Imaginei o Sancho Music Bar lotado de roqueiros, entre jovens e os saudosos das décadas de 60 e 70. Outros pela curiosidade em assistir aquela figura andrógena movido pela energia de viver.
Nada disso aconteceu. Natal é uma cidade estranha. A primeira visita do Divino do Rock à cidade, boa cobertura da mídia e praticamente ninguém compareceu ao show. Nem mesmo o público costumeiro do pub.
Me senti até culpado pela expectativa criada. Disse a Serguei, na quinta-feira, que o show do Velhas Virgens tinha atraído mil pessoas ao local. Ele ficou todo ouriçado. Até demonstrou isso nas entrevistas seguintes à mídia potiguar.
Quando entrei no Sancho, já depois do horário marcado para o show, às 23h, encontrei o salão vazio e um som sensacional da banda anfitriã, Jack Black. O vocalista e o guitarrista com jeito de bancário são excelentes. Minha mãe até comentou: "Já valeu a vinda".
A banda Pandemonium, que acompanha Serguei, veio em seguida. De tão pouca gente, o vocalista pediu às duas ou três pessoas que estavam no piso superior para descer. E se juntaram ao produtor, aos amigos do cantor, aos convidados e formaram lá um círculo de gente para recepcionar Serguei. Gente bem vestida, longe dos bichos-grilos que imaginei.
Serguei surge. Fala algo que não entendi bem por causa da voz confuda - a mesma que ouvi ao telefone na quinta - e porque eu tinha bebido pacas já. Mas foi algo como um agradecimento às poucas pessoas que compareceram, e tal.
E foram essas poucas que sentaram ao chão para homenagear Freddie Mercury, com Loves of my life. É quase um ritual nos shows de Serguei. Achei meio ridículo com tão pouca gente. Mas a interpretação do roqueiro ficou muito legal.
Aliás, Serguei é um show-man. A performance foi curtíssima. Acredito que umas seis músicas, apenas: ainda Summertime, Satisfaction, With a little help from my friends e Yestrday, à capela. É o que lembro.
Nas minhas lembranças, a imagem de um idoso de 77 anos mais jovem que muitos de 20 anos. Um cara que viveu a vida que quis e consegue trasnsportar o espírito hippie do Paz e Amor à modernidade confusa do século 21.
E não parava quieto. O círculo formado parecia pequeno. Rodava o braço igual ao Pete Townsend, andava quase correndo com aqueles micropassos de Mick Jagger, subia e descia do palco, uma figuraça, de uma voz ainda potente e bonita.
Um show memorável, diria histórico nesta única passagem do Divino do Rock por Natal. Assistido por alguns sortudos como se fosse show privê. Noite mágica, inesquecível para este velho de 32 anos.
Um primor, as pessoas de Natal cultuam coisas estranhas mesmo...
ResponderExcluirSergio, concordo com você que esperava mais gente. Agora, chamar o cara de Divino do Rock é demais né não? hahhahahaha
ResponderExcluirEntrevistei ele antes do show e fui conferir ao vivo. Sai amanhã no Novo.
abs,
(rs) Alexis, o termo é mais folclórico, como ele disse gostar de ser chamado. Até já confessou ter horror à classificação de "lenda do rock", como aliás foi chamado logo no início da entrevista à TV Ponta Negra. O talento de Serguei é mais uma pintura maquiada. Disse aí que achei a voz bacana, uma performance alá Mick Jagger, mas convenhamos: o cara não compõe, não toca nada e tem quase 80 anos. Temos que dar o desconto (rs). Achei que daria mais gente pela figura caricata e simpática que ele é; pelo show diferenciado; coisas do tipo. Mas, como disse uma vez Michelle Ferret, "Natal não existe".
ResponderExcluirVou ler amanhã
Valeu!
Uma pena que eu não estava em Natal, mas teria ido e me juntado as outras quatro pessoas que estavam por lá...
ResponderExcluirPena que Natal é uma merda nesse sentido [o da cultura].
O engraçado é que reclamam tanto que nada acontece de novo, a rotina toma conta e se torna uma febre doentia e viciante. Quando têm oportunidade de ver algo que difere aos costumes da região fazem questão de serem ignorantes a ponto de nem sequer conhecerem uma figura que é valorizada em vários pontos do país. Infelizmente o que impera na cidade é a cultura pobre, obsoleta.
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