Por Julio Daio Borges, o fodão do site Digestivo Cultural.
Os clássicos são aqueles livros que fazem a gente esperar “um momento mais adequado” na vida para ler. Pode ser uma época mais tranquila, uma idade mais madura, um momento, enfim, em que a “luta pela vida” (uma constante na fase adulta) nos dê uma trégua. Mas, talvez, esse momento não exista. E – numa época fragmentária como a nossa – talvez estejamos condenados a intervalos que mal conseguimos preservar (em meio ao caos). Na verdade, não considero minha vida um “caos” (e, se fosse, a culpa seria minha), mas confesso que alguns livros simplesmente não consigo abrir em “dias normais” – quanto mais penetrar no seu ritmo, na sua história, na sua profundidade. É, eu já escrevi sobre isso, mas, com introdução a este texto, achei que valeria a pena retomar...
* Apesar de tudo isso, de uns tempos pra cá, eu decidi montar uma modesta “programação de leitura” de clássicos (para mim mesmo), porque achei que havia “chegado a hora”. Como eu tenho dito ultimamente (a amigos): quando você passa dos 30, e descobre que a vida não é mais infinita, tem de se programar, em algumas questões – afinal, você só vai viver mais o mesmo tempo, de novo (até os 60 anos), ou o dobro, com sorte (até os 90 anos). (Fique tranquilo, porque não vou falar aqui de previdência privada.) Minha lista, se você quer saber, inclui aquelas obras-primas que eu comprei, sempre quis ler e deixei “para depois”. Inclui, também, autores cujas obras completas eu gostaria de ler, e ainda não terminei (por “n” motivos). Sim, você acertou: é uma lista para preencher lacunas. Porque a nossa formação é bastante falha (não estou apontando, veja bem, o dedo para ninguém)...
* Para você ter uma ideia do que estou falando, estou lendo o Dom Quixote desde o meio do ano passado e só, agora, terminei a primeira parte (pouco mais de 500 páginas). No ano passado, tirei umas “miniférias” e decidi levá-lo, porque a bela edição do quarto centenário (o Dom Quixote é de 1605), da Real Academia Española, me chamava. Passei os primeiros dias, numa pousada perto de Paraty, tentando mergulhar no livro, como mergulhei na Montanha Mágica (do qual li umas 400 páginas na primeira semana), como mergulhei em Cem Anos de Solidão (o qual li inteiro em uma semana) – mas, com o Dom Quixote, não funcionou bem assim... Nem poderia ser, na verdade, porque a leitura de clássicos não deve ser uma “corrida”... Ainda mais, contra o tempo. Deve ser, justamente, uma maneira de sublimar o tempo.
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