Previsão da Funcarte para o Teatro Sandoval Wanderley é de mais um ano longe do públicoAs pautas do Teatro Alberto Maranhão são disputadas? A Casa da Ribeira é pequena? O Centro de Convenções prioriza eventos corporativos? A solução de espaço para artistas de teatro e músicos bem poderia ser o velho “Teatrinho”, como é carinhosamente chamado o Teatro Sandoval Wanderley. Mas após um ano desativado por motivo de segurança em 2009, as perspectivas para este ano são desanimadoras. A verba mínima para recuperação do prédio foi orçada em R$ 300 mil. A reforma ideal ultrapassa os R$ 800 mil. E os responsáveis pela administração do teatro - a Fundação Capitania das Artes (Funcarte) - já sinalizou: “Não temos verba para a reforma”.
Nos últimos anos, o Sandoval Wanderley se transformou em verdadeiro calo da administração municipal. A última grande reforma se deu há 18 anos, na gestão da então prefeita Wilma de Faria. Em 2005 houve mais alguns reparos para receber os projetos da Funcarte, insuficientes para a longevidade estrutural do teatro - o único em formato de arena da cidade, considerado extremamente aconchegante e notoriamente um formador de plateia em razão dos ingressos de valores populares e atrações qualificadas. O último projeto cultural abrigado pelo SW foi o Pixinguinha, patrocinado via Lei Rouanet (Federal) pela Petrobras. O Pixinguinha ajudou a revitalizar, a dar vida ao teatro até seu encerramento, em 12 de maio de 2006.
Às vésperas do Dia Mundial do Teatro, comemorado em 27 de março, o SW ficará do lado de fora da festa. Os valores, mesmo para a reforma mínima necessária, são considerados “inviáveis” aos cofres municipais, segundo a Capitania das Artes. A solução encontrada é a disputa com outras centenas de projetos culturais do país pela verba do Fundo Nacional de Cultura. Em 2009, ainda na gestão de César Revorêdo à frente da Funcarte, o projeto concorreu e alcançou o 37º lugar, longe da colocação dos dez projetos contemplados com a verba total de R$ 11 milhões. Já naquela época, o diretor do teatro, Marcos Martins, afirmou ao Diário de Natal a estimativa de reforma para o segundo semestre.
“Houve algum atropelo de comunicação. Quando assumimos pensávamos que a verba estava garantida, mas o projeto havia apenas sido aprovado na Funarte, o que não representa verba liberada”, afirmou o vice-presidente da Funcarte, Gustavo Wanderley. “Fui à Brasília semana passada, conversei com os responsáveis e eles me falaram que o melhor caminho é reeinscrever o projeto para reavaliação e nova disputa pela verba do Fundo Nacional de Cultura, e é o que vamos fazer”. O resultado da Funarte sai apenas no segundo semestre deste ano. Até lá, o SW permanece fechado ao público e também aos ensaios dos poucos grupos de teatro que usavam o espaço.
A atriz Quitéria Kelly entregou o cargo de direção do teatro em dezembro, após quatro meses de administração. Enquanto esteve à frente, viveu a expectativa da reforma, após a proclamada aprovaçao do projeto na Funarte e a consequente liberação da verba para sanar as urgências estruturais: telhado comprometido, fios descascados, falta de ar-condicionado, cadeiras com estofado rasgado, carência de reforma hidráulica, elétrica e física. “Percebi que, sem a verba, a discussão estava longe da pauta das secretarias municipais e decidi sair”, lamenta a atriz.
“Ainda propus o projeto Rampa das Artes para movimentar o teatro. A rampa do Sandoval Wanderley é um espaço amplo que poderia abrigar apresentações da Banda da Cidade do Natal. Uma reforma simples resolveria. Entreguei o projeto a Edson Soares (adjunto da Capitania), mas não houve interesse”, disse Quitéria. Durante a sua gestão, o teatro permaneceu aberto aos ensaios de cinco grupos de teatro. “Foi um modo de manter alguma atividade no teatro e suprir a necessidade de sede para alguns grupos”, explica.
Hoje, o teatro está fechado aos ensaios teatrais e, principalmente, ao público. O chefe do Departamento de Projetos e Eventos da Funcarte, Castelo Casado assumiu a direção. Segundo Gustavo Wanderley, o novo diretor preparou estudo para viabilizar o espaço “pelo menos para melhorar a circulação de pessoas no local”. O relatório ainda será entregue à Funcarte. Outro problema ainda sem solução é o tamanho do SW. Embora a capacidade para 300 pessoas (aproximadamente metade da capacidade do Teatro Alberto Maranhão) supra as necessidades, o crescente fluxo de carros e ônibus no entorno dificulta o estacionamento e o acesso ao local.
* Matéria publicada hoje no Diário de Natal
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