Enquanto sonhadores loucos tentam disseminar o perfume do elixir cultural à população, burocratas freiam o processo árduo da educação pela cultura. Preferem a política do pão e circo, o turismo que traz dividendos, o futebol que traz voto ou as bandas pornofônicas que alegram deseducando, alienando. O fim antecipado do projeto Seis & Meia por uma dívida de míseros R$ 60 mil é apenas metáfora do cenário desolador. Natal, Mossoró, também cortaram verbas para a cultura para amenizar os efeitos da tal crise financeira.
Investimentos correm soltos em todas as áreas. Clubes de futebol recebem mais de R$ 300 mil de ajuda financeira para sair da crise, como se a cultura vivesse momentos esplendorosos. Em Pau dos Ferros, a Finecap trouxe Fábio Jr e as bandas pornofônicas mais badaladas. Na Festa do Boi, mais do mesmo: cachês milionários para maltratar os municípios falidos pela queda do FPM.
No estado vizinho, a Paraíba, a crise financeira também chegou. Com uma diferença: enxugaram outros gastos e mantiveram o projeto Seis & Meia de lá. Aqui, melhor mudar o nome. Em 2010 pode se chamar 15 pras 3, com as duas perninhas arreganhadas, implorando... investimento. Com os ponteiros pra baixo, não dá.
* Texto publicado neste domingo na minha coluna Diário do Tempo, no Diário de Natal.
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Há 3 horas
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